Não deixou de ser um belo dia de verão, embora já fosse outono. A terça-feira, 9 de abril de 2019, amanheceu com tempo ensolarado. Desde cedo as caravanas foram chegando de ônibus, micro, van e automóveis. Trouxeram membros de comunidades e paróquias da IECLB, bem como membros de demais igrejas cristãs: ICAR, IELB, Comunidades Luteranas Independentes.
No Salão Comunitário Martin Luther da Comunidade Advento de Morro Redondo (IECLB) as participantes tomaram Café. Em seguida dirigiram-se ao Ginásio de Esportes, local do 20º. Dia Sinodal da Saúde e Alimentação. O início do programa foi anunciado pela Coordenadora Sinodal de Saúde e Alimentação, Rejane Peter, convidando todos e todas para ficar de pé e, durante a entrada de ministros e ministras presentes ao evento, cantou-se ´O nosso encontro vai ser abençoado…´.
Na sequência Rejane Peter convidou para suas palavras de saudação o pastor local Volmar Saueressig e também o Representante do Prefeito Municipal de Morro Redondo. Em seguida a pastora sinodal Roili Borchardt trouxe sua saudação e uma breve reflexão.
Dentro do momento inicial o pastor orientador do Setor Sinodal de Saúde e Alimentação, Dietmar Teske saudou a todos/as com Apocalipse 22.2b: “Em cada lado do rio está a árvore da vida, que dá 12 frutos por ano, isto é, uma por mês. E as suas folhas servem para curar as nações” e convidou o público a entoar a canção ´Pela palavra de Deus…´ . Na sequência citou a palavra do banner do Setor Sinodal de Saúde e Alimentação: “… as frutas servirão de alimento, e as folhas, de remédio.” (Ez 47.12b). Destacou que Deus, o Criador e Mantenedor da vida, presenteou o ser humano com uma flora riquíssima e que, por sua vez, cresceu saudável, porque era proveniente de um solo igualmente saudável e equilibrado. Isso confere com o primeiro relato da criação: “E Deus viu que tudo que havia feito era muito bom.” (Gn 1.31). Os anos passaram e, infelizmente, interagindo com fauna, flora e solo, o ser humano cria o caos. A partir de uma leitura da Sagrada Escritura focada na realidade, a própria Igreja percebe o desequilíbrio e entende que a fé resiste e se engaja, para que uma nova realidade se faça sentir. Um destes braços na IECLB é o CAPA, hoje, Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia. Após uma breve oração e convidando a todos/as para entoar ´Há sinais de paz e de graça…´ o pastor pediu que pessoas voluntárias pegassem as dezenas de pratos com folhas Ora Pro Nobis e as levassem aos/às participantes para saboreá-las, apontando para a rica criação com que Deus nos presenteou.
Na sequência Rejane Peter, Coordenadora Sinodal de Saúde e Alimentação convidou a palestrante principal Carin Primavesi Silveira. Carin é agroecologista, nutricionista funcional e psicopedagoga. É oriunda de São Paulo. A palestrante fez uso da palavra e dispôs de toda a manhã para a palestra sobre o tema: A importância do Solo na Saúde. Uma das painelistas da tarde, a professora Maria Ledi Bobsin, disponibilizou-nos, gentilmente, alguns de seus apontamentos, os quais transcrevemos no final:
Na parte da tarde, a coordenadora Rejane Peter reiniciou a programação sugerindo que os ministros pastores instrumentistas coordenassem canções e animando o público a cantar. Ministros e ministras presentes ao evento foram convidados a se apresentar bem como apresentar os membros presentes de seu campo de atividade ministerial.
Sob a coordenação da Pa. Janaína Wiegand Stahlhöfer, passou-se às homenagens de pessoas que contribuíram na formação do setor sinodal de Saúde e Alimentação. Foram elas, o então pastor sinodal, Jorge Antônio Signorini (1997-2006) e a Sra. Nair Timm Wiegand, membro da Com. Ev. de Conf. Lut. de São Lourenço do Sul. Nair atuava, em tempo integral, como agente de saúde no Projeto de Saúde e Alimentação da Paróquia Evangélica de São Lourenço do Sul. A Pa. Janaína lembrou ao público como iniciou este trabalho que culminou com os 20 anos de Saúde e Alimentação. Na 2ª. assembleia sinodal, março de 1998, o trabalho com Saúde e Alimentação estava entre as prioridades trazidas por algumas paróquias. É por isso que na 3ª. assembleia sinodal, 25/09/99, criou-se o setor sinodal de Saúde e Alimentação Alternativa. E é por esta razão que está sendo homenageado o pastor sinodal, quando da criação deste setor, P. Jorge Antônio Signorini e a coordenadora sinodal Sra. Nair Timm Wiegand. A Pa. Janaína expressou gratidão a Deus pelas muitas mãos que levaram qualidade de vida para suas comunidades na área do Sínodo.
