Há certos momentos na vida de uma comunidade que são únicos e marcam para sempre a sua história e a vida de quem os vivencia. A chegada dos sinos da Comunidade de Alto Biriricas – Paróquia de Domingos Martins/ES foi um desses momentos.
Desde janeiro de 2016 a pequena comunidade tem se empenhado na reforma de seu templo. O desejo de construir uma torre e colocar sinos já vem de muitos e muitos anos: desde a sua inauguração. Após 36 anos se reunindo na residência da família Braun para celebrar os seus cultos, em 05 de dezembro de 1937 a comunidade inaugurou seu templo, com muito esforço e dedicação. De geração a geração foi transmitido o desejo de anexar ao templo uma torre para colocação dos sinos. Só agora, quase 79 anos depois, esse sonho começou a ser realizado. Quando as obras de reforma tiveram início, a ideia era apenas contruir a torre, deixando-a pronta para, mais tarde (talvez uns dois ou três anos depois, assim pensavam!) colocar sinos. Mas, diante do imenso desejo de realizar seu sonho e dos seus antepassados, a comunidade ousou em angariar fundos para a compra dos sinos já agora. E deu certo!
Mas, quantos sinos colocar? De que tamanho? Em que tonalidade?
Avaliando as condições financeiras, com bastante cautela, passou-se a observar as opções existentes junto a fábricas de fundição de sinos. Chegou-se à conclusão de que melhor atenderia ao desejo da comunidade a colocação de três sinos, com as seguintes características:
– O sino maior, com 210 kg, soando na tonalidade de Dó; – o outro, com 110 kg, soando na tonalidade de Mi; – e o menor, com 56 kg, soando na tonalidade de Sol. Em conjunto tocam harmoniosamente o acorde de Dó Maior.
Para a fabricação, foi escolhida a empresa de fundição Sinos Angeli, da cidade de Diadema/SP, referência em todo o Brasil. Sinos e badalos fabricados em puro bronze, com as inscrições dos seus nomes, nome da comunidade, ano de fabricação, além do logotipo da IECLB. Os nomes inscritos foram sugeridos pelo presidente Arvelino e aceitos por unanimidade pela diretoria, levando em consideração a história da inauguração do templo, onde já naquela época destacou-se na pregação que a comunidade construiu seu templo em “união e paz”; e por isso levou o nome de Capela da Paz. Também neste período de obras para reforma do templo e construção da torre, a comunidade tem testemunhado novamente um tempo de muita união e paz, tendo percebido em tudo as bênçãos de Deus. Por isso a sugestão do presidente Arvelino foi aceita e os sinos levam os nomes de “Paz, no sino maior, União, no sino do meio, e Bênção, no sino menor.” Os nomes estão inscritos em português e em alemão, lembrando a primeira língua em que os cultos eram celebrados. Portanto: “Frieden, Einigkeit und Segen.” Cada vez que eles soarem, queremos lembrar que paz e união perpassou a vida desta comunidade. E isso só foi possível por causa das reconhecidas bênçãos de Deus. Também expressarão o desejo da comunidade: que todos que os ouvirem levem consigo “paz, união e bênção”, enchendo suas vidas e seus lares dos ensinamentos de Deus.
Nem a própria comunidade tinha ideia de quanta emoção causaria a chegada desses sinos. Era previsto que eles chegassem, fossem instalados e, quando toda a obra estivesse pronta, fosse feita a inauguração como um todo (da torre e sinos mais a reforma). Mas, no momento em que os sinos foram entregues na Sede da Paróquia, a emoção começou a falar mais alto. Todos queriam ouvir os sinos tocar. Tamanha era a emoção que, com frequência, juntavam-se alguns homens para levantar os sinos do chão e balançá-los, para ouvir seu agradável e emocionante som.
