|

Nós estamos passando por um choque de realidade. Alguns estão completamente assustados; outros não conseguem acreditar ou não querem acreditar. Os jornais, a televisão, a internet, as redes sociais,… em todo lugar se afirma que estamos em uma situação muito perigosa de pandemia por causa do Novo Coronavírus.

E agora, o que devemos fazer diante dessa situação? Devemos fugir? Devemos nos esconder em nossas casas? Será que isso é exagero? Qual é a atitude correta?

Para nos ajudar a refletir sobre o tema, vamos fazer uma viagem no tempo. Vamos para o século XVI, conversar com o mundo do reformador Martim Lutero.

Em 1527, menos de 200 anos após a Peste Negra ter dizimado metade da população da Europa, a praga ressurgiu justamente onde Lutero morava, Wittenberg e nas cidades vizinhas.

Lutero, preocupado com o seu povo, escreveu uma carta ao Rev. Dr. Johannes Hess, com o seguinte título “Se alguém pode fugir de uma praga mortal”.
Nessa carta Lutero fala das responsabilidades que nós temos na sociedade. Como cidadãos precisamos tomar cuidado para não piorar o contagio.
Lutero dá diversos conselhos. Ele argumenta que há profissões que necessitam ficar na vanguarda para cuidar dos doentes, mas se você pode se afastar para proteger e ser protegido: faça isso!

Lutero, baseado no Evangelho de Mateus 25, diz que devemos cuidar das pessoas para não adoecer e cuidar também das que estão doentes.
Lutero retoma as Palavras do Apóstolo Paulo em Ef 5.29; 1Co 12. 21–26 para nos lembrar que somos parte do Corpo de Cristo. Precisamos cuidar desse corpo. 

Lutero enfatiza que não zelar para afastar o mal é uma atitude irresponsável e imprudente. Veja as palavras do próprio reformador Lutero:

” Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos.
Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los.
Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência.
Se Deus quiser me levar, ele certamente me levará e eu terei feito o que ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros.
Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima.
Veja que essa é uma fé que teme a Deus, porque não é ousada nem insensata e não tenta a Deus.”

Vamos nos inspirar na postura de Lutero, na Idade Média, contra Peste Negra e assim vamos agir, neste milênio posmodeRrno, contra o Novo Coronavírus.