Passando a palavra aos homenageados, assim se manifestou o P. Jorge Antônio Signorini ao público presente: ´Na segunda reunião do Conselho Sinodal, 20/12/1997, nas dependências da Comunidade São Lucas, Paróquia Trindade em Pelotas, com o foco na Missão e Evangelização, traçou-se alguns passos no Planejamento Sinodal. Estes passos: a residência do pastor sinodal, a construção da sede sinodal, a aquisição de carro, a infraestrutura necessária para o funcionamento do Sínodo. Fez-se também um levantamento de situações a serem enfrentadas em curto prazo. Foram levantados quatorze pontos. Entre eles estavam: – o empobrecimento dos pequenos agricultores, a saúde e a alimentação, o curandeirismo dos novos movimentos religiosos. Em uma realidade marcada por muita enfermidade, porém, um conhecimento de chás e ervas medicinais e também iniciativas de pessoas nesta área, em algumas paróquias, apostou-se na área de Missão e Evangelização e à luz da palavra de Jesus Cristo: ´Eu vim para que tenham vida em abundância´ (João 10.10b), criou-se o Setor Sinodal da Saúde e Alimentação.´ O CAPA foi parceiro importante na assessoria técnica, bem como o Projeto de Saúde e Alimentação na Paróquia Evangélica de São Lourenço do Sul com a atuação de vários grupos de Saúde e Alimentação. Para que se desse existência legal a um setor em nível sinodal, eram necessárias atividade do setor em pelo menos seis paróquias. Não se necessitou muito tempo, para que já na Assembleia na Paróquia de Camaquã, 25/09/1999 se concedesse existência legal ao setor em nível sinodal. Em treze paróquias houve grupos de Saúde e Alimentação. E o P. Jorge terminou dizendo: ´Sou grato a Deus e que Ele continue trazendo grandes benefícios a muitas pessoas. Agradeço também por lembrar e agradecer que neste 20º. Dia Sinodal de Saúde e Alimentação fui homenageado. Parabenizo todos que estão engajados nesta causa tão nobre.´
Em seguida Rejane Peter, coordenadora do setor sinodal de SeA convidou o P. Marcos Fernando Casarin para coordenar a Mesa Redonda, tendo como convidados: – Carin Primavesi Silveira, Rita M. G. Surita, Maria Ledi Bobsin e Nilo Schiavon.
A primeira, a fazer uso da palavra foi a Coordenadora do CAPA – Núcleo Pelotas, agrônoma Rita M. G. Surita. Ela dirigiu-se ao público dizendo: ´Todos e todas nós temos compromisso de querer mudanças em relação à destruição e ao envenenamento de nossas águas e da nossa terra. E esta mudança para melhor está acontecendo, quando cada agricultor, cada agricultora planta ecologicamente. Quando todos e todas temos a opção de não comprar produtos industrializados que prejudicam o meio ambiente e a saúde de nossa família, mas adquirir produtos locais, sem venenos, e então preparar o nosso alimento. Também temos que estar informados do que acontece na escola com a merenda que os nossos filhos e filhas, nossos netos e netas consomem. A lei obriga as escolas a adquirir 30% dos alimentos para a merenda escolar da agricultura familiar. Como pessoas cristãs, devemos estar atentos, para que não se cometa injustiças, quando se trata da alimentação de nossas crianças e se cumpra a legislação, privilegiando alimentos que são produzidos pela agricultura familiar local. Infelizmente o Brasil voltou ao mapa da fome mundial e novamente muitos de nossos irmãos e irmãs não tem o que comer. Conforme amplamente divulgado pelos Núcleos do CAPA nós queremos ´Comida Boa na Mesa´, não somente para nossa família e, sim, para toda a população brasileira.´
Em seguida fez uso da palavra o Sr. Nilo Schiavon de Morro Redondo, produtor agroecológico e pioneiro na implantação do sistema agroflorestal na região Sul do RS. Ele assim se manifestou: ´Temos a tarefa de cuidar da nossa terra que muito tempo foi maltratada pela erosão, fogo, falta de cobertura, desmatamento e uso de insumos químicos. Tendo como consequência a morte das nossas fontes de água e de nossos solos. Mas ainda é tempo de fazermos nossa parte na conservação e preservação deste solo que ainda nos resta. Ele nos foi emprestado por Deus, para que dele tiremos nosso alimento e de muitos que virão depois de nós. Ainda é tempo de cuidar, para que no futuro possamos entregar aos nossos filhos um solo melhor do que recebemos.
