O prefácio do Volume IX anunciava que desta vez, finalmente, PROCLAMAR LIBERTAÇÃO sairia antes de iniciar a época de Advento — e isto, a um alto custo. Não saiu. Talvez a honra de ser o primeiro a chegar em tempo às mãos do leitor tenha sido reservada a este Volume X. E isto, com o maior número de contribuições já reunidas até hoje.
O fator mais importante, no momento presente de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO, reside em estarmos concluindo o primeiro ano de uso da série alternativa QUER SEJA OPORTUNO, QUER NÃO. Necessitamos urgentemente de uma primeira avaliação para testar o novo caminho que se começou a andar. A série alternativa é fruto de um significativo empenho dos autores, que trabalham com muito entusiasmo no seu planejamento e preparo. Mas, está realmente sendo utilizada? E com que proveito? Por favor, envie-nos sua avaliação e seus comentários.
Chamo a atenção para o texto do 2º. Domingo de Advento. Is 35.3-10 não pertence à Série l, como as demais perícopes, mas à Série V.
Para mim, pessoalmente, este é um volume de despedida. Por ausentar-me temporariamente do país, deixo PROCLAMAR LIBERTAÇÃO, no qual colaborei desde o início, como autor, e desde o Volume V, como coordenador. Nesta despedida os outros dois coordenadores encontraram um bom motivo para me passarem a redação deste prefácio.
PROCLAMAR LIBERTAÇÃO é o que os seus autores fazem dele. Em seus encontros anuais, decidem participativamente sobre diretrizes e novos caminhos. No labor individual de cada um, misturam, em cada contribuição, o recheio que vai formar o colorido conteúdo desta publicação. Autogestão e participação, no mais puro sentido. Estes autores conseguiram provar a falsidade de um dos primeiros prognósticos a respeito de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO, emitido em 1975, quando estava sendo preparado o primeiro volume. Dizia alguém: É melhor que este livro seja mandado de presente aos pastores. De outro jeito não terá saída. Ninguém vai comprá-lo.'' Não foi mandado de presente e, pouco tempo depois, a tiragem inicial de 400 exemplares era triplicada. Nenhum best-seller, é claro. Mas nada mau para esse gênero de literatura, em nosso país.
Os autores de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO têm conseguido manter seu quadro dentro de um bom equilíbrio entre renovação e continuidade. Este fator, aliado à completa ausência de uma regulamentação formal, faz com que o Encontro de Autores traga embutido dentro de si o germe da inquietude e da busca constante. Um relance sobre os índices dos dez volumes, mais o especial sobre o Catecismo Menor, pode comprovar esta constatação.
Graças a seus autores, PROCLAMAR LIBERTAÇÃO é um raro caso de empreendimento autóctone e autônomo dentro da IECLB. Na forma, no conteúdo e nas finanças. Nasceu aqui, veio de baixo, tem casa própria e sustentou-se por suas forças.
Em meio a tantas malsãs dependências, é bom descobrir que isso é possível.
Entusiasmante é também o alcance ecumênico de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO. Apesar das barreiras de denominação e tradição, provavelmente mais da metade dos leitores encontra-se fora da IECLB.
Numa das primeiras avaliações de PROCLAMAR LIBERTAÇÃO, uns oito anos atrás, alguém disse: Comprar isso aí, pra quê? Encontro a mesma coisa nos auxílios homiléticos que me vêm da Alemanha. Há muito tempo não se houve mais comentário semelhante. PROCLAMAR LIBERTAÇÃO cresceu. Mas ainda engatinha. Ao fado de uma ampla heterogeneidade de posicionamentos — que pode ser boa e desejada —, traz fortes desníveis de abordagem, métodos e conteúdo.
E até que ponto proclamamos, de fato, libertação? Quanto não ficamos devendo ao título de nossa publicação? Ninguém o sabe melhor do que nós, os autores. PROCLAMAR LIBERTAÇÃO é um alvo distante, ainda não alcançado. PROCLAMAR LIBERTAÇÃO é o nome de uma busca. Não, de um lugar atingido.
Considero-me feliz por ter podido, nestes últimos dez anos, participar com tantos desta procura. Deixo PROCLAMAR LIBER¬TAÇÃO com o pedido de que o Senhor, que nos deu sua Palavra para ser pregada, faça seu olhar complacente acompanhar este tênue sinal de esperança.
A os autores deste volume, tão numerosos desta vez, o meu reconhecimento, em nome dos leitores. Aos colegas Harald Malschitzky e Milton Schwantes, minha satisfação por ter podido remar nesta canoa com eles, desta vez.
Aos feitores, um bom proveito.
São Leopoldo, setembro de 1984.
Nelson Kirst