Dia da Reforma – 31 de outubro de 2017
Proposta litúrgica da Federação Luterana Mundial (FLM)
com adaptações para o contexto da IECLB
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LITURGIA DE ABERTURA
Hino HPD 97 (Deus é castelo forte)
Saudação
L. A pessoa justa viverá por fé (Rm 1.17). Sejam bem-vindos e bem-vindas, em nome de Jesus Cristo, aquele que aqui nos reúne.
Bem-vindos e bem-vindas a este culto em comemoração aos 500 anos da Reforma.
No início deste culto cantamos o hino Deus é castelo forte e bom, um símbolo musical da Reforma que atravessou séculos e no qual os luteranos e as luteranas se identificaram e encontraram refúgio.
Martim Lutero escreveu este hino com base no Salmo 46, o qual afirma que somente Deus é nosso refúgio. O nosso refúgio não se encontra na nossa música, nem nos sinais de nossa identidade, nem no nome “luterano”, mas somente em Deus.
O V Centenário da Reforma é comemorado num tempo de grande responsabilidade ecumênica. Recebemos muitos frutos da Reforma e nos arrependemos de ações indevidas e de divisões.
Como desafio espiritual e teológico nos comprometemos: contar a nossa história numa perspectiva de unidade e não de divisão!
Enquanto celebramos, recordamos os inícios da nossa fé: somos pessoas batizadas; fomos lavadas e lavados nas águas da regeneração. Damos graças as Deus que nos chama, aqui e agora, para ser seu povo, cheio de graça e de verdade.
Salmo 130
L. Das profundezas, clamamos a ti, Senhor! Escuta, Senhor, a nossa voz. Estejam atentos os teus ouvidos à nossa súplica!
Canto: Tem, Senhor, piedade!
L. Se observares, Senhor, as iniquidades, quem subsistirá? Contigo, porém, está o perdão.
Canto: Tem, Senhor, piedade!
L. Aguardemos no Senhor! Porque no Senhor há um amor inquebrantável. Nele, há abundante redenção.
Canto: Tem, Senhor, piedade!
Gloria in excelsis
L. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Por isso, rendamos Glória a Deus nas maiores alturas, pois, no tempo certo, ele enviou o seu Filho, que se encarnou em nossa realidade, aproximou-se de nós, assumiu as nossas cargas e ofereceu vida nova e salvação. Glória a Deus nas maiores alturas!
Canto: Glória
Oração do Dia
L. Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito sejam com vocês.
C. E também com você!
Oremos
(Breve silencio)
L. Deus, renovador da vida e único reformador da Igreja, ao longo do tempo e em muitos lugares, tu nos rodeias com uma grande nuvem de pessoas chamadas por ti à tua obra, que dão testemunho de libertação tão somente pela graça. Continua a chamar testemunhas para o teu serviço de renovação e de reforma, para que cresçamos mais profundamente no mistério da comunhão que é a tua Igreja. Vem e dá sustento à ação de contínua reforma na Igreja. Tudo isto nós te pedimos em nome do teu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
C. Amém!
LITURGIA DA PALAVRA
Leituras bíblicas
Primeira leitura: Jeremias 31.31-34
L. Leitura do livro de Jeremias
(Leitura)
L. Palavra de Deus! Palavra de vida!
C. Demos graças a Deus!
Segunda Leitura: Romanos 1.16-17
L. Leitura da carta de Paulo aos Romanos
(Leitura)
L. Palavra de Deus! Palavra de vida!
C. Demos graças a Deus!
Leitura do Evangelho
L. Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João, no capítulo 15, versículos 1-5, Aleluia!
