Da liberdade cristã 4ª parte: sem proibições!
Saudação: Bom dia! Quero saudá-los e acolhê-los com a Palavra Bíblica:
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). A liberdade cristã é marca do povo luterano! Não há leis que determinam roupa, comida, corte de cabelo, uso responsável de bebida, locais de alegria, e assim por diante. Somos livres nas escolhas! E liberdade é compromisso de fé! Só é livre quem caminha com Deus! É por isso que o apóstolo Paulo afirmou: “Tudo posso naquele que me fortalece”! Deus nos liberta. Somos livres não só para escolher, como para servir! Hoje, com este encontro, como combinado, vamos concluir este tema tão grandioso e tão bonito! Mas antes vamos louvar a Deus, com o hino:
Hino: 167 – Senhor tu tens sido o nosso refúgio.
Intróito: Iniciamos este culto em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Elevamos nossos olhos para o alto, pois o nosso socorro, nossa ajuda e salvação vêm do Senhor que fez o céu e a terra.
Assim lemos em Deuteronômio 30.19-20: “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.”
Por isso, cantemos juntos louvores ao trino Deus, com o hino: 138.
Com: /:Louvemos todos juntos o nome do Senhor :/.
Confissão de pecados: Senhor! Tu libertaste teu povo escravo no Egito, porque não gostas de ver ninguém na escravidão. Talvez também nós achemos que não existe mais escravidão no Brasil. Que todos estão livres. Mas teu Filho disse: “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (João 8.34). Também nós pecamos e não conseguimos por nossas próprias forças nos libertar dos pecados. Somos escravos de pensamentos, palavras, costumes, tradições que não conferem com tua santa vontade. Tua palavra de amor e presença viva do teu Espírito entre nós revela-nos, em Cristo, um novo modo de ser; mas as velhas respostas e crenças nos cegam e não nos deixam ver o novo do teu Evangelho. Quando nós ouvimos uma boa notícia de salvação, por vezes, capitalizamos para nosso próprio proveito e benefício distorcendo a intenção. Queremos ser atendidos, mas sempre estamos dispostos a nos comprometer. Esta situação precisa mudar. Viemos a ti, suplicando o teu perdão, que tem poder de nos limpar, purificar, perdoar e libertar! Suplicamos a força do ES, quando cantamos:
Com: Perdão, Senhor, perdão! (2x).
Kyrie: Senhor, como parte da tua Igreja, vemos também ao nosso redor muitas outras pessoas escravas: de vícios, drogas, fofocas, mentiras, cabeça dura e assim por diante. |Sentimo-nos tão pequenos para fazer frente a todas estas dores que existem no mundo e os conflitos familiares. Por tudo isso, cantando, nós imploramos: Tem, Senhor, piedade!
Com: Tem, Senhor, piedade.
Versículo de absolvição: O Senhor que ouviu a nossa oração lembra que só herda a herança quem é filho ou filha, e não quem é escravo. E Deus já nos tem mostrado o seu grande amor aceitando-nos como filhos e filhas. Jesus morre na cruz para pagar o preço de nosso pecado e ele nos diz: “Se o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres” (João 8.36). Quem se arrepende e deseja mudar de vida, pode estar alegre, pois Deus o perdoa.
E agradecidos pelo perdão de Deus, cantemos confiantes: – Glória a Deus nas alturas!
Com: Glória (3x) a Deus nas alturas. Glória (2x) %paz entre nós %
Oração do dia ou hino da palavra:
Leitura bíblica: Dt 6.1-9; Atos 4.36-5.11; 1 Co 3.21-23.
Louvado seja Deus. Aleluia!
Com: Aleluia (8x).
Hino da pregação: 302 – A verdade vos libertará.
Pregação: tudo é nosso – mas atenção: nós somos de Cristo (1 Co 3.23).
“A graça de nosso Senhor, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com vocês”. Amém.
Muitos temas já foram abortados dentro do assunto maior: Da liberdade cristã! 2 pensamentos de Lutero: “No que diz respeito à fé, o cristão deve ser muito obstinado e não ceder a ninguém, pois, pela fé, o homem se torna co-participante da natureza divina. …no que diz respeito ao amor, o cristão deve ceder e tolerar tudo, pois sob esse aspecto, ele é apenas um ser humano” (OS-10, p.113).
