Proclamar Libertação – Volume 33
Prédica: Efésios 6.10-20
Leituras: Josué 24.1-2a,14-18; João 6.56-69
Autor: Scheila dos Santos Dreher
Data Litúrgica: 12º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 23/08/2009
1. Introdução
Cresci ouvindo que um grupo ou uma comunidade, para ser cativante, estar ativa e “fazer a diferença”, precisa ter objetivos definidos, de preferência a curto, médio e longo prazos. Caso contrário, ele ou ela “relaxa”, cai na rotina, fica esvaziado de sentido e corre o risco, até mesmo, de se desintegrar. Isso pode ser aplicado às comunidades cristãs (evangélico-luteranas, em específico) e aos grupos que se reúnem nessas comunidades? Provavelmente sim. Nossa história como igreja de imigração/igreja de transplante dá mostras disso. A história dos grupos de Juventude Evangélica (JE) e da Ordem Auxiliadora de Senhores Evangélicas (OASE), entre outros, confirma tal pensamento.
A Epístola aos Efésios (volto à questão dos destinatários adiante) surgiu num contexto em que comunidades cristãs já estavam constituídas e sua vida, como tal, corria o risco de cair na rotina e tornar-se uma mesmice que não mais testemunharia Cristo como Senhor e Salvador. Diante dessa realidade, a carta tinha por objetivo evitar que esse “relaxamento” (sossego/falta aparente ou real de objetivos) da igreja resultasse na incorporação de valores e comportamentos presentes na sociedade sob o poder do Império Romano. Tratava-se de manter a igreja invisível unida (corpo do qual Cristo é a cabeça – Ef 4.15) e de resistir às pressões que vinham de fora, para que ela pudesse cumprir sua missão de anunciar a salvação oferecida por Jesus Cristo a todas as pessoas que crêem (Ef 6.19).
Na mesma direção aponta o texto proposto do Antigo Testamento. O povo de Israel experimentou, pela ação de Deus, a libertação da escravidão do Egito, subsistiu à travessia pelo deserto numa longa e difícil caminhada e pôde chegar, afinal, com êxito, à terra prometida. Segundo Josué 23.15s, Deus “lutou” pelo povo, e por isso ele conquistou a terra que agora recebia das mãos de Deus para viver. Em Josué 24.1-2a,14-18, a terra na qual agora o povo se encontra já foi dividida entre as tribos constituídas e a liderança do povo é convocada por Josué. Diante dessa liderança, Josué traz à memória toda a história de libertação do povo e do cuidado de Deus. Josué lembra as dádivas recebidas e o cumprimento da promessa de Deus em relação à terra.
Conclama o povo a responder a essa ação libertadora e amorosa de Deus com seguimento fiel. No capítulo anterior à perícope em questão, Josué 23.12ss, o povo foi exortado a não fazer amizade e a não se casar com ninguém de outro povo por “medo de contaminação” (volto a esse conceito adiante): adoração a outros deuses no lugar da adoração exclusiva a Deus. Esse é o cerne da questão. O povo, representado nesse momento por sua liderança, vai ceder à pressão dos povos e culturas em sua volta ou vai “resistir”, isto é, permanecer fiel ao Deus que o libertou e presenteou com a terra que agora habita? Assim como o próprio Josué, o povo também reconhece a ação de Deus em seu favor e responde positivamente (Js 24.16,18): “Nunca poderíamos pensar em abandonar ao Deus Eterno para servirmos outros deuses. […] Nós também serviremos ao Eterno, pois ele é o nosso Deus”.
O texto do evangelho afirma a possibilidade da união com Cristo, o enviado de Deus, como dádiva do próprio Cristo (Jo 6.56): “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim, e eu vivo nele”, numa alusão à Ceia do Senhor. Jesus anuncia-se como o pão que desceu do céu; quem come desse pão viverá para sempre (v. 58). Sua fala tem como conseqüência diferentes reações da parte de seus interlocutores. Os discípulos, inquiridos por Jesus: “Vocês também querem ir embora?”, professam sua fé (Jo 6.69): “Nós cremos e sabemos que o Senhor é o Santo que Deus enviou”.
