A vida, a luz e o Verbo montaram sua tenda entre nós
Proclamar Libertação – Volume 40
Prédica: João 1.1-14
Leituras: Isaías 62.6-12 e Tito 3.4-7
Autoria: Ana Isa dos Reis
Data Litúrgica: Dia de Natal
Data da Pregação: 25/12/2015
1. Introdução
É Natal! A comunidade que celebra alegra-se com a mensagem, com o milagre do Natal: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. O céu beija a terra. O Senhor veio montar sua tenda entre nós. Ele é um Deus presente, que se importa conosco, que faz o caminho até nós.
O Evangelho de João não relata a história do nascimento de Jesus. Ele escreve o que esse nascimento significa para a humanidade, ele dá pistas teológicas, chamando à fé.
Sem dúvida, o Natal é uma das festas mais queridas do Ano da Igreja, senão a mais querida. O fim do ano aproxima-se. E um clima diferente espalha-se no ar. É comum ouvir gente dizendo que, no Natal, as pessoas são mais solidárias, mais amáveis, mais dispostas. Que tal aproveitarmos esse clima? Assim já canta Roupa Nova na canção Natal todo dia: “Um clima de sonho se espalha no ar, pessoas se olham com brilho no olhar, a gente já sente chegando o Natal, é tempo de amor, todo mundo é igual. Os velhos amigos irão se abraçar, os desconhecidos irão se falar. E quem for criança vai olhar pro céu, fazendo um pedido pro Velho Noel. Se a gente é capaz de espalhar alegria, se a gente é capaz de toda essa magia, eu tenho certeza de que a gente podia fazer com que fosse Natal todo dia. Um jeito mais manso de ser e falar, mais calma, mais tempo pra gente se dar. Me diz por que só no Natal é assim? Que bom se ele nunca tivesse mais fim! Que o Natal comece no seu coração. Que seja pra todos sem ter distinção. Um gesto, um sorriso, um abraço, o que for. O melhor presente é sempre o amor” (https://www. youtube.com/watch?v=FjSDsg_8G8U).
Este é o presente dado a nós no Natal: Jesus, o Logos, o Verbo encarnado, vem morar no meio de nós. Assim fala a mensagem: o presente não foi embrulhado. “O Primeiro Presente não foi embrulhado, não teve laço, não foi comprado na internet nem em um shopping. O Primeiro Presente de Natal foi um presente simples, um presente sagrado. Não foi ouro, nem incenso, nem mirra. Foi um presente de amor e vida e paz e esperança, dado por um pai a todos os seus filhos e filhas. ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira…’ e amou você… e você… e você… e a cada um de nós. Ele deu seu Filho. Ele é o Cristo. Ele é o Natal. Ele é O Presente! Neste Natal, descubra o Presente, abrace o Presente. Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16)” (https://www.youtube. com/watch?v=ub1_MJ4UVgU). Tornar o Natal um momento inesquecível é sempre uma tarefa nova. Ainda que a tenda seja tão simples, ainda que a manjedoura seja tão dura, é ali que Deus vem a nós. Essa mensagem que desejamos que ecoe dentro das pessoas e as transforme. Que o Espírito de Deus sopre a fé, a esperança e o amor sobre todos nós e nos ajude a viver o verdadeiro sentido do Natal! Hoje e a cada dia!
2. Exegese
2.1 – Momento histórico e autoria
O Evangelho de João é bastante diferente dos evangelhos sinóticos (Mt, Mc, Lc). Cerca de 90% do Evangelho de João contêm algo novo e diverso do que nos demais evangelhos: há poucos milagres narrados e não aparecem parábolas. Trata-se de um livro que pretende aprofundar a fé já conhecida, celebrada e vivenciada com vistas ao fortalecimento da comunidade, na certeza de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus: dele provém a vida.
Foi escrito, provavelmente, de acordo com novas pesquisas, para um grupo de seguidores de Jesus em conflito com as autoridades religiosas judaicas e com algumas doutrinas falsas, como a dos gnósticos. Sua datação traz controvérsias: chegou-se a datá-lo para o final do segundo século. Mas a pesquisa descobriu que no ano 130 d.C. esse evangelho já estava bastante disseminado. Atualmente, as pesquisas indicam que o mesmo tenha sido escrito entre 90 e 100 d.C.
A tradição da igreja, especialmente Irineu, atribui o evangelho a João, o discípulo amado, filho de Zebedeu. Existem controvérsias também em torno da autoria, sendo que nem todas as pesquisas concordam quanto à identifi cação do autor com o discípulo João. Importa ressaltar que, possivelmente, o autor seja judeu e tenha escrito em grego.