“Não permitimos que a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus seja posta em perigo, ainda que os falsos irmãos nos armem ciladas e nos acossem tão intensamente” (OS-10, p.103).
Para concluir hoje, precisamos tratar mais 3 temas: contribuição, vida pública e a relação fé &amor!
a) A contribuição! (assunto deprimente e penoso).
Lutero afirmou: “A liberdade cristã é boa e necessária, mas não serve para os ímpios” (OS-9, p. 534)
O valor da contribuição não deveria tomar tempo e preocupação dos líderes da Igreja. Todos os membros deveriam ter a consciência da necessidade e da importância de sua contribuição. Pois nossa contribuição tem muito a ver com nossa fé e nossa paixão! Todo membro da Igreja sabe que no final de cada mês temos de cobrir as despesas de energia, zelador, secretaria, obreiros; temos despesas com automóveis: combustível, pneus, óleo, desgastes! Temos despesas com o contabilista.
“Agora o valor da oferta é livre!” Uma frase muito bonita! Muito justa! Muito boa! Mas que tem um resultado desastroso quando é entendida com preguiça, má intenção e um coração perverso.
Então, o “agora é livre!” parece que é uma autorização: “Estou liberado para dar migalhas!”
Nada poderia ser entendido mais errado do que isso!
A contribuição é livre desde que seja respeitado o valor mínimo da média, que hoje é R$ 30,00 por mês! O membro cuja situação econômica não permite contribuir com este mínimo, deve procurar o tesoureiro para combinar um valor compatível com sua situação real.
O membro, cuja situação econômica é mais favorável, está convidado e é livre a contribuir acima do mínimo, ajudando assim a aliviar a carga dos mais pobres. Somos livres para contribuir mais e não menos.
O contribuir quer ser entendido como oferta, através da qual expressamos nossa gratidão a Deus e nossa cooperação no trabalho do anúncio da palavra do Senhor.
Deus não se alegra quando alguém quer lhe oferecer algo por obrigação. Mas também não se sente feliz quando alguém está com coração mal intencionado. Em Atos 4.36-5.11, temos a história de duas famílias: de Barnabé que vendeu terra e entregou o dinheiro aos apóstolos e a história de Ananias e Safira que também venderam e retiveram parte do dinheiro da venda. Enquanto que Barnabé se tornou Missionário, os outros dois foram fulminados pela ira de Deus e morreram na hora.
Gente querida! Ninguém é obrigado a ter uma Igreja. Mas se temos uma, cabe nós a amá-la, lutar por ela, ajudar a mantê-la. Entendê-la como uma instituição que vamos carregar com gosto, pois existe para nos ajudar: para trazer para nós ânimo, esperança, a palavra e a vontade de Deus para o dia de hoje para nós e nossos filhos.
O Pastor ex-presidente da nossa Igreja, P. Dr. Gottfried Brakemeyer escreveu: “ [nossa contribuição] quer ser entendida como oferta espontânea, através da qual expressamos nossa gratidão a Deus… Ninguém é forçado a dar. Mas falta de doação – naturalmente dentro das possibilidades de cada um – denuncia problemas espirituais na comunidade de Cristo. Aliás, …[nada] é ‘pagamento’ nem pretende ser ‘carga’. Nasce legitimamente da alegria de ser membro do Corpo de Cristo e de poder contribuir para a edificação do mesmo. Ambas, contribuição e coletas, serão fracas na medida em que nos falta a consciência do quanto temos a agradecer”
O espírito armado, contribuições beirando ao ridículo denuncia problemas graves na Comunidade de Cristo. Enquanto isso perdurar, fica claro a falta de consciência do quanto temos a agradecer e do quanto é importante nossa contribuição. Não esqueçam: “Deus ama a quem dá com alegria”.
Lutero disse: “Na igreja deve-se proceder de tal maneira que cada um seja um servo alegre de Deus. Ninguém deve ser forçado a coisa alguma na Igreja. As ações praticadas sob coação não agradam a Deus; quando o Espírito tem o domínio, um povo deve agir espontaneamente e fazer tudo de livre vontade” (OS, vol. 9, p. 439).
