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Celebração pelos 165 anos de Imigração Alemã-Pomerana na Coxilha do Barão, em Picada Moinhos, 6º. Distrito de São Lourenço do Sul. Comunidade ‘berço da imigração alemã-pomerana’ no Sul do Rio Grande do Sul

Em tarde ensolarada, domingo, 15 de janeiro de 2023, após uma boa chuva, que renovou a paisagem, depois de uma estiagem de algumas semanas e já trazendo prejuízo às lavouras, um público considerável reuniu-se para as comemorações dos 165 Anos da Imigração Alemã-Pomerana.

A anfitriã foi a Comunidade Evangélica de Picada Moinhos (IECLB), 6º. Distrito de São Lourenço do Sul, Região Sul do Rio Grande do Sul. Foi na Coxilha do Barão que chegaram os primeiros imigrantes na data de 18 de janeiro de 1858. Muito mais imigrantes viriam nos meses e anos seguintes, fundando outras Colônias, porém a Colônia São Lourenço é a mais antiga ao Sul de Porto Alegre.

A tarde festiva iniciou com o Culto Campal, à sombra das lindas figueiras e oficiado pela Diaconisa Isolete Márcia Follmer, 2º. CAM da Paróquia Evangélica de Boa Vista. A ministra convidou co-celebrantes, entres estes, ex-ministros/a da Paróquia, P. Itto A. Sträher, Cat. Ivone A. Sträher, P. Sinodal Fábio Steinert e P, Dietmar Teske. Demais oficiantes convidados foram P. Kevin Teixeira (ministro pastor da IECLB em 4 Comunidades Evangélicas Independentes/Santana, Fortaleza, Santa Isabel e Colônia Azevedo em Pelotas) e o Teólogo Anderson Verdin (representando a Par. Ev. De Conf. Lut. De São Lourenço do Sul). Também esteve presente o P. Reneu Prediger (1º. CAM) da Paróquia Evangélica de Boa Vista e a presidente do Conselho Sinodal Sra Rejane Peter.

Um momento especial no Culto, foi a Mensagem do P. emérito Itto Alberto Sträher, ex-ministro da Paróquia, também liderança muito ativa na preparação e coordenação dos festejos dos 150 Anos de Imigração Alemã-Pomerana (18-20/01/2008). O pastor Itto trouxe sua mensagem, orientando-se em Deuteronômio 6.4-9. 

Destacamos o seguinte em sua mensagem:

Antes de ler o texto bíblico, o pastor Itto disse à comunidade reunida, ser um sentimento especial estar de volta, depois de passarem 8 anos e 2 meses desde que entrou na inatividade. Em seguida, lembrou a frase de orientação e incentivo para os festejos dos 150 Anos de Imigração Alemã-Pomerana: “Buscando o passado com os olhos no futuro”. E disse que, sob esta perspectiva, aconteceram muitos encontros e reuniões do grupo de trabalho com representantes das comunidades e da administração municipal.

Lembrou então do culto de lançamento das festivas para o sesquicentenário (21/01/2007), quando em ato público, refletiu sobre o lema da semana, Lucas 13.29 “Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no reino de Deus”. Destacou que esta palavra convida para um olhar construtivo para o que está pela frente, é uma palavra aconchegante, reveladora, libertadora e convida para uma dimensão esperançosa.

Ao mencionar uma figueira que existia no pátio da Comunidade, lembrou que esta partiu ao meio, na madrugada anterior ao dia de lançamento das comemorações do sesquicentenário. Os enormes galhos e as suas folhas, enfim, a sua imponência já não existe mais, mas ficaram as raízes. Em relação aos imigrantes muitas coisas, como tradições e costumes trazidos pelos imigrantes não se vê mais, porém as raízes, sua base, – a fé em Deus permanece – e continua em condições de construir vida digna e vislumbrar o futuro. Pois, não temos dúvidas de que a sobrevivência dos trabalhadores da terra que aqui chegaram, a 165 anos atrás, só foi possível por causa de sua fé no Deus triúno.

Convidando a comunidade reunida retroceder no tempo, o pastor Itto lembrou os 140 anos de imigração (18/01/98). Naquele dia, o P. Sin. Jorge A. Signorini do Sínodo Sul-Rio-Grandense, ao realizar seu primeiro ato público, como Pastor Sinodal do recém estruturado sínodo, fez uso da palavra de Deuteronômio 8.10: “Vocês comerão e ficarão satisfeitos, e louvarão o Senhor, seu Deus, pela boa terra que lhes deu.” Daquela data em diante, 10 anos antes do sesquicentenário, muitas atividades, celebrações, pesquisas incentivaram o resgate de fotos, livros, relatos, cartas guardadas pelos primeiros imigrantes, inclusive a descoberta de registros do primeiro levante de agricultores no Sul do Brasil em 24 de dezembro de 1869.

Após estabelecer esta linha do tempo, o pastor Itto convidou a ouvir a leitura bíblica pelos 165 anos de imigração alemã-pomerana. Antes, porém, lembrou de uma história, em que alguém reclamou de um item da criação de Deus, que não serve para nada. Ele se referia ao horizonte. Deus, porém, não deixou o reclamante sem uma resposta e disse que o horizonte foi feito justamente para caminhar. Ao ler o texto de Deuteronômio 6.4-9, o pastor destacou que o povo de Deus caminhou e foi conduzido para uma terra boa, uma terra de ´leite e mel´, ou seja, uma terra verde e fecunda. E nesta nova terra Deus espera que o povo seja obediente, e não caia nas mesmas tentações e pecados anteriores. Destacou o versículo 5, onde se lê “amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma…” Na língua hebraica, em que foi escrito o Antigo Testamento, a palavra ´coração´ não é somente o órgão que bombeia o sangue para o coração e do coração para o corpo, mas a palavra ´nefesch´ e ´leb´ significam muito mais. Quando alguém do povo ouvia a palavra ´nefesch´ e/ou leb, então isso indica boca, garganta, nariz – olfato, olhos – ver, ouvidos – escutar, cabeça – pensamento, língua – paladar e fala, pulmão – respiração, estômago, fígado, intestino, ou seja, refere-se a tudo, onde pulsa a vida humana.

Eis o desafio, Deus conduz a história da vida humana de forma maravilhosa, Deus pensa nos mínimos detalhes. O pastor desafia a comunidade reunida a descansar na certeza de que os planos do Senhor são melhores e maiores que os nossos planos. Celebrar os 165 anos é possibilidade dada por Deus, porque foi presença constante. Lembrando o significado da palavra ´nefesch´, Deus é presença plena e constante em cada pessoa. Deus é o horizonte que faz a gente caminhar. Quem vai nesta direção, sabe-se nas mãos de Deus. Não precisa temer, nem desesperar, nem mesmo lamentar diante daquilo que não deu certo como queria. Deus continua nos guardando e sustentando.

Além do Culto, as pessoas presentes puderam degustar um gostoso café colonial preparado pela Comunidade anfitriã e as 18h aconteceu um desfile temático representando as diversas atividades desenvolvidas pelos 1º imigrantes. Abriu a momento do desfile o carro com a representação da estátua do semeador e estavam participando do desfile o carro mostrando a culinária, a amarração de fumo como antigamente, o caminhão onde foi representando os Stipas, o jogo de cartas piffe e schascoop e ainda outros. Após seguiu-se com o baile com a Banda Estrela.

Responsáveis: Diaconisa Isolete M. Follmer e P. Dietmar Teske.