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Prédica Malaquias 3.1-4 e Lucas 3.1-16 – Segundo Domingo de Advento.

Lucas 3.1-6

Fazia quinze anos que Tibério era o Imperador romano. Nesse tempo Pôncio Pilatos era o governador da Judeia, Herodes governava a Galileia, o seu irmão Filipe governava a região da Itureia e Traconites, e Lisânias era o governador de Abilene.E Anás e Caifás eram os Grandes Sacerdotes . Foi nesse tempo que a mensagem de Deus foi dada, no deserto, a João, filho de Zacarias.

E João atravessou toda a região do rio Jordão, anunciando esta mensagem:

— Arrependam-se dos seus pecados e sejam batizados, que Deus perdoará vocês. Isso aconteceu como o profeta Isaías tinha escrito no seu livro:  “Alguém está gritando no deserto:  Preparem o caminho para o Senhor passar!  Abram estradas retas para ele! Todos os vales serão aterrados,  e todos os morros e montes  serão aplanados.  Os caminhos tortos serão endireitados,  e as estradas esburacadas  serão consertadas. E todos verão a salvação que Deus dá.”

Malaquias 3.1-4

1 O Senhor Todo-Poderoso diz:
— Eu enviarei o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E o Senhor a quem vocês estão procurando vai chegar de repente ao seu Templo. E está chegando o mensageiro que vocês esperam, aquele que vai trazer a aliança que farei com vocês.

2 Mas quem poderá aguentar o dia em que ele vier? Quem ficará firme quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo, para nos purificar; será como o sabão, para nos lavar.

3 Ele se sentará para purificar os sacerdotes, os descendentes de Levi, como quem purifica e refina a prata e o ouro no fogo. Assim eles poderão oferecer a Deus os sacrifícios que ele exige.

4 Então as ofertas trazidas pelo povo de Judá e pelos moradores de Jerusalém agradarão a Deus, como acontecia nos tempos passados.

 

Prezada Comunidade.

Hoje estamos celebrando o segundo domingo de Advento. Nesse tempo somos chamados por Deus a refletir sobre o rumo de nossas vidas. Deus nos convida ao silencio, à meditação, à avaliação, ao arrependimento e a mudança de vida.

Malaquias

O livro de Malaquias é o último livro do Antigo Testamento. Ele foi escrito a partir de 22 perguntas, que são respondidas em seus 55 versículos. Ele faz essas perguntas para acusar o povo de Israel de serem tolos, pois continuam seguindo seus pecados e isso os desviava da verdadeira adoração a Deus.

As 22 perguntas tratam de temas como a desobediência a Deus, de sacerdotes negligentes em sua tarefa, de líderes que perderam sua lealdade a Deus, de uma religiosidade fraca do povo e que não honra a Deus. Do oferecer a Deus aquilo que as pessoas já não querem mais. Do casamento e da educação dos filhos na fé e de prosperidade dos maus.

Época

O livro de Malaquias tem sua época por volta do ano 420 a.C. O povo de Israel já havia regressado de pois de 50 anos no exílio. O templo já foi reconstruído, as pregações de Ageu e Zacarias falavam de esperança. Mas, mesmo assim, a religiosidade das pessoas estava cada vez mais fraca.
Por isso, a mensagem de Malaquias está dirigida diretamente ao povo de Israel. Malaquias começa lembrando da tradição e dos fundamentos da fé de Israel.

O profeta lembra logo no início que Deus amou e ama o seu povo.

Mas o povo pergunta: Deus nos ama em que? Deus nos ama e mesmo assim vivemos na miséria? Deus nos ama e precisamos pagar tributos a um governo estrangeiro (governo persa)? O povo de Israel aprendeu que o amor de Deus se manifesta em atitudes, em assistência, em proteção, em benção.

Mas cadê tudo isso?

Esse amor de Deus que eles não conseguem entender, nem experimentar, teve início lá nas origens do povo de Israel (Gn 27.27-29.39).  Deus faz uma escolha por acompanhar a Jacó. Por isso, o profeta Malaquias lembra que o povo de Israel existe, por causa do amor e da escolha de Deus.

