Heinz Friedrich Dressel, como muitos outros pastores da Alemanha que serviram na América Latina, estudou Teologia em Neuendettelsau. Ele veio para o Brasil logo depois de formado, tendo atuado no extinto Sínodo Riograndense de 1952, ano de sua ordenação, a 1967.
Onde quer que tenha servido, não foi somente um pastor para os luteranos. Sua atenção estendia-se por toda a América do Sul. Entre suas causas, destacou-se a dos Direitos Humanos. Num período de trevas no Cone Sul, em que as ditaduras militares no Chile, na Argentina e no Brasil “estavam empenhadas num esforço para erradicar a inteligência em seus países”, Dressel não se omitiu. Engajou-se em defesa de muitos, salvando vidas.
Ajudou a receber e encaminhar refugiados das ditaduras latino-americanas. Várias vezes viajou a estes países, levando ajuda a presos políticos e perseguidos, encontrando-se com eles até mesmo de forma clandestina e com grande risco pessoal, a exemplo de outros religiosos alemães e europeus que também fizeram o mesmo.
O pastor Heinz Dressel Faleceu na sexta-feira dia 4 de agosto em Nuremberg-Alemanha, dois meses antes de completar 88 anos. Ele se notabilizou pela ajuda a presos, perseguidos e exilados do Cone Sul latino-americano durante as ditaduras militares que sacrificaram a democracia na região.
Natural da região de Oberfranken, na Baviera, Dressel formou-se em Teologia em 1952 e especializou-se em estudos sobre América Latina dentro de uma perspectiva cristã e progressista. Os anos no Brasil serviu em São Leopoldo e Dois Irmãos, em comunidade e em projetos de formação pastoral na IECLB.
Em 1968 voltou à Alemanha, onde atuou em Frankfurt, Bochum e Nuremberg, onde se aposentou. Jubilado, entretanto, continuou sua luta em defesa dos Direitos Humanos na América Latina, Caribe e África, como integrante do Centro de Direitos Humanos e redator da revista “Reflexos”.
Por sua atuação em defesa dos Direitos Humanos, em 2007 o pastor Heinz Dressel foi condecorado pelos governos do Chile e da Argentina. Em 2008 recebeu condecoração do governo de São Paulo, na gestão de José Serra, que Dressel conheceu no exílio. No mesmo ano, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito de Rio Branco, no Itamaraty em Brasília, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, em seu pronunciamento, Dressel comparou a situação dos perseguidos pelas ditaduras latino-americanas à dos judeus alemães durante o regime nazista. Um exemplo de engajamento que vai muito além do discurso, a morte do pastor Dressel é motivo de tristeza para todas e todos que se empenham pelo respeito aos Direitos Humanos no mundo.
(Com informações de Flávio Aguiar, da Rede Brasil Atual. Fotos enviadas pelo pastor Martin Backhouse)
P. Clovis Horst Lindner – Diretor de Redação do jornal O Caminho
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