Canto: Aleluia, aleluia, aleluia
(Leitura do Evangelho)
L. Palavra do Senhor!
C. Louvado sejas, Cristo!
Pregação
[Subsídio para a pregação anexo a esta liturgia, p. 9]
Hino: HPD 241 (Com gratidão ao nosso Deus)
Confissão de fé: Credo apostólico
L. Creem em Deus, o Pai?
C. Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
L. Creem em Jesus Cristo, o único Filho de Deus, nosso Senhor?
C. Creio em Jesus Cristo, seu Filho unigênito, nosso Senhor,
o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria,
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado,
desceu ao mundo dos mortos, ressuscitou no terceiro dia,
subiu ao céu, e está sentado à direita de Deus Pai, todo-poderoso,
de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
L. Creem no Espírito Santo?
C. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã, a comunhão dos santos,
na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo e na vida eterna. Amém.
Recolhimento das ofertas
Hino
Oração de intercessão
L. Confiando todas as coisas ao Trino Deus, oremos pelo mundo, pela Igreja e por todas as pessoas necessitadas.
L. Irmãos e irmãs, oremos, em silêncio, pela Igreja em todo o mundo.
(Oração silenciosa)
L. Louvado sejas, ó Deus, tu que chamas e envias teus discípulos e tuas discípulas, teus servos e tuas servas a proclamar a alegria do Evangelho em todos os confins da terra! Fortalece a tua Igreja, para que anuncie continuamente as tuas boas novas no tempo e fora do tempo. Sustenta-nos, assim como aos parceiros e as parceiras da ecumene. Anima-nos e inspira-nos no testemunho comum do Evangelho. Oramos especialmente pelas pessoas que ainda hoje são perseguidas por darem testemunho de Jesus Cristo. Vem Espírito Santo!
Canto: Vem, Espírito Santo, vem e atende o nosso chamado, nos ensina a ser teu povo, na esperança libertado!
[Confira a partitura no Livro de Culto, disponível no Portal Luteranos]
Ou
Canto: Vem, Espírito Santo, renova a criação, a criação inteira!
L. Oremos e demos graças a Deus pelos bons frutos da Reforma.
(Oração silenciosa)
L. Nós te louvamos, ó Deus, por tua Palavra viva entre nós.
Somos livres por tua graça! Nós te louvamos por tantos textos, artigos e reflexões teológicas e espirituais que recebemos através do movimento da Reforma: o contato vivo com a Sagrada Escritura, os catecismos e os hinos, o sacerdócio das pessoas crentes e batizadas e o teu chamado para a missão comum da Igreja. Enraíza-nos sempre à tua palavra, tão somente Cristo, e guia-nos em teu caminho, somente pela fé, pela graça e pela Escritura. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos por perdão
(Oração silenciosa)
L. Ó Deus de misericórdia, lamentamos que mesmo boas ações da Reforma tiveram, muitas vezes, consequências negativas não desejadas.
Trazemos diante de ti as cargas da culpa do passado, daqueles e daquelas que nos antecederam e [por fraqueza] não conseguiram cumprir a tua vontade, de que todas as pessoas fossem uma na verdade do Evangelho. Confessamos que em nossa própria maneira de pensar e de atuar perpetuamos as divisões do passado. Perdoa-nos e cura-nos. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos por nossas irmãs e nossos irmãos na fé.
(Oração silenciosa)
L. Deus de amor, teu Filho Jesus revela o mistério do amor entre nós. Fortalece a unidade, aquela que só tu podes sustentar em meio à nossa diversidade. Transforma toda complacência, indiferença e ignorância e derrama sobre nós um espírito de reconciliação. Dá que nos voltemos a ti, assim como uns aos outros e umas às outras. Reúne-nos na mesa da eucaristia. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos pela justiça.
(Oração silenciosa)
L. Deus de todos os seres viventes, que criaste as pessoas em igualdade! Capacita-nos para trabalhar pela dignidade e pelo respeito de cada ser humano. Ajuda-nos a reconhecer a nossa profunda conexão com todas as pessoas. Os seres humanos não estão à venda. Liberta as pessoas que sofrem a exploração, seja pelas condições de trabalho, seja pelo desemprego ou por outras formas de opressão. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos pela paz.
