Proclamar Libertação – Volume 33
Prédica: Hebreus 5.1-10
Leituras: Isaías 53.4-12; Marcos 10.35-45
Autor: Léo Zeno Konzen
Data Litúrgica: 20º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 18/10/2009
1. Introdução
Poucas vezes, os textos bíblicos de um domingo oferecem um ponto de encontro tão claro como o 20º Domingo após Pentecostes. Em Isaías, temos o Servo sofredor (4º cântico); na Epístola aos Hebreus, Jesus como sumo sacerdote, que vive a solidariedade através do sofrimento na paixão e morte de cruz; em Marcos, a perspectiva do sofrimento de Jesus na cruz, consequência de sua prática de solidariedade com os excluídos da sociedade e da religião, e o contraste com a postura dos discípulos que buscam poder.
As três leituras têm, portanto, como foco o serviço ao projeto de Deus, serviço de solidariedade que envolve grandes sofrimentos, mas que se torna fonte de vida para outros e para a própria pessoa que serve.
O compromisso histórico da construção de um mundo onde haja vida digna dos filhos e filhas de Deus coloca-se, pois, diante de nós como um desafio para fazer de nossa vida o verdadeiro culto a Deus.
2. Exegese
O texto do livro de Isaías, que lemos no culto deste domingo, faz parte do chamado “Dêutero-Isaías”, ou Segundo Isaías, constituído pelos capítulos 40-55. Essa parte representa provavelmente experiências e expectativas dos exilados na Babilônia diante da ascensão de Ciro, rei dos persas, que viria a possibilitar o retorno de muitos judeus exilados na Babilônia.
Os v. 4-12 integram o chamado “4º cântico do Servo de Javé” (52.13-53.12). Esse cântico e os anteriores traduzem, por um lado, a situação de pequenez, fragilidade e humilhação vivida pelo povo de Deus naquela situação difícil e, por outro lado, a simpatia e a proteção de Deus para esse grupo humano, a ponto de escolhê-lo como mediador e missionário de seu projeto de vida, não só para o povo de Israel, mas também para as “ilhas mais distantes”. A parte do 4º cântico, proclamada nesse domingo, ressalta a solidariedade do Servo de Javé: ele carrega as doenças da sociedade, é vítima de suas injustiças. Mais ainda: sobre ele pesa o preconceito religioso, pois parece ser um abandonado ou condenado por Deus por causa de seus pecados. O texto descreve a gravidade dos sofrimentos desse Servo, sofrimento físico, mas principalmente moral: desprezado, esquecido por todos, preso, tratado como malfeitor, morto e sepultado entre os ímpios… Esse Servo podia mesmo rezar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.
Esse sofrimento todo, porém, esconde um sentido profundo: ele é a expressão de uma radical solidariedade e fonte de vida para muitos. Longe de ser absurdo, é um sofrimento libertador, fonte de vida. É uma espécie de sacerdócio que estabelece comunicação entre Deus e os seres humanos.
O Servo de Javé representa a situação do povo de Deus no tempo do exílio, mas não se esgota nela. Os seguidores de Jesus viram na figura do Servo uma expressão privilegiada daquilo que se passou com seu Mestre e com eles próprios. Jesus passou a ser visto como o Servo de Javé por excelência.
O poema do Servo de Javé conduz-nos à Epístola aos Hebreus, da qual tiramos o texto de referência para a prédica deste domingo (5.1-10).
Para nos situarmos melhor, lembramos algumas informações gerais sobre esse livro do Segundo Testamento. Não se trata propriamente de uma carta, mas de uma verdadeira homilia. Muitos estudiosos acham que também não é dirigida “aos Hebreus”, mas a cristãos não bem identificados (muitos talvez provindos do judaísmo), com certa caminhada no seguimento de Jesus.
A homilia contida no livro é muito bem estruturada, causando admiração a todos quantos a examinam com atenção. A “prédica” estrutura-se num esquema concêntrico, tipo “quiasmo”, muito apreciado na cultura judaica. Nesse tipo de gênero literário, o centro do texto é também o ponto mais importante do mesmo. Eis um possível esquema geral do livro (Bíblia Sagrada, trad. CNBB, 2001, p. 1566):
A Abertura (1.1-4)
B Jesus, Filho de Deus, irmão dos homens (1.5-2.18)
C Jesus, mediador fidedigno e solidário (3.1-5.10)
D Exortação (5.11-6.20)
E O sacerdócio de Melquisedeque (7.1-28)
F Jesus sacerdote de uma aliança melhor (8.1-9,28 – tema central)
E O perdão dos pecados (10.1-18)
D Exortação (10,19-39)
C A fé e a conversão (11.1-12.13)
B A vida cristã (12.14-13.17)
A Doxologia (13.20-21)
(13.22-25 é a fórmula de envio da “carta”).
