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Eu vim para que tenham vida” João 10.10

Agricultura lembra alimento, saúde, fartura, ou seja: vida abundante. Mas, e quando a agricultura deixa de simbolizar a vida e passa a representar apenas um negócio? Bem, a produção em larga escala, aliada ao uso de agrotóxicos, a monocultura e a agressão ao meio ambiente, trazem consequências danosas ao ser humano no campo e na cidade. Por isso, é que defendemos o fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia como uma alternativa sustentável de produção de alimentos.

Nesse sentido, surge em 1978 o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia – CAPA, com o objetivo de apoiar os agricultores familiares que estavam sendo expulsos do campo. Essa organização foi um instrumento que teve como objetivo promover a cooperação e o associativismo, trazendo condições para a sustentabilidade da agricultura familiar e para a produção agroecológica.

Em meus 25 anos de ministério, testemunhei esse trabalho acontecendo. Muitas famílias tiveram acesso à assessoria do CAPA e outras tantas foram influenciadas, o que contribuiu para o aumento da qualidade de vida no campo e na cidade.

No meu período prático, em São Lourenço do Sul, pude acompanhar o projeto vinculado ao CAPA de saúde e alimentação. Saudades da querida Nair Timm Wiegand que acompanhava grupos de mulheres e ensinava como ter uma alimentação saudável. Além disso, eram compartilhados conhecimentos populares sobre chás, pomadas e tinturas. Também pude ver de perto grupos de agricultores e agricultoras apoiadas pelo CAPA, produzindo e comercializando seus produtos de forma competitiva e solidária.

Como pastora da IECLB, participei de alguns projetos de criação de abelhas sem ferrão, criação de hortos medicinais, agro-florestas e apoiei feiras de agricultura familiar. Hoje vejo como isso tudo é importante no contexto da preservação da vida. Foram pequenas ações, mas que geraram grandes transformações.

Aqui onde estamos, na propriedade da família Kappel e Rodhe, está sendo cultivada uma pequena agrofloresta, fruto do projeto Redes Ecoforte, vinculado à Fundação Luterana de Diaconia. Como estamos vendo, os Sistemas Agro-Florestais ou SAFs, são uma tentativa de integrar a produção agrícola com a preservação do meio ambiente. Esse sistema que está sendo cultivado aqui ainda no seu início, mas trará bons frutos num futuro próximo.

Afirmamos que a agricultura não pode ser vista só como um negócio. Agricultura deve ser entendida como um meio de criação e promoção da vida. Nesse sentido, o respeito ao meio ambiente e o cuidado com a sustentabilidade ecológica no campo, fazem do CAPA uma referência em nossa sociedade. É um orgulho para a Igreja saber que a semente lançada surtiu bons e saudáveis frutos.

Assim como nos diz a palavra de Tiago 3.18:
O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores.