(Terceiro artigo do Credo Apostólico)
O Espírito Santo atua desde a criação do mundo (Gênesis 1.2). O Espírito animou pessoas para liderar o povo de Israel, denunciar injustiças e proclamar a vontade de Deus (Juízes 6.34; Isaías 61.1-2; Zacarias 7.12). O Espírito falou pelos profetas (Credo Niceno), esteve presente em toda a atividade de Jesus e continua agindo hoje.
A palavra hebraica ruach, que designa o Espírito, pertence ao gênero feminino. Ela não indica um lado feminino de Deus, mas relativiza a ideia masculina que normalmente prevalece. O termo ruach tem conotação de ar em movimento, sopro, vento forte. A comparação com o vento indica que não controlamos a ação do Espírito e tampouco decidimos quem o recebe. O Espírito Santo é dado por Deus.
O batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, segundo a incumbência de Jesus (Mateus 28.19), nos coloca no âmbito da atuação do Espírito Santo. É ele quem desperta e conserva a fé, conforme escreveu Lutero: “Pois nem você nem eu jamais poderíamos saber coisa alguma a respeito de Cristo, nem crer nele e recebê-lo como Senhor, se, mediante a pregação do Evangelho, isso não fosse veiculado pelo Espírito Santo e colocado em nosso coração” (Catecismo Maior).
A ação do Espírito Santo é constatada em ações do cotidiano: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio (Gálatas 5.22-23). A grande obra do Espírito Santo em Pentecostes (Atos 2) foi suscitar testemunho e promover comunhão. Onde há coragem para testemunhar e disposição para viver em comunidade, ali o Espírito está agindo.
O termo igreja provém da palavra grega ekklesia, que tem sentido básico de assembleia ou reunião. Igreja é a reunião de pessoas para prestar culto a Deus e colocar-se a seu serviço. De acordo com a Confissão de Augsburgo, a igreja existe onde o evangelho é pregado de maneira pura e os sacramentos são administrados corretamente.
A igreja cristã é a comunhão dos santos. Somos pessoas santas porque pertencemos a Deus e recebemos santificação em Jesus Cristo (1 Coríntios 1.2; Hebreus 13.12). Nossa santidade não é resultado de esforço, qualidade ética ou mérito pessoal. É obra do Espírito Santo. O Espírito Santo “chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na terra” (Catecismo Menor). A santificação não requer comportamento místico, mas conduta ética. Ela é vida orientada pelo Espírito Santo e tem sua expressão máxima no amor.
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