|

Se um automóvel tem desgaste irregular nos pneus ou se puxa para um dos lados, algo está errado. É momento de fazer um balanceamento e geometria. De qualquer forma, nas revisões, convém deixar o carro em dia. É uma questão de segurança e, ao mesmo tempo, confiança na condução. Algo semelhante ocorre na vida de fé. Em específico, observa-se Jesus no Sermão do Monte fazendo uma geometria. O evangelista Mateus narra que Jesus, desta vez, não subiu ao monte para orar. Mas, começou a pregar aos discípulos e ao povo sobre as bem-aventuranças e a lei. Não esqueça que o próprio Mestre disse que não se deve acrescentar ou retirar nada da lei. Todavia, são necessários ajustes e correções. Se ele confirmasse, por exemplo, a lei do “olho por olho e dente por dente” chegaríamos num mundo repleto de cegos e banguelas. Por isso, mui sabiamente, Jesus relembra a máxima de amar a Deus acima de tudo e ao semelhante como a si mesmo. Contudo, estrategicamente, ele diz que não basta amar os amigos. Agora, lança um novo desafio: Amem e orem pelos inimigos (Mateus 5.27). Eis o ajuste que faz a diferença. O amor é a essência do Evangelho. Jesus é o amor de Deus encarnado. Ele mostra o que é amar. Ele nos incentiva a ser luz nas trevas e sal num mundo sem sabor (Mateus 5.13-16).

Após muitos ajustes na lei, Jesus termina o Sermão do Monte com uma regra de ouro, desafiando-nos à prática do Evangelho. ASSIM DIZ JESUS: QUEM OUVE OS MEUS ENSINOS E VIVE DE ACORDO É COMO UMA PESSOA SÁBIA QUE CONSTRÓI A SUA CASA SOBRE A ROCHA. CAI A CHUVA E CHEGAM AS ENCHENTES. O VENTO BATE COM FORÇA. TODAVIA, ELA PERMANECE FIRME, POIS ESTÁ SOBRE A ROCHA. QUEM OUVE OS MEUS ENSINOS E NÃO VIVE DE ACORDO É COMO UMA PESSOA SEM JUÍZO QUE CONSTRÓI A SUA CASA SOBRE A AREIA. CAI A CHUVA E CHEGAM AS ENCHENTES. O VENTO BATE COM FORÇA. ELA FOI AO CHÃO, TOTALMENTE DESTRUÍDA (Mateus 7.24-27).

Sendo filho de carpinteiro, Jesus tinha conhecimento na arte da construção. Como amante das Escrituras, tinha também gravado no seu coração o Salmo 127: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. Por isso, ele termina o sermão com uma parábola. De fato, termina com um desafio para viver o Evangelho. O Mestre nos confronta com uma escolha que traz diferentes consequências, tanto na vida aqui, quanto à eternidade. Desde o nascimento, as pessoas constroem. Elas estão em desenvolvimento. Começa no engatinhar, passa ao caminhar, correr, andar de bicicleta, dirigir, nadar, surfar ou até voar. Mas, jamais se esqueçam da possibilidade de ter que usar muletas ou andar em cadeira de rodas. Precisamos aprender a passar por caminhos duros. O desenvolvimento começa com o balbuciar, falar, cantar, reclamar, agradecer, louvar. Começa com a alfabetização e pode ir ao doutorado, passado pela construção de uma pipa ou preparo de um bolo. Com bens materiais, adquirimos, compramos, vendemos, consertamos… Na vida, estamos sempre construindo. A questão é: Como e para que?

Jesus não fala aos ateus ou às pessoas que tem outros princípios de fé, cultos ou religiões. O Mestre se dirige àqueles que são religiosos, que querem ser seus discípulos. Ou, àqueles que apenas dizem ser seus seguidores. De fato, ele cutuca num detalhe fundamental. Será que basta ter uma religião, dizer-se cristão, ir aos cultos, participar em grupos, ler a Bíblia e devocionários? Será que basta estar dentro da igreja e dizer que ama a Deus? Qual é a questão que está em jogo? O desafio de Jesus diz respeito à prática do Evangelho. Tanto a pessoa sábia, quanto àquela sem juízo escutam a Palavra de Deus. São pessoas “igrejeiras”. Porém, um constrói sobre a rocha, o outro sobre a areia. Um coloca em prática os ensinamentos de Jesus, o outro ouve, entende e até, quem sabe, aceita, mas deixa de praticar. Será possível?

Volto ao princípio da mensagem. Lembrem-se de que o tema da celebração é o Dia Mundial de Oração. Jesus nos desafia a amar o inimigo e orar por ele. De repente, você me diz: Pastor! Eu não tenho inimigos. Se alguém se considera meu inimigo, o problema é dele. Todavia, o inimigo bem pode ser aquela pessoa com quem estou indisposto, aquele que atazana minha vida, o que pensa diferente de mim ou ao qual não aceito pelo seu jeito de viver e princípios. Abrindo o leque, notamos que há sim pessoas às quais, senão direta, indiretamente estão no nível de “inimigos”. Não basta ouvir e saber a Palavra de Deus. É necessário praticar. Então, experimente orar por elas. Eis o desafio evangélico. Apontei um único desafio. Mas, poderia falar sobre a relação entre xingar e louvar, pedir e ofertar, lograr e ajudar ou julgar e favorecer. São questões comuns da nossa vida. Mas, em todas, no fundo, há a possibilidade do amor em prática.

Construir a vida não é fácil. Construir a vida a partir de princípios evangélicos é ainda mais difícil. Cavar na areia traz o seu esforço. Abrir a rocha é ainda mais complicado e demorado. Levar ou não o Evangelho à sério? Eis a questão. Todavia, os resultados são diferentes. Quem sabe, no dia a dia, na normalidade, as pessoas são iguais. Mas, na hora da tormenta se revela o caráter e a fé. No aperto, se mostram os princípios que a pessoa tem ou não tem. Com certeza, diante das dores e da morte, a fé se revela. Ninguém escapa da chuva, enchente e vento. Ela vem sobre todos, bons e maus, revelando onde foi colocado o alicerce.

Depois de falar com clareza sobre infinitos detalhes da lei, ajustando medidas e compreensões, Jesus diz: Bom! Ouviram tudo “tim-tim-por-tim-tim”. Agora, coloquem em prática. Somente assim será construído o Reino dos Céus. Será moleza? Não! É pedreira? Sim! Mas, haverá bênção sem medida. Haverá bom testemunho. Teremos uma vida, uma família, uma profissão, uma comunidade, uma sociedade mais sólida. Que Deus nos abençoe na prática do Evangelho. Em especial, que sejamos pessoas de intercessão, tanto pelos amigos, quanto pelos inimigos. Assim, veremos muitos milagres acontecendo. Amém!