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As pessoas se relacionam no tempo e no espaço. Como seres humanos relacionais não podemos escapar desse binômio. Toda relação humana, seja com o mundo, com as pessoas ou coisas, está intimamente ligada a estes dois: o tempo e o espaço. Afinal, o ser humano não é um ser atemporal e não-espacial. É imprescindível, refletir sobre o espaço e o lugar que se ocupa e habita no mundo. O ser humano vive num espaço organizado, seja por ele ou por outros; o qual passa constantemente por mudanças. A partir da antropologia tem-se falado da dificuldade de relação das pessoas com o espaço e como este tem, de certa forma, dificultado as relações do ser humano com seu semelhante.

Dessa forma, deveríamos refletir mais sobre o espaço e o lugar vivenciado ocupado pelo ser humano no mundo que ele habita e mora. Nesse artigo queremos refletir sobre o espaço litúrgico de nossas igrejas, nossos lugares de culto, com sua liturgia e a sua arquitetura. Quando falamos em “lugar de culto”, expressamos o que para muitos de nós é o espaço sagrado, igreja ou templo. Eu tenha a preferência em falar de “lugar culto”, pois o termo igreja pode ter a conotação de instituição (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo), enquanto o termo templo faz referência somente à arquitetura e ao prédio enquanto espaço físico. “Lugar de culto” é, portanto, a relação entre espaço sagrado, igreja e templo, onde os três encontram-se unidos.

Isso não quer dizer que nossos lugares de culto não sejam espaços sagrados, muito pelo contrário, eles são verdadeiramente sagrados, pois nele pode-se vivenciar e experimentar a ação libertadora de Cristo, comungar na fé com outras pessoas irmãos, e compartilhar os Sacramentos: Batismo e Ceia do Senhor. Mas, o lugar de culto é sagrado somente porque nele há uma liturgia que é celebrada, um povo que se reúne entorno da sua fé, e os Sacramentos do Batismo, da Ceia e da Palavra são celebrados.

O sinal da espiritualidade cristã que se expressa através dos lugares de culto ajuda a transformar corações e mentes, que também são espaços sagrados. Mesmo as ruínas de uma igreja têm o poder e a força de nos fazer rememorar os acontecimentos salvíficos. Não se rememora o que se celebrou antes da igreja ser uma ruína, mas as pessoas rememoram aquilo que elas celebraram em suas comunidades e vivenciam tal experiência na ruína. Da mesma forma acontece quando entramos numa igreja desconhecida, ora haverá pessoas que se sentirão bem, ora haverá pessoas que rememoram a sua fé. Aqui se torna perceptível que o que transforma o espaço em sagrado, passa pela redescoberta da Reforma, o somente a fé e o somente Cristo.