A estrutura do texto mostra que a homilia está centrada num único grande tema: Jesus, o sumo sacerdote de uma aliança nova e melhor do que a antiga. O termo de comparação é sempre o sacerdócio do Templo de Jerusalém: quem são e como são instituídos os sacerdotes, suas funções no oferecimento dos sacrifícios, os efeitos que eles produzem etc.
O texto selecionado para este domingo situa-se no bloco que apresenta Jesus como mediador fidedigno e solidário, falando de Jesus como sumo sacerdote. Hebreus é o único livro do Novo Testamento que atribui explicitamente a Jesus a função de sacerdote ou sumo sacerdote. Há também alusões ao tema no livro do Apocalipse.
A afirmação de que Jesus é sumo sacerdote é estranha, porque ele não era de família sacerdotal e nunca exerceu as funções de sacerdote. Mas ela traduz muito bem algumas dimensões fundamentais do modo de ser de Jesus e do significado dele para a humanidade. Os versículos em questão neste domingo apresentam principalmente dois aspectos desse modo de ser de Jesus: sua solidariedade para com os demais seres humanos e seu estabelecimento por Deus como sacerdote. Em outras palavras, o texto insiste na humanidade de Jesus e em sua escolha por Deus como sumo sacerdote, mas, diga-se logo, sacerdote alternativo (daí a expressão segundo a ordem de Melquisedeque).
A solidariedade para com os irmãos é um aspecto importante da teologia do sacerdócio no judaísmo e em outras religiões, como diz o próprio texto de Hebreus: “Todo sumo sacerdote é tomado do meio do povo e representa o povo nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza” (5.1-2). Na prática, porém, a solidariedade do sacerdócio judaico resumia-se à representação perante Deus e criava distâncias entre sacerdotes e povo, porque o sacerdote deveria manter-se “puro” diante de Deus. Somente sendo “puro” ele seria bem acolhido por Deus, e, consequentemente, os sacrifícios de animais imolados, frutos da terra etc. poderiam ser agradáveis a Deus e produzir os efeitos desejados de perdão, bênção etc.
Para Hebreus, Jesus também foi “tomado do meio do povo” para ser “sacerdote”. Mas ele nunca se ocupou com os ritos realizados pelos sacerdotes do templo. Para ser “puro” diante de Deus, não precisou afastar-se do povo, mas, ao contrário, aproximou-se dos “impuros” e “pecadores”, conviveu com eles e chamou-os para ser colaboradores da construção do projeto do Pai. Encontrou a rejeição, a perseguição e a morte de cruz. Nesse sentido, Jesus não teve nada de sacerdotal. A humilhação na cruz afastava ainda mais a possibilidade de se vê-lo como sacerdote. A Epístola aos Hebreus afirma, porém, que ele se tornou sacerdote, não atribuiu a si mesmo essa honra, mas ela lhe foi concedida por Deus. O sacrifício que ele tem para oferecer a Deus não é de animais imolados, mas sua própria vida, dedicada e doada à realização do projeto de Deus. Entre preces e súplicas, entre clamores e lágrimas (isso lembra a oração de Jesus no Horto das Oliveiras e na cruz), Jesus dirige-se a Deus que o atende (o que lembra sua ressurreição). O texto frisa a humanidade de Jesus, afirmando que “mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência”. É essa vida humana, tão próxima dos seres humanos mais excluídos, que se transforma em oferenda (sacrifício) agradável a Deus. Ela se torna causa de salvação para todos os seus seguidores.
Jesus é, então, sacerdote? Sim e não. Não foi sacerdote conforme o sacerdócio do Templo de Jerusalém. Mas com sua vida, paixão, morte e ressurreição ele realiza tudo e muito mais do que se podia esperar do ministério dos sacerdotes cultuais. Por isso Jesus é sacerdote, mais ainda, sumo sacerdote, mas um sacerdote alternativo, segundo a ordem de Melquisedeque. Melquisedeque aparece no Primeiro Testamento como um sacerdote que nada tem a ver com as famílias sacerdotais do povo bíblico, mas foi a ele que Abraão reconheceu como sacerdote autêntico (Gn 14.17-24). Dizer que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque significa que ele não se enquadra no sacerdócio cultual do Templo, mas é um sacerdote alternativo, de qualidade muito superior. Não mais um sacerdote vinculado ao culto formal, mas ao culto que se presta a Deus por meio de uma vida vivida no serviço solidário aos irmãos e irmãs, contribuindo para a construção do reino de Deus neste mundo.