(Oração silenciosa)
L. Deus da paz. Dobra o que é inflexível, quebra as barreiras que dividem, liberta-nos dos apegos que impedem a reconciliação. Traze paz a este mundo, especialmente a [mencionar países, lugares, …]
Protege, guia e fortalece o nosso país e seu povo, e orienta, mediante teu Espírito ensinador, as instituições religiosas e governamentais. Mostra ao povo brasileiro os caminhos que conduzem a uma vida digna, com igualdade, respeito, tolerância, ética, justiça e paz para todas as pessoas. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos pela criação de Deus.
(Oração silenciosa)
L. Deus criador, livra-nos da ganância, exploração e abuso pelos quais a tua criação geme e sofre. A criação não está à venda. Transforma nosso jeito de viver, para que as gerações futuras recebam de nossas mãos um planeta sustentável. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos pelas pessoas que sofrem por enfermidades e por abandono.
(Oração silenciosa)
L. Deus, rocha e fortaleza, protege as pessoas refugiadas, as pessoas que não possuem um teto seguro, assim como todas as crianças em situação de abandono. Ajuda-nos sempre a defender a dignidade humana. Sara as pessoas que sofrem de enfermidade, pobreza, solidão e exclusão. Segura em tuas bondosas mãos as pessoas idosas. Apressa-te com a tua justiça e liberta quem sofre sob o poder do mal. Dá nova vida a todas as pessoas. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos pelas mulheres e pelas gerações mais jovens.
(Oração silenciosa)
L. Deus de novos céus e nova terra! Afirma e fortalece o chamado das mulheres para o Ministério ordenado e a liderança na tua Igreja. Guia-nos através de novas visões, também das pessoas jovens, aquelas que assumem o compromisso de uma Igreja sempre em reforma. Vem Espírito Santo!
Canto
L. Oremos e demos graças pela reforma contínua na Igreja e no mundo.
(Oração silenciosa)
L. Nós te louvamos, ó Deus, pelas boas transformações e mudanças que foram postas em marcha com a Reforma de 1517 e pelos desafios que delas surgiram nestes 500 anos. Nós te louvamos pelas pessoas que trabalharam e seguem trabalhando para levar a todos os povos a mensagem do Evangelho: a salvação não está à venda. Mantém o teu permanente poder transformador entre nós. Dirige-nos e guia-nos para que não percamos o espírito reformador e sigamos avivando e afirmando o nosso testemunho e nos fortalecendo na fé, na graça e no amor. Vem Espírito Santo!
L. A ti, ó Deus, entregamos as nossas orações, confiantes de que tu nos escutas e nos respondes. Amém!
[Caso não se realizar a liturgia da Ceia, seguir com o Pai Nosso e a liturgia de despedida]
LITURGIA DA CEIA
Gesto da Paz
[O Ministro ou a Ministra e a Comunidade se saúdam na paz do Cristo ressuscitado]
Canto: Paz, paz de Cristo!
Diálogo
L. O Senhor esteja com vocês.
C. E também com você.
L. Elevemos os corações.
C. Ao Senhor os elevamos.
L. Demos graças ao Senhor, nosso Deus.
C. Isso é digno e justo.
Oração eucarística
L. É verdadeiramente digno, justo e salutar que em todos os tempos e lugares te demos graças e te louvemos, ó Deus, todo-poderoso e misericordioso, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. Enviaste o teu Filho a todas as nações; nas águas do Jordão o proclamaste como teu Filho amado e, no milagre da transformação da água em vinho, revelaste a tua glória.
