|

Prédica: Isaías 2.1-5
Autor: Nelson Kirst
Data Litúrgica: 8º Domingo após Trindade
Data da Pregação: 09/08/1980
Proclamar Libertação – Volume: VI
 

I – Texto 

Is 2.2-4 é praticamente idêntico a Mq 4.1-3, o que não significa que qualquer dos dois seja inautêntico. Há que se contar com uma fonte comum a ambos. Não temos mais condições de localizar o texto cronologicamente dentro da atuação de Isaías. Quanto ao contexto, a perícope está inserida no meio de palavras de juízo (algumas poucas, de graça), endereçadas a Judá/Jerusalém. Neste lugar, ela representa um saliente contraste positivo, que sobressai em conforto com a situação catastrófica descrita nos textos adjacentes (do cap. 1 ao 5). Is 2.1-5 significa, então, a projeção de uma esperança inominável, por cima e além de tal situação catastrófica, culminando, no v.5, com um convite para que, a partir dessa esperança, os israelitas andem na luz, dentro da situação calamitosa de que fala o contexto. Estas observações, devidamente transferidas para a situação homilética de hoje, já são meio caminho andado em direção à prédica.

O texto apresenta a seguinte estrutura:

V.1 introdução (visão, de quem, a respeito de quem);

Vv.2a+3b+4a ação de Javé (2a: estabelecimento da casa do Senhor; 3b: a lei e a palavra; 4a: julgará e corrigirá);

Vv.2b+3a+4b efeitos da ação de Javé, junto aos povos (2b: afluirão; 3a: dirão: subamos, que nos ensine, e andemos; 4b: converterão, não levantará, nem aprenderão);

V.5 convite para que os israelitas tirem as consequências desta visão.

O v.1 dá início não só à nossa perícope, mas a uma coleção maior de ditos, cuias dimensões não podem ser fixadas com precisão.

Vv.2a+3b+4a

A tradução de Almeida no início do v.2a não é exata, devendo ser substituída por ao final dos dias ou terminados os dias. A expressão original hebraica designa o término de uma época e o início de outra. Se é verdade que Isaías espera a nova realidade para dentro da história, também é verdade que se trata de uma realidade totalmente nova e diferente, inaugurada pela ação de Javé. Ao ser estabelecido e elevado acima de todas as alturas terrestres, o monte Sião (onde se situa a casa de Javé) atingirá toda sua relevância como lugar da revelação de Javé para os povos (Wildberger, p.83). Este início da visão antevê, pois, uma nova época, caracterizada fundamentalmente pelo efetivo e definitivo domínio e soberania universal de Javé.

Do centro do governo de Javé (v.2a) sairá sua lei e sua palavra, v.3b. No lugar onde se encontra (cf. v.4a), lei só pode significar a orientação ou instrução no caso de questões jurídicas complexas (cf. Dt 17.11). Palavra é termo técnico da revelação profética, representando a expressão do pensamento e da vontade de Javé.

Ainda a partir do centro do seu governo (v.2a), Javé, segundo o v.4a, julgará entre os povos (tradução correta de Almeida). Não se trata, pois, de condenar, mas de exercitar-se como juiz nas disputas entre os povos. O outro verbo, IAKAU (que Almeida traduz por corrigir) só pode significar repreender em favor de, como em Is 11.3 e 4. (Wildberger, p.86)

De absoluta importância para a compreensão exata da perícope toda é o porque (Kl), no início do v.3b. O que é dito nos vv.2a+3b+4a representa a causa de tudo o que é descrito nos vv.2b+3a+4b. A prédica só será fiel ao texto se conseguir dar a devida expressão a esta relação lógica.

Vv.2b+3a+4b

No v.2b há que se destacar: a) O verbo NAHAR, que Almeida traduz por afluir, significa correr como um rio, jorrar; dá, pois, a ideia de impulso, ímpeto, torrente. b) Todos os povos. Ou seja: quando a prédica falar desta ida dos povos a Sião, não pode perder de vista a universalidade (b), nem o impulso, o ímpeto, a explosão desse movimento (a).

O V.3a salienta, antes de mais nada, a espontaneidade e urgência da ida a Sião. Não há pressão nem convite por parte de Javé. Javé não envia mensageiros. Os próprios povos estimulam-se e encorajam-se mutuamente a buscarem a casa de Javé. (Está aí uma característica da nova realidade, que pode ser bem aproveitada na prédica.) Que querem os povos em Sião? Que Javé ensine os seus caminhos, a fim de que possam andar pelas suas veredas. Caminhos não deve ser entendido, no sentido de textos posteriores e até neotestamentários, como um modo de vida pretendido por Deus. Dentro da nossa perícope, os caminhos e as veredas só podem ser aqueles que Javé indicar, quando der a conhecer sua lei, sua palavra (v.3b), quando julgar entre e repreender em favor (v.4a) dos povos.

No v 4b, a consequência prática de tudo o que foi dito até aqui: a eliminação total da guerra.

Esta consequência é desenvolvida em três afirmações:

a) As armas de guerra serão transformadas em instrumentos de paz. de produção de alimentos. Em vez de destruir vida, tais instrumentos vão fomentá-la; não serão mais usados contra, mas a favor das pessoas. Não transparece aqui também a idéia de uma produção conjunta de alimentos (uma espécie de cooperativa universal), numa ação conjugada que já se delineava no v.3 a.

b) Nenhuma nação fará mais a guerra contra outra. É preciso muita imaginação para pensar esta ideia até o fim: desmobilização de efetivos humanos, reciclagem de toda indústria de guerra, desmontagem de toda estrutura de recrutamento, formação e treinamento para a guerra, e assim por diante.

c) Nem sequer se aprenderá mais a fazer a guerra. Isto é, a guerra é efetivamente cortada pela raiz. Não apenas deixarão de exercitá-la, mas nem sequer saberão como a fazer. Somos levados forçosamente a pensar numa situação paradisíaca, como a de Is 11.1-10. É preciso lembrar novamente: tudo isso é consequência da ação de Javé, descrita nos vv.2a+3b30+4a. Uma última observação para não deixar dúvidas: muitas nações (vv.3 e 4) não restringe a idéia da totalidade dos povos envolvidos. A pressuposição é de que todos são muitos (e não, de que muitos não são t odes).

O v.5 conclama o povo de Israel a se dar conta e preparar-se para o que haverá de acontecer (vv.2-4). Como preparar-se? Andando na luz de Javé. No culto de Jerusalém, luz é o símbolo da presença salvífica e graciosa de Javé . . A dádiva desta graça encerra o imperativo de também se viver nela. (Wildberger, p.87s) O sentido do v.5 dentro da perícope é, então: teu Deus é grande, Israel, vê o que podemos esperar dele (vv.2-4); por isso, porque ele há de fazer tão grandes coisas, vivamos de acordo com a sua graça (v.5) — e isto significa: de acordo com a sua vontade. É interessante o papel de Israel em todo o trecho: não é o de testemunha ou missionário, mas simplesmente de espectador e convidado. Escopo: Isaías convida seu povo a andar na luz de Javé, porque virá uma nova época, em que Javé manifestará efetivamente sua soberania universal, de tal modo que os povos convergirão, espontânea e entusiasticamente, a Sião para buscar sua orientação, e, em consequência, reinará paz absoluta entre eles.

II — Meditação

1. A mensagem do nosso trecho é evidentemente compatível com o Novo Testamento. Depois de Cristo, continuamos a alimentar a mesma esperança. Cremos que Cristo já inaugurou esta nova realidade, a qual, no entanto, ainda não se realizou por completo. Eia se realiza, aos pingos, onde pessoas agem movidas por Crista Nossa perícope ajuda-nos — numa dimensão e plasticidade que dificilmente encontramos no Novo Testamento — a sermos audaciosos e criativos no vislumbre da nova realidade a ser criada por Deus. Aceitemos o estímulo, sejamos também nós, na prédica, audaciosos e criativos na projeção de nossa esperança. O máximo que conseguirmos imaginar, com nossa limitada mente, é o mínimo que podemos esperar do Deus de Jesus Cristo.

2. É perfeitamente compatível com nosso texto, falarmos de guerra em todos os níveis, não só na dimensão da relação entre os povos.

3. A comunidade terá grande dificuldade de entender o texto, ouvindo uma simples leitura sem qualquer preparo. Antes de elaborar a prédica sobre a perícope, entreguei-a a um grupo da comunidade onde prego regularmente (situada num bairro operário), para ser comentada e discutida. A simples leitura do texto, sem qualquer explicação, provocou no grupo as seguintes reações que reproduzo literalmente: Não entendi. — Nos últimos dias: é a segunda vinda de Jesus? — Que é o monte da casa do Senhor? — Que é cume? — Que é outeiro? — Que é a casa do Deus de Jacó? — Que é Sião? — Que é converter?

Defrontado com tamanha dificuldade de compreensão, por ocasião da prédica li o texto só após uma pequena introdução e na seguinte versão: Quando terminarem os dias que vivemos hoje, o templo de Deus vai ser colocado bem alto sobre todo o mundo (e de lá Deus vai governar todos os povos). Todos os povos virão para procurar Deus. E muitos povos vão chegar e dizer uns aos outros: Venham, vamos subir até lá onde Deus mora. Ele vai dar-nos orientação e mostrar como devemos agir. Lá da sua casa sairá a instrução e a vontade de Deus para todo mundo. Quando os povos tiverem brigas entre si. Deus vai julgar e decidir essas brigas. Por causa disso, os povos vão transformar suas espadas em lâminas de arado e suas lanças em tesouras de podar. Nenhum povo erguerá mais a espada contra outro povo, nem mais saberão como fazer a guerra. (E, então, Isaías conclui:) Por isso, meu povo. porque o Deus de vocês vai criar esse mundo novo, por isso venham e andemos agora de acordo com a vontade deste nosso Deus.

4. A intenção que persegui com a prédica sobre este texto foi a de libertar os ouvintes:

a) do pessimismo e do desânimo em face da situação adversa no mundo em que vivemos; da ausência de esperança numa paz total criada por Deus; de uma esperança descomprometida com o presente;

b) para serem audaciosos e criativos naquilo que esperam do Deus de Jesus Cristo. e terem coragem de crer que um dia Deus há de criar paz verdadeira em todos os níveis; para viverem desta esperança, integrando-se já agora como participantes ativos neste plano de Deus com a sua criatura (a esperança é sempre uma crítica ao presente; esperança compromete quem espera a agir já agora de acordo com ela).

c) com base na promessa e no convite (v.5) feitos por Javé através de Isaías — promessa e convite que recebem sua confirmação e radicalização na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

5. Depois de esclarecidas as perguntas que obstaculizaram sua compreensão do texto, o grupo acima mencionado (veja ponto 3 — um grupo de três homens e duas mulheres, em torno dos 40 anos de idades todos operários da indústria do calçado, membros fiéis da comunidade) passou a comentar o texto, com palavras que reproduzo a seguir, da maneira como foram ditas: Não aprenderão mais a guerra. Se um dá dez bofetadas, o outro quer dar 15. Isso vai terminar. — Se a gente fizer como tá aí, vai terminar toda briga. O v.5 tá convidando nós pra andar na luz do Senhor. Em casa, no trabalho, em tudo. Se eu tenho certeza que Deus existe, não posso fazer mal ao outro. O mau pensamento vem, mas a gente tem que vencer. — Todos vão ser iguais: vinde, subamos! — No v.4 diz que uma nação não levantará a espada contra a outra. Ladrão assaltando e tudo isso não vai ter mais. — Nos últimos dias: eu acho que tá perto o fim . . . — É, a vida tá sempre mais difícil. A exploração tá demais. Assaltos. — O que tá aí vai acontecer. Assim como eles vão pro monte, nós agora vamos pra igreja. — Os que mandam hoje acham que eles é que sabem mais. — Os povos vão lá no monte, porque estão desesperados. Assim, nós vamos pra igreja. — Os que tão lá em cima acham que eles são deus. Eles vão ter que aceitar que tem alguém maior. Tô pensando nos patrão: pensam que tem um deus láááá longe. — Não é bem assim, tem que ver o problema que eles passam. — Ora, patrão não perde nunca. Salário sobe 10%, patrão sobe 20. — Não é que não acreditem em Deus, mas prá eles Deus é bem longe. Eles tão sempre agitados, nunca param. — Se melhoram prá ti 5, é porque querem ver se tiram 10. — Não adianta, depois eles também morrem e não levam nada. — Se eles não segurassem pra ter uma fábrica, a gente não teria lugar pra trabalhar. Ia ter que ficar lá na roça, capinando. Faltam só cinco anos pra me aposentar. — Por que Carter não manda parar de fazer armas de guerra, e dá pros necessitados? Tão fazendo coisas desnecessárias, e tem gente morrendo de fome. Os russos também. Um quer ser dono do mundo e pensa: ou eles ou eu. — Vocês leram a Folha de hoje? Eu só vi bem de longe: Figueiredo jogará o exército contra os trabalhadores. (Obs.: estávamos nos dias culminantes da greve dos metalúrgicos no ABC paulista.) — Guerra é coisa que nem me preocupa. — (referindo-se ao comentário sobre o exército contra os trabalhadores) Quem pode mais chora menos. Sempre achava greve errado, mas agora concordo. Quem trabalha tá sempre pior, mas quem tem tá em cima, tá sempre melhor. Mas vai mudar. Isso eu garanto. Ah, vai! O que tava trancado esses últimos anos, agora vem. Dos que tão lá em cima, pai, filho, tudo tem auto, e não trabalham nada. — Muita coisa que acontece na fábrica, nós mesmos é que somos culpados. — Eu tô sabendo: sapato era 260, agora é 520. Eles não perdem nada com o aumento do salário. — Lá na minha fábrica tem que bater ponto quando entra e quando sai do banheiro. — O contra-mestre tá entre dois fogos, entre o patrão e o empregado. — Agora, com a esteira, não dá nem pra tomar água. Em alguns lugares não deixam nem comer o lanche. — Lá na minha fábrica vieram xingar porque um emprestou um cigarro por outro por cima da esteira. Dizem que a esteira não pode parar. — Nós somos como bicho, como escravo. E eles, enchendo os bolso. — (A esta altura interferi para perguntar: Onde é que entra o texto, em tudo isso? O que é que tudo isso tem a ver com o nosso texto? — A resposta foi pronta:) Tá aqui ó: ele julgará os povos. Eles têm as espada. Vamos ver se conseguimos tirar as espadas deles. — Mas o que é que dá pra gente fazer? — A gente tem que orar, fazer oração . .