O evangelho deste domingo (Mc 10.35-45) encontra-se em sintonia com as duas leituras bíblicas anteriores. Marcos apresenta Jesus como um homem marcado por opções conflitantes, que culminam em sua morte violenta na cruz. Pode-se dizer que esse evangelista traduz, no conjunto de seu texto, a humanidade de Jesus comprometida com o projeto do reino de Deus, mencionada antes na Epístola aos Hebreus. Os discípulos dele, somente a muito custo, vão aprendendo que esse projeto não é uma imitação dos projetos dos poderosos. Tiago e João mostram, no texto de hoje, que ainda não estão bem sintonizados com a caminhada de Jesus, pois estão interessados em posições de poder. Nem os demais discípulos, que se irritam com as ambições dos dois companheiros. Jesus precisa repreendê-los e educá-los para assumir as consequências do seguimento a ele: há um “cálice” a beber e um “batismo” a receber… Aparentemente, os discípulos estão dispostos a isso, mas, na prática, mostram que ainda têm muito a aprender.
3. Meditação
Vivemos num tempo de muitas contradições. Por um lado, a ciência e a tecnologia fazem as pessoas passarem pela tentação do ateísmo e da dispensa de qualquer vivência religiosa. Tem-se a impressão de que se pode viver perfeitamente sem Deus hoje. E quando não se dispensa Deus, parece que não se precisa de uma religião para se relacionar com ele. Por outro lado, florescem muitos e novos grupos religiosos, oferecendo sucesso, curas, libertações etc. Tudo parece depender de doações generosas que comovem Deus e o constrangem a conceder prosperidade. Ou de algum rito privilegiado, capaz de expulsar as forças demoníacas que andam estragando a vida, impedindo encontrar emprego, causando doenças ou dependência de drogas etc. Diferentemente disso tudo, muitas comunidades e pessoas se esforçam para encontrar o sentido mais profundo do Deus que se revelou na Bíblia, especialmente em Jesus de Nazaré, e para contribuir na construção de um mundo que seja humano para todas as pessoas.
Que luzes as leituras bíblicas deste domingo, particularmente o texto da Epístola aos Hebreus, podem nos oferecer nesse contexto?
As primeiras comunidades cristãs foram descobrindo, aos poucos, que o seguimento de Jesus as levava a relativizar e a questionar o sentido das práticas cultuais do Templo de Jerusalém, embora Jesus tivesse participado também desses ritos presididos pelos sacerdotes. Mas ele mesmo nunca atuou como sacerdote em sua religião, nem poderia fazê-lo porque não pertencia à classe sacerdotal. Além disso, por causa de sua acolhida dos pobres, excluídos, “impuros” e “pecadores”, Jesus foi discriminado e condenado pelos representantes do sistema do Templo. Nesse quadro, ele tomou atitudes bem concretas de questionamento ao Templo, atitudes que lhe custaram a própria vida. Os evangelhos registram a acusação de Jesus contra o Templo: esse havia se tornado um “covil de ladrões” (Mc 11.17). Em Atos dos Apóstolos, Estêvão retoma a crítica ao Templo, fato que o levou ao apedrejamento (At 7).
Ao se distanciarem do Templo ou por serem excluídas dele e vendo-o depois completamente destruído, as comunidades cristãs sentiram-se desafiadas a aprofundar sua reflexão sobre o significado de tudo o que aconteceu com Jesus de Nazaré. Alguns pensavam que faltavam elementos importantes aos seguidores de Jesus, como os ritos praticados no Templo, os sacerdotes etc. E chegavam a se questionar se o seguimento de Jesus, que implicava tantas rupturas e desconfortos, não estava sendo um engano, um equívoco que precisava e ainda podia ser consertado. A saudade dos “bons tempos” dos belos ritos e festas do Templo, com o impacto impressionante causado pelos sacerdotes, especialmente do sumo sacerdote, funcionava como uma força que fazia recuar e provocava medo de seguir na caminhada das comunidades. Pairava no ar a crise, e alguns já não participavam regularmente da comunidade (cf. Hb 10.25), outros não compreendiam as razões de ter de sofrer tanto por ser seguidores de Jesus.