2.2 – Estrutura do Evangelho de João
1. Prólogo: Jesus, o Logos/Verbo encarnado – 1.1-18
2. João Batista e a vocação dos discípulos: 1.19-51
3. Jesus como enviado e revelador do Pai no mundo: 2.1-12.50
4. Discursos de despedida aos discípulos: 13.1-17.26
5. Paixão, morte e ressurreição de Jesus: 18.1-20.31
Adendo: aparições do Ressuscitado: 21.1-25
2.3 – Observações exegéticas acerca da perícope
a) O Prólogo parece ter sido um poema ou um hino cristão primitivo, com comentários entremeados em forma de prosa. Seu conteúdo possui semelhanças com Provérbios, Sabedoria de Salomão e Eclesiástico.
V. 1 – Atentemos para três termos deste versículo:
a) No princípio (archē, em grego; bereshît, em hebraico) remete ao texto da criação em Gênesis 1, retomando temas como a “mediação” da Palavra Criadora e a “separação” entre trevas e luz, referindo-os a Jesus. Aqui, a obra inaugural da criação encontra-se relacionada com a obra defi nitiva realizada pelo mesmo Deus.
b) Logos remete à sabedoria de Deus relatada em Provérbios, que era/existia em Deus desde sempre, antes mesmo da criação do mundo. Segundo Champlin, para o Evangelho de João esse Logos/Verbo/Palavra é: 1) uma força criadora; 2) uma força controladora; 3) uma pessoa (mesmo identificada com Deus, não obstante seja pessoa distinta de Deus Pai/Mãe, lançando o alicerce para o conceito da Trindade Divina); 4) uma personalidade, de natureza divina, embora tivesse encarnado como ser humano, ou seja, é vero Deus e vero homem; 5) o Logos é quem revela Deus, servindo de elo de conexão entre Deus e nós seres humanos; 6) o Logos veio para aproximar Deus dos seres humanos; 7) o Logos é a expressão de Deus na criação inteira e não meramente para o ser humano, pois ele sempre existiu.
c) Ser: no grego faz-se diferença entre ser – einai, que só compete a Deus, e tornar-se – genesthai, que é a categoria das criaturas. Neste versículo, era aparece três vezes, com os respectivos sentidos: era o Verbo (existência), estava junto com Deus (relação), era Deus (predicação). Ao passo que o Verbo era Deus, que preserva uma unidade de substância ou de natureza essencial, também é conservada a distinção entre pessoas. Mesmo sendo divino, ou justamente por isso, existe uma distinção entre o Deus Pai/Mãe e o Verbo Encarnado, ainda que sejam idênticos em essência. O que estava e o que era acentuam a doutrina da consubstancialidade, refutando doutrinas que não identificavam as pessoas da Trindade como sendo da mesma substância. Lembro-me de Lutero que dizia: Deus eu conheço de costas a partir de Jesus.
V. 2 – Parece repetir o v. 1, ainda que na ordem inversa. Contudo, ele intensifica que o Verbo, desde a eternidade, estava com Deus, ou seja, nunca houve um tempo em que o Verbo não era.
V. 3 – Este versículo ataca a versão gnóstica que dizia que a natureza essencial da matéria é má. Colossenses 1.16 usa três preposições que nos ajudam a entender este versículo: a) em: o Filho como esfera, impulso inerente da criação; b) por: o Filho como causa da criação; c) para: o Filho como o alvo da criação.
V. 4 e 5 – Jesus é apresentado por João como a vida e não qualquer vida, mas como aquele que derrota as trevas e a escuridão, que afastam o ser humano da fonte da vida verdadeira. O Evangelho de João apresenta Jesus como aquele que se autodefine como promotor da vida: João 10.10 (Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância); 10.11 (O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas); 14.6 (Eu sou o caminho, a verdade e a vida); 6.35 (Eu sou o pão da vida); 20.31 (… creiam que Jesus é o Messias, Filho de Deus. E para que, crendo, tenham a vida por meio dele). E o texto clássico de João 3.16: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Esse Logos, que é a vida, é também a luz. Aqui a luz está em oposição à escuridão, às trevas, que lembram do pecado, do afastamento em relação a Deus. Apenas essa luz, o Logos, é quem pode dissipar as trevas. É a luz que põe fim ao caos do Gênesis, a primeira obra da criação.