Desde que cheguei aqui, as portas da Igreja se abriram para acolher pessoas excluídas. Mas ouçam com atenção: do mesmo tamanho como as portas se abriram, é o tamanho do compromisso. Incluir não significa que vamos fazer tudo de qualquer jeito. Vamos fazer do jeito certo. Do jeito comprometido. Pessoas puderam sentir amor e acolhimento. Vão virar as costas? Isso seria ingratidão! Precisamos de boa vontade para manter uma Igreja assim. Quem já pode experimentar este amor, deve desejar, de boa vontade, querer manter funcionando tal instituição. Nós amamos, porque Deus nos amou primeiro.
Considerando tudo isto, a nossa contribuição à Igreja não é um mal necessário, mas uma necessidade que reverterá em bênção ao que dá e ao que recebe. É Deus quem abençoa!
Nos evangelhos é contado que Jesus ficou olhando quando as pessoas davam suas ofertas! Ele continua olhando também a nossa. Que cada um reflita: O que Jesus diria da minha doação?
Quem contribui generosamente e de boa vontade confia em Deus e sabe que a sua presença, o seu perdão e a sua graça oferecida por meio de Jesus Cristo, é o maior tesouro que uma pessoa pode possuir. Isso está comprovado pela experiência de muitos cristãos; que, dando de si, praticando o amor ao próximo, não ficaram mais pobres. Uma comunidade cristã consciente de sua missão atua na fé e no amor, experimenta experiências diferentes, e cresce, torna-se forte e rica em toda sorte de bênçãos.
Deus abençoa a quem dá com alegria (2 Coríntios 9.7). Uma pessoa que não abre mão de seu egoísmo jamais co¬nhecerá esta alegria: O coração está voltado para dentro de si mesmo. Isto é a causa da dificuldade, da incompreensão da generosidade, do dar.
Alegria compartilhada é alegria dobrada. Tristeza compartilhada é tristeza dividida.
Dar simplesmente por dar, ou para se ver livre do constrangimento ou feito com raiva, com mágoa ou com indiferença não é verdadeiro, não é generosidade. O verdadeiro dom é feito com alegria, não é obrigação. É a prática do amor a partir da fé que leva a salvação, salvação que vem da graça de Deus. Oferta não é feita na base da lei, mas sim, pela graça do amor.
A liberdade cristã me liberta para ser generoso, pois confio em Deus e seu poder.
b) A vida pública e a vida privada: Vou apenas dar uma beliscada neste assunto. Se for necessário vou voltar mais adiante. A Igreja está no meio do povo e se interessa pelo bem do povo. Inclusive temos uma instituição pública: Vida solidária, que anda parada, esperando projetos serem aprovados. O próprio povo que forma a Igreja escolhe pessoas que devem se preocupar pelo bem de todos. São as autoridades. Nós participamos desta escolha e devemos escolher autoridades que garantem a paz e condições de trabalho, produção e distribuição de renda. Neste processo, pessoas de fé votam e são votadas. Isto é bom.
Devemos escolher autoridades, que haveremos de respeitar e de igual modo fiscalizar se estão garantindo nossa liberdade. Devemos escolher pessoas que governam para servir (Mc 10.42-45). Quem governa deve observar a vontade de Deus, caso contrário, não serve para dirigir o povo e deve ser destituída.
Mas também precisamos nos envolver com setores da sociedade: APAE, sindicatos, associações, e lutar por vida digna, abundante. A isto a liberdade cristã nos liberta.
A vida privada não pode ser como cada um deseja. No lar, temos obrigações. Ouvimos, do AT Dt 6.1-9, que existe responsabilidade familiar pela educação de filhos e netos. Vou falar mais disso outra hora. Por ora, importante foi ouvir o que a Palavra de Deus disse, para começar a pensar no assunto.
c) Fé e amor:
Em Filipenses 3.7, Paulo diz: “O que para mim era lucro, considerei perda por causa de Cristo”.
Gente evangélica desenvolve um jeito típico de viver. Identidade evangélica luterana é vivência e convivência, onde quer que seja. Não é coisa do passado e da intimidade. É algo que se vive hoje e aqui, em público, sem se envergonhar. É menos coisa do saber e da cabeça. Antes, enche o coração, dá alegria e leva à ação, todos os dias, em todas as situações. E isso é a Liberdade cristã” que Martinho Lutero descreve assim: O cristão (pela fé) é um senhor livre de tudo, a ninguém sujeito. O cristão (pelo amor) é servo dedicado a tudo, a todos sujeitos”. Parece contraditório, mas é como a cara e a coroa da moeda.
