Proclamar Libertação – Volume 37
Prédica: Jó 19.23-27a
Leituras: Lucas 20.27-38 e 2 Tessalonicenses 2.1-5, 13-17
Autor: Roger Marcel Wanke
Data Litúrgica: 25º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 10/11/2013
1. Introdução
O final do ano eclesiástico é marcado por esperança. Por um lado, esperança diante da realidade da morte, pois ela não tem a última palavra. O cristão é aquele que vive a partir de uma viva esperança, cujo fundamento está na obra redentora de Jesus na cruz e em sua ressurreição (1Pe 1.3) e da qual ele é chamado a estar sempre preparado para dar razão (1 Pe 3.15). Sem a esperança da ressurreição, sua fé é vã (1Co 15). Por outro lado, o “apagar das luzes” do ano eclesiástico aponta também para a expectativa da vinda do Messias, que é reatualizada e celebrada a partir do primeiro domingo de Advento. O Messias é aquele que vem redimir seu povo. Ele é a intervenção do agir salvífico de Deus para dentro de uma situação de desespero e sofrimento. Essa intervenção de Deus acontece na pessoa de Jesus Cristo, o autor e consumador da fé (Hb 12.2), o princípio e o fim (Ap 1.8), aquele com quem terminamos e iniciamos o ano eclesiástico.
Para a pregação deste domingo, é indicada a perícope de Jó 19.23-27a, um texto veterotestamentário sapiencial que aponta para a esperança e para a certeza da intervenção de Deus em meio ao sofrimento. Já as leituras bíblicas previstas, conforme o Lecionário Comum Revisado, apontam para duas direções, que se complementam mutuamente. Em primeiro lugar, o texto do evangelho, Lucas 20.27-38, narra um encontro inusitado entre os saduceus e Jesus, cujo tema gira em torno da ressurreição. Os saduceus eram um partido religioso do judaísmo que, acima de tudo, não acreditava na ressurreição dos mortos. A esperança cristã é destacada nesse texto por meio das palavras de Jesus: “Deus não é um Deus de mortos, e sim de vivos, porque para ele todos vivem” (v. 38). Já o texto escatológico de 2 Tessalonicenses 2.1-5,13-17 é uma palavra de exortação à comunidade a permanecer firme diante da volta de Jesus e a não se deixar enganar por falsas doutrinas, principalmente relacionadas à escatologia. Além disso, o apóstolo exorta-a a permanecer firme diante do sofrimento e a guardar a tradição, que aqui se refere fundamentalmente ao evangelho, vivendo a partir da consolação e da boa esperança que vem de Deus. O centro deste culto, o 25º Domingo após Pentecostes, está na esperança cristã, que, mesmo em meio ao sofrimento do presente, pode olhar firme para o futuro de Deus, cuja intervenção definitiva acontecerá na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois tem seu fundamento claro no passado, na obra redentora de Jesus Cristo na cruz e na ressurreição dentre os mortos.
2. Exegese
Antes de abordar exegeticamente a perícope prevista para a pregação, faz-se necessária uma breve abordagem sobre o livro de Jó como um todo, principalmente pelo fato de Jó 19.23-27 ser usado, muitas vezes, fora do contexto. O livro de Jó é um exemplar da literatura sapiencial do Antigo Testamento e, junto com o livro de Eclesiastes, é conhecido por apresentar uma postura crítica à sabedoria. O livro questiona, acima de tudo, as relações de causa e efeito, base para se falar no período veterotestamentário e no judaísmo tardio de uma “doutrina da retribuição” (casuística judaica). Essa doutrina, partindo da Sabedoria Tradicional (grande parte do livro de Provérbios e da tradição deuteronomística – cf. Dt 28-30), postulava