V. 6-8 – Estes versículos falam acerca de João Batista, constituindo-se em comentário, em forma de prosa, de poema ou hino de louvor ao Logos, que seria o Prólogo. De acordo com escritos do historiador judeu Flávio Josefo, João Batista tinha muita influência entre o povo comum, e imensas multidões costumavam segui-lo no deserto. Muitos consideravam-no o Messias. Contudo, o próprio João apresenta-se como “aquele que veio para preparar o caminho do Senhor”, cumprindo o que fora anunciado pelos profetas do Antigo Testamento. João sabia-se comissionado por Deus para ser o preparador, o enviado, a testemunha que haveria de testificar acerca de um poder maior e de uma pessoa mais exaltada, o Messias esperado, o Logos encarnado. O Evangelho de João não menciona o termo Batista ao dirigir-se a João, exclusivo em Marcos. João Batista, na compreensão do evangelista, foi chamado e incumbido pelo próprio Deus para chamar o Israel inteiro ao arrependimento (todas as classes sociais, abalando, inclusive, fariseus e saduceus), a fim de preparar o caminho para o Messias e testificar que aquele era a luz verdadeira. João Batista não era a luz do mundo, mas o precursor da luz. Essa humildade de João Batista sempre me constrange e me anima a reconhecer e viver como esse humilde precursor: “convém que Cristo cresça e que eu diminua”.
V. 9 – Jesus é a verdadeira luz, reafirmando o que já se entrevia nos versículos 4 e 5. Desde sempre, o Logos era a luz e, ao vir ao mundo, ele se tornou, em forma mais ativa e palpável, o iluminador dos seres humanos.
V. 10-12a – A vinda da luz, do Logos/Verbo ao mundo provocou duas reações distintas: a) incredulidade; b) fé. Diz-se que o mundo não o reconheceu, e os seus não o receberam. Contudo, houve aqueles que creram nele e o receberam. Fico me perguntando: o que teria impedido “alguns” de reconhecer em Jesus o Messias, o Logos, a encarnação? Talvez as expectativas criadas em torno do Messias, alicerçadas na conjuntura da época, em que se esperava um líder de reformas políticas, sociais, econômicas e que elevasse Israel à nação única e amada por Javé. E continuo me perguntando: o que fez com que “alguns” cressem nele? O que me faz crer em Jesus como o Logos, o Verbo encarnado? A fé é obra do Espírito Santo em nós. Fé, como diz Paul Tillich, é “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente”. A mensagem transformadora que Jesus anunciava, seu jeito de ser, questionar, envolver deve ter seduzido muitos a segui-lo, assim como me enche de uma força tão grande, que toma conta totalmente de mim. Como diz Knebelkamp: o milagre do Natal (“a Luz veio ao mundo e resplandeceu sobre as trevas”) traz consigo a tragédia do Natal (“os seus não o receberam”), mas também, fortemente, a chance do Natal (“alguns o receberam, creram nele” e o seguiram).
V. 12b-13 – Aqueles que creram no Logos foram tornados filhos e filhas de Deus, não por merecimento ou vontade, mas através da ação de Deus. A filiação divina dos que creram é presente imerecido de Deus. Deus deu o primeiro passo, vindo em Jesus, o Verbo encarnado. A resposta à ação de Deus foi de incredulidade de alguns e fé da parte de outros. Seja qual tenha sido a resposta, é impossível ser ou ficar indiferente à ação de Deus.
V. 14 – Aqui se repudia a afirmação gnóstica que ensinava que o corpo é residência do princípio do mal e que o que se faz com o corpo pouca diferença faz para a alma/espírito. Os gnósticos também diziam que o Logos (Cristo Espírito) teria descido sobre o homem Jesus por ocasião do seu batismo, tendo-se afastado dele quando da crucificação. O evangelista contrapõe que Jesus é verdadeiro ser humano, e não fantasma. Neste versículo, tão querido em nossa teologia, a palavra em grego para habitou deriva do substantivo tenda. Ou seja, o Logos montou sua tenda entre nós. Essa pode ser entendida como uma alusão à tenda do Senhor, conforme lemos em Êxodo 25.8-9, 40.34. O contato com esse Logos, que montou sua tenda no meio dos seres humanos, ocorre face a face. Diferentemente dos evangelhos sinóticos, João não narra de forma plástica o nascimento de Jesus, mas fala de sua vinda como o Verbo que se fez carne e armou sua tenda entre nós, neste mundo, neste tempo, ainda que sempre tenha existido e continue existindo pelos séculos dos séculos.
