A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina realizou, na noite de segunda-feira (16), no Plenário Osni Régis, sessão especial em homenagem aos 500 anos da Reforma Luterana, deflagrada por Martim Lutero, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517, quando aficou as 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittemberg. A solenidade foi proposta pelos deputados Milton Hobus, Jean Kuhlmann e Aldo Schneider, todos luteranos.
O deputado Jean Kuhlmann afirmou que o dia 31 de outubro de 1517 mudou a história do mundo. “Talvez nem Lutero imaginava o que seu ato estava representando.” O parlamentar destacou a contribuição da igreja luterana desde a colonização de Santa Catarina. Para ele, muito mais do que uma igreja, do que o ensino religioso e a espiritualidade, a igreja luterana representa a luta por uma educação melhor, por uma saúde melhor, pelo atendimento à infância e aos idosos. Kuhlmann citou exemplos de escola, hospital, creche e asilo mantidos pela comunidade luterana em Blumenau. “Estamos aqui para fazer referência ao ato de Lutero, mas acima de tudo, para prestar uma homenagem aos que ajudaram a construir uma igreja luterana forte e preocupada com as pessoas”, disse o parlamentar.
O deputado Milton Hobus, por sua vez, relatou o orgulho de ter sido batizado na igreja de Lutero, do mesmo modo que seus familiares. E frisou o ensinamento dos valores básicos. “Vivemos em comunidade porque os princípios da igreja luterana nos fizeram assim.” Fazendo uma analogia com o protesto do monge que não se conformava com a cobrança de vagas no céu pela igreja da época, Hobus disse que o Brasil está precisando de líderes capazes de se indignar e apontar novos caminhos, e que os 500 anos do protestantismo devem servir de esperança para os brasileiros que possuem coragem e vergonha. “Somos conhecidos como protestantes porque precisamos ter na nossa vida a capacidade de nos indignar e de protestar.”
O pastor sinodal do Sínodo Centro-sul Catarinense, Jacson Homero Eberhardt, agradeceu a homenagem da Assembleia Legislativa, em nome do presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Dr. Nestor Paulo Friedrich. Ele propôs aos participantes da solenidade uma reflexão baseada na carta de Paulo aos Romanos (Rom 1,17), na qual ele afirma que “o justo viverá por fé”. Esta passagem bíblica foi a palavra central no processo de reforma iniciado por Lutero. As teses de protesto e indignação se basearam na descoberta de que o justo viverá pela fé, pela graça, e que isso não se vende, conforme o pastor. “A sociedade precisa enxergar em nós, na nossa igreja, uma ética comprometida com este evangelho”, ensinou.
A sessão especial foi encerrada com uma oração e benção do pastor sinodal do Sínodo Vale do Itajaí, Breno Carlos Willrich, que intercedeu também pelo deputado Aldo Schneider, ausente da sessão por problemas de saúde e pela secretária-geral da IECLB, diácona Ingrit Vogt, também em tratamento de saúde.
A Reforma:
A Reforma é um marco na história da humanidade e os seus reflexos são sentidos até hoje. A tradução da Bíblia é um desses marcos. A preocupação com questões sociais, a redescoberta de um Deus amoroso, misericordioso e que não vende o perdão; o resgate da música comunitária e dos coros religiosos e o protagonismo das pessoas na condução de suas ações, a partir de uma clareza maior sobre as funções do Estado e da Igreja são outros marcos.
Homenagens:
– a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, representada pelo pastor sinodal do Sínodo Centro-sul Catarinense, Jacson Homero Eberhardt, que no ato representou o pastor-presidente da IECLB, Dr. Nestor Paulo Friedrich.
– o Sínodo Centro-sul Catarinense, representado pelo presidente do Conselho Sinodal, Vanderlei Boeing.
– o Sínodo Vale do Itajaí, representado pelo pastor sinodal Breno Carlos Willrich e pelo presidente do Conselho Sinodal, Rubens Olbrisch.
– o Sínodo Norte Catarinense, representado pela pastora Camila Elisa Schütz, da Paróquia Planalto Central Catarinense, em Curitibanos, que no ato representou o pastor sinodal Inácio Lemke.
– o Sínodo Uruguai, representado pela presidente do Conselho Sinodal, Dirce Semin Zang