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No Domingo de Ramos, Jesus chega em Jerusalém e é aclamado como enviado de Deus. Ele é o enviado para anunciar o estabelecimento do Reino de Deus. Assim o Evangelho de Marcos resume a atuação de Jesus:

 

Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o evangelho de Deus. Ele dizia: — O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependam-se e creiam no evangelho. (Marcos 1.14-15)

 

A expectativa da concretização do reino de Deus estava vinculada com a ação de um messias. A palavra messias significa “ungido”. Inicialmente, a unção fazia parte do cerimonial de entronização de reis. Mais tarde, o termo ganhou conotação de uma figura salvífica. Com a vinda do messias iniciaria o tempo da salvação.

“Cristo” é a palavra grega que corresponde ao hebraico “messias” (João 1.41). Não é, portanto, o sobrenome de Jesus. Quando Pedro declara que Jesus é o Cristo (Marcos 8.29), está dizendo que Jesus é o Messias, aquele que inicia o novo tempo. A rigor, a designação mais apropriada seria “Jesus, o Cristo” ou “Jesus, o Messias” (Mateus 1.16; Atos 5.42).

 

Este Messias, enviado de Deus, inverte a lógica humana. Nem mesmo seus discípulos mais próximos entendem, como bem descreve o tradicional texto bíblico para a Quinta-feira da Paixão:

 

Antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que traísse Jesus, sabendo este que o Pai tinha confiado tudo às suas mãos, e que ele tinha vindo de Deus e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, pegando uma toalha, cingiu-se com ela.

Em seguida Jesus pôs água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. Quando se aproximou de Simão Pedro, este lhe perguntou:

— Vai lavar os meus pés, Senhor?
Jesus respondeu:
— O que eu faço você não compreende agora, mas vai entender depois.
Então Pedro disse:
— O senhor nunca lavará os meus pés!
Ao que Jesus respondeu:
— Se eu não lavar, você não terá parte comigo.
Então Pedro lhe pediu:
— Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça. (João 13.1-9, versão NAA da Sociedade Bíblica do Brasil)

 

O hino Lava-pés, número 422 do Livro de Canto da IECLB, é baseado no gesto de Jesus e nos chama a seguir o exemplo de humildade e serviço. A composição é de Jaci Maraschin (1930-2009), que foi professor, compositor e pastor da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil:

1. Jesus, tu reuniste os teus amigos
e lhes lavaste os pés, humildemente,
e enviaste-os, logo após, entre os perigos
de um mundo desumano e incoerente.

2. Também pediste que este teu exemplo
se repetisse em nós e que, ao invés
de nos fecharmos em teu santo templo,
saíssemos lavando ainda outros pés.

3. Na poeira das estradas desta vida,
vem nossos pés lavar, tão doloridos;
vem dar-nos mãos que acalmem a ferida
dos que ainda longe estão de ti perdidos.

4. Senhor, que os nossos pés assim lavados
nas águas transparentes de tuas fontes,
indiquem sempre a cura dos pecados
e resplandeçam belos sobre os montes.

 

Crédito da imagem: www.pexels.com