3. Meditação
Naquele primeiro Natal, os anjos cantaram, alegres, o nascimento de Jesus. Deus veio a nós na frágil criança da manjedoura de Belém. Essa criança é o Logos, o Verbo que se fez carne, o Deus que se torna palpável, aquele que sempre existiu e que esvaziou-se a si mesmo descendo até nós, seres humanos. Deus não está longe nem alheio à situação dos seres humanos; antes, é um Deus próximo, que abre seu coração para nós em Jesus Cristo. Saber que Deus tem tamanho amor pelos seres humanos impele-nos a experimentar desse amor de forma concreta, a viver a partir dele e a reparti-lo com os semelhantes.
Penso que, de certa forma, a comunidade reunida espera rememorar aquele primeiro Natal, a mensagem simples, a estrebaria, o coro angelical, a visita dos pastores. É o milagre do Natal recontado sempre de novo. Mas, então, me pergunto: o que isso significa para minha vida? Em que isso transforma a minha rotina? O que isso muda e mexe em mim? Talvez hoje, a tragédia, a tristeza do Natal seja que a mensagem se tenha tornado tão conhecida, que já não chama mais a atenção de fato, já não mexe mais com minhas entranhas. A cada Natal, quando encenamos algo na comunidade ou recontamos aquele primeiro Natal, vejo os olhos marejados das pessoas e sua emoção. Mas pergunto: o que isso significa de fato? Isso me torna uma pessoa mais amável? Mais respeitadora? Mais acolhedora? Mais solidária? Mais justa e honesta? Mais sensível à dor dos outros? Mais envolvida com a causa do reino? Mais apegada a Jesus, a luz do mundo? Torna-me uma pequena luz onde estou? Sabemos que ainda hoje haverá “alguns” que não recebem e nem receberão o Verbo encarnado, que terão suas hospedarias cheias demais para acolher o Cristo, que terão pressa demais para ouvir os anseios dos que precisam. Sim, alguns terão presépios de muitos reais, mas não fazem de sua casa o presépio, não deixam seu coração ser manjedoura (como canta a última estrofe do hino “Ao pé da manjedoura estou” – HPD 26).
A grande possibilidade do Natal é deixar que a mensagem anunciada há mais de dois mil anos encontre eco dentro de mim. É crer, é deixar-se possuir completamente pelo Logos, pelo Verbo que montou sua tenda em nosso meio. É ser como “aqueles que receberam o Logos, que creram nele”. Não importa se sua vida seja um simples estábulo ou um castelo; o que importa é que as suas portas estejam abertas para acolher o Messias, o Emanuel. É bem verdade que, ao acolhermos a luz, o Logos, já não seremos mais os mesmos. Sua luz invadirá cada pedaço de nós, afastará as trevas, trará a vida verdadeira, o sentido mais profundo da existência. E, sim, é um risco. Mas um risco que vale a pena correr, porque nenhuma vida compara-se à vida que o Senhor da Vida, a luz, o Logos, o Verbo encarnado nos traz.
O Natal lembra-nos de que não precisamos construir nossa escada para alcançar a Deus, porque é ele quem faz o caminho até nós, quando vem montar sua tenda em nosso meio através de Jesus de Nazaré. Quando deixamos que Deus nos alcance, em gratidão e alegria, movidos pelo amor que vem do Senhor, engajamo-nos na construção de caminhos que vão ao encontro do próximo, especialmente daqueles que, neste Natal, têm muito pouco ou nada a festejar, que mal têm onde morar, que são injustiçados, que enfrentam as trevas da morte quando buscam saúde, educação, segurança, liberdade religiosa.
É Natal! Jesus montou sua tenda e veio morar em nosso meio. Ele muda a realidade. Um novo tempo inicia.
É Natal! Para todas as pessoas! Jesus nasceu para todos. A resposta depende de nós. À ação de Deus é impossível ficar sem resposta. Mas se percebe, no entanto, que existe uma certa morosidade na fé. A gente crê, vai na igreja, vive a espiritualidade… mas nem sempre isso me torna um Cristo para as outras pessoas.
É Natal! Cristo nasceu! Ele quer nascer sempre de novo em minha vida, na vida de minha família e na comunidade. Ele quer alcançar a vida! A luz! A salvação! E eu, simplesmente, sou chamada a abrir as portas, a deixar que ele entre, monte sua tenda também dentro de mim, no meio da minha família e da minha comunidade. Tão simples! E tão radicalmente transformador! Sim, nunca mais serei a mesma! Porque, quando sua luz acender meu pavio, tudo em mim ficará iluminado, as trevas serão vencidas. Porque, quando a vida me dá vida, já não me contento mais com qualquer vida, mesmo que seja a mais cheia de badulaques.