Os textos trazem como unidade temática algumas palavras-chave: fidelidade de Deus, resistência do povo crente, confissão e profissão da fé no Deus libertador, Senhor e Salvador, diante de um mundo que se mostra descrente, avesso e hostil ao anúncio desse evangelho (boa-nova).
2. Exegese
Segundo José Comblin, a Epístola aos Efésios é pós-paulina. Foi redigida por volta do ano 90 d.C. e apresenta uma reinterpretação da doutrina paulina, especialmente a partir da Epístola aos Colossenses. Ela não foi dirigida à comunidade de Éfeso especificamente, mas a diversas comunidades. Prova disso é o fato de que, apesar do apóstolo Paulo ter convivido durante bastante tempo com essa comunidade, nenhum fato em particular é mencionado. Ao contrário, o apóstolo até parece estar distante da comunidade (Ef 1.15, 4.21). A carta também não responde a nenhum assunto específico local, como é o caso na maioria das epístolas. Além disso, ela não revela um contexto de perseguição, como na época do apóstolo Paulo; ao contrário, “as comunidades estão consolidadas, mas ameaçadas pela rotina e pelo relaxamento devido aos contatos com o mundo pagão. Sente-se a necessidade de afirmar com mais força a pertença cristã, de enunciar com mais clareza a herança cristã que Paulo deixou como fundamento […]” (p. 19).
Em alguns temas nota-se a “evolução” do pensamento paulino: igreja nunca é a comunidade local, mas a reunião/a unidade dessas comunidades, do povo que se integra a essa igreja pelo Batismo, de onde resulta a salvação; a realidade da escravidão é tolerada e não há uma tentativa de superá-la, como na Epístola de Paulo a Filemom; as relações tornaram-se mais hierárquicas e há uma tentativa de moralização; a família está estruturada nos moldes patriarcais, como na sociedade romana, e não há mais a preocupação do apóstolo Paulo em romper, em Cristo, com as diferenças excludentes e discriminatórias entre homens e mulheres, como em Gálatas 3.28. A Epístola aos Efésios assume, por tudo isso, um ar bastante “conservador”.
A perícope em questão, Efésios 6.10-20, está inserida na terceira parte da epístola (cap. 4 a 6), de caráter exortativo. Sua linguagem provém do ambiente militar. As pessoas cristãs são conclamadas a vestir-se com a armadura que Deus dá para resistir às “forças espirituais do mal que vivem no mundo celestial” (v. 12). Proveniente do mundo helenístico, está expressa aí a compreensão de que todo o mundo é dirigido por espíritos. Esses espíritos “são forças, poderes, potências espirituais, potências do mal, aparentemente dirigidas pelo diabo […], lutam contra Cristo e os cristãos. Moram nas regiões intermediárias entre o céu de Deus e a nossa terra. Desde aí podem intervir na existência dos cristãos e perseguir a igreja” (p. 100). A presença de tais espíritos, no contexto da Epístola aos Efésios, manifesta-se na existência do mundo pagão, descrente, que faz pressão sobre a comunidade para corrompê-la em sua fé. Por isso a igreja precisa unir-se.
Para salvar o cristianismo, a igreja deve salvar a sua identidade, afirmar a sua separação do mundo antes do que insistir nas suas divisões internas. A luta contra o Império não é luta contra a perseguição, e sim contra a pressão permanente dum mundo decadente. A igreja proclama a sua vitória, deixando a Cristo a tarefa de manifestá-la visivelmente no dia que ele fixar. Para triunfar, essa igreja confia mais no que é, menos no que faz. Luta resistindo (p. 23).
