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Estimada Comunidade, Estimados rádio-ouvintes:

Se alguém te perguntasse: Você quer ficar rico? O que você responderia. A maioria certamente diria: Sim, eu quero ficar rico. E se então lhe perguntassem: Por que, por que você quer ficar rico? Talvez então você responderia que a riqueza lhe daria mais segurança, proteção e bem-estar diante do futuro. E se, finalmente, lhe perguntassem: o que você faria para ficar rico? O que você responderia?

Algumas pessoas dizem para saber o poder que o dinheiro tem em nossa vida, pelo menos uma vez ao ano, deveríamos colocar todo o nosso dinheiro em cima de uma mesa diante de nós, olhar para todo esse dinheiro e perguntar: Quem é o dono de quem?

Jesus alerta com frequência aos seus discípulos sobre a atração irresistível do dinheiro. O desejo insaciável pelo vil metal pode fazer com que a pessoa jogue sua vida toda pela janela. Mas como Jesus tratava essa questão do dinheiro? Jesus também tinha contas para pagar?

Os Evangelhos nos dizem que Jesus não multiplicava pães e peixes todos os dias. Em Lucas 8 lemos sobre um grupo de mulheres (discípulas) que acompanhavam a Jesus e se preocupavam com as primeiras necessidades de Jesus e dos outros discípulos. Judas Iscariotes era o tesoureiro. No entanto, Jesus parece não ter se preocupado muito com o dinheiro. Para Jesus, importante é o pão de cada dia, para Jesus cada dia traria os seus cuidados, pois se Deus não desampara nem as flores do campo nem os passarinhos do céu, também não desamparará os que nele confiam.

Mas por que o dinheiro tem um poder irresistível sobre as pessoas?

O dinheiro é certamente um dos supremos motivos de alegria e de aflição do ser humano. Poucas coisas no mundo podem determinar mais a vida de uma pessoa do que o dinheiro. Por dinheiro as pessoas roubam, se corrompem, enganam, matam e fazem a guerra. Em 1Timóteo 6.10 o apóstolo Paulo escreve: O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. E algumas pessoas que querem tanto o dinheiro se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos.

Mas Jesus não era contra o dinheiro, nem mesmo contra as pessoas ricas. A questão para Jesus era o que se faz com o dinheiro? Por isso, o Evangelho de hoje nos conta uma história diferente. Nos fala de alguém que encontrou um bom uso para uma parte do seu dinheiro. Para Jesus a atração do dinheiro não é uma espécie de doença incurável do ser humano. É disso que nos fala esse encontro de Jesus com um homem rico de Jericó.

Tendo entrado em Jericó, Jesus ia atravessando a cidade. Ora, morava ali um homem rico, chamado Zaqueu. Ele queria muito ver quem era esse tal Jesus, mas não podia, por causa da multidão, e por que, embora fosse o maioral dos cobradores de impostos do lugar, era de pequena estatura.
Então teve uma ideia: correu adiante da multidão, até onde havia algumas árvores, e subiu numa figueira brava, certo de que assim poderia ver Jesus, quando por ali passasse.

Quando chegou àquele ponto do caminho, Jesus olhou para cima, viu Zaqueu e lhe disse: “Zaqueu, desça depressa, pois hoje pretendo ficar na sua casa.” Zaqueu desceu depressa e o hospedou na sua casa com muita alegria.

Só que os moradores do lugar, ao verem isso, começaram logo a resmungar: “Veja se isso tem cabimento. Este homem foi se hospedar justo na casa do maior pecador da paróquia!”

Zaqueu, então, se levantou e disse ao Senhor: “Senhor, pensei bem e tomei uma importante decisão: A partir de hoje eu vou pensar mais nos pobres e nas vítimas das pessoas que tenho defraudado. Eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, já que tenho roubado tanta gente, a partir de hoje vou restituir-lhes quatro vezes mais o montante defraudado.”

Nesse momento Jesus exclamou: “Hoje a salvação entrou nesta casa, pois também este é filho de Abraão. Para isso mesmo veio o Filho do Homem: para buscar e salvar quem está perdido.” (Lucas 19.1-10)

O que aconteceu para que aquele homem rico – chamado Zaqueu – de repente mudasse de atitude em relação ao dinheiro? Vejam, bem, Zaqueu não desprezou totalmente o dinheiro – mas ele colocou o dinheiro num novo lugar em sua vida. Jesus havia introduzido na vida daquela pessoa rica o sentimento de justiça, de amor solidário, de humanidade. Zaqueu sabia que o dinheiro dá segurança e bem-estar na vida para quem o possui. Mas o amor solidário – o pensar mais nos pobres e nas pessoas em necessidade – isso trouxe um novo sentido para a função do dinheiro e da vida do Zaqueu.
A parábola também nos diz que Jesus não é contra o dinheiro. Ele se alegra quando o dinheiro é usado para promover justiça e solidariedade. O amor cristão pode ser manifestado também com ofertas e doações em dinheiro.