que o justo seria abençoado por Deus e o ímpio, por sua vez, castigado. O livro de Jó mostra exatamente o contrário; por isso é conhecido na pesquisa como um exemplar da Sabedoria Crítica, pois tem como referencial a Crise da Sabedoria, ou seja, o justo sofre e o ímpio parece ser abençoado. Nessa inversão, o agir de Deus fica incompreensível e imprevisível. Deus parece agir diferente do que costumeiramente, e suas promessas parecem não se cumprir mais. Com isso surge a pergunta pela presença de Deus em meio ao sofrimento do justo. O livro de Jó é formado por uma parte em prosa, o prólogo (1.1-2.13) e o epílogo (42.7-17), e outra em diálogo poético (3.1-42.6). A parte poética é formada por três momentos de diálogo entre Jó e seus três amigos (Elifaz, Bildade e Zofar), por três momentos de monólogos: Jó (29-31), Eliú (32-37) e do próprio Deus (38-41). Entre a parte em prosa e a poética encontra-se um lamento veemente de Jó, abrindo o diálogo com seus amigos, que não tinham palavras para dizer a Jó diante de seu grande sofrimento (3.1-26), e, no final do livro, uma confissão de Jó (42.1-6), logo após ele ter ouvido as palavras que Deus tinha a lhe dizer. No centro do livro encontra-se um belíssimo poema sobre a sabedoria oculta de Deus (28.1-28), que, embora seja o centro literário do livro, não corresponde a seu centro teológico. O poema apenas dá pistas para o que, no final do livro, no encontro e no confronto com Deus, seja a resposta a todo o problema de Jó. O tema central do livro é de cunho inteiramente teológico. Ele não é apenas um livro teológico por ser parte integrante da Bíblia e por falar de Deus, mas principalmente pelo fato de refletir o conceito de Deus. O sofrimento de Jó é, na verdade, apenas um tema transversal que auxilia na reflexão sobre a discussão de quem é Deus. Mesmo que Jó seja o personagem central do livro, Deus é seu protagonista principal. É sobre Deus e seu agir que todo o drama de Jó e toda a trama do livro giram.
Tendo visto esses aspectos mais gerais do livro de Jó, pode-se agora aprofundar a perícope 19.23-27a com vistas à pregação. O texto faz parte do sexto discurso de Jó (19.1-29) no final da segunda rodada de diálogo com seus três amigos (15.1-21.34). Nesse segundo bloco de diálogo, Elifaz inicia, com base no temor ao Senhor, acusando Jó e explicando seu sofrimento a partir do pecado, isto é, Jó sofre porque pecou (15.1-35). Em resposta a Elifaz, Jó fala que seu sofrimento é uma experiência da ira de Deus sobre ele em decorrência da fragilidade humana (16.1-17.16). Diante de tal resposta, Bildade não se contém e inclui na discussão o tema da sorte do perverso. Para Bildade, o justo não sofre como Jó. Somente alguém perverso, que não confessa o seu pecado, experimenta a ira de Deus (18.1- 21). Jó questiona a forma como tem sido tratado por seus amigos e fá-los saber que o perverso na história, a partir de sua experiência, é o próprio Deus. Diante da perversidade de Deus, Jó clama por compaixão de seus amigos (19.1-29). É nesse contexto que se encontra a perícope em questão. O texto seguinte, agora nas palavras de Zofar, volta à temática do castigo e do fim dos perversos (20.1-29). Para concluir essa segunda rodada de diálogo, que não encontra eco e consenso, Jó inverte a doutrina da retribuição, afirmando a prosperidade dos perversos e acentuando assim o sofrimento e o castigo do justo, confirmando, dessa maneira, sua tese de que Deus é perverso e, ao mesmo tempo, injusto para com o justo.
