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(LWI) – A Federação Luterana Mundial (FLM) colocou um marco significativo no último dia 7 de fevereiro com o lançamento de sua primeira plataforma para a defesa de causas (advocacy, por seu termo em Inglês), destacando suas áreas prioritárias relacionadas a clima, gênero, construção da paz, direitos humanos e trabalho humanitário. O lançamento online, que contou com contribuições de organizações parceiras e igrejas-membro em diferentes partes do globo, destacou a necessidade de a defesa de causas da FLM liderada por jovens estar firmemente fundamentada nos valores do evangelho e nos direitos humanos.

A Secretária Geral da FLM, Pastora Anne Burghardt, observou que o chamado às igrejas “para agir por justiça e dignidade para todos” pode ser claramente encontrado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. As pessoas cristãs, continuou ela, “são chamadas a colocar a fé em prática, a serem aquelas que ajudam a desatar as amarras da injustiça. É por isso que chamamos nossos esforços de defesa de causas na FLM de ‘Ação pela Justiça’”.

O trabalho de defesa de causas da FLM, continuou Burghardt, está enraizado na teologia e nos direitos humanos e “complementa nossa vocação pela diaconia, nossa assistência humanitária, nossos programas de comunidades sustentadas e nossa agenda para o desenvolvimento sustentável”. Usando uma abordagem “local para global para local”, a FLM busca fortalecer o trabalho de suas 148 igrejas-membro e os programas nacionais e regionais do Serviço Mundial. Trabalhando em conjunto com parceiros ecumênicos, inter-religiosos e outros, Burghardt afirmou que este trabalho da Ação pela Justiça é “parte integrante da missão holística da FLM”.

Fortalecer iniciativas locais e regionais de defesa de causas

O responsável por advocacia global da FLM, Isaiah Toroitich, apresentou os objetivos, princípios e áreas prioritárias da plataforma, destacando o “valor agregado” que a fé traz para as atividades de defesa de causas locais e globais. Ele destacou a interconexão das diferentes áreas de trabalho e enfatizou a importância tanto da capacitação quanto do treinamento em comunicação para garantir maior visibilidade a este trabalho.

A Rev. Karla Steilman, membro do Conselho da FLM e pastora da Igreja Evangélica do Rio da Prata, disse que a nova plataforma ajudará no trabalho da sua igreja no norte da Argentina para combater os incêndios florestais e apoiar as pessoas afetadas por secas extremas. Observando o papel vital dos jovens na defesa da justiça climática, ela destacou a importância de continuar “a aumentar a conscientização sobre o impacto das mudanças climáticas” em seu contexto latino-americano.

Outro membro jovem do Conselho e delegado da FLM em várias das recentes conferências climáticas da ONU, Khulekani Magwaza, da Igreja Evangélica Luterana na África Austral, observou que a nova plataforma reflete as resoluções da última Assembleia da FLM na Namíbia, bem como os temas da próxima Assembleia na Polônia no próximo ano, que focará a criação, a reconciliação e a renovação. Ele disse esperar que a plataforma “ajude a melhorar as atividades regionais de defesa de causas existentes, como o combate à pobreza e à injustiça” em seu contexto africano.

Compromisso com lideranças jovens

Várias das principais organizações parceiras da FLM também estiveram representadas no lançamento online, incluindo Ajuda da Igreja da Finlândia (Finn Church Aid FCA), Pão para o Mundo (Brot fuer die Welt, BfdW, da Alemanha) e Ajuda da Igreja da Noruega (Norwegian Church Aid NCA). Katri Suomi, diretora de relações com parceiros da organização finlandesa FCA, disse que sua organização está ansiosa por novas áreas de colaboração com base na plataforma de defesa de causas e elogiou o compromisso com a liderança jovem neste trabalho. Ela destacou a importância de defender causas junto aos órgãos intergovernamentais regionais, como a União Europeia e a União Africana, visando “empoderar a sociedade civil para influenciar os processos de tomada de decisão”.

Klaus Seitz, chefe do departamento de políticas de Pão para o Mundo, também elogiou a nova plataforma como possibilidade de abrir “novas perspectivas e oportunidades promissoras” para a cooperação. Ele observou, no entanto, que o trabalho pela justiça climática não deve se limitar apenas a apoiar aqueles já afetados pelas mudanças climáticas, mas também deve se concentrar em oportunidades para construir um “futuro climático inteligente, onde todos tenham acesso à energia verde”. Ao compartilhar a visão da defesa de causas como parte holística da missão da Igreja, ele disse que a plataforma tem “um ponto cego” em relação à obrigação das empresas e do setor privado de respeitar os direitos humanos.

O papel das igrejas é impulsionar a mudança, promovendo esperança, significado e senso de união. — Lisa Sivertsen, diretora de comunicações e políticas da Ajuda da Igreja da Noruega

 

Lisa Sivertsen, diretora de comunicações e políticas da Ajuda da Igreja da Noruega NCA, observou a relevância da nova plataforma de defesa de causas para o trabalho de sua organização, particularmente nas áreas de justiça de gênero e justiça climática. Em um momento de grandes desafios, incluindo as crises econômicas e climáticas, a redução de espaço para a sociedade civil e a pandemia do COVID, ela enfatizou que o papel das igrejas é impulsionar a mudança promovendo “esperança, significado e senso de união.”

Amy Reumann, diretora da área de Testemunho e Sociedade na Igreja Evangélica Luterana na América ELCA, elogiou o foco da nova plataforma para trabalhar por meio de parcerias ecumênicas e inter-religiosas. O impacto das igrejas na advocacia local e global “não vem de voar sozinhas, mas do poder coletivo de uma voz de fé combinada”. Ela exortou a FLM a “liderar o caminho para proporcionar treinamento robusto” para igrejas-membro que buscam aumentar seu trabalho de defesa de causas. Por fim, ela também elogiou o compromisso com a liderança da juventude, observando que o “investimento da FLM em mim há cerca de 40 anos ajudou a moldar minha própria jornada”.

FLM/P. Hitchen