Temos que marcar essa chegada – alguém sugeriu. Antigamente, os sinos daqui da Sede foram trazidos em cortejo – outro lembrou. Podemos fazer algo assim também? – perguntaram ao pastor. Como uma criança que ganha um brinquedo tão esperado, assim era a expressão de cada membro que via os sinos. É claro que, a essa altura, o pastor já estava procurando espaço na agenda, cancelando outros compromissos, fazendo contato com colegas para ver quem mais podia se fazer presente. No espaço de uma semana, tudo foi organizado perfeitamente! O pastor sinodal Joaninho Borchardt conseguiu se reorganizar com sua agenda e esteve presente; o pastor Lindomar Raach, coordenador da União Paroquial Jucu – pastor na Paróquia de Marechal Floriano, também consegiu participar; os pastores Edivaldo Binow, Paróquia de Califórnia, e Scharles Roberto Beilke, Paróquia de Rio Ponte, também conseguiram se fazer presentes. A diácona Irléci Klitzke Thomas, da Paróquia local (Domingos Martins), ensaiou os grupos de canto de Jucu e de Alto Biriricas para o evento, além de compor mais duas estrofes* para a canção Peregrinos da Esperança (do P. Dr. Rodolfo Gaede Neto), que expressaram o sentimento da comunidade com a chegada desses sinos. O pastor Eloir cuidou dos encaminhamentos, contatos, trajeto e paradas do cortejo e liturgia.
Tudo pronto! Assim aconteceu a celebração: Os sinos da Comunidade de Domingos Martins chamaram as pessoas para o evento e anunciaram o início da celebração de abertura. Dentro desta celebração, os sinos recem chegados foram apresentados e badalaram oficialmente pela primeira vez, trazendo lágrimas ao rosto de muitas pessoas presentes. O cortejo saiu em carreata, passando pelas ruas da cidade com os sinos badalando alegremente, rumo à Comunidade de Alto Biriricas. No caminho fica a Comunidade de Jucu (com seu templo também em construção), onde a carreata fez uma parada para receber a saudação desta, com canções do seu grupo de canto e com uma fala do seu presidente, Sr. Hilário Conrado. Seguindo adiante, onde sabia-se de um membro idoso ou doente naquele trajeto, a carreata diminuia a velocidade e os sinos badalavam. Chegando na casa do Sr. Edson Braun, descendente da família Braun, residente no local onde foram celebrados cultos pelos primeiros 36 anos da comunidade, os sinos badalaram e foram retirados do caminhão, foi feito um relato da história do início da comunidade e os sinos foram levados a pé até o templo (ainda em reforma e construção). A chuva (tão esperada em nosso Estado) também se fez presente durante todo o evento. E isso só alegrava o povo ainda mais! Chegando no templo, segui-se a celebração, com dedicação dos sinos e pregação, conduzidas pelo pastor sinodal. Ali foram descritas todas as características dos sinos e eles badalaram pela primeira vez no templo onde será sua morada. Mais uma vez, lágrimas corriam no rosto de muitos membros! Ao final da celebração, uma confraternização encerrou o evento, enquanto as pessoas se revesavam para conseguiur um espaço para registrar em foto sua presença ao lado dos sinos.
Lágrimas de alegria, dia de emoção, momento único, fato histórico! Assim vai ficar na memória a lembrança da chegada dos sinos que anunciarão os cultos, chamarão ao testemunho de fé e à oração, comunicarão falecimentos de membros, servirão a Deus na vida da Comunidade de Alto Biriricas. Paz, união e bênção farão da vida dos seus membros um testemunho alegre e dedicado a Deus. Que soem os sinos!
Desde já, fica o convite para a inauguração da obra toda (contrução da torre com os sinos instalados e reforma total do templo). Será no dia 19 de fevereiro de 2017, às 10h. Após o culto, haverá almoço e apresentações de grupos, corais, trombonistas e diversos.
*Estrofes compostas pela Diác. Irléci:
Tantos anos se passaram,
tantos sonhos não pereceram;
nossa igreja viva está.
Construindo novos rumos,
recriando os velhos sonhos,
sempre em união e paz.
Aqui estamos como povo luterano,
alemães e pomeranos,
que não querem desistir.
Com muita luta nós seguimos na esperança
de que um sonho se alcança
e nos torna mais irmãos
nas tradições!
Hoje o dia emociona:
aqui chegamos com alegria
para juntos celebrar.
A chegada desses sinos
é uma história que contagia:
“Bênção, União e Paz.”
Que esses sinos nos convidem a amar,
nos ensinem a orar
em situações que irão tocar.
Que seja a marca de um povo reunido,
que agradece ao Deus da vida
por poder participar
e celebrar!