Na sequência foi a vez de Maria Ledi Bobsin, professora e terapeuta naturalista. Ledi abordou a partir de uma fábula que a terra é de Deus. Está emprestada para nós reforçando a fala do agricultor ecologista Nilo, de que tomamos a terra emprestada, para cultivá-la. Explanou sobre a importância de ninguém sair do encontro sem estar bem ciente da importância de se beber e comer muito verde diariamente. Reforçou os benefícios do suco verde vivo, feito com muitas PANCs (plantas alimentares não convencionais) e tomado diariamente, relacionando o consumo desse suco com inumeráveis melhorias na saúde em geral das pessoas. Explicou também os benefícios da planta ´ora pro nobis´. Na meditação de abertura todas puderam experimentar uma folha e no encerramento foram distribuídas dezenas de mudas. Finalmente explanou sobre os benefícios da bebida ´kombucha´ e seus benefícios para o organismo.
Em seguida passou-se a palavra para o P. Marcos Fernando Casarin, para que coordenasse a celebração, onde ele trouxe a mensagem de encerramento do encontro.
Em nome da Coordenação Sinodal de Saúde e Alimentação agradecemos ao trabalho voluntário de lideranças e membros da Comunidade e Paróquia de Morro Redondo nos preparativos do evento, bem como nas arrumações posteriores ao evento. Nossa gratidão à Escola Estadual de Ensino Médio Bonfim, que cedeu o Ginásio de Esportes para a realização do evento e que abrigou em 2019 o maior público já presente. O nosso ´Muito Obrigado´ ao Buffet Tia Darli de Canguçu, quem nos serviu o Almoço Ecológico, bem como desta vez também os dois Cafés , na chegada e no encerramento. Para o chimarrão, durante o dia, tivemos à disposição água quente e a erva mate Essência Gaúcha, gentilmente cedida pelo seu representante na região, Sr. Airton Fernando Iepsen. Também presentes no evento a Livraria Semear e as Farmácias Caseiras da Com. Ev. de Conf. de São Lourenço do Sul e da Paróquia Evangélica de Boa Vista. Em frente ao Ginásio de Esportes houve exposição e venda de produtos da Feira Agroecológica, sob responsabilidade do Sr. Nilo Schiavon e a Floricultura do Sobrado, lembrando que esta colocou à disposição várias plantas para a ornamentação do palco, a quem agradecemos. Mesmo que, em anexo, apresentamos várias imagens de pessoas amadoras, agradecemos gentilmente ao jornalista Elias Surita Wojahn do CAPA – Núcleo Pelotas, ao disponibilizar várias imagens e de melhor qualidade.
Finalmente nossa gratidão ao CAPA – Núcleo Pelotas. Este foi parceiro em várias edições do Dia Sinodal de Saúde e Alimentação. Cabe registrar neste espaço a Nota de Agradecimento da pastora sinodal Roili Borchardt em nome do Sínodo Sul-Rio-Grandense. Acolhemos esta Nota de Agradecimento, publicada no Recado da Terra, jornal do CAPA, edição de Outono de 2019 (veja última imagem). Assim expressamos nossa profunda gratidão à Rita M. Surita pelo seu protagonismo na realização dos objetivos do CAPA. Ela soube, ao longo dos 37 anos, em que atuou no CAPA, coordenar uma equipe de profissionais capazes de estabelecer metas e também viabilizá-las com profundo respeito à vida saudável promovida pelo CAPA (Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia).
Compõe o Setor Sinodal da Saúde e Alimentação: Rejane Peter, Nair Timm Wiegand, Lúcia Hartwig, pastores Dietmar Teske e Marcos Fernando Casarin.
APONTAMENTOS sobre a PALESTRA PRINCIPAL de Carin Primavesi Silveira por Maria Ledi Bobsin:
A vida só existirá, se existir a agricultura. A nossa farmácia deve ser buscada na natureza. Carin relaciona doenças com ambiente. Ela exemplifica isso com os povos indígenas, que, ao se civilizarem, passam a conhecer e ter diabetes.
O futuro da humanidade depende das mãos amorosas do agricultor.
Podemos viver: – três minutos sem ar; – três dias sem beber; – trinta dias sem comer
No Brasil temos hoje 17,7 mil agricultores agroecológicos cadastrados.
Abraão Lincoln disse certa vez: ´Destruam as cidades, mas deixem os campos. Só teremos comida com um campo forte´.