Desta forma, a parábola de Jesus sugere para nós do século XXI uma mudança quando falamos em economia ou prioridades políticas. Economia não é apenas uma discussão sobre gerar empregos, crescimento econômico e competitividade. Os grandes problemas da humanidade são causados pelo fato de a cultura de consumo ser o foco das prioridades políticas. “As pessoas dedicam toda a sua vida ao trabalho, a produzir riqueza, para poder consumir, para gerar esse crescimento econômico. Mas a vida não é só trabalho. É preciso viver, é preciso amar, é preciso ser feliz, precisa-se de tempo para viver amar e ser feliz. Ninguém compra cinco anos de vida no supermercado”, diz o senador ex-presidente do Uruguay José Mujica. É claro que no nosso mundo o dinheiro é necessário. Mas quando ele é o único objetivo de nossas vidas, então podemos ficar cheios de dinheiro e vazios sobre o sentido da vida. Nós temos que ser os donos do dinheiro e não o contrário.

A doutrina da criação afirma a absoluta soberania do Criador sobre tudo que existe, incluindo os seres humanos. “Pois todas as coisas foram criadas por ele, e tudo que existe por meio dele e para ele. Glória a Deus para sempre. Amém” (Rm 11.36). A negação desta soberania é a essência do pecado. A doutrina da criação, ao afirmar a absoluta soberania de Deus, inclui também a responsabilização do ser humano pela administração da criação e realização de sua vontade (Gn 1.28). A responsabilidade de cuidado da Criação como Deus cuidaria é o que caracteriza o ser humano como imagem e semelhança de Deus.

É a nossa responsabilidade pessoal com as coisas de Deus que vai dizer se somos realmente imagem e semelhança de Deus.

Isso se define, principalmente, com a maneira como nós dedicamos o nosso tempo, os nossos dons(talentos) e o nosso dinheiro.

a) O tempo: O tempo é a dimensão mais preciosa da vida humana. Sua perda ou mau uso não podem ser restabelecidos. Por isso, os livros de auto-ajuda nos dizem que precisamos fazer um uso equilibrado do tempo, prevendo-se tempo para trabalho, lazer e descanso. Mas falta aí mais uma dimensão importante do nosso tempo. O tempo para o cultivo da espiritualidade, tempo para a oração, leitura e meditação da Bíblia, participação no culto dominical. Cada pessoa cristã deve separar tempo para servir a Deus e ao próximo. É claro que não temos tempo para tudo. Por isso, para ter tempo para espiritualidade precisamos escolher entre o que fazer e o que deixar de fazer.

b) Os dons (talentos): Todo ser humano é uma criatura única e original e ocupa um espaço somente seu nos planos de Deus. Originais e únicos também são os dons de cada pessoa. Por isso, devemos desenvolver os dons que Deus nos deu. Não devemos fazê-lo para proveito pessoal, mas para servir a Deus e ao próximo. O Zaqueu sabia fazer dinheiro dentro do sistema econômico de sua época, mas isso somente deu um sentido na sua vida quando ele começou a pensar nos pobres e necessitados – isso deu um novo sentido na sua vida. Zaqueu descobriu que não dá para só pensar em si mesmo. Que uma grande alegria, uma grande satisfação toma conta do coração da gente quando a gente pode compartilhar algo com alguém.

c) Os bens: Quando uma pessoa cristã se submete ao senhorio de Cristo, ele deixa de considerar seus bens materiais como sua propriedade – eles estão sob o senhorio de Cristo. A consciência de que tudo pertence a Deus liberta e compromete à oferta de gratidão regular para a igreja. Tudo o que temos vem de Deus e a ele deve retornar (Dt 8.17).

Não deixemos de expressar – também nós –  nossa gratidão a Deus através da nossa contribuição financeira à Igreja. O apóstolo Paulo escreve: “Que cada um dê a sua oferta, conforme resolveu no seu coração, não com tristeza, nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” (2Coríntios 9.7). Amém