Apesar da maldade e dos pecados do povo, dos sacerdotes e dos líderes – esse povo ainda existe hoje porque esse amor de Deus não acabou. Por isso, Israel deveria honrar e servir a Deus. Filhos devem honrar seus pais. A honra que não se presta, o respeito que se perde – são sinais evidentes de que já não se reconhece a paternidade de Deus (1.6).

Aos sacerdotes e as famílias

Aos sacerdotes, Malaquias diz: Coloquem em seu coração o firme propósito de dar glória ao nome do Senhor (2.1-3). Caso contrário, as vossas bênção serão malditas. Diante dos matrimônios e das famílias que perderam sua finalidade, há uma repulsa ao casamento de homens israelitas com mulheres estrangeiras. É claro que aqui vemos hoje um repugnante exemplo de xenofobia. Mas para Malaquias a preocupação maior era com a educação dos filhos na fé no Deus de Isarel. Pode-se confiar o coração de uma criança de Isarel (filho e filha de Deus) a uma pessoa que adora outros deuses?

E por que os maus prosperam tanto? Onde está a justiça de Deus?

O profeta diz que o Deus já está cansado de tanta reclamação (2.17). Essa pergunta sobre “ Onde está Deus”, costuma aparecer na boca de inimigos de Israel, que zombam e colocam em dúvida a ação auxiliadora, salvadora ou punitiva de Deus (Sl 42, 79, 115,…).  Mas dessa vez Deus responde a essa pergunta anunciando o envio de seu mensageiro (3.1-3), antes de sua própria chegada. Deus não se esqueceu de sua aliança, apesar de ter sido abandonada por aqueles(as) que duvidaram do seu amo, das lideranças que não honraram e nem respeitaram o senhorio e a paternidade de Deus e apesar dos que negligenciaram a adoração a Deus com ofertas impuras e a educação dos filhos na fé.

Diante de tudo isso, surge uma pergunta desesperadora: Mas então quem estará de pé no dia da sua vinda? (3.2)

Deus deixa claro: sua chegada não será destrutiva. Deus virá para limpar, não para exterminar. O fogo será para acrisolar, para purificar e o que lava fará isso para limpar. Os filhso e as filhas de Deus erão sanados em primeiro lugar. Somente os malvados, os adúlteros, os traiçoeiros, os enganadores e oprimem os fracos, que que roubam, e os que não temem a Deus, esses sim enfrentarão o juízo de Deus (3.5).

O profeta anunciado por Malaquias – aquele que virá antes do próprio Deus – é João Batista.

Verdadeira mudança acontece com arrependimento em relação ao passado e disposição para começar uma nova vida. Era isso que o batismo de João Batista representava: disposição para começar uma nova vida. João Batista também chamava as pessoas ao arrependimento e a viver a partir dos valores do Reino de Deus. Esses valores são: Amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, tolerância, bondade, compaixão, solidariedade, fidelidade, humildade e domínio próprio.

Malaquias e o profeta João Batista

Portanto, o profeta Malaquias e o profeta João Batista nos anunciam que Deus cumpre suas promessas, ele não se afasta de nós (apesar de nossos pecados e de nossa maldade), mas ele vem ao nosso encontro e nos convida a entregar-nos ao modo de Jesus Cristo, dedicar nossa vida a seu serviço, respeitar seus ensinamentos, não apenas como pessoas, mas como igreja, como comunidades, influenciar positivamente a sociedade com nossas atitudes, não colaborar com o ódio, a violência sobre violência. Quem não consegue tirar o ódio político de seu coração, aproveite esse tempo de Advento para pedir que Jesus o liberte.

As maldades do mundo não devem nos contaminar na igreja.

Somos nós que precisamos mostrar que a presença de Jesus nesse mundo se tornará visível e palpável através de nós. Jesus já veio. Ele já está no meio de nós. E nós podemos tornar a sua presença visível nesse mundo, fazendo o que ele nos ensinou.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a comunhão do Espírito Santo continuem conosco. Amém…….

P.Nilton Giese