Venha o teu reino! Assim oramos o Pai Nosso desejando que Deus seja Rei e Senhor, governando nossa vida e decisões diárias. Pelas parábolas entendemos que é esta uma decisão urgente que precisamos tomar, entregando o nosso futuro ao Senhor. Assim aconteceu com os discípulos, Jairo e a mulher enferma. Somos desafiados a tomar o mesmo caminho. A decisão decorre do chamado direto de Jesus pelo testemunho das Escrituras e também por observação de situações do nosso cotidiano que nos aproximam de Deus. Nesta noite somos convidados pelo evangelista a refletir sobre o tema “libertação”. De repente vem à sua mente a pergunta: Será que preciso ser liberto de algo? Afinal, o que amarra a minha vida? Eu tenho sonhos, mas não consigo alcança-los. Eu tenho talentos e dons, mas não consigo desenvolvê-los. Eu quero crescer, mas estou estagnado. Como mudar a situação? Muitas vezes a condição física ou uma doença são entraves. Outras, são maus hábitos ou amizades erradas. Ainda há a possibilidade da pobreza material, pouca formação ou educação. Por vezes, a pobreza de caráter ou espiritual atrapalham. Não podemos esquecer o medo. Ele trava todas as nossas decisões.
Todavia, uma certeza podemos ter: Deus nos criou e nos colocou onde estamos. Ele nos conhece e deseja o nosso bem e crescimento. Mas, o inimigo estorva, atrapalha e atrasa. Dia a dia preciso escolher o caminho a seguir. Vida ou morte? Jesus me leva à vida abundante e eterna. O maligno me tira a vida abundante, me deixa travado e me afasta da eternidade. Por isso, a pergunta? Qual caminho devo seguir? Marcos traz a história de um sujeito cheio de entraves que encontrou Jesus, que o libertou, fazendo dele uma nova pessoa. Aliás, da condição de maluco passou a ser uma testemunha eficiente do poder de Deus. Ouçam o Evangelho (Marcos 5.1-20):
Os discípulos atravessaram o mar e foram à terra dos gerasenos. Quando Jesus desembarcou, um homem com um espírito imundo veio do cemitério ao seu encontro. Ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes. Ninguém era suficientemente forte para dominá-lo. Noite e dia ele andava gritando e cortando-se com pedras entre as sepulturas e nas colinas. Quando ele viu Jesus, correu e ajoelhou-se. Jesus ordenou: Saia deste homem, espírito imundo! O sujeito gritou: Que queres comigo Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te por Deus que não me atormentes. Então, Jesus lhe perguntou: Qual é o teu nome? Respondeu: Meu nome é Legião, pois somos muitos. Com insistência, ele implorava que não os mandasse sair daquela região. Muitos porcos estavam pastando numa colina próxima. Os demônios imploraram: Manda-nos para os porcos. Jesus lhes deu permissão. Os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos. Dois mil porcos atiram-se ao mar e assim se afogaram. Os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade. O povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso, assentado, vestido e em perfeito juízo. Eles ficaram com medo. Os que presenciaram a libertação contaram os detalhes ao povo, não esquecendo de falar sobre os porcos. Então, os moradores suplicaram que Jesus se afastasse da região. Quando o Mestre estava entrando no barco, o homem que estivera endemoninhado suplicou que o deixassem ir com eles. Jesus não permitiu. Antes, ordenou: Vá para tua casa. Anuncie para sua família o que o Senhor fez por ti. Então, ele foi e começou a anunciar na região o milagre. Todos ficaram admirados.
Depois de superar o temporal, reconhecendo que Jesus tem poder sobre a natureza, doutro lado do mar, uma nova situação, outra lição… Lá vivia um povo estrangeiro, os “gerasenos”, criadores e comedores de porcos… Eles não seguiam as leis de Israel. Eram pagãos. Jesus estende sua mão. Ele não tem preconceito. O amor, a salvação e a libertação transpõem barreiras humanas. Todos delas necessitam, independente de local ou época. Eu mesmo me coloco na situação deste povo estrangeiro. Arrisco-me a me colocar na situação do sujeito que vive no cemitério, possesso de espírito imundo para entender o milagre que aconteceu. De repente você se assusta. Será mesmo que podemos calçar as sandálias deste sujeito endemoniado que vivia no cemitério e agredia as pessoas?