III — Sugestão para a prédica

A partir das reflexões acima — e do trabalho realizado em cima do texto com os estudantes do Seminário de Homilética, na Faculdade de Teologia — desenvolvi a prédica da seguinte maneira:

1. Introdução: Levantamento das esperanças que normalmente as pessoas alimentam, quase todas de curto e médio prazo e referindo-se a questões como namoro, escola, testes, filhos, trabalho, problemas domésticos, amigos ou parentes doentes ou viciados, etc. — No entanto, quem vem ao culto é porque sente uma ligação especial com Deus. E, via de regra, quem se sente ligado com Deus alimenta mais uma outra esperança: de uma realidade nova, diferente, a ser criada por Deus.. Geralmente falamos de vida eterna. Temos dificuldade de imaginar e descrever essa nova realidade.

2. Nosso texto pode ajudar-nos a imaginá-la e descrevê-la melhor. — Pequena introdução e leitura do texto (de maneira que os ouvintes possam entender seu conteúdo; ou seja, numa versão simplificada como a que foi reproduzida acima, ou na versão de Almeida, porém, com as devidas explicações correndo junto com a leitura). — Após a leitura, breve resumo do conteúdo do texto, com outras palavras. — Essa nova realidade que Isaías vislumbra pode ajudar-nos a imaginar e descrever a nossa esperança?

3. Conseguimos imaginar um mundo novo como Isaías o vê? Tomemos a nossa realidade e procuremos descontar dela toda a guerra: desde a grande, internacional, até a pequena, dentro de casa. — Mas antes: por que é que se briga? Porque cada um defende o seu próprio peixe e porque ninguém quer levar desaforo para casa. Quando, então, a briga explode, faz-se como no meu tempo de colégio: um risco no chão com a ponta do sapato e o desafio apaga se tu é bem homem! — Os mesmos motivos estão por trás de toda e qualquer guerra, em qualquer nível. — A seguir, dei exemplos de guerra: a) no nível internacional, entre povos (cf. os últimos jornais, Jornal Nacional, etc.); b) entre grupos dentro do nosso país (onde há guerra, quem está por cima ganha e quem está por baixo sempre apanha; quem apanha no Brasil: índios, bóias-frias, crianças abandonadas, velhos, trabalhadores do campo e da cidade — evitar generalizações, trazer dados reais, particularizar); c) no lugar de trabalho (nesta altura, citei verbalmente na prédica boa parte do diálogo grupal reproduzido acima na parte II, ponto 5); d) na vizinhança (arrolar os casos mais corriqueiros de briga entre vizinhos); e) na família (entre pais e filhos, marido e mulher, entre irmãos por motivo de herança). Em cada um destes casos pode ser demonstrado e repetido que a briga se deve ao defender o próprio peixe ou não levar desaforo para casa. (A repetição ajuda o ouvinte a captar a inteireza da prédica.) — Se formos capazes de descontar todas manifestações de guerra da nossa realidade, estaremos perto daquilo que Deus promete no texto de Isaías.

