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A travessia do vau, caminhos humanos fragmentados

 

Proclamar Libertação – Volume: 46
Prédica:
 Gênesis 32.22-31
Leituras: Lucas 18.1-8 e 2 Timóteo 3.14 – 4.5
Autoria: Teobaldo Witter
Data Litúrgica: 19º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 16/10/2022

1. Introdução

Gênesis 32.22-31 é uma narrativa ou saga muito bonita. Parece negligenciada no Proclamar Libertação. Diferentemente da maioria de outros textos do lecionário, há somente dois auxílios, em 1976 (PL II) e em 1992 (PL XII), que tratam desse texto. Por quê? Não sei. Mas eu gostei de escrever a partir da mensagem desse texto. Foi maravilhoso sonhar com os autores e as autoras do texto. Convido você para ler o texto no seu conjunto e em detalhes particulares.

Outubro é o mês em que as atividades comunitárias se dedicam aos estudos, encontros, cultos e outras em questões relacionadas à Reforma Protestante. Sempre me senti honrado em compartilhar e pensar a partir de conteúdos da Reforma. As comunidades, de certa forma, esperam que temas relacionados às redescobertas de reformadores e reformadoras do século XVI estejam na agenda das mensagens. Os quatro somente, isto é, somente Cristo, somente a fé, somente a Escritura; somente a graça, são reconhecidos e valorizados pelas comunidades como pilares da Reforma.

Os textos do presente auxílio não falam diretamente sobre os pilares da Reforma. Mas os temas não estão isolados, em exclusão mútua. Pelo contrário, estão em comunhão simbiótica como a Trindade Santa, onde não é possível separação. Além disso, estão em simbiose com outros temas significativos, como misericórdia, perdão, amor, humildade, confiança, perseverança, morte, vida e outros. Jacó chegou ao fim da rua sem saída com suas estratégias de querer tudo para si, enganando e roubando. As lutas de Jacó daquela noite na solidão são pertinentes à vida cristã. A persistência da mulher viúva que luta para ser atendida pelo juiz em sua causa é sintomática de todas as lutas de causas justas. As lutas expressas por Paulo e Timóteo na pregação do evangelho, a confiança perseverante da viúva que mudou o comportamento do juiz também são mensagens da prática teológica da Reforma Protestante que remonta ao dia 31 de outubro de 1517.

 

2. Os três textos bíblicos

Lucas 18.1-8 apresenta uma mulher e um juiz. A mulher é uma viúva. Ela tem uma causa. Busca justiça. Mas o juiz é indiferente. Não é temente a Deus. Não respeita ninguém. E não está a fim de atender a mulher. No entanto, ela insiste para que o seu direito seja respeitado. Então o juiz, reconhecendo sua insensatez, conclui que é melhor atender essa viúva que o importuna, antes que o moleste. A atitude persistente e perseverante da viúva mudou o comportamento do juiz. Jesus pede para que a comunidade preste atenção: se o juiz iníquo atendeu a viúva por ela não ter desistido, muito mais Deus vai tratar com justiça quem lhe pede. E conclui com uma pergunta: haverá fé na terra? A parábola demonstra a necessidade de insistir, orar, vigiar e nunca desistir, pois se até mesmo um juiz injusto que não teme a Deus e não respeita ninguém acabará por ouvir e atender a mulher, então muito mais rápido o Deus da justiça e misericordioso atenderá vocês.

2 Timóteo 3.14 – 4.5 é mensagem sobre a fidelidade da pregação da Palavra e a importância de permanecer naquilo que foi aprendido, sabendo de quem foi aprendido desde a infância e está de acordo com a Palavra de Jesus Cristo. A perseverança nas Escrituras torna as pessoas sábias para a salvação em Cristo Jesus. Mas haverá tempo em que as pessoas estarão cercadas por seus próprios mestres, que somente lhes ensinarão conteúdos que lhes proporcionem o seguimento de suas próprias cobiças e detestarão a verdade, preferindo fábulas humanas. Nesse contexto, o pregador suporta até aflições, mas não desiste de evangelizar, cumprindo o ministério.

