Iniciou nesta segunda-feira, 19 de novembro, o Encontro dos Regionais do CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. O evento, que tem como objetivo integrar os membros do CONIC nos estados, está sendo realizado no Instituto Bíblico de Brasília e conta com a presença de representantes de diversas igrejas, além de acadêmicos e representantes da sociedade civil.
O primeiro dia de encontro foi aberto com um momento de oração e mística cristã conduzido pela secretária-geral do CONIC, Romi Bencke. Em seguida, a 2º vice-presidente Therezinha Cruz deu as boas-vindas aos participantes e falou da alegria em participar do movimento ecumênico.
Refletindo religião e política
Logo após, Dr. Sérgio Coutinho, historiador e professor universitário, e Dra. Tatiane Duarte, antropóloga e pesquisadora da relação entre religião e política, fizeram uma análise da conjuntura política e religiosa, traçando um histórico dos contextos nacionais e apontando perspectivas. O momento foi acompanhado por uma troca de ideias entre os participantes.
“Refletir religião e política também é pensar no projeto de Jesus. Que Jesus nós seguimos? Precisamos de um olhar atento para uma crise de fé que é cada vez mais latente dentro das nossas comunidades. Precisamos nos manter fiéis à mensagem do Evangelho e, tão importante quanto, dialogar com as bases”, opinou a reverenda anglicana Inamar de Souza, CONIC-Rio.
Na avaliação de Amauri Dias, do CONIC-MG, o Brasil vive dias difíceis. “É preciso reconciliar as bases e criar espaços para trazer as pessoas a refletir o país que temos e o país que queremos”.
Referindo-se às polarizações que foram criadas nos últimos meses, até mesmo dentro das famílias, Tatiane Duarte defendeu que o importante é estabelecer pontes de diálogo com todos e todas. “É preciso dialogar com o diferente, com aqueles que pensam de maneira diversa da minha, até mesmo para entender quais são seus anseios, suas demandas”, disse. “O que leva uma pessoa que é sua amiga, seu parente, a adotar uma postura política muitas vezes ameaçadora? Eu preciso compreender bem isso até para me posicionar melhor”, concluiu.
Coutinho arguiu que, nos tempos de crise, cristãos e cristãs precisam voltar a se inspirar nas comunidades da igreja primitiva que, segundo ele, eram bem criativas. “Os primeiros cristãos tinham uma capacidade imensa de se reinventar, sobretudo diante das adversidades”, afirmou.
CONIC: Revisitas de discernimento e resistência
Na parte da tarde, a Irmã Raquel Colet, Filha da Caridade, partilhou um pouco da pesquisa que está desenvolvendo em sua tese de doutorado sobre o movimento ecumênico e, mais especificamente, o CONIC. Ela fez um apanhado histórico da criação do CONIC, seus antecedentes, apontando a criação e existência do Conselho como um “momento importante para o movimento ecumênico como um todo”. Em sintonia com a trajetória histórica, ela apontou interfaces teológicas como propostas de revisita à identidade e missão do Conselho como espaço institucional de vivência e promoção da causa ecumênica.
O momento que se seguiu foi marcado por um interessante bate-papo entre os participantes sobre os desafios de caminhar com unidade na diversidade. Colet acenou para dois espaços são irrenunciáveis para a presença proativa do Conselho no momento atual: a educação, tanto no debate público sobre o tema quanto nas experiências de formação das igrejas; e experiência diacônica, especialmente para além dos espaços institucionais.
Espaço dos Regionais
Dando seguimento às atividades do dia, os regionais presentes compartilharam um pouco de suas vivências práticas em cada localidade. A ideia foi promover a troca de experiências.
Quase finalizando as atividades do dia, a assessora de programa da Christian Aid, Sheila Tanaka, apresentou o projeto Água para a Vida – Vozes Proféticas e o Cuidado com a Criação. “É um projeto que pode unir os regionais do CONIC em torno de um tema concreto e com potencial de reforçar as ações de incidência do movimento ecumênico, daí a importância de debatermos ele aqui”, declarou. Os participantes ficaram bem empolgados com a proposta e contribuíram com algumas ideias.
A secretária-geral do CONIC, Romi Bencke, encerrou falando sobre alguns projetos do Conselho para o próximo ano e comunicou, em primeira mão, a parceria com a União Europeia via Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político – cujo objetivo será motivar e apoiar cursos de formação relacionados à temática da democracia e direitos humanos.
SEGUNDO DIA
O segundo dia de Encontro dos Regionais (20/11) iniciou com uma breve explanação dos representantes das igrejas sobre como a caminhada ecumênica tem sido vivida nas suas comunidades de fé. Além de compartilharem informações importantes das realidades locais, eles apontaram sugestões para o fortalecimento do ecumenismo a nível regional e nacional. Ainda nesse primeiro momento, foi lida uma saudação especial enviada pelo bispo católico Bernardino Marchió, da Diocese de Caruaru (PE).
Outro momento de interação foi a partilha de dois projetos que têm grande potencial de diaconia: Imigrantes e Refugiados e 10 Milhões de Estrelas. Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) também entrou na pauta, oportunidade na qual foram apresentadas as quatro propostas de ilustrações para o cartaz de 2019. Todos ficaram encantados pela criatividade dos desenhos.
Conselho Mundial de Igrejas
Após um breve coffee break, o oficial de comunicação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Marcelo Schneider, fez uma exposição sobre horizontes ecumênicos. Marcelo trouxe muita informação a respeito da atuação das igrejas ligadas ao CMI em nível mundial nas diversas frentes, incluindo questões de imigração, mudanças climáticas, conflitos, mediações, etc., e ainda apresentou documentos produzidos pelo Conselho, entre eles, um que prioriza uma maior ação com crianças e adolescentes: Compromisos de las iglesias con la niñez. Em seguida, os participantes avaliaram o encontro, que foi finalizado com um almoço.