E assim, na comunhão dos santos de todos os tempos e lugares deste planeta, com Pedro e Paulo, Maria e Elisabeth, com todas as santas e todos os santos que esperam o teu dia, e com toda a criação, dos desertos da Namíbia até as montanhas do Caparaó, desde a árvore da seringueira até o mais pequeno dente de leão, desde o Rio Doce até o Amazonas, desde o nascer do sol até o acaso, as obras de tuas mãos se enchem de alegria. Por isso, com elas e com todos os coros e anjos celestiais, cantamos o eterno hino:
Canto: Santo, santo, santo
L. Graças e louvor a ti, ó Senhor, de todo o nosso coração. Grandes são as tuas obras, consideradas por todas as pessoas que delas usufruem. Tua justiça, ó Deus, permanece para sempre. Teu nome é reconhecido por tuas maravilhosas obras; és clemente e misericordioso. Do caos, formaste o mundo, criando a humanidade, confiando a tua obra aos seus cuidados. Rejeitaste o sacrifício de Isaque, uma criança. Salvaste os israelitas, conduzindo-os pelas águas do Mar Vermelho. De Mirian e suas companheiras recebeste louvores em canto e dança. Fizeste de Ruth, a amiga fiel, descendente do teu Filho, Jesus. Na canção de Ana preparaste Maria para o nascimento do Salvador. Conservaste Jonas por três dias no ventre de uma baleia, aguardando por libertação. Sobre um Vale de ossos secos sopraste a vida. A tua sabedoria continua clamando nas ruas para que todos e todas prestem atenção em tuas dádivas. Graças te damos pelo pacto eterno do teu Filho para conosco. Abres tua mão e todas as pessoas se saciam da tua generosidade. Pois assim está escrito:
Na noite em que foi traído, Ele tomou o pão e, tendo dado graças o partiu e o deu aos seus discípulos, dizendo: tomem e comam, isto é o meu corpo que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim. (+) De semelhante modo, depois de cear, tomou também o cálice, rendeu graças e o deu aos seus discípulos, dizendo: bebei dele todos, porque este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês e de todas as pessoas, para a remissão dos pecados. Façam isto todas as vezes que o beberdes em memória de mim. (+)
L. Com este pão e este cálice anunciamos a salvação enviada ao teu povo. Cristo morreu, Cristo ressuscitou. Cristo virá outra vez! Esta é sua promessa para sempre. Santo e maravilhoso é o seu nome!
Vem, agora, ó Espírito Santo! Abençoa a nós e a estas tuas dádivas, o pão e o fruto da videira. E que o louvor a ti esteja sempre em nossos lábios e em nossos corações e a tua justiça atinja todas as vidas e todas as cidades, todas as nações e toda a criação.
L. A ti, ó Deus, Pai, Filho e Espírito Santo sejam a honra e glória em toda a tua Igreja, agora e sempre. Amém.
Canto: Em Cristo, por Cristo, com Cristo, seja a ti, Pai, Todo-poderoso.
Pai Nosso
L. Em unidade, oremos como Jesus nos ensinou:
C. Pai nosso…
Convite para a comunhão
L. Provem e vejam que o Senhor é bom!
Canto: Cordeiro de Deus
Distribuição
Hinos de comunhão
Oração pós-comunhão
L. Deus Santo, o alimento que nos deste é uma antecipação do dia em que todas as pessoas se reunirão em paz, o dia em que a justiça abraçará toda a terra. Envia-nos a proclamar as tuas obras de salvação e a grandeza da tua misericórdia. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém!
LITURGIA DE DESPEDIDA
Bênção
L. Nós te louvamos, ó Deus! Tu és a esperança de todos os confins da terra e dos oceanos mais distantes;
C. Amém!
L. Nós te louvamos, ó Deus. Tu apagas todas as nossas transgressões e respondes a nossa oração; e a ti todos os povos buscam socorro!
C. Amém!
L. Nós te louvamos, ó Deus! Teus caminhos estão cheios de abundância e cobres a terra com tua misericórdia!
C. Amém!
L. Ó Santo e Trino Deus, Pai, Filho e Espírito Santo (+), abençoa-nos e guarda-nos, neste dia e em todos os dias, agora e sempre.