Gênesis 32.22-31 apresenta Jacó e sua luta de uma noite. Ele sai ferido, manco, dessa luta. Ao final da luta, Jacó pede para ser abençoado e pergunta pelo nome da pessoa com quem lutou. Ele não recebe uma resposta. Mas foi abençoado. Seu nome é mudado de Jacó para Israel. E Jacó dá nome ao lugar da luta – Peniel – e diz: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva (Gn 32.30).

São temas que perpassam os três textos bíblicos: confiança, orar sem cessar, persistência, perseverança, morte, vida. A mulher viúva, Jacó, Paulo e Timóteo, cada pessoa tem sua prática e o testemunho do seu jeito, suas atitudes são paradigmáticas.

 

3. Gênesis 32.22-31 no contexto

Jacó parece ser a história do próprio povo de Israel. É patriarca, mas não qualquer um. É apresentado como o pai das doze tribos. Jacó era neto de Abraão e Sara e filho de Isaque e de Rebeca. Jacó é uma das figuras centrais da tradição judaica. É nele que se encontra a origem das doze tribos de Israel. Na armadura imediata da leitura do texto bíblico (Gn 32.3-21 e Gn 33.1-17), Jacó se encontra numa “sinuca de bico”. Por quê? Sua vida tem trapaças, derrotas, vitórias. Envolve-se em muitos conflitos, fugas e tentativa de retornos. No ventre da mãe segurou o calcanhar de seu irmão, Esaú. Quer ser o primeiro a nascer. Depois, bajula, mente e engana seu pai. E furta a bênção que estava destinada para ser de seu irmão. Este anuncia que vai se vingar e matar Jacó. Persegue o irmão. Jacó põe-se em fuga. Peregrina. Acumula numerosos rebanhos. Arregimenta numerosa mão de obra humana e a transforma em mão de obra corveia. Casa com Lia e Raquel, filhas de Labão, irmão de sua mãe, após sete anos de trabalho por cada mulher. Na casa de Labão, surge e cresce a desconfiança dos filhos de Labão. Foge para não ser morto. Na peregrinação, usa uma pedra como travesseiro, deita e teve um sonho. No sonho, vê uma escada que atinge a porta do céu. Sobre a escada, anjos desciam e subiam, no caminho entre o céu e a terra. Ao seu redor, estava Deus, que se apresentou e reafirmou as promessas feitas a Abraão: descendência, terra, posteridade (Gn 28.10-17). Temeroso, reconhece a presença de Deus no território em questão. Teve medo de morrer ao ser encontrado por Deus. Como homem, lutou com Deus. Lutou com o anjo e saiu vencedor. Chorou e implorou o seu apoio. Em Betel encontrou a Deus que ali conversou com ele. Passou por noites de pesadelos. Depois da aliança entre Labão e Jacó, foi preparado o encontro entre os irmãos Jacó e Esaú, segundo Gênesis 32.3-21. O encontro era temido, porque poderia ser de acerto de contas entre eles, com violência e morte. Jacó ficou com medo e perturbado quando teve notícias de seu irmão Esaú (v. 7). Jacó, com seu grupo, preparou estrategicamente o encontro com o irmão: enviou mensageiros para o diálogo, enviou presentes, promessa de boa acolhida, plano A para o encontro que contem mais presentes, e plano B para a fuga, se fosse necessário. Já em Gênesis 33.1-17, o encontro foi efetivado. Jacó vai ao encontro do irmão, desarmado, se humilha, expressa grande disposição para o diálogo e o perdão. Assim, Esaú correu ao seu encontro para abraçá-lo e se reconciliar. Entre esses últimos dois textos, localiza-se a narrativa da luta de Jacó com Deus (Gn 32.22-32). Independentemente da compreensão de que se trata de personas ou povos, de acontecimentos reais ou não, do tipo de texto, é importante considerar a narrativa para a mensagem comunitária. Ela é muito linda, porque Deus, por sua graça, faz acontecer o encontro desses dois grupos orgulhosos, gananciosos e egoístas.