Muitas reflexões foram feitas nesse contexto. Uma delas encontramos na Epístola aos Hebreus, apresentando Jesus como sacerdote alternativo; melhor ainda, sumo sacerdote de uma aliança melhor do que aquela que se cultivava no Templo, por mediação dos sacerdotes e dos sacrifícios de animais que eles ofereciam sobre o altar do recinto sagrado. Apesar de não ter sido sacerdote de sua religião, Jesus revelou-se como alguém que realiza melhor do que ninguém a comunicação entre Deus e a humanidade. É justamente isso que se espera dos sacerdotes de qualquer religião: a intermediação entre o divino e o humano, entre o céu e a terra, entre Deus e os seres humanos. O autor da Epístola aos Hebreus produziu uma teologia nova, que ainda não estava nem viria a ser explicitada nos outros livros do Novo Testamento. Ele viu em Jesus um sacerdote autêntico, muito mais verdadeiro do que aqueles sacerdotes profissionais que o judaísmo mantinha para cultivar as boas relações entre Deus e o povo da aliança.
Como pôde esse discípulo de Jesus afirmar que Jesus era sacerdote se ele não tinha passado pelos ritos de instituição pelos quais todo sacerdote devia passar e se Jesus sequer havia reivindicado essa condição? A resposta é complexa: de certa forma, a prática histórica de Jesus significava a extinção do sacerdócio, uma vez que ela revelava um Deus que não precisa dos ritos cultuais nem exige que os “pecadores” fiquem longe dele; por outro lado, a aproximação entre Deus e os seres humanos precisava de caminhos concretos, e a vida de Jesus representava essa mediação, na visão inspirada do autor de Hebreus. Mesmo sem ter sido sacerdote, Jesus passa a ser visto como sacerdote, sacerdote diferente daqueles do Templo, é claro. Não um sacerdote qualquer, mas o sumo sacerdote, a exemplo do que havia no Templo de Jerusalém. Quem o constituiu sumo sacerdote foi Deus mesmo, transgredindo as regras de hereditariedade existentes até então. Não houve um rito de instituição, é verdade, mas sua instituição como sacerdote ocorreu com a morte/ressurreição de Jesus.
Todo sumo sacerdote deve oferecer a Deus algum sacrifício (animal imolado, por exemplo, ou seu sangue – símbolo da vida) que venha a ser agradável a Deus. Jesus, porém, nunca entrou na parte central do Templo, o Santo dos Santos, para oferecer tal vítima de expiação pelos pecados do povo. De novo, nosso teólogo, autor da homilia que encontramos na Epístola aos Hebreus, é perspicaz e vê que o sumo sacerdote Jesus entra num outro tipo de Templo (o santuário do céu, junto de Deus) e tem um “sacrifício” melhor para apresentar, tão melhor que precisa apresentá-lo apenas uma vez: trata-se de sua própria vida, de sua humanidade consagrada ao anúncio e à construção do reino de Deus e imolada pelo martírio na cruz. Daí em diante, não é mais necessário fazer qualquer coisa para comover Deus, para conquistar sua simpatia para conosco ou para acumular merecimentos que venham a gerar recompensas de qualquer natureza. Em outras palavras, a vida/morte/ressurreição de Jesus tornou dispensável e antiquado qualquer outro esquema de mediação entre Deus e os seres humanos.
Jesus é, então, ao mesmo tempo, o sumo sacerdote e a oferta que agrada a Deus, porque Deus não quer ritos e o sacrifício de vidas humanas ou de animais, mas o compromisso com a transformação da realidade, para que haja vida com abundância (Jo 10.10).
Nosso culto a Deus realiza-se também, a exemplo daquele de Jesus, por meio de uma vida comprometida com a construção de um mundo de relações justas e fraternas. Se nos reunimos em comunidade para realizar ritos como a Ceia do Senhor ou o culto da Palavra, nós o fazemos para beber da água viva que Jesus tem a oferecer e para unir nossas vidas à vida de Jesus e, assim, estabelecer uma comunhão mais profunda com Deus. Deus não precisa de nosso culto; nós, sim, precisamos dele, porque os ritos podem alimentar nossa fé e renovar nosso compromisso de fidelidade no seguimento de Jesus.