O combate que a igreja precisa travar contra o diabo (em sua origem grega: o confundidor, o desagregador) e as forças espirituais do mal (v. 11s), visíveis na manifestação do paganismo no contexto do Império Romano, são de caráter defensivo. O lema é resistir, não atacar. A força para a luta vem de Deus, e ele oferece a armadura de combate (v. 10s), qual seja (v. 14-17):
cingir os rins com a verdade
revestir-se da couraça da justiça
calçar os pés com o evangelho da paz
empunhar o escudo da fé (para extinguir os dardos inflamados do maligno)
tomar o capacete da salvação
e a espada do Espírito que é a palavra de Deus
Nos v. 18-20, que fazem a ponte com os versículos finais da epístola, a oração é unida à vigília como um elemento essencial nesse combate defensivo e na busca pela ousadia, pela coragem de falar sem medo diante das pessoas acerca do mistério/segredo do evangelho. (Jesus também falou do evangelho nesses termos [Mt 10.26ss]: O que antes estava oculto agora é revelado, que em Cristo Jesus há salvação para toda a pessoa que crê.) Todo esse linguajar militar, de combate/luta, não é exclusividade da Epístola aos Efésios. Ele transparece já no livro do profeta Isaías (Is 11.52, 59) e em outras epístolas (Rm 10.1, Ts 5, 1Pe 5). Mas aqui certamente ele é reunido de forma sistemática e unido à ideia de uma igreja que precisa opor-se radicalmente à influência do paganismo para não sucumbir. Nessa visão, cristianismo e mundo estão em total oposição.
3. Meditação
Em tempos nos quais nos unimos a grupos, organizações não-governamentais (ONGs), instituições e igrejas parceiras na busca pela vivência da paz (shalom), manifesta também na necessidade de desarmamento e do fim das guerras (nesse contexto, especialmente da luta armada), Efésios 6.10-20, à primeira vista, sem o conhecimento de seu contexto e o reconhecimento da distância cultural, pode causar estranhamento e constrangimento. Situar o texto em seu contexto maior talvez seja, nesse caso, uma necessidade. Para que o texto possa ser experimentado por nós como palavra de Deus, que desperta, promove e fortalece a fé e conduz a uma prática libertadora, gostaria de sugerir ainda algumas pistas para a atualização.
Durante um período de aproximadamente cem anos, ocorreu a entrada sistemática de pessoas de fala alemã no Brasil, provenientes de diferentes regiões do território que apenas em 1871 se unificou e se definiu como a atual Alemanha. Essas pessoas trouxeram consigo diferentes bagagens culturais (crenças, valores, tradições e práticas), nem sempre homogêneas entre si. “A” língua alemã, por exemplo, utilizada como principal elemento unificador, constituía-se, na verdade, de diversos dialetos e não de uma única expressão oral e escrita. No Brasil, especialmente na segunda metade do século XIX, a igreja, a escola e a imprensa teuto-brasileira evangélica, por influência da idéia de germanidade que amadurecia na época na própria Alemanha e se refletia no Brasil, atuaram em conjunto na criação de “uma” identidade teuto-brasileira evangélica, movidas pelo “medo da contaminação” (um conceito proposto por Norbert Elias e John Scotson). Isso se dava num processo de diferenciação entre “nós”, alemães, e “eles/as”, brasileiros/as. Acentuavam-se costumes e práticas que diferenciavam uns de outros (identidade contrastiva). Muitas vezes, isso acontecia estigmatizando a outra cultura. Para manter-se como “um” povo (ou criar essa idéia), para manter sua confissão religiosa, seus costumes e suas tradições, por exemplo, casamentos fora do grupo étnico-confessional teuto-brasileiro evangélico foram desestimulados.
Esse “medo de contaminação” e conseqüente construção de uma identidade contrastiva, que almejava manter o grupo unido e tinha por conseqüência o “fechamento” do grupo em si mesmo, como já indica o texto de Josué 23.12ss, não foi um “privilégio” do grupo teuto-brasileiro evangélico. Muitos outros grupos de imigrantes no Brasil agiram da mesma forma. Inclusive os próprios teuto-brasileiros evangélicos sofreram estigmatização no período em que a brasilidade esteve em alta na era de Vargas. Nessas manifestações, sempre há interesses de pessoas e grupos. A questão é saber quem ganha com tais situações e aonde quer chegar.