Precisamos nos conscientizar da importância de um solo sadio. Solo sadio = pessoa sadia. Carin enumera os minerais presentes no solo e as doenças que a falta deles produz.
As pragas existem como sintoma de carências existentes no solo.
Todo adoecimento tem por base a desnutrição.
As doenças iniciam nos intestinos. É lá que 90% da serotonina é fabricada e 40 neurotransmissores são produzidos
A segunda guerra mundial deixou-nos de herança uma enormidade de produtos químicos que precisavam ser despachados para o lucro das indústrias químicas. Iniciou-se o uso de venenos na agricultura. A humanidade produziu comida, sem venenos, cinco mil anos. Nos últimos anos, porém, houve um boom de venenos para os agricultores usarem na terra.
A disbiose intestinal está relacionada com as toxinas dos medicamentos, toxinas da terra, etc
O excesso de doces, bolachinhas, remédios, obesidade, usar muito plástico aquecido que libera bisfenois…
Carin dá o exemplo de uma moça que tinha o intestino doente e o curou em dois meses usando somente alimentos trazidos diretamente da horta para a mesa, alimentos orgânicos…sem nada de alimentos industrializados.
Setenta por cento do câncer provem do uso de agrotóxico.
Decisões que tomamos hoje refletem no nosso amanhã. A palestrante mostra ratos que foram tratados com milho transgênico… No Mês UM todos os ratos estavam ótimos; – no mês DOIS também estavam; – no mês TRÊS também estavam bem; – no mês QUATRO ainda continuavam todos bem; – no mês CINCO apareceu um tumor. Quatro meses no rato equivale a 15 anos no ser humano.
A doença não aparece de um dia para o outro. A doença é no ser humano que nem o cupim age na madeira. Somente vamos perceber, quando o estrago já está feito. O desequilíbrio, geralmente, não aparece nos exames de laboratório. Muitas vezes não se tem sintomas clínicos, mas a doença já se instalou.
Precisamos parar de querer ver a febre como um problema. Febre é o corpo tentando se livrar de inflamação. Febre até 39 graus não se deve combater. É deixar a natureza agir. Febre com mais de 39 graus, baixar com clara de ovos na sola dos pés…ou banho morno. A palestrante conta que sua mãe Ana Maria Primavesi sempre fez e continua fazendo assim. Ela chama atenção que o nosso médico está dentro de nós. É preciso procurar tratar as doenças com a ajuda da natureza. Carin cita que usou um colete repleto de cebola picada … Da mesma forma, para tratar cistite, se faz uma calcinha preenchida com cebola. A cebola desnaturaliza a enzima da bactéria. É assim que a cebola age.
Se tomarmos medicamentos, o corpo deposita no espaço entre as células…e depois teremos o cupim comendo por dentro.
Assim como a doença não aparece de um dia para o outro, assim podemos voltar a ter saúde. Como? Fazendo jejum e modificando totalmente os hábitos alimentares. O jejum limpa e deixa o organismo trabalhar, fazer sua parte. Se uma criança está sem fome, deixa-a ficar em jejum.
A palestrante fala da necessidade do PH sanguíneo…Ele deve ser alcalino. Em torno de 7.4. Quando ingerimos muitos alimentos acidificantes o nosso sangue tira o cálcio do osso para equilibrar o PH sanguíneo. Continuando a se alimentar de maneira incorreta, ingerindo medicamentos e alimentos com agrotóxicos, surge a doença.
A palestrante também relacionou as emoções e as atividades físicas como pré-requisitos da saúde.
Fala que os gostos pelos sabores que sentimos são as nossas bactérias nos exigindo aquele alimento. A gula é um sintoma de bactérias prejudiciais presentes no corpo.
A palestrante também relacionou os minerais e traçou os efeitos na saúde. Disse que nos Estados Unidos foi feito uma experiência com presidiários colocando-se cromo na água que bebiam. Como resultado diminuiu em 70 % a violência dentro do presídio.
Continuando, colocou que só a natureza tem capacidade para criar alimentos saudáveis. Eles nutrem e produzem a energia e o ânimo necessários para a vida. Os produtos industrializados não são alimentos, desmineralizam, mas não nutrem e nos roubam a energia e o ânimo para viver. Eles intoxicam pelos aditivos que possuem.
Citando uma cientista, a palestrante falou da relação entre autismo e o glifosato. O glifosato causará 50% de aumento nessa doença até 2025.
Divulgação: Setor Sinodal da Saúde e Alimentação do Sínodo Sul-Rio-Grandense