Porto Alegre, 19 de novembro de 2015.
À Excelentíssima Senhora
Dilma Roussef
Presidente da República
Brasília – DF
Assunto: Mudanças Climáticas
Excelentíssima Senhora Presidente da República,
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil é membro da Federação Luterana Mundial, uma comunhão mundial de 145 igrejas, que conta com mais de 72 milhões de cristãos e cristãs em 98 países. A Federação Luterana Mundial tem como acertado que a mudança climática é uma questão crucial de nosso tempo, que precisa ser abordada e enfrentada com urgência. Ainda não é tarde demais para se tomarem medidas significativas e eficazes. Dirigimo-nos a Vossa Excelência, solicitando enfaticamente que o nosso governo faça tudo o que estiver ao seu alcance para aumentar nosso empenho no sentido de abordar a questão da mudança climática, tanto dentro de nosso país, como nas negociações atuais das Nações Unidas sobre o clima.
A Conferência dos Países (COP21) na Convenção de Fundo das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (CMNUCC) em Paris, neste ano, que inicia no dia 30 de novembro, será um marco importante. As decisões e medidas que os participantes adotarem determinarão o clima que, no futuro, todos os povos do mundo irão experimentar. Como nação brasileira, temos a oportunidade de exercer uma liderança moral, na medida em que protegemos e oportunizamos, para o futuro, um clima que atenda as necessidades de todas as pessoas, assumindo compromissos audazes na COP21.
As pessoas e comunidades mais vulneráveis já estão sofrendo as consequências de um clima que se altera. As secas graves, as inundações enormes e as tormentas fortes destroem cada vez mais vidas, propriedades e meios de sobrevivência. Os grupos que já são vulneráveis, como as mulheres, as crianças e os povos indígenas, são os mais prejudicados.
Diante dessa realidade, milhões de pessoas em todo mundo estão se mobilizando. É imperioso que nossos/as dirigentes levem em conta o impacto global de suas decisões, tanto nas comunidades de hoje quanto para as gerações futuras. Agora é o momento de se alcançar um acordo ambicioso, equitativo e justo.
Os governos de diferentes países têm, também, enfoques e interesses diferentes uns dos outros, daí a necessidade de um acordo mundial equilibrado. Solicitamos junto com a FLM (Federação Luterana Mundial) e com o associado ecumênico ACT-Aliança, tendo como base nossa compreensão da questão climática como pessoas de fé, que Vossa Excelência se proponha o empenho por esse equilíbrio, considerando os seguintes elementos:
– Um marco para depois de 2020, que facilite medidas ambiciosas de diminuição da temperatura em torno de 2º C, com a finalidade de limitar o aquecimento médio mundial da superfície, através de ações nacionais determinadas e de iniciativas internacionais.
– Um compromisso de diminuição do aquecimento, através de medidas ambiciosas, ainda antes de 2020
– Uma ênfase decidida na adaptação e resiliência, incluindo um objetivo mundial em matéria de resiliência, que possam garantir que as partes continuem dando prioridade às medidas de adaptação, centrando-se o foco especialmente nas pessoas pobres e vulneráveis.
– Inclusão dos danos e perdas provocados pela mudança climática em um acordo posterior a 2020, garantindo que colocar-se-ão em pauta, agora e no futuro, as necessidades das pessoas que já não conseguem adaptar-se às consequências das mudanças climáticas.
– Recursos para aplicação, que incluem recursos financeiros, para oportunizar medidas climáticas que são necessárias urgentemente em países em desenvolvimento. Faz-se necessário um roteiro em vista de 2020 para garantir níveis maiores de financiamento climático, que sejam previsíveis e transparentes, e um acordo a longo prazo para o aporte de recursos, a fim de fazer frente às mudanças climáticas depois de 2020.
Oramos para que a COP21 alcance o acordo de que o nosso mundo necessita. De nossa parte, igrejas membro da Federação Luterana Mundial, estamos comprometidas a nos transformar e adotar um modo de vida adaptado a baixas emissões de carbono, tanto em nível individual como institucional.
Atenciosamente,
P. Dr. Nestor P. Friedrich
Pastor Presidente da IECLB