Na Epístola aos Efésios, o “medo de contaminação” é visível. Há uma busca consciente por uma igreja centralizada, que integra as diversas comunidades, faz-se forte através desse processo e torna-se capaz de resistir às influências que vêm do mundo secularizado. A ideia é manter a igreja unida, para que seu poder de mobilização frente às influências externas seja eficaz. José Comblin expressa ideia semelhante quando diz:
Tem-se a impressão de que a igreja está cedendo a seus adversários. Mede-se a grandeza da tentação pela grandeza da atração que exerce. A hostilidade do mundo pode não ter crescido. Mas sim a tentação subjetiva de ceder ou a impressão subjetiva de ser derrotado. Em tal condição sente-se a necessidade de lutar mais contra o mundo exterior, de senti-lo como força adversa para poder defender-se melhor contra a tentação de assimilação (p. 98s).
Constatar tal situação (o “medo de contaminação” e suas implicações/ consequências) não significa, contudo, justificá-la, incentivá-la ou mesmo reproduzi-la. Talvez, nesse caso, isso nos auxilie a ampliar nossa compreensão em relação às questões que conduziram ao surgimento do texto, a forma que assumiu e sua intenção original. Fica ainda a pergunta pelo risco/perigo de, na tentativa de resistir como igreja e de preservar o evangelho, retê-lo apenas para si.
Dando um passo adiante: Profundamente valiosa é a constituição da armadura dada por Deus pelo seu poder que age na cristandade (v.10) nessa luta defensiva: a verdade, a justiça, o evangelho (boa-nova) da paz, a fé, a salvação e a própria palavra de Deus (v. 14-17). A oração torna-se elemento essencial e constante nesse processo. Portanto, se conseguirmos olhar para além do linguajar militar, vamos nos surpreender com o conteúdo que, na verdade, a igreja deseja preservar e, ao mesmo tempo, anunciar com ousadia: Jesus Cristo como o pão do céu que “descobre” diante dos seres humanos o projeto de vida do reino de Deus. Na verdade, já não há mais mistério ou segredo (Ef 6.19): Jesus revela-se como o enviado de Deus e dele provém vida, já agora e na eternidade (Jo 6.56ss).
Num mundo globalizado como o que hoje vivemos, onde as informações e mercadorias atravessam continentes numa rapidez assustadora, mas marcado, entre outros, pela competição, por desigualdades, por oportunidades distintas para uns e outros, pelo individualismo, a ideia de preservar a identidade, no caso, a identidade evangélico-luterana, ainda que em constante construção, não é ruim; mostra-se como necessidade. Também nós certamente não desejamos ser corrompidos por valores que confundem e desagregam. Vivemos, pois, nessa tensão: manter nossa identidade sem fechar-nos em nós mesmos. Nossa “missão” não é apenas interna. Mantendo o foco de nossa confessionalidade (somente por Cristo, somente pela graça, somente pela fé, somente pela Escritura), podemos certamente contribuir no âmbito das relações ecumênicas e, inclusive, estabelecer parcerias sadias com a sociedade civil, sem descuidar das pessoas de “nossa própria casa”.
