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Talvez no dia-a-dia de nossas vidas não tenhamos tempo para perceber a incrível força e inestimável importância que a comunidade tem na nossa vida. Aqueles murmúrios antes do culto são símbolo dos muitos encontros que ali acontecem. Uma comunidade reunida em culto compartilha alegrias, emoções e tristeza. Une sua voz em louvor e oração. Para além dos muros da Igreja, sentimos os laços comunitários na rotina e nos encontros pelo bairro. Pertencer a uma comunidade em tempos tão individualistas é um privilégio.

Nesse momento, porém, estamos em casa. Não estamos nos encontrando no pátio da Igreja e nem estamos ficando de papo logo após o culto. Nos dias de culto, agora online, cantamos timidamente os hinos gravados e sentimos falta dos olhares amigos de sempre. Estamos, muitas vezes, nos sentindo sozinhos e com medo do que ainda está por vir. Sentimos saudades. Mas, em meio às incertezas desse tempo esquisito que vivemos, certamente seguimos SENDO comunidade.

Somos comunidade porque pertencemos ao Corpo de Cristo.

Somos comunidade porque lembramos de nossos irmãos e irmãs em oração.

Somos comunidade pois a igreja é feita de gente, de amor e de vida e, agora, estar sozinho em casa é a melhor forma de demonstrar tudo isso.

Nesses tempos de medo, muitas ações estão sendo feitas para nos lembrar que ainda somos comunidade. Vídeos estão sendo gravados, vozes estão se unindo virtualmente e nos cultos online ouvimos tantas vezes sobre o cuidado. Na comunidade Luterana da Velha Central, por exemplo, uma equipe começou a fazer serenatas em frente a casa de alguns membros (com os devidos cuidados e distanciamento). A equipe leva música e uma pequena palavra bíblica. É a forma de dizer para cada um “Você é importante, não estamos sozinhos e seguimos sendo comunidade!”

Talvez ainda não tenhamos nos dado conta, mas em alguma medida somos mais comunidade agora do que éramos antes. E, eu garanto, não estamos sozinhos.

O teólogo Dietrich Bonhoeffer diz que “por isso, quem pode até este momento viver em comunhão com outros irmãos, que louve a graça de Deus do fundo do coração […]”. Que o amor de Deus nos inspire e que, mesmo em meio a pandemia, possamos louvar a Deus por podermos pertencer a comunidade e ser sinais dela por onde formos.