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Na minha infância nunca me faltou nada. Todavia, não venho de uma família abastada. Desde pequeno, sabia que, sempre que houvesse alguma necessidade, bastava pedir que, no tempo certo, ela seria suprida. Também, não recebi mesada. Jamais ganhei dinheiro por tarefa doméstica cumprida. Em casa, as obrigações eram divididas e feitas com naturalidade. Economizar era uma regra básica para todos, em todos os momentos. Um pacote de balas ‘soft’ podia durar uma eternidade. A comida não devia sobrar no prato. Era preciso servir-se na medida da fome somente. Quando tinha desejo por algo diferente, que exigia mais grana, precisava economizar. Mas, donde se não havia mesada? Não lembro se a orientação veio dos meus pais, da escola ou de amigos. Da latinha de Nescau fiz meu cofrinho. Na tampa havia uma brecha por onde introduzíamos as moedas ajuntadas aqui e ali, sempre com o consentimento e ajuda dos pais. Como era bom, volta e meia, abrir a lata e empilhar as moedinhas para saber quanto já estava economizado. Por menor que seja, cada moeda era preciosa. Recordo os momentos vividos, valorizando as lições domésticas. Também ‘preciso’ recordar para reaprender a dar valor às pequenas coisas. Como cristão, não podemos esquecer jamais que o pequeno lanche de um menino alimentou uma grande multidão (Mateus 14.13-21).