Os v. 25-27 apresentam vários problemas linguísticos, que dificultam sua tradução e, por conseguinte, sua compreensão. Basta comparar com as diferentes versões em português para ter uma ideia da real problemática (sugere-se aqui, a título de aprofundamento, que se faça uma comparação com as versões). Contudo, opta-se aqui pelo texto da versão de Almeida Revista e Atualizada por apresentar uma reconstrução plausível do texto. O capítulo 19 pode ser estruturado da seguinte forma: a) Resposta de Jó a seus amigos (v. 1-6); b) Jó lamenta o abandono que experimenta de Deus, o qual é visto como inimigo de Jó (v. 7-11); c) Jó lamenta o abandono e a exclusão social que experimenta por causa de seu sofrimento (v. 12-20); d) Clamor por compaixão (v. 21-22); e) A certeza de Jó acerca de sua redenção (v. 23-27); f) Há um juiz para aqueles que não têm compaixão dos que sofrem (v. 28-29). Dessa forma, fica claro que o contexto imediato da perícope 19.23-27 leva em conta três situações de abandono. Em primeiro lugar, Jó queixa-se do tratamento de seus amigos. Suas palavras o afligem. Jó não sabe se seus amigos querem injuriá-lo ou se engrandecer contra ele. De qualquer forma, o que se evidencia é o abandono. E por isso, em segundo lugar, Jó queixa-se de que Deus mesmo o oprime e o persegue sem sentido. Deus não ouve mais sua oração, trata-o injustamente, pôs trevas em seu caminho, tirou-lhe a dignidade, arrancou-lhe a esperança, age contra ele com sua ira e considera-o seu inimigo. E, por último, Jó queixa-se de ser abandonado pelos seus. Uma lista de pessoas, do relacionamento pessoal de Jó, é apresentada mostrando quem o abandona em seu sofrimento e de que forma esse abandono acontece: irmãos, conhecidos, parentes, servas, criados, sua esposa, crianças, amigos íntimos. Jó está sozinho. O que sobrou é ele mesmo, em pele e osso. Diante dessa descrição de abandono, Jó clama duas vezes a seus amigos por compaixão, mostrando, assim, seu desespero e sua indignação. Depois dessas palavras, Jó parece mudar um pouco o discurso. Em meio a seu abandono e sofrimento, ele consegue olhar para outra direção. É para esse aspecto que o texto da prédica quer apontar. Vejamos a perícope 19.23-27a em seus principais detalhes:
V. 23-24 – Quem me dera…: O julgamento dos amigos, bem como toda a situação de sofrimento e abandono que Jó experimenta, não pode ser a última palavra sobre Jó, nem a última palavra de Jó. Ele apela a uma instância ainda superior. A partir da linguagem jurídica, que também está no pano de fundo do livro de Jó, ele está convicto de que o tempo de revisão de seu processo vai chegar. Por isso ele precisa protocolar o seu testemunho, a sua defesa (cf. Jó 31.35-37). Jó espera por uma audiência diante de Deus (cf. Jó 9.32-35; 13.3; 16.19). O problema é que ele não encontra quem o escute. Ele deseja que suas palavras sejam escritas e gravadas, ou seja, algo que fi casse registrado para sempre (cf. Is 30.8; Hb 2.2). Provavelmente, ele está se referindo a todas as suas palavras ditas anteriormente, a todos os seus lamentos diante dos amigos e diante de Deus. Em meio às pessoas, Jó não encontra quem o ouça. Também Deus o abandonou e lhe trouxe todo o sofrimento e tribulação. Mas Jó não desiste da luta. Ele permanece firme e diante de Deus.
V. 25 – Eu sei que o meu redentor vive: Essas poucas palavras expressam convicção e certeza. Nelas, o drama vivido por Jó chega a um ponto alto. Em meio ao pior sofrimento, Jó consegue afirmar a mais sublime expressão de confiança. Contudo, a priori, essas palavras parecem contradizer tudo o que Jó havia dito desde o capítulo 3, quando deseja para si a morte. Quem lê o livro de Jó adiante vai se deparar também com passagens como 21.22-26 e 30.16-23, em que toda a esperança afirmada no v. 25 parece já não existir mais. Jó não tem mais motivos para crer em Deus, pois esse o abandonou. Mas Jó também não tem outro em quem confiar e esperar. Com convicção afi rma que seu redentor vive. Mas quem é o redentor de Jó? A palavra redentor, literalmente resgatador, é o termo hebraico go’èl. Esse é um termo técnico da jurisdição judaica, principalmente no que se refere ao direito familiar (cf. o livro de Hansjörg Bräumer, indicado na bibliografia para aprofundar os aspectos bíblicos e teológicos do termo go’èl, que aqui, por causa do espaço, fi cam limitados). O go’èl é o parente mais próximo de uma pessoa, destinado a libertar, a resgatar, a auxiliar aquele que passa por necessidades (cf. Lv 25.25; Rt 2.20; 3.12; 4.3). No Antigo Testamento, o próprio Deus também é chamado de go’èl (cf. Is 43.1; 63.16; Sl 19.14; 78.35). No entanto, nem todos os exegetas interpretam o go’èl de Jó 19.25 como sendo o próprio Deus. Alguns falam de outro resgatador anônimo; outros ainda apontam para o amigo Eliú. Fato é que Jó expressa a sua esperança de ter um resgatador, mesmo sendo abandonado por todos aqueles que poderiam, pela legislação, ocupar essa função, sejam eles amigos, parentes, seja o próprio Deus. Mas se Jó espera por um outro resgatador, que não seja o próprio Deus, como comumente é dito na pesquisa, então se corre o grande risco de pôr a perder toda a teologia da abscondicidade de Deus, que é um dos temas principais em Salmos, Jó e no Dêutero-Isaías. Nesses casos, o sofredor clama contra Deus a Deus. Por conseguinte, compromete-se, dessa forma, a própria Teologia da Cruz, tão crucial na teologia luterana. Jó chama Deus de go’èl, pois só tem a Deus como seu intercessor contra Deus que se revela como seu juiz. O Deus que com sua ira julga é aquele Deus que para Jó também vive e vai redimi-lo por sua graça.