4. Ao empreendermos a tentativa, a primeira reação é de ceticismo e incredulidade (bobagem!, deixa disso!, isso não existe!). — Mas vem então à lembrança uma pessoa que não defendeu o seu peixe, que levou desaforo para casa, que não fez o risco no chão. Citei, então, uma série de exemplos de tal atitude de Jesus, durante a paixão, além de palavras suas como Lc 22.34; Mt 5.39 e 41 (cf. também 1 Pe 2.23). — Conclusão: isso existe! Pelo menos um já agiu nos moldes de não fazer guerra. — E este um Deus ressuscitou, como que para dizer: essa é a vida que eu quero, essa é a vida que tem futuro, assim será a nova realidade que eu vou criar. — Por causa de Jesus (de sua vida, morte e ressurreição) aquela realidade pode ser mais que mero sonho. Pode ser exatamente isto, uma realidade, com a qual eu conto e da qual eu sei que vou participar.

5. E agora, o que fazer? Lá no céu vai ser bom, com paz e vida tranquila para todos, então agora, neste mundo infestado de briga e guerra, vamos sentar num cantinho, ficar rezando e esperando até que aquele mundo venha. (Aqui pode-se descrever toda sorte de atividades apáticas e alienadas diante das guerras e sua vítimas, apontadas acima no ponto 3 da prédica.) — Quem fica, na apatia, esperando e rezando até que venha um mundo melhor, está apenas pensando em salvar o próprio couro na eternidade, e isso não tem nada de cristão. — A esperança cristã é diferente. É mais ou, menos assim: digamos que eu vivo num lugar totalmente escuro, e a realidade que eu espero é um dia claro e radioso que vem. Então, o que é que eu faço, lá na escuridão onde vivo? Começo a acender velinhas, pequenas luzinhas na escuridão, (A ideia é de Sílvio Meincke, num programa de Cristo Vive.) Acender velinhas contagia. Começam a surgir outras, muitas. Não conseguiremos acabar com a escuridão, mas as velinhas são importantes, porque em cada luzinha começa a acontecer, já agora, aquela realidade. Toda vez que alguém não defender o seu peixe, que alguém levar desaforo para casa e não fizer o risco no chão, estará acendendo uma velinha. Voltando às manifestações de guerra mencionadas antes (ponto 3 da prédica), passei a exemplificar o que seria acender velinhas em diversas daquelas situações. — A prédica encerrou com uma exortação final a Viver da esperança e acender velinhas.

A sugestão esboçada aqui é, evidentemente, apenas uma possibilidade. Com os subsídios apresentados acima, o leitor poderá desenvolver sua prédica de diversas outras maneiras.

IV — Bibliografia

– JENNI, E./WESTERMANN, C., ed. Theologisches Handwörterbuch zum Alten Testament. Vol. 1 e 2. München, 1971 e 1976.
– KAISER, O. Der Prophet Jesaja. Kapitel 1-12. In: Das Alte Testament Deutsch. Vol. 17. Göttingen, 1960.
– WILDBERGER, 11. Jesaja. In: Biblischer Kommentar Altes Testament. Vol. 10/1 e 2. Neukirchen-Vluyn, 1965 e 1966.

Como material de informação sobre as guerras e os que sempre apanham, no Brasil, sugiro a assinatura e leitura regular de Tempo e Presença, publicação mensal do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). A assinatura anual custa Cr$ 300,00 e pode ser solicitada ao seguinte endereço: Tempo e Presença Editora Ltda. Caixa Postal 16.082 — 22241 Rio de Janeiro, RI.