 

4. Gênesis 32.22-31

O texto é a narrativa do encontro de Deus com Jacó. É uma espécie de “saga”. Inicialmente, expressa uma noite em que Jacó tomou sua família e atravessou o vau de Jaboque. Suas esposas, filhos e servas passaram pelo ribeiro. Passaram também seus pertences todos. Jacó não fez a travessia. Ficou para trás sozinho. Durante a noite, lutou com um homem misterioso. A luta se prolongou até ao romper do dia seguinte. Na sequência, o texto explica que aquele encontro no vau de Jaboque não era algo simples. Havia sentido profundo naquela luta. O homem que lutou com Jacó parecia ser uma manifestação visível do próprio Deus. Isso quer dizer que Deus apareceu a Jacó em forma humana. Num certo momento do texto está a narrativa de que o homem tocou na articulação da coxa de Jacó e deslocou sua junta (articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril, v. 32). Isso fez com que Jacó perdesse suas forças. Então, Jacó agarrou-se a ele e rogou por sua bênção. Jacó foi abençoado e teve seu nome mudado de Jacó para Israel. O significado do novo nome do patriarca não apenas revelava a natureza daquele encontro no vau de Jaboque, mas também demonstrava que ele havia sido transformado. Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste (v. 28). O testemunho de Jacó, após a luta e a bênção de Deus, é muito significativo na teologia bíblica: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva (v. 30). Ou em outras palavras: vi Deus e não morri. Ou ainda: morrer é ver Deus.

Sobre a temporalidade e territorialidade, Martin Noth supõe que os contos (“saga”) sobre Jacó e Labão, bem como aqueles sobre Jacó e Esaú (Gn 27 – 33), surgiram na terra nova, ao leste do rio Jordão. Pouco tempo depois da imigração em Canaã, algumas tribos israelitas começaram a ocupar aquelas regiões. O vale de Jaboque era uma porta de entrada importante para esse campo. Como sempre acontece, os colonos enfrentaram condições duras na terra. Nesse sentido, a saga de Jacó, então, se localizaria ao leste do Jordão (Gn 31.23: montanha de Gileade; Gn 31.49: Mispa; Gn 32.3; Maanaim; Gn 32.31: Peniel; Gn 33.17: Sucote). Para Gerstenberger (1977, p. 03), “a tese de Noth parece plausível. Consequentemente, podemos considerar também as implicações teológicas deste lugar vivencial. Pioneiros na colonização via de regra parecem ser menos sofisticados e mais realistas nos seus pensamentos”. Os contos de Jacó confirmariam essas qualidades. Fazem uma “narrativa grosseira de Deus e dos seres humanos, seu destino, suas negociatas, suas lutas, suas certezas, suas interrogações” (GERSTENBERGER,
1977, p. 3).

 

5. Meditação

5.1. Morrer é ver Deus

No curso sinodal com coordenadores e coordenadoras de cultos comunitários, em julho de 2001, em Chapada dos Guimarães/MT, entre as duas pessoas que assessoraram o curso estava Leonardo Boff. Em sua dinâmica de trabalho fez referência a Jacó: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva (v. 30). Construiu uma ligação pertinente do encontro de Moisés com Deus, conforme Êxodo 33.18-20: Então Moisés disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. Porém Deus disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá.

Muitas pessoas consideram a morte um assunto desvinculado da vida. Pelo fato das pessoas doentes irem ao hospital e, geralmente, serem retiradas após o falecimento. Não é comum haver velórios nas casas, nem nas igrejas. Os momentos junto às pessoas doentes, falecimentos e sepultamentos não educam para a realidade da morte.