C. Amém!
Hino: HPD 246 (Alma bendize)
Envio
L. Vão em paz para amar e servir a Deus e as pessoas!
C. Demos graças a Deus!
Poslúdio
(Liturgia para o Dia da Reforma,
31 de outubro de 2017, preparada pela FLM.
Traduzida e adaptada para a IECLB por Cat. Dra. Erli Mansk e Pastor Dr. Pedro Puentes)
Mensagem do Pastor Presidente da IECLB, Dr. Nestor P. Friedrich, por ocasião da celebração ecumênica na Catedral Metropolitana em Porto Alegre na noite do dia 28 de setembro de 2017.
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Estimados Irmãos e Irmãs em Cristo Jesus!
Quero iniciar esta reflexão, lembrando uma palavra do P. Dietrich Bonhoeffer, executado pelo regime nazista no final da segunda guerra mundial, em seu livro “Vida em Comunhão”:
“corremos o perigo de esquecer que a comunhão dos irmãos crentes é um presente gracioso procedente do Reino de Deus, presente esse que nos pode ser tirado a qualquer hora, que talvez um prazo muito curto nos separa da mais profunda solidão. Por isso, quem até hoje pode viver em comunhão com outros crentes, esse louve a graça de Deus no fundo do coração, agradeça a Deus de joelhos e reconheça: é graça, nada mais do que graça o fato de ainda podermos gozar a comunhão de irmãos crentes”.
A Reforma do século XVI produziu muitos frutos, com sabores os mais distintos! Por causa de alguns sabores, passamos ao longo de séculos nos excluindo mutuamente! Assim foi também entre IECLB e ICAR! Ignoramos uma das expressões mais bonitas da gratuidade de Deus, o ato fundante de nossa existência cristã, o batismo. Por meio dele, pela graça e misericórdia de Deus, somos incorporados no corpo de Cristo, na comunhão de irmãos e irmãs crentes. Temos uma identidade! Somos filhas, filhos, irmãos e irmãs! Para os membros das Comunidades da IECLB, tenho dito que Irmãos e Irmãs, mesmo os de sangue, assim como também os na fé, a gente não escolhe, Deus dá! Nosso desafio está em como damos conta desta comunhão com a qual Deus nos presenteia. Na imagem do Evangelho de hoje, fomos enxertados na videira, que é Jesus Cristo.
Voltemos à figura dos frutos e seus sabores! Hoje, temos a alegria de poder celebrar e estar juntos e juntas, nos acolhendo mutuamente. Tudo isso porque ao longo das últimas décadas estivemos em diálogo uns com os outros e, neste diálogo, tivemos inúmeros frutos positivos, entre os quais se destaca o reconhecimento público do batismo ministrado pelas Comunidades filiadas aos nossos corpos eclesiásticos.
Assim, o Evangelho de hoje nos fala e nos toca profundamente. Estamos todos e todas sob uma palavra sumamente importante para a existência de Comunidades que seguem Jesus Cristo. Ela diz respeito à nossa relação com o centro de nossa fé – Jesus Cristo e, igualmente, nos coloca um desafio para as nossas relações mútuas de irmandade cristã.
A comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus de forma alguma pode prescindir de sua relação íntima e profunda com Jesus Cristo – a videira verdadeira. Os ramos da videira ficarão estéreis sem este vínculo. A frutificação da vida cristã está intrinsecamente vinculada à permanência na videira verdadeira, no olhar para Jesus Cristo. A contemplação de si mesmo, o isolamento, o distanciamento são danosos e conduzem para a tragédia da poda.
As crises que sobrevêm a nossos corpos eclesiásticos são parte do processo de corte (de poda) que, de tempos em tempos, o Senhor da vinha executa para o bem da sua videira. Aliás, entendo que é sob essa ótica que podemos olhar e reconhecer a Reforma do século XVI. Quantas vezes nos iludimos com a pequenez de nossa autocontemplação!!! Quantas vezes assumimos posturas de prepotência, de orgulho e ostentação!!! E aí nossa arrogância, autossuficiência e encapsulamento nos levam à esterilidade e irrelevância na sociedade e no mundo. Diante dos enormes desafios colocados para nós nos tempos em que vivemos, cair na tentação da autossuficiência representa um luxo imperdoável. Não por acaso Lutero defendeu: ecclesia semper reformanda. Igreja sempre em reforma.
