Lajeado – Na manhã de quinta-feira (31 de outubro), a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Lajeado (IECLB) realizou o Culto Ecumênico da Reforma Luterana, na Igreja de Cristo, no centro.
A celebração contou com a participação do Pastor Sinodal Luis Henrique Sievers, dos Pastores Henrique Arnold, Mauro Alves e Miriam Diefenthaeler, além dos Padres Érico Hammes (Paróquia São Cristóvão), Rogério Kunrath (da Paróquia São Cristóvão), Padre Roni Osvaldo Fingler (Paróquia Santo Inácio) e Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Jesus Cristo de Lajeado, Abdias Geffard.
A mensagem/palestra sobre os 200 anos de presença luterana no Brasil foi ministrada pelo Pastor Luis Henrique Sievers e pelo professor de teologia, Padre Érico Hammes. O Coro da Comunidade ficou responsável pela música da celebração.
Segundo o Pastor Henrique Arnold o objetivo do Culto foi mostrar que quem crê em Jesus Cristo pode celebrar a fé em união. “É importante dar esse testemunho público para as pessoas de que a fé em Cristo deve ser vivida por todos nós. Então o Culto Ecumênico demonstra algo que o Lutero sempre lutou, que era que todas as pessoas compreendessem a fé e a salvação que vem de Deus por graça”. Conforme Arnold, a Reforma Luterana tem um peso dentro da sociedade e da vida de fé das pessoas, sendo um ano especial que reforça a presença enquanto pessoas luteranas em solo brasileiro, que levam o evangelho e o amor de Deus.
O Padre Érico Hammes acredita ser muito significativo realizar eventos ecumênicos com confissões distintas. “Durante muito tempo vivemos separados e conflitados em guerra religiosa. E já no mundo da Reforma, vinha uma tentativa de reunificar, no sentido de pelo menos haver uma certa concordância para não haver contratestemunho nos países de missão. A igreja católica demorou muito a entrar, porque entendia que o diálogo ecumênico poderia fragilizar a fé católica”, diz o Padre ao lembrar que estão celebrando há 25 anos a Declaração Conjunta sobre Graça e Justificação, Obras e Fé, sendo um passo que supera o motivo da ruptura de Lutero, onde a iniciativa foi principalmente da Igreja Católica, de romper com ele. “O grande ápice foi a celebração dos 500 anos da Reforma em 2017, quando tanto o Papa Francisco se envolveu com o Vaticano inteiro na participação dos eventos de 500 anos. E o próprio Papa Bento, 16 anos antes, havia dito que Lutero foi alguém em quem o tema de Deus foi fundamental”, salienta.
O Padre acredita ser de extrema importância a união com outras igrejas, porque com isso dão um testemunho melhor daquilo que é a própria fé que professam. “Não faz sentido nos dizermos cristãos e cristãs e nos combatermos mutuamente. Nossas diferenças não podem ser de separação, tem que ser perspectivas distintas e modos diferentes de seguir, sendo Jesus Cristo ou testemunho do seu evangelho”.
O Pastor Sinodal Luis Henrique afirma que é um dia importante celebrar os 507 anos da Reforma Luterana e 200 anos de presença luterana no Brasil. Para ele, fazer de maneira conjunta com irmãos, irmãs e padres da igreja católica é muito importante. “O conflito da época separou o movimento protestante da igreja católica e depois de 30 anos de uma comissão bilateral discutindo e conversando, em 1999 assinaram documento com representantes da igreja católica apostólica romana e da federação luterana mundial e selaram a paz.
“É momento de olharmos para trás, dar graças a Deus pelas conquistas e por aquilo que aconteceu de bom e também pedir perdão a Deus por aquilo que não saiu tão bem. Nessa imigração e presença aqui no Brasil, nem tudo foi mil maravilhas, nem para os imigrantes que vieram, mas também nem tudo o que os imigrantes fizeram foram coisas boas. Por isso devemos olhar para frente, com esperança para o futuro, sonhar que dá para ser diferente e melhor, poder testemunhar essa salvação por graça e fé”, comenta. Conforme Sievers atualmente se vive em contexto completamente diferente, onde o pecado, por exemplo, perdeu a sua forma.
“Com a meritocracia, o ser humano vale pelo que produz hoje em dia. Tem muita gente que é colocada de escanteio, que não tem lugar na sociedade e precisamos resgatar a dignidade humana, que a fonte dessa dignidade humana não é o que um ser humano é capaz de fazer e produzir”, diz o Pastor, ao afirmar que lá no século 16, na Reforma Luterana, não era a capacidade do ser humano de ser bom em algo que trazia a salvação. “Devemos ser misericordiosos e misericordiosas uns com os outros e levar a vida com um pouco mais de leveza”.
Para o Pastor é sempre um prazer retornar à Comunidade de Lajeado, onde atuou como Pastor durante 13 anos. “Me senti em casa, olho e vejo rostos conhecidos que tenho muito carinho e me inspiram a falar e querer sempre retornar”.
A programação dos 200 anos de presença luterana no Brasil terá continuidade da Comunidade Evangélica de Lajeado. Iniciou com o Culto Ecumênico da Reforma Luterana e terá um próximo evento em novembro, dia 26 de novembro às 19h, com o professor doutor Martin Dreher, que falará sobre os 200 anos da Imigração de falantes da língua alemã e as migrações. No dia 8 de dezembro às 19h ocorre na Igreja de Cristo a Cantata de Natal com o tema “Natal Peregrino”.
Créditos do texto e das fotos: Renata Leal