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No que vale à pena gastar a vida?

Querida irmã, querido irmão: que a paz de Deus preencha você de serenidade neste momento de reflexão!

Na casa da minha mãe, há uma antiga panela de ferro que é a preferida para fazer uma galinhada ou preparar uma carne cozida porque o sabor da comida preparada nela supera o da mesma comida feita em qualquer panela moderna.

Essa panela de ferro é mais velha do que eu. Até onde minha mãe lembra, parece que foi um presente do meu avô paterno aos meus pais, há mais de 50 anos.

Essa foto da panela é pra dar uma noção do objeto: ela tem uns 35 cm de diâmetro e, vazia, pesa uns 2 kg. Por ser tão grande e pesada, se comparada a uma panela convencional, enquanto eu era criança e adolescente, o seu uso ficou relegado às ocasiões especiais, quando recebíamos visitas para o almoço.

Já faz algumas décadas desde que minha irmã, meu irmão e eu passamos a ter nossa própria casa e que essa panela, mais do que útil, passou a ser ideal para os almoços da família aumentada, com a inclusão de genro, noras, netas e netos e, às vezes, ainda, alguma pessoa amiga chamada pra roda.

Há pouco tempo, durante um almoço que reuniu a maior parte da família, enquanto comíamos uma deliciosíssima galinhada, preparada naquela panela de ferro, esta se tornou o assunto principal. Falou-se no valor sentimental daquela panela para cada pessoa da família e a conversa caminhava numa direção de que nós, filhas e filho poderíamos querer brigar por aquele objeto depois que minha mãe não estivesse mais entre nós. Aí, fiz questão de dar meu voto, já, no sentido de que a panela fique com minha irmã, que cultiva o mesmo hábito de reunir a família ampliada, desde que aquela panela continue a nos reunir durante o tempo que Deus nos permitir viver.

Esse episódio pessoal me fez refletir sobre outras situações da minha vida. Talvez em outros tempos eu tivesse querido “brigar” ou argumentar porque a tal panela deveria ser minha um dia, mesmo que eu dificilmente viesse a fazer comida nela, afinal ela é grande, pesada, enferruja se não for usada constantemente e dá uma trabalheira danada pra limpar, depois que se usa. Eu acredito mesmo que, se a conversa que tivemos à mesa, recentemente, tivesse surgido há uma década atrás, possivelmente, eu teria brigado pelo meu direto de herdar a panela, imaginando-a mais como objeto de decoração em alguma estante do que para continuar fazendo uma comida deliciosa e reunir umas 15 pessoas ao redor dela.

Você já pensou em quantas vezes, em nossas relações familiares, esvaziamos o sentido das coisas que se destinam a nos reunir e as tornamos objeto de brigas e rivalidades? Às vezes são objetos, às vezes imóveis, às vezes são filhas ou filhos disputados por um casal que decide se separar…

O livro de Eclesiastes nos traz muitas palavras de sabedoria, de alguém que compartilha suas conclusões acerca do que aprendeu sobre a vida. E uma dessas constatações é que: “A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando e afinal que vantagem leva em tudo isso?” (Eclesiastes 1.3).

Neste tempo difícil que estamos enfrentando, temos uma oportunidade singular, talvez única, de olhar para nossa vida até aqui e, diante dos riscos desse tempo, avaliar o que de fato importa e qual é o valor que devemos realmente dar às coisas, para que elas não se sobreponham ao valor das pessoas e das relações. Se morrermos hoje, o que teremos deixado, para ser lembrado por quem está próximo de nós? E se tivermos uns dias a mais, o que precisamos consertar logo, antes que seja tarde?

Sigamos refletindo sobre isso!

Oração:

Deus de bondade infinita, dá-nos a sabedoria que vem do teu Santo Espírito para que estejamos sempre alertas ao verdadeiro sentido das coisas e das relações. Sensibiliza-nos para buscar, sempre, por comunhão e relacionamentos que transformem o mundo num lugar melhor para todas as criaturas. Em nome de Jesus, amém.

Bênção: Que a paz de Deus, o amor de Cristo e a sabedoria do Espírito Santo orientem a sua vida, hoje e sempre! Amém.