A fé me liberta – o que Cristo fez por mim na cruz é suficiente para a salvação! Nada que vou fazer vai completar o que ele fez por mim lá. É preciso se agarrar nele! Liberdade cristã é dependência total de Deus.
E o amor? Não precisamos amar? O cristão que foi libertado não olha mais o serviço e o amor como dever, mas como oportunidade. Não faz estas coisas por obrigação, mas por alegria! Não faz mais para ser salvo, mas pelo fato de já ser salvo é que ele faz. Não precisa provar mais nada para ninguém, mas gosta de fazer o que é certo e correto, pois é filho e filha de Deus. Tem prazer, tem paixão pelas coisas de Deus. Tem gosto por isso. Isso não é fardo, mas é alegre tarefa.
Sem proibições
Assumindo “a liberdade para a qual Cristo nos libertou”, tudo é nosso (1 Co 3.22). Tudo está à nossa disposição. Nada nos mete medo. Não há proibições para nós. Acontece, todavia, que existe mais receio dessa liberdade do que alegria de vivê-la. Quem a experimenta de fato? A maioria, também entre os evangélicos luteranos e as evangélicas luteranas, prefere “se submeter de novo ao jugo da escravidão: (Gl 5.1). Gosta de penas “debaixo dos elementos do mundo” (4.3), tais como temores e ilusões, moda e opinião comum idéias fixas e superstições.
Tudo é nosso: fumo, bebida alcoólica, dança, baralho, loteria, opção sexual. Na medida em que vivemos “a liberdade para a qual Cristo nos libertou”, mandamos embora regras e tutores. Sabemos que tudo é nosso – mas atenção: nós somos de Cristo (1 Co 3.23). Quer dizer: temos liberdade de usar tudo, porém, fazemos escolhas e não nos tornamos dependentes. Aprendemos com cristãos e não-cristãos, mas selecionando com critério, pois somos de Cristo.
Quando ficamos dependentes de algo ou alguém, voltamos “de novo ao jugo da escravidão”. Se formos incapazes de parar de beber, fumar, jogar, devorar pratos preferidos, por exemplo, a nossa dependência é patente (evidente / clara). Poder abrir mão de qualquer dos hábitos mencionados é a “prova dos nove”. Se o conseguimos, somos livres. Do contrário, somos escravos. Se não conseguimos articular e viver a fé sem tutelamento de terceiros, viramos as suas criaturas e deixamos de ser criaturas de Deus.
Seríamos superficiais se detectássemos apenas uma eventual dependência nossa de certas pessoas ou dos chamados vícios. Descobrimos dependências mais perigosas do que fumar ou apostar em jogos de azar, por serem encobertas e aparentemente não prejudicarem a saúde e o convívio familiar. É o caso da dependência da posição social, da família, da nossa cabeça dura, daquilo que se decorou, dos preconceitos raciais, morais, políticos. Destas dependências pouca gente se lembra. Não obstante, elas são arrasadoras para a vida e o relacionamento das pessoas.
Está claro, pois, que dificilmente há pessoa que não revele vício ou dependência. Vejamos quem está na pior: quem não pode viver sem cigarro ou quem sempre teima em ter razão? Um fumante inveterado ainda se aguenta. Mas quem nunca admite falha é chato demais:
Junto com o apóstolo Paulo, digo, e assim encerro este assunto: “Todos nós que somos espiritualmente maduros devemos ter essa maneira de pensar. Porém, se alguns de vocês pensam de maneira diferente, Deus vai tornar as coisas claras para vocês” (Fp 3.15).
Hino após a pregação: 197 – Nossa alegria.
Credo Apostólico:
Avisos:
Oração final: Senhor, que possamos aprender a viver na liberdade, sem desprezar ou ignorar nossa responsabilidade. Ó Senhor, ajuda-nos a pensar sobre isso (Pausa). Senhor, que possamos aprender a viver na liberdade, sem desprezar ou ignorar nossa responsabilidade. Ó Senhor, ajuda-nos a viver assim. (Pausa).
E tudo o mais que trazemos em nosso coração, com confiança, colocamos em tuas mãos orando junto a oração que temos aprendido de Jesus Cristo: Pai Nosso… Amém.
Bênção +
Envio +
Hino final: 161.
Reneu Prediger
Espigão do Oeste/RO.