O evangelista diz que ele era maluco. Não tinha sossego, nem paz. Vivia incomodado e incomodando aos que o cercavam. Era uma pessoa incontrolável. Por ninguém conseguir dar conta de sua situação, escolheu o campo da morte para viver. Ou até, quem sabe, foi excluído àquele local tenebroso. Estava entregue ao mal. Todos diziam: Ele não tem jeito! Vivia nu, sem proteção, exposto ao mundo. Já estava no cemitério. O próximo passo seria a cova. Sem futuro, sem perspectiva. Os espíritos malignos que o dominavam estavam em processo de destruição. Matavam tanto o sujeito, quanto àqueles que o cercavam. Sequer a natureza escapou. Até mesmo os porcos foram atingidos. Por último, ele conseguiu motivar um desastre econômico na região, quando os porcos se jogaram ao mar.
Todavia, ao encontrar Jesus, abre-se em seu peito um sentimento contraditório. Ao mesmo tempo, ajoelha-se e adora, mas também excomunga e critica. É o conflito de todo aquele que não se submete por completo ao senhorio de Jesus. Existem muitos que reconhecem Deus e sabem o que precisam fazer, mas insistem numa caminhada longe do Senhor. Jesus sempre deixou bem claro que “não há como servir a dois senhores” (Mateus 6.24). O endemoniado, outrora estúpido e agressivo com todos, mostra agora diante do Mestre boa educação, pedindo que o deixe em paz. Mas, justamente, por isso é que Jesus atravessou o mar para ir ao seu encontro e libertar e trazer paz ao sujeito perturbado. Não esqueça jamais que Deus sempre vem ao nosso encontro para nos libertar e dar sossego, aquela paz que só Ele pode nos dar.
No diálogo, o Mestre pede que ele se identifique: Não surgiu o legítimo nome dele. Como pessoa, havia sucumbido ao mal. Será passível de resgate? Quem se idêntica é o próprio mal: Somos uma legião! Somos inúmeros “diabinhos”. Paro e penso como é fácil dizer que o Diabo é o diabo, tudo num bolo só, esquecendo de suas múltiplas facetas: Trapaça, falsidade, fofoca, língua suja, prostituição, traição, corrupção, sonegação, cobiça, orgulho, vaidade, vícios, mentira, preconceito, falta de controle, preguiça, desperdício de tempo, relaxo com o corpo, falta de devoção, idolatria… A lista vai longe. É uma legião. Quem não se identifica num ou noutro aspecto? Jesus libertou endemoniado. Jesus pode também limpar a tua vida. Basta confessar. Ajoelhe-se em oração. Permita o toque do Mestre. Disse João: “Conhecereis a verdade, que vos libertará” (Jo 8.32).
Após a libertação ocorre um tumultou que traz uma interessante reflexão. A legião sai do sujeito e entra em dois mil porcos que se atiram ao mar. Os judeus e adventista diriam. Imundícia à imundícia. O porco, por sua natureza, já estava condenado. Contudo, os donos dos porcos não tinham o mesmo pensamento. O ato libertador de Jesus causou-lhes grande prejuízo. Preocupados com o que Jesus ainda poderia fazer, pediram que saísse imediatamente da região. Contudo, eles não tinham como negar o milagre operado. Afinal, o “maluco do cemitério” agora estava vestido, calmo, sentado ao lado de Jesus. Antes desprotegido e exposto, inquieto, sem paz, agora livre dos demônios que o atormentavam. Surge a questão: O que vale mais uma vida ou dois mil porcos. Quanto vale a vida de uma pessoa? É um dilema bem atual.
Por fim, aquele homem de fato entende quem é Jesus e deseja de coração segui-lo. Mas, novamente, Jesus surpreende. Ele poderia ter um milagre vivo entre seus seguidores. Contudo, o Mestre lhe designa uma missão especial. Sim! Você será meu discípulo. Mas, sua missão será dentro de sua família, na sua própria terra. Assim, o sujeito fez. Atendeu a sua casa, revelando a mudança radical ocorrida em sua vida. De maluco a liberto e convertido. Também, entre os moradores da região, mesmo aqueles que tinham se revoltado com a perca de seus animais, todos os dias passaram a ver o homem transformado e a possibilidade gerada pelo encontro com Jesus. Por isso, olhe adiante do endemoniado. Mire sua própria vida. Entenda o poder libertador que vem de Jesus. Perceba o poder que gera o teu testemunho, seja na tua família ou na sociedade onde você está inserido. Sê tu uma bênção! Amém!