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Mensagem do Seminário e Assembleia da Associação dos Grupos de OASE do Sínodo Sudeste
em 09 de julho de 2023

 

Mulheres partilhando sua fé foi o tema norteador do Seminário e da Assembleia da Associação dos Grupos de OASE do Sínodo Sudeste, já dando início à celebração da memória dos 200 anos de presença luterana no Brasil.
 

Animadas pela prática de Jesus que partilhou cinco pães e dois peixes para a grande multidão que o ouvia, partilhamos também, algumas histórias de vida e de fé, de mulheres que chegaram nas terras do que viriam a ser chamadas de brasileiras pelos europeus. Como mães, filhas, esposas, ou até mesmo de forma independente, na busca e na promessa de uma nova vida, com direito à terra, liberdade e prosperidade, trouxeram na bagagem sua fé em palavra escrita, bordada ou cantada.
 

Ouvimos alguns relatos de mulheres que chegaram em Nova Friburgo, nos primeiros navios de imigrantes, em busca de novas oportunidades de vida, fugindo da guerra, morte, pobreza e fome. Que contaram a seus parentes das agruras da viagem, da solidão, das expectativas, da vida e da morte que não esperaram para se fazer presente. Que também viram uma terra com muito céu e muito mato, exuberante e assustadora, ao mesmo tempo, na sua diversidade e novidade.
 

Aprendemos que uma colônia em dificuldades se fez próspera com o trabalho, ousadia, persistência e inovação das pessoas que nos anteciparam, tornando-se o primeiro berço da igreja luterana em terras brasileiras. Tudo isso fruto do trabalho comunitário e em comunhão.
 

Também nos inspiramos nas caminhadas de Rebeca, Miriam, Tamar, Abigail, Lia e Raquel, Noemi e Rute e tantas outras que nem seu nome tiveram registrado na Bíblia. Assim nos voltamos para mulheres migrantes da Bíblia, que enfrentaram diversas situações limite. Situações que exigiram delas criatividade, sabedoria, coragem, persistência, ousadia, iniciativa, desprendimento, solidariedade, amizade, luta por direitos e justiça e até mesmo uma certa desobediência.
 

Percebemos que há muita história a ser rememorada e contada, nestes duzentos anos de presença luterana no Brasil. De mulheres, muitas vezes, nem nomeadas, nos desafiamos a resgatar e contar estas histórias, em memória delas e da sua fé.
 

Juntamos nossas vozes à de Charlotte Hess, imigrante que veio no primeiro navio e, após a chegada em Nova Friburgo, escreveu à família na Alemanha: “Apesar de tudo o que vivemos, posso dizer que ‘até aqui nos ajudou o Senhor’.” – 1Samuel 7.12