No entanto, a morte não é algo estranho à vida. Faz parte. Não existe morte sem vida e não há vida sem morte. Também não é algo estranho à fé, pois a vida e a morte estão em comunhão, “dialogando e se espetando”. Ambas são realidades humanas e divinas. Mas Deus é o limite. Ele é o princípio entre uma e outra. Segundo os textos de Gênesis e Êxodo, Deus faz a análise de risco. Para quê? Para possibilitar o autocuidado. Jacó estava entre a vida e a morte. Havia fugido da perseguição de Labão. Depois se reconciliaram. Mas agora estava diante de um fato terrível. O encontro no amanhecer estava se encaminhando para ser com seu irmão Esaú, a quem defraudou, enganando e roubando-lhe a bênção do pai Isaque. Estava “jurado de morte”. Não havia mais saída, porque devia ir à terra prometida, passando pelos campos de Esaú. Na solidão da noite, curte a clausura. Durante a noite, luta com alguém que não sabe quem é. Dessa luta fica com ferimento na coxa que o deixou manco. Mas permanece vivo e recebe a bênção. Estranha o fato de ter visto Deus e não ter morrido. “Morrer é ver Deus”, diz Boff. Também Estêvão o expressa assim, antes de morrer apedrejado: agora vejo o céu aberto e o Filho de Deus em pé à sua direita (At 7.56).

 

5.2. Perseverança

Perseverar é a qualidade de quem não desiste com facilidade, persistência. Característica ou particularidade de quem persevera, insiste e não desiste de uma coisa específica. Jacó não desistiu de lutar durante a noite em busca do nome com quem luta e receber sua bênção. A viúva perseverou até que o juiz insensato atendesse sua demanda. E Jesus pregou que a oração da comunidade fosse de tamanha insistência que lembrasse Deus de sua promessa de atender ao que lhe pede. Neste sentido de orar e confiar, Martim Lutero expressa suas preocupações e o caminho a seguir: “Lançai nele todas as vossas preocupações. Jogue-as longe de si, resoluta e confiantemente. Não os jogue num canto qualquer, mas coloque-os nas costas de Deus, pois ele tem ombros fortes e é bem capaz de carregá-los” (Palavras, site Luteranos, junho de 2021). Perseverantemente pede, confia e receberás.

 

5.3. Confiança

A confiança é o sentimento de segurança ao embarcar no ônibus, no avião ou em outro meio de transporte em que outro alguém dirige o veículo. A gente não tem controle. Tem que confiar no motorista, senão não vai dar certo. Ou quando se submete à cirurgia e é sedado. A vida, o corpo, todo ser está totalmente à mercê, dependente de terceiros. Jacó tentou sempre fugir do confronto. Do encontro com Labão teve sucesso em suas estratégias de sair vivo do confronto, em paz negociada. Mas com Esaú não vislumbra saída. Para ir à terra da promessa, precisa cruzar a terra de Esaú. Mas estava “jurado de morte”. E ficou sabendo, por seus mensageiros, que Esaú já está a caminho, com seu exército, para o confronto. Sem saída, Jacó se recolhe em sua solidão durante a noite. Luta até amanhecer. Dessa luta sai machucado, ferido. E se agarra ao que lhe resta: suplicar pela bênção. Abençoado, confia que sairá melhor na luta. Confia que Deus não permitirá que será morto. E que o perdão do irmão é possível.

 

6. Prédica

6.1. Recontar,

brevemente, referências significativas a Jacó que tenham elo com o texto em questão.

 

6.2. Perseverança:

Jacó não desistiu de lutar durante a noite em busca do nome com quem luta e receber sua bênção. (O ponto 5 Meditação tem inspirações para a prédica.)

 

6.3. Morrer é ver Deus.

A morte não é algo estranho à vida. Faz parte. Não existe morte sem vida e não há vida sem morte. Também não é algo estranho à  fé, pois a vida e a morte estão em comunhão, “dialogando e se espetando”. Ambas são realidades humanas e divinas. Mas Deus é o limite ou o princípio entre uma e outra. (O ponto 5 Meditação tem inspirações para a prédica.)

 

6.4. Confiança:

A confiança é o sentimento de segurança ao embarcar no ônibus, no avião ou em outro meio de transporte em que alguém outro dirige o veículo. E quando se submete à cirurgia e é sedado. A vida, o corpo, todo ser está totalmente à mercê, dependente de terceiros. (O ponto 5 Meditação tem inspirações para a prédica.)