O evangelho de Efésios 6 certamente se revela a nós como motivo de alegria e razão para uma prática diferenciada: Deus investe de poder aqueles e aquelas que o buscam (Ef 6.10); Ele é fiel. (Ele próprio nos mantém unidos consigo, conforme Jo 6.56.) Esse poder concedido nos desinstala de uma rotina que não visa à promoção do evangelho de Jesus Cristo, ainda que sempre possamos recair nela. Utilizando a linguagem de Efésios, diria que o objetivo do combatente não é o combate em si, mas a vitória. Cremos que Deus é Senhor do mundo; por isso não desejamos o afastamento deste mundo, mas cremos no poder de Deus para transformá-lo. Nesse sentido, ainda que a união faça a força, a união ou unidade da igreja não pode ser seu objetivo último, mas o meio para atingir o alvo que almeja. Isso não dispensa, em momento algum, o cuidado e a oração para com o próprio povo que constitui a igreja de Cristo (Ef 6.18). Talvez “o mundo” não precise ser visto como o inimigo, mas poderia igualmente ser o objeto do amor que procede de Cristo através da ação do próprio Deus em nós. Se reconhecemos a ação de Deus em nossa vida pessoal e comunitária (Js 24), se temos uma verdade a anunciar (Jo 6.69), se somos aceitos/salvos por meio da fé e assim nos tornamos aptos para a prática da justiça e para a vivência da paz, com oração constante, se recebemos alimento verdadeiro e temos comunhão com Cristo e com os irmãos e irmãs na Ceia do Senhor (Jo 6.56s), então por que permanecer tímidos em anúncio e ação? Isso ainda não significa exigir exclusividade no anúncio do evangelho.
4. Imagens para a prédica
Uma lembrança:
Lema bíblico da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) no ano de 2007: “Não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4.20).
Uma oração:
“Ó Deus da Aliança, tu que libertaste o teu povo hebreu da escravidão do império e lhe deste uma terra e um destino, olha para nós com benevolência. Sonhamos com um novo país e buscamos a paz e a justiça. A isso dedicamos o melhor de nós, a fim de construir um futuro para nossos filhos, filhas e netos. Mas reconhecemos que a realidade é dura e muito raramente somos vitoriosos. Faltam-nos a persistência e a humildade para reconhecer que não basta a boa vontade. É preciso aprender a traduzir esses sonhos em propostas e políticas concretas. Isso exige de nós participação cidadã. Nem sempre estamos dispostos a participar. Somos, por vezes, acomodados ou descrentes dos processos democráticos. Ajuda-nos a romper com essa alienação e ensina-nos a valorizar a coisa pública como deve ser: resultado da participação e da pressão populares. Dá que aprendamos a lutar por nossos direitos e a assumir os deveres cidadãos com honradez. E não permitas que deixemos de vigiar os governantes, assim como deve ser num regime de liberdade democrática. Que saibamos testemunhar o teu nome com uma vida cidadã digna do evangelho da paz. Em Jesus, teu Filho. Amém”.
(SCHULTZ, A.; ROESE, A.; DREHER, C. M.; MANSK, E.; ZWETSCH, R. E.; GAEDE NETO, R.; DREHER, S. S. Na passagem do tempo. Orações. São Leopoldo: Sinodal, 2005, p. 25)
5. Subsídios litúrgicos
Confissão de culpa:
Bondoso Deus, temos recebido tantas bênçãos de tuas mãos: tu nos presenteias diariamente com a vida, tu estás conosco nas pequenas alegrias de cada dia, tu tens nos amparado nos momentos difíceis. Por tudo isso, de nós brotam gratidão e louvor. Reunidos em culto neste dia, também queremos reconhecer diante de ti que nem sempre temos respondido à tua fidelidade e ao teu amor por nós com a mesma intensidade. Nosso falar sobre ti tantas vezes tem sido tímido. Vamos deixando nossa vida cair na rotina. Deixamos de cuidar uns dos outros, assim como Jesus nos ensinou. Deixamos de buscar a unidade de nossa igreja. Deixamos de buscar com ousadia tua justiça e tua paz em nossa realidade. Por nossa fraqueza, ó Deus, pedimos-te perdão cantando, como comunidade:
Canto:
Perdão, Senhor, perdão! (2x)
(Continuidade da confissão de culpa:)
Não queremos nos afastar do mundo para viver os fundamentos do evangelho de Jesus; por isso suplicamos que, pelo teu poder em nós, sejamos fortalecidos para superar nossa timidez missionária. Concede-nos sensibilidade diante das necessidades do irmão e da irmã. Concede-nos ousadia na vivência comprometida com a justiça e a paz, dentro e fora de nossa igreja evangélico-luterana. Que assim como Josué e o povo que experimentou a libertação do Egito e o cumprimento de tua promessa em relação à terra também nós possamos dizer com toda a nossa vida e com muita convicção: “Nós também serviremos ao Eterno, pois ele é o nosso Deus”. Amém.
