Até esta segunda-feira (27), segundo a Defesa Civil do estado, em Minas Gerais, há 50 mortos, (27 aqui na região metropolitana de Belo Horizonte) 28mil pessoas desalojadas, 4mil desabrigados, 65 gravemente feridos e quatro desaparecidos Mas, não é a chuva, nem Deus e nem os pobres que moram nas encostas que devem ser condenados. Colocar a culpa na chuva, em Deus ou nos pobres é criar uma cortina de fumaça que ofusca a realidade de pobreza e marginalização nas nossas cidades.
Na Bíblia se fala de chuva mais de cem vezes. A chuva é benção, cai sobre justos e injustos, diz o evangelho de Mateus (Mateus 5,45). A chuva é reflexo da bondade de Deus. Deus rega com a chuva a terra que deu como herança ao seu povo (I Reis 8,36)., “Por meio da chuva, Deus alimenta os povos, dando-lhes comida abundante” (Jó 36,31). Até no dilúvio, a chuva é vista como purificadora (Cf. Gênesis 6 a 9).
A culpa não é da chuva. A chuva apenas revela a injustiça social existente. Quem está em casa com boa estrutura, construída sobre terra firme, pode dormir tranquilo, porque a casa não cairá com as chuvas. Quem se desespera com as chuvas são os pobres que moram nas encostas e áreas de risco. E eles moram nesses lugares por falta de outra opção. Soma-se a tudo isto a falta de planejamento urbano e social das prefeituras, que deveriam investir de forma contundente na elaboração de um Plano Diretor e de zoneamento para as cidades de forma participativa e comunitária, buscando construir cidades justas economicamente, solidária socialmente e sustentáveis ecologicamente.
Quem é atingido quando a chuva chega em um volume maior – salvo exceções – são as famílias pobres que tiveram negados seus direitos à terra, à moradia, ao trabalho, à educação, a um salário justo. Portanto, quem desaloja, desabriga e mata não é a chuva, não é Deus, mas é a injustiça social. A absoluta maioria das pessoas que constroem um barraco em área de risco geológico foi empurrado para lá pela injustiça social.
Portanto, as mortes, os desalojados e desabrigados – não são vítimas das chuvas, nem do castigo de Deus, mas são vítimas da injustiça social. E nós podemos evitar novas tragédias, exigindo que as prefeituras priorizem políticas públicas como política agrária e a política de moradia popular adequada para todos/as.
Querido Deus,
Peço por tua misericórdia para todas as pessoas vítimas das enchentes e da injustiça social. Dá-lhes a tua luz para que nós encontremos o caminho da para poder ajudá-las através das campanhas de solidariedade. Mas ajuda-nos também a exigir das prefeituras a necessidade de prevenir essas tragédias com o financiamento de moradias populares dignas e seguras. Em nome de Jesus. Amém.