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Desde minha infância, lembro que sempre ouvi falar de forma negativa, das pessoas que usavam tatuagens. Mesmo assim, sempre tive uma certa atração e admiração pelas tatuagens, porém nunca tive coragem de fazer alguma, até com o medo da represália que iria sofrer por parte dos meus pais, da minha própria família, parentes, amigos, e irmãos e irmãs da Igreja. Também existia o medo da dor que iria sentir na hora de fazer a tatuagem.

O tempo passou, os preconceitos diminuíram, conheci pessoas “de bem” tatuadas, e aí voltei a me animar com a ideia. Mas o medo ainda persistia… comecei a falar do assunto com minha família, e senti que não haveria mais grandes preconceitos. Quase todos aprovavam a ideia e me apoiavam.

De repente minha filha apareceu com uma linda tatuagem. Foi como se fosse o “ponta pé inicial” para realizar minha vontade. Ela me indicou o tatuador e decidi fazer duas tatuagens.

Mas o que deveria tatuar?

Aí não tive dúvida…deveria ser algo que gosto muito, e que terei comigo sempre, a vida inteira. Sem possibilidades de mudar um dia, pois a tatuagem é eterna, para sempre ficará marcando a minha pele. Não poderia ser algo que por algum motivo, deixasse de existir, de ser importante, de não fazer parte da minha vida inteira.

Foi quando surgiu a ideia e a vontade de tatuar algo que faz parte da minha vida desde minha infância, e que devo levar comigo até o final de minha vida: a minha Igreja – a minha confessionalidade! Escolhi para tatuar o símbolo da IECLB e a Rosa de Lutero, o símbolo mais conhecido do Luteranismo. E assim aconteceu. E acho que fui muito feliz na minha escolha, pois ambas ficaram maravilhosas. Primeiro fiz uma, e depois a outra, ambas no braço direito.

Descobri que a dor é totalmente suportável, muito tranquilo. E, em uma semana, a tatuagem já está praticamente sarada. Também entendo que as duas tatuagens me dão oportunidades de falar da minha Igreja para outras pessoas. É algo missionário. Muito comum me pararem, para perguntar do que se tratam as tatuagens, Aí tenho a oportunidade de explicar os seus significados, falar da minha Igreja, da minha fé, enfim contar alguma coisa do Luteranismo.

Em tom de brincadeira sempre digo que me considero uma “pessoa Luterana de alma e agora também de corpo”. Em princípio, pretendo parar por aqui com as duas, embora digam que, quem faz uma tatuagem, não consegue parar nunca, e acaba fazendo mais uma, mais outra. Isso só o tempo dirá.
Minha esposa também fez algumas tatuagens com temas da nossa família, das filhas e netas, que também ficaram muito bonitas. Minha filha fez mais algumas também, como um dos genros, que também teve coragem.

Na nossa família acredito que o preconceito das tatuagens acabou para sempre.

Leopoldo Kupas é presbítero da Paróquia Cristo Libertador – Comunidade Evangélica de Joinville