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RÉQUIEM AO MAESTRO FRANK GRAF

Pastor Clóvis Horst Lindner

É difícil de descrever em poucas linhas a importância do pastor e maestro Frank Graf para a música dentro e fora da IECLB. Falecido no último dia 17 de maio em Curitiba, Graf deixa muitas marcas perenes. Exímio regente de coral, primoroso maestro, comunicador experimentado, criativo músico e amado professor, além de um tarimbado pastor de comunidade, são alguns de seus muitos atributos.

Para resgatar brevemente sua importância, a Redação do Caminho lança mão da cuidadosa biografia de Graf elaborada pelo pastor emérito Leonhard Creutzberg, disponível no Portal da IECLB (www.luteranos.com.br).

Natural da Alemanha, onde nasceu em Halberstadt (1943) em plena guerra e já órfão de pai, como filho da pianista brasileira Esther Graf e do instrutor de aviação Otto Graf, veio para o Brasil com três anos de idade.

Após estudar no Instituto Pré-Teológico, Graf tornou-se pastor em 1965 na Faculdade de Teologia em São Leopoldo/RS. Ainda no mesmo ano, assumiu a primeira paróquia em Trombudo Central/SC, onde casou-se com Annelise Schütte.

Em 1971, um concílio da segunda Região Eclesiástica recomendou que Graf fosse licenciado do pastorado para ir à Alemanha estudar Música Sacra. A partir de 1972 estudou em Berlim e Lübeck. De volta ao Brasil, a partir de Blumenau/SC dirigiu o Departamento de Música Sacra da IECLB, com o objetivo de treinar organistas e regentes de corais, realizar cursos de canto e música, editar e divulgar material para canto coral e música nas comunidades e orientar ministros na liturgia e música sacra.

Sob sua orientação, semanas de música e seminários por todo o Brasil promoveram uma revolução musical dentro da igreja. O Departamento de Música Sacra da IECLB foi um dos mais profícuos instrumentos de promoção musical sob sua criativa batuta. As experiências sonoras de seus arranjos ele fazia no coral Ars Sacra, que marcou época em Blumenau, gravando diversos CDs e foi o embrião do Coral da Furb.

Em 1976 Graf organizou a União de Corais Evangélicos (UCE), entidade cultural que em 1983 já listava 130 corais inscritos, com 2.774 cantores, que recebiam regularmente as partituras Cantate Domino com arranjos de hinos e corais. Graf também realizou cursos de música para auxiliares de culto infantil, e participava dos festivais de música e canto da juventude evangélica.

Em Blumenau, Graf organizou o Curso de Música Sacra, de dois a três anos de duração, que transmitiu conhecimentos musicais para regentes, organistas e auxiliares, e formou músicos para servirem nas comunidades. Em aulas num final de semana por mês, o curso ensinava regência, flauta, violão, harmônio, órgão, teoria musical, história da música, liturgia e hinologia. Além das partituras, o departamento também editou material musical para jovens, cancioneiros para os grupos de mulheres e para o Departamento de Catequese.

Desde 1976 Graf fazia parte da Comissão do Hinário que elaborou o primeiro volume do hinário Hinos do Povo de Deus. Ao lado, também foi elaborado um livro com arranjos para organistas. Uma dezena de hinos apreciados deste hinário tiveram sua linha melódica composta por Frank Graf, mormente os que contêm as belas letras do pastor e poeta Lindolfo Weingärtner. Canções como “Na casa de Deus há paz”, ou “Da terra a plenitude”, ou ainda “Meu irmão tu precisas falar com Jesus” têm melodia do pastor Graf.

Em 1984 Graf voltou a atuar em paróquia, ao lado de sua atividade de professor da FURB, universidade de Blumenau. Em 1986 ele fundou o Coral da Furb. De 1989 a 1992 foi secretário municipal de Cultura e Turismo de Blumenau. Em 1994 passou a reger a Orquestra de Câmara de São Bento do Sul/SC e em 1999 fundou a Orquestra da FURB, uma das poucas orquestras universitárias existentes no país, formada com acadêmicos e graduados do curso de música da Furb, onde lecionava. Também na Furb coordenou o Quinteto de Metais, grupo com a clássica formação dos instrumentos de metal, resumindo o som de uma orquestra a apenas cinco instrumentos.

Nesse período também emprestou sua locução por diversos anos a programas de rádio na União FM e na Furb FM de Blumenau, onde divulgou a música clássica e sua história em programas aos domingos de manhã e fez meditações diárias pelo “Senhas”.

Sua influente personalidade e rica trajetória deixaram importantes e indeléveis sinais em muitos lugares. Parte deles estão registrados no documentário biográfico “Frank Graf, o Caminheiro”, do diretor, produtor e roteirista Andreas Peter. O documentário de uma hora está disponível no Vimeo, no link https://vimeo.com/90523356. Nele, o maestro afirma: “A música é vida plena. Por ela você expressa conhecimento, sentimento e qualidade de vida. Eu tenho a música como um elemento essencial dentro da minha vida”.

Aposentado desde 2003, o pastor, professor e maestro ainda deu aulas por diversos anos. Nos últimos anos, residia no litoral paranaense em Pontal do Sul, seu refúgio. Ultimamente, voltou a Curitiba, onde faleceu no dia 17 e foi cremado no dia 18 de maio.

(Publicado no jornal O CAMINHO)