A celebração dos 500 anos da Reforma desafia a buscarmos respostas exatamente diante dos absurdos que permeiam nosso dia a dia!
Vivemos tempos em que tudo é muito intenso!
Vivemos tempos que conspiram contra o Evangelho de Jesus Cristo! Conspiram contra a vida em comunhão, vida em comunidade como proposta pelo próprio Cristo!
Jesus Cristo é instrumentalizado para a mercantilização da fé e a exploração do sofrimento!
Jesus Cristo é instrumentalizado para projetos políticos que não visam o bem comum, a justiça.
Vivemos tempos que conspiram contra a esperança!
Conspiram contra a perseverança! Assusta, neste momento, o quão rapidamente desistimos de lutar! Jogamos a toalha!
Conspiram contra a vida! Contra o ser humano! Tudo é descartável! O ser humano é descartável! Com um click posso excluir!
Conspiram contra a fé cristã o fanatismo religioso!
Vivemos momentos de muito confronto! Há muita polarização religiosa, política; crescem assustadoramente os gestos de intolerância religiosa, de agressividade, de violência. E falo do Brasil!!
Na contramão desta realidade que permeia nosso dia a dia, que quer matar a esperança, como pessoas irmanadas a partir do batismo, somos chamadas a um testemunho afirmativo da mensagem da graça e da misericórdia de Deus que se dirige a todas as pessoas indistintamente.
Ao celebrarmos os 500 anos do movimento da Reforma, constatamos que na origem do movimento tivemos precisamente a convicção de fé da volta para a videira, um redirecionamento para a centralidade da fé evangélica – Jesus Cristo, o rosto da misericórdia do Pai. Esta mobilização trouxe frutos para a cristandade toda. Para o reencontro com essa centralidade, o Evangelho, o diálogo se mostrou como caminho fundamental de resistência a todos os monólogos que hoje apenas querem se impor, sem dar ouvidos ao que os outros têm a dizer! As Redes Sociais são exemplo disto!
O avanço e o crescimento de ondas de intolerância, exclusão, desrespeito e fobias de todo tipo requerem posturas corajosas por parte das Comunidades cristãs. Na contramão do que aí está, o Espírito de Deus nos anima para a proclamação da mensagem da graça de Deus que alcança a todas as pessoas indistintamente e de forma incondicional. Deus age pelo seu Espírito e mobiliza os seus filhos e suas filhas para novos tempos.
O Espírito de Deus nos convoca a sermos exemplos de acolhida para com as pessoas que comungam de crenças e valores diferentes das nossas. Em todas elas reconhecemos pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus e igualmente amadas por Ele de forma incondicional.
O Espírito de Deus nos coloca numa postura de vigilância diante das ameaças à liberdade que rondam a sociedade e a cultura contemporânea nos meios de comunicação e nas pesquisas biogenéticas.
Buscamos passar do conflito, instaurado no corpo da Igreja, para a comunhão fraterna que se coloca a serviço da promoção da paz, da justiça e da solidariedade. Que o espírito imperante nos eventos relacionados ao Jubileu da Reforma perdure! Que a videira verdadeira, Jesus Cristo, alimente com sua seiva os ramos eclesiásticos aqui reunidos neste dia!
É totalmente indiferente olhar para o tamanho dos frutos pendentes nos ramos. Importa que os ramos estejam a serviço da videira – Jesus Cristo, sabedores de que sem ela nada podemos fazer. Permaneçamos, pois vinculados a Ele.
Deus conceda um espírito de humildade e deixemos que ele proceda em nós o necessário processo de limpeza para que novos frutos brotem em abundância – frutos do conflito à comunhão!