V. 26-27 – Ver a Deus: A esperança e a certeza de Jó não se referem apenas ao fato de saber que seu redentor vive, mas que o mesmo será visto por Jó. Ver a Deus é seu anseio, que se concretiza em 42.5, após seu encontro com Deus. Palavras como pele, carne, corpo, coração e pó apontam para a conditio humana, para aquilo que se manifesta na fragilidade e transitoriedade humana. A esperança que se torna certeza em Jó deixa essa fragilidade e transitoriedade do ser humano continuar existindo, mas sua esperança se fundamenta, como toda a esperança de Israel e da igreja, no próprio Deus (cf. Is 8.17; Jo 6.68). Jó está certo de que o Deus que o criou do pó da terra pode criá-lo novamente após sua morte, pois é um Deus de vivos e não de mortos. Esta é a última consequência daquele que crê e espera em Deus: Ele verá a Deus (cf. Ap 22.4). A partir de tudo isso, não é em vão que desde João Crisóstomo, um dos Pais da Igreja (344/54-407), a cristandade tem interpretado Jó 19.25 como um texto que aponta para a esperança da ressurreição e como texto messiânico, falando do Redentor Jesus Cristo, que vive e será visto.
3. Meditação
Como lidamos com o sofrimento? Que espaços nós temos em nossos cultos e em nossas comunidades para o lamento? Como reagimos ao sofrimento das pessoas que vêm para o culto, que nos procuram para o aconselhamento pastoral? Como continuar crendo em Deus se ele não ouve mais orações? Como continuar crendo em Deus e ter esperança se a experiência de um Deus abscôndito é tão cruel? Essas e outras perguntas surgem quando nos ocupamos com o livro de Jó e com a perícope de Jó 19.23-27. Mesmo que não tenhamos todas essas respostas, e muitas delas, inclusive, ultrapassam o tempo disponível para a prédica, temos que levar em consideração que as pessoas que estão em nossos cultos nem sempre vêm com o coração cheio de júbilo e alegria. Nem sempre há nos participantes do culto uma disposição para o louvor e a gratidão a Deus. O culto tem a função de levar as pessoas ao louvor e à gratidão a Deus, mas muitas delas chegam à igreja com o coração partido e pesado. Muitas delas nem vêm ao culto por estar decepcionadas com Deus e com as pessoas. O que fazemos nessa situação? Vamos tentar resolver o problema como os amigos de Jó? O abandono que Jó experimenta é dramático e total. Jó não consegue mais experimentar a presença de Deus, nem a presença do ser humano. Ele está sozinho, assim como muitas pessoas em nossas comunidades. Jó não fugiu de seus problemas, nem de seu sofrimento. O texto mostra-nos que ele, apesar de tanta dor e decepção, principalmente com Deus, não abre mão de estar diante de Deus. A pregação deveria apontar para essa realidade. A atitude de Jó de saber, pela fé, que seu redentor vive é o que lhe dá esperança e é o que o mantém firme na fé. Contudo, Jó crê contra a fé e espera contra a esperança. O sofrimento é bíblico e atinge também o crente. O crente, contudo, é chamado a perseverar e a olhar para seu redentor, que vive.