 

7. Subsídios litúrgicos

Reaprender a viver

Valdir foi acometido de infecção causada pelo coronavírus. Seu estado de saúde foi se agravando. Teve que ser internado no Centro de Tratamento Intensivo. No dia seguinte, foi sedado e intubado. Ficou quarenta e oito dias nessa situação, com picos alternados de melhora e de piora na saúde. Melhorou. Recebeu alta hospitalar. E permaneceu vários dias sem caminhar, articulando apenas palavras desconexas e frases fragmentadas. Aos poucos conseguiu melhoras e pôde trabalhar. Inicialmente de forma remota. Relatou que se lembrava de pouco do período de intubação. Nas suas narrativas, mencionou momentos de intubação, quando participou de reuniões. E lhe apareciam lances. Disse que se lembrava de momentos de sofrimento durante as reuniões. “Até mesmo o demônio aparecia, às vezes”, disse. Outras teriam sido bem agradáveis. E Deus estava no meio. Seis meses depois, ainda tem sequelas. Sente alegria em ter vencido a luta difícil contra a Covid-19. Sente-se como num novo amanhecer. Disse que está reaprendendo a viver. Essa é uma de suas travessias pelo vau. Talvez seja a mais difícil. No caso de Jacó, depois das suas lutas durante a noite, sai fragilizado, manco. Teve mudanças profundas em sua vida. Em humildade, espera o encontro com seu irmão de joelhos, suplicando por perdão. E reaprende a viver como gente reconciliada que é perdoada e que perdoa.

Perdão: Querido Deus, tua ajuda e tua ternura curam nossas feridas; tua bondade e tua generosidade enriquecem a nossa pobreza; tua proteção nos liberta do medo; tua força reanima nossa fraqueza; teu amor generoso satisfaz nossa carência.

Pedimos perdão, pois falhamos em alimentar de amor nossa vida. Somos egoístas, mas não amamos a nós mesmos como tu nos amas, bondoso Deus. Somos humanos, mas falhamos em amar e cuidar da humanidade.

Perdoa-nos, quando caminharmos na escuridão e insistirmos nela em vez de procurar o caminho da luz, pois tu, Senhor, és a única e verdadeira luz.

Perdoa-nos por nossa falta de fé e por não sermos pessoas esperançosas e solidárias. Perdoa-nos por termos causado dor, dificuldades e angústia para outras pessoas. Perdoa-nos por nos isolarmos e permanecermos indiferentes, em vez de vivermos a hospitalidade, especialmente, a migrantes e refugiados.

Anúncio do perdão: O apóstolo João, na sua primeira carta, escreve: Porém, se vivemos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos uns com os outros, e o sangue de Jesus, o seu Filho, nos limpa de todo o pecado. Mas se confessamos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é correto: ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda a maldade. Amparados nessa palavra, podemos crer que nossos pecados foram perdoados, em nome do Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Kyrie: Clamamos a Deus pelas dores do mundo humano e pelas dores da natureza: pelas pessoas que diariamente são violentadas pelas relações de poder, pela exclusão, pela falta de oportunidades. Clamamos pelos países onde falta a dignidade de vida, onde as pessoas são oprimidas por guerras, conflitos e destruições. Clamamos por toda a criação de Deus, por lugares dominados pela seca, outros dominados pelas enchentes, pelo desmatamento, poluição e queimadas. Suplicamos pelas pessoas que vivem na escuridão, são escravizadas pelo medo, pela escuridão da ignorância, pelo poder que escraviza, por ameaças, pela fome, pelo desemprego, pelos diversos tipos de drogas, por seus problemas não resolvidos e pelas doenças, pelos seus remorsos e rancores. Pensamos, especialmente, nas mães e crianças que estão em situações de vulnerabilidade. Pelos casais e pelas famílias que vivem em confrontos, pelas que têm pessoas doentes em casa ou no hospital, pelas famílias enlutadas. Suplicamos, querido Deus.

 

Bibliografia

GERSTENBERGER, Erhard S. Gênesis 32.22-32. In: KAICK, Baldur van (Coord.). Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal, 1976. v. II, p. 207ss.
NOTH, Martin. Überlieferungsgeschichte des Pentateuch. 2. Aufl. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1960.
RAD. G. v. Das Erste Buch Mose. 9. Aufl. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1972. (ATD 2-4).

 

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Proclamar libertação (PL) é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).