É Natal! Aquele menino frágil que experimentou o madeiro em seu nascimento voltará a experimentá-lo na cruz, mas ressuscitará e inaugurará um novo tempo. Esse menino, o Emanuel, é o Salvador, o Messias esperado, o Filho de Deus. Ele é a vida! Ele é a luz! Ele montou sua tenda entre nós!
4. Imagem e dinâmica para a prédica e a celebração
A própria celebração do Natal traz várias imagens: presépio, pinheiro, velas, presentes. Sugiro, no entanto, que o presépio receba, nesta celebração, um destaque especial. Se for possível montar um presépio grande dentro da igreja. Sugiro que as suas luzes (a exemplo da estrela do Natal) estejam apagadas, bem como as luzes da igreja (se for à noite, deixe-se à meia-luz). Apenas o círio pascal poderia estar aceso junto ao presépio (quem sabe, ao lado do cocho), lembrando que Cristo é a luz verdadeira, o Logos que era e estava com Deus, que sempre existiu. No momento da proclamação do evangelho, quando lido que o “Verbo é a luz” (v. 4), sugiro uma pausa na leitura para que as luzes do presépio sejam acesas e, mais adiante, quando lido o versículo 12, outra pausa ocorra, enquanto as luzes da igreja são acesas. O Logos que vem montar sua tenda entre nós, que é a luz verdadeira, que sempre existiu, é a personificação da graça de Deus, é o Deus conosco, quem nos chama a uma resposta de fé, testemunhando e vivendo seu evangelho.
A música de Rolf Zuckowski (Mitten in der Nacht) poderia ser um bom recurso. Ali diz: “Da wurde mitten in der Nacht ein Kind geboren. Da war mit einem Mal der Himmel nicht mehr fern (…) Da wurde dir und mir ein neues Licht gegeben, das unsere Herzen immer neu erwärmen kann. Und wenn es dunkel wird für uns in diesem Leben, fängt es mit seiner ganzen Kraft zu leuchten an” (https://www.youtube.com/watch?v=r1UHyVsbBCk).
5. Subsídios litúrgicos
Recepção
Uma equipe deve estar à porta recebendo as pessoas que chegam para a celebração.
Gloria in Excelsis
Sugiro que ele seja entoado, completo, em sua versão clássica ou que seja elaborado um Glória a partir da realidade atual.
C. ♪ Glória, glória, glória a Deus nas alturas.
Glória, glória, paz entre nós, paz entre nós.
1: Senhor Deus, Rei dos céus,
2: Deus Pai todo-poderoso:
1: nós te louvamos,
2: nós te bendizemos,
1: nós te adoramos,
2: nós te glorificamos,
1: nós te damos graças
2: por tua imensa glória.
C. ♪ Glória, glória, glória a Deus nas alturas…
1: Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito;
2: Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai:
1: tu que tiras o pecado do mundo, tem piedade de nós.
2: Tu que tiras o pecado do mundo, acolhe a nossa súplica.
1: Tu que estás à direita do Pai, tem piedade de nós.
2: Só tu és o Santo;
1: só tu, o Senhor;
2: só tu, o Altíssimo,
1: Jesus Cristo, com o Espírito Santo,
2: na glória de Deus Pai. Amém.
C. ♪ Glória, glória, glória a Deus nas alturas
Oração do dia
Querido Deus, agradecemos porque montaste tua tenda em nosso meio, ficando tão próximo de nós. Cremos no Verbo que se fez carne e habitou entre nós, esvaziando-se a si próprio. Pedimos, Senhor, que estejas sempre ao nosso lado para que também neste Natal o menino Jesus possa nascer em nosso coração e permanecer em nossa vida durante todos os dias do novo ano. Ensina-nos a ser fi éis testemunhas da Boa Nova que partilhas conosco a cada Natal. Por Jesus Cristo, a frágil criança da manjedoura, nosso presente, que era desde sempre e que vive e reina contigo e com o Espírito Santo hoje e para sempre. Amém.
Sugestão de hinos
Jesus Cristo, vida do mundo (OPC 158); Natal é vida que nasce (HPD 312); Cantai, cristãos (HPD 14); Ó vinde, meninos (HPD 24); Ao pé da manjedoura estou (HPD 26); Renovo mui delgado (HPD 32).
Bibliografia
De anos anteriores, sugerimos a leitura das contribuições de WITT, Osmar (PL 37) e KNEBELKAMP, Ari (PL 31).
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Milenium, 1986.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).