Por que nos reunimos em culto? Confiamos na promessa de Jesus Cristo de estar presente onde duas ou três pessoas estão reunidas em seu nome (Mt 18.20). O Espírito Santo fortalece a comunhão no encontro com outras pessoas (cf. Ef 4.3-4). Faz-nos sair do isolamento. Confronta-nos com a palavra de Deus, fazendo-nos conhecer sua vontade. Pelo sacramento do santo batismo certificanos de sua aliança. Pelo sacramento da ceia do Senhor une-nos no mistério do corpo de Cristo, fortalecendo-nos para a missão de servir a Deus e ao próximo (cf. Nossa Fé – Nossa Vida: Guia da vida comunitária na IECLB).
Ao editar o seu Livro de Culto, a IECLB coloca um sinal concreto da importância do culto comunitário. Não seríamos Igreja sem o culto. O culto é seu centro vital. Somente continuaremos sendo Igreja à medida que o culto for permanentemente a estação de chegada e de nova saída na nossa peregrinação como povo de Deus.
A IECLB se ressentia gravemente da falta deste material. O material antigo já não era adequado aos novos tempos e à nossa própria trajetória como Igreja. Conseqüentemente muitas têm sido as improvisações. Mas também houve o lado positivo dessa situação. Há mais de duas décadas estamos refletindo intensivamente sobre o culto comunitário. Com impulsos de dentro e de fora da Igreja, auscultando nossa base confessional e recebendo contribuições ecumênicas, buscamos renovar a liturgia a partir das principais tradições litúrgicas que ajudaram a fazer a nossa história evangélica de confissão luterana no Brasil. Foram produzidos textos e ensaiadas experiências litúrgicas inovadoras.
Inquietava a pergunta sobre como avançar, renovando, fazendo com que o culto corresponda às expectativas das pessoas da nossa época, sem, no entanto, negar práticas da tradição, válidas para todas as épocas. Sentia-se a necessidade de entender e de promover a liturgia como impulsionadora da unidade da Igreja a partir da sua confessionalidade. Ao mesmo tempo, entendia-se que chegara a hora de dizer com mais clareza o que entendemos por culto e o que cabe fazer quando a comunidade se reúne, ouvindo o chamado de Deus para o culto. Afinal, a liturgia e o culto ajudam a definir os traços principais do rosto de uma Igreja.
Incumbido pelo Concílio Geral da IECLB, no ano de 2000, o Conselho de Liturgia promoveu e coordenou um mutirão que reuniu e criou os textos deste livro. A todas essas pessoas o muito obrigado. Obviamente, o livro não substitui o indispensável preparo para o culto, mas lhe serve de apoio e orientação. Com sua ampla gama de recursos litúrgicos, o conjunto destas páginas define nossa concepção de culto e serve como instrumento no preparo da liturgia do encontro entre Deus e sua comunidade.
Que este Livro de Culto cumpra sua finalidade de ser um valioso apoio e auxílio para que o culto na IECLB seja teologicamente consistente, promova a unidade, seja alegre e participativo, acolha as pessoas com suas perguntas existenciais e ajude-as a sentirem-se envoltas pelo abraço de Deus, animando-as a dar testemunho de Cristo pelos caminhos da esperança.
Porto Alegre, 31 de outubro de 2003, Dia da Reforma.
Walter Altmann
Pastor Presidente 2002/2010