Não há pregação cristã sem apontar para Cristo. Por isso também a estrutura da prédica precisa ser um anúncio claro e lógico dessa centralidade do evangelho, da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Para a pregação, sugere-se a partir do texto o seguinte esboço homilético:
Tema da pregação: Esperança e redenção em meio ao sofrimento
1. O desespero em meio ao sofrimento
1.1 Abandonado por Deus
1.2 Abandonado pelas pessoas
2. A esperança em meio ao sofrimento
2.1 Eu sei que o meu Redentor vive
2.2 Eu sei que os meus olhos o verão
3. Jesus Cristo em meio ao sofrimento
3.1 Jesus Cristo sofreu o meu abandono – Só nele me refugio
3.2 Jesus Cristo vive e é o meu Redentor – Só nele tenho esperança
3.3 Jesus Cristo voltará – Só nele há consolo
4. Imagens para a prédica
Para ilustrar a pregação, sugere-se um testemunho vivo de alguém da comunidade que passou por muito sofrimento e que pôde permanecer firme diante
da situação de desespero, pois colocou sua esperança e confiança em Jesus Cristo. Um exemplo de alguém da comunidade fala muito mais alto do que as estórias ou ilustrações de pessoas e lugares distantes, contadas muitas vezes por pregadores. Essa ideia pode servir de introdução à própria pregação. Além disso, temos na história da igreja uma famosa frase de Agostinho de Hipona, que, ao interpretar o livro de Jó, afirma: “Jó foge de Deus para o colo de Deus”. Com essa frase se quer ilustrar o fato de não termos outro que nos console diante do sofrimento. A verdadeira esperança está no Redentor Jesus Cristo, que vive e voltará. Essa frase de Agostinho exemplifica o que tanto se fala em nosso meio como teologia da cruz.
5. Subsídios litúrgicos
O culto deve expressar a esperança em meio ao sofrimento e o consolo diante da vinda do Redentor. Nesse sentido, o culto todo deve estar voltado à temática da prédica.
a) Hinos: Aqui se sugerem os seguintes hinos para antes e depois da prédica: 298 e 301 do HPD I (o conteúdo desses hinos aponta para Jesus Cristo como Redentor, que vive e que por isso nos dá a esperança); além desses, podem ser cantados os seguintes hinos: 69, 184, 217, 221, 229. Do HPD II podem ser cantados os seguintes hinos: 438, 440, 441, 454, 456 e 458. Todos eles expressam a esperança cristã da intervenção de Deus no sofrimento individual e coletivo.
b) Liturgia de entrada: No momento da confissão de pecados, sugere-se confessar diante de Deus o pecado da comunidade local em relação aos que sofrem. O contexto de Jó 19 aponta para a exclusão e o abandono do sofredor. Muitas vezes, como comunidade cristã, somos como os amigos de Jó, que não ouvem mais o lamento do sofredor, sem antes se colocar numa posição de juiz. Outras vezes, também somos, como comunidade, ausentes em meio ao sofrimento. Nossos enfermos e enlutados experimentam o abandono da comunidade.
c) Liturgia da Palavra: No momento da oração de intercessão, sugere-se fazê-la com mais pessoas da comunidade, que intercedem especificamente pelos que sofrem e precisam de esperança e consolo: enfermos, enlutados, desempregados, desanimados, enfim todos os que enfrentam o desespero e o sofrimento.
d) Liturgia de despedida: Antes da bênção, deveria ser dito que receber a bênção de Deus no final do culto não significa que estamos isentos do sofrimento, mas que podemos contar com a presença de Deus em meio a ele. No envio, seria interessante lançar um desafio mais concreto do que apenas as palavras litúrgicas: “Ide em paz e servi ao Senhor”. De que forma nossa comunidade pode ir em paz e servir ao Senhor? Esse aspecto já pode fazer parte da aplicação da prédica, mas deve também ser ressaltado aqui no envio. Desafie a comunidade a servir ao Senhor indo ao encontro dos que sofrem e dos desesperados. Desafie concretamente a comunidade a fazer visitas aos enfermos e aos enlutados que em 2013 perderam algum ente querido.
Bibliografia
BRÄUMER, Hansjörg. Sombras no meu caminho. O enfermo diante da enfermidade e do Deus inescrutável. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1999.
FOHRER, Georg. Das Buch Hiob (Kommentar zum Alten Testament 16). 2. ed. Berlim: Evangelische Verlagsanstalt, 1988.
WANKE, Roger Marcel. Praesentia Dei – Die Vorstellungen von der Gegenwart Gottes im Hiobbuch. Beihefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft, Band 241. Berlim; Nova York: Walter de Gruyter, 2012.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).