4. Imagens para a prédica
O quarto sábio
Na prédica, pode-se recorrer ao filme “O quarto sábio” – uma alusão aos magos do Oriente, que vieram ao encontro do recém-nascido menino Jesus em Belém (cf. Mt 2). Vale a pena ver o filme, para ter elementos bem concretos que possam apoiar a prédica.
Para quem não viu ou não puder ver o filme, seguem algumas informações que podem ser aproveitadas. O filme apresenta um quarto sábio, que quis acompanhar os magos que foram se encontrar com o menino Jesus. Ele se preparou com muito dinheiro para a viagem e ricos presentes para entregar a seu rei. Mas, já na saída, ele se atrasou e ficou fora da caravana dos outros magos por causa de uma ação de solidariedade para com um homem abandonado no caminho, com o qual gastou parte de seu tempo e de seus bens. Ao longo do caminho, depara-se com diversas situações, diante das quais não consegue ficar indiferente: uma criança em situação de risco, leprosos que precisam de ajuda etc. A viagem vai se tornando cada vez mais demorada, e o destino corre o risco de nem ser alcançado, pois os recursos vão se esvaindo. Após muitos anos, porém, o quarto sábio chega a Jerusalém. Procura quase desesperadamente pelo “rei”, a quem quer entregar pelo menos alguma coisa que restou de seus bens. Depara-se, então, com a cena horrível do rei que procurava sendo levado para o suplício da cruz. Com suas últimas posses, com as quais queria homenagear seu rei, pensa subornar os soldados para que não executem o pobre condenado. Vendo, contudo, uma menina sendo levada como escrava para pagar a dívida de seu pai, dá o que resta de seus bens aos soldados em troca da liberdade da menina. Nesse exato momento, vê aquele que procurava morrendo numa cruz. Profundamente frustrado, recebe, porém, a revelação de que ele havia entregado todos os seus bens ao “rei” que procurava, pois esse se identificara com todas as pessoas às quais o quarto sábio havia prestado sua solidariedade.
O filme oportuniza falar do “sacerdócio” de Jesus e do culto que prestamos a Deus por meio de nossa vida de amor, solidariedade e compromisso para com nossos irmãos e irmãs. Trata-se de um culto de gratidão, pois não precisamos conquistar Deus, e de um culto de alimentação de nossa fé, esperança e amor.
5. Subsídios litúrgicos
Oração de coleta:
Ó Deus de amor! Muitas vezes e de muitos modos vos comunicastes com vossos filhos e filhas, revelando vosso plano de amor. De modo todo especial, vos manifestastes a nós por meio de Jesus, nosso irmão e vosso amado Filho. Ele foi o Servo no qual mais pudestes confiar. Ele foi também o irmão mais verdadeiro que os seres humanos poderiam ter. Concedei-nos a graça de nos unir sempre mais profundamente ao grande culto de sua vida, por meio do compromisso solidário com nossos irmãos e irmãos. Isso vo-lo pedimos, ó Pai amado, por vosso Filho Jesus e na unidade do Espírito Santo. Amém.
Oração de intercessão:
Por toda a igreja nascida da obra libertadora de Jesus, para que saiba situar-se de modo adequado no mundo de hoje, enriquecendo com seu testemunho e com a sabedoria do evangelho a busca por mais vida. Oremos ao Senhor.
Todos: Senhor, atendei a nossa prece!
Por todos os obreiros e obreiras das igrejas cristãs, para que exerçam sua liderança seguindo o exemplo de Jesus e participem de seu sacerdócio. Oremos ao Senhor.
Todos: Senhor, atendei a nossa prece!
Pelos governantes, para que exerçam o poder que lhes foi concedido com ética e compromisso com a vida e a liberdade de todo o povo. Oremos ao Senhor.
Todos: Senhor, atendei a nossa prece!
Por todas as pessoas que sofrem humilhações, rejeições e perseguições como o Servo Sofredor e Jesus, por causa de sua solidariedade com os excluídos da sociedade e da religião, para que Deus lhes conceda a força dos profetas. Oremos ao Senhor.
Todos: Senhor, atendei a nossa prece!
Bibliografia
VANHOYE, Albert. A Mensagem da Epístola aos Hebreus. São Paulo: Paulinas, 1983.
BÍBLIA SAGRADA. Trad. da CNBB. São Paulo: Loyola, 2001.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).