Anúncio da graça:
Se confessarmos os nossos pecados – Hinos do Povo de Deus, volume 2, n° 409 (1Jo 1.9).
Gesto da paz:
(Convidar nesse momento para o gesto da paz, no caso de ser culto da palavra, sem a Ceia do Senhor.)
Kyrie eleison:
Deus tem permanecido fiel em seu amor para com toda a criação. Em sua fidelidade, ele se mostra sensível a todos os seres da criação que enfrentam situações de sofrimento. Por isso, “pelas dores deste mundo, ó Senhor, imploramos piedade. Apressa-te com tua salvação!”
Canto:
Kyrie eleison (letra e melodia de Rodolfo Gaede Neto)
Glória:
Pela fidelidade de Deus; pela vida verdadeira que nos é oferecida por Jesus; pela força do evangelho em nós e em tantas outras pessoas mundo afora, que nos faz buscar, com toda a alegria, a vivência do evangelho da paz e da justiça; pelas iniciativas de igrejas parceiras, de ONGs e de entidades civis na busca por vida boa para toda a gente e para toda a criação de Deus, nós glorificamos a Deus cantando:
Canto:
Louvemos todos juntos o nome do Senhor! (Hinos do Povo de Deus n° 349)
Oração da coleta:
Querido Deus, tu que foste fiel a teu povo, conduziste-o da escravidão para a liberdade e o fizeste habitar numa terra onde havia fartura, tu que em Jesus Cristo concedeste-nos a possibilidade de vida verdadeira já agora e no futuro, anima-nos por tua Palavra para que também nós sejamos fiéis, confessando-te como nosso senhor e salvador. Que tua missão seja a razão de nossa vida. Que nosso testemunho concreto se faça sentir dentro e fora de nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana. Continua a revestir-nos com tua verdade, com tua justiça, com o evangelho da paz, com o anúncio da salvação a toda pessoa que crê para que nossa vida toda seja um testemunho do evangelho, oferecido a nós por graça em Jesus Cristo. Fortalece-nos na prática da oração e da ação comprometida. Por Jesus Cristo, que contigo e com o Espírito Santo vive e reina, de eternidade a eternidade, nós oramos. Amém.
Oração de intercessão:
“Dá-nos olhos claros, que veem o irmão [a irmã];
dá, Senhor, ouvidos que dão atenção!
Mãos que aprenderam dores a aliviar,
pés que não hesitam na hora de ajudar!
Corações que sabem repartir a dor,
partilhar prazeres, propagar louvor!
Lábios que, contentes, abrem-se a cantar,
convidando todos para se alegrar!
Pelos dons que deste: Graças, ó Senhor!
Pois os recebemos por teu grande amor.
Nada nos pertence; tudo Deus quer dar:
Quer por nós, em Cristo, o mundo abençoar.”
(Hinos do Povo de Deus, v. 1, n° 166)
Sugestão de canções:
Hinos do Povo de Deus, volume 1: n° 233 (Até aqui me trouxe, Deus); Hinos do Povo de Deus, volume 2: n° 443 (Resistência); Hinos do Povo de Deus, volume 2: n° 328 (Um só rebanho); Hinos do Povo de Deus, volume 2: n° 336 (Quando o povo se reúne).
Bibliografia
COMBLIN, José. Epístola aos Efésios. Petrópolis: Vozes/Imprensa Metodista/ Editora Sinodal, 1987.
DREHER, Scheila dos Santos. “O pontinho da balança”: história do cotidiano de mulheres teuto-brasileiras evangélicas no sul do Brasil, na perspectiva do privado e do público. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Teologia, Instituto Ecumênico de Pós-Graduação, São Leopoldo
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).