Vem, Espírito de Deus!
Proclamar Libertação – Volume 45
Prédica: João 15.26-27; 16.4-15
Leituras: Ezequiel 37.1-14 e Romanos 8.22-27
Autoria: Hans Alfred Trein
Data Litúrgica: Domingo de Pentecostes
Data da Pregação: 23/05/2021
1. Introdução
Em Jesus, Deus esteve presente na história. Na despedida, ele promete o Paracleto, que continua a revelação. Revitaliza-se, num estágio mais avançado da espiral da história1, o significado do nome de Javé em Êxodo 3.14: Eu sou o que está aí e estarei aí. É o paraklētos, o ad vocatus, o que está chamado para ficar junto, nas angústias e perseguições, já que o egō emi 2 volta à origem, vai em direção ao Pai. Aqui transparece o pano de fundo da teologia joanina: do Cristo preexistente que cumpriu sua missão na terra (17.4), pois Deus amou o mundo de tal maneira […] (3.16), e retorna ao Pai em glória. “O Espírito (Santo) está como que chaveado dentro da carne de Cristo sobre a terra; Ele só ganhará a plena liberdade de ação, pela glorificação de Jesus” (LOISY apud BULTMANN, 1968, p. 431).
Jesus tem de se ausentar, caso contrário, o Paracleto não virá (v. 7)3. Os discípulos estão tristes, sentem-se órfãos. Jesus esperava que se alegrassem, afinal, o paraklētos seria o elo de ligação entre eles. Ainda não haviam feito a experiência de que Jesus, ausentando-se fisicamente, iria para dentro deles, como experimentado pelos jovens de Emaús, e como, desde os primórdios, Deus nos presenteia no sacramento da Ceia do Senhor. É a missão do Consolador e Espírito Verdade. O testemunho dos discípulos não será um mero relato histórico do que aconteceu. Continuarão a obra de Jesus, auxiliados pelo Espírito Santo (20.23).
2. Exegese
A revelação ocorrida por meio da atuação de Jesus Cristo, de fato, só é revelação absoluta se ele permanecer sendo o Revelador. Jesus só permanece sendo o Revelador se ele enviar o Espírito. Ele só pode enviar o Espírito quando tiver ido. Por meio do Paracleto a revelação continua se concretizando. 16.8-114 desenvolve como essa atuação permanente vai acontecer. “Objetivamente, essa afirmação significa o mesmo que aquela outra: Jesus teve de ser glorificado através da morte, para ser Aquele que Ele na verdade é” (BULTMANN, 1968, p. 430). Teve de se ausentar, para que seus discípulos não tivessem a ilusão de terem se apossado da revelação.
Ele só pode continuar sendo o Revelador, como Aquele que constantemente quebra o que está dado, destrói a certeza, que irrompe do além e que chama para dentro do futuro. Só assim, o crente será protegido de voltar-se a si mesmo e ali permanecer, ao invés de deixar-se desamarrar de si mesmo e remeter-se constantemente ao futuro. O sentido da revelação é libertar o crente; a segurança que ela dá não é a consistência do presente – na verdade sempre já passado – mas, sim, a eternidade do futuro. Por isso também o discípulo das gerações posteriores nunca poderá segurar a revelação que o encontrou, seja a experiência da alma, seja o reconhecimento ou a cultura cristã. Também para esses Jesus é aquele que está sempre se despedindo; e se ele não conhece a λύπη (luto, tristeza) do abandono, também não experimentará a χαρά (alegria, júbilo) da conexão (BULTMANN, 1968, p. 431-432; tradução própria).
Isso significa que está apodrecendo de maduro o tempo em que temos que deixar o estático “ser cristãos” para um dinâmico “tornarmo-nos cristãos”. Igrejas cada vez mais vazias são um sinal dos tempos: o rosto do cristianismo não pode ficar preso aos templos. Temos de voltar a descobrir-nos como sendo “os do caminho” (At 9.2; 16.17; 18.26; 22.4), fazer uma viagem ao âmago do evangelho. Jesus está à porta e bate. Talvez esteja batendo do lado de dentro das igrejas e queira sair! Ou talvez até o crucificado e ressurreto “Jesus da gente” já tenha saído para as periferias do mundo e a gente nem notou, pois ele pode atravessar portas fechadas!
“Convencerá o mundo do pecado, porque não creem em mim.” Elenxei, acusar com uma prova contundente, substantiva, demonstrar (BAUER, 1971, p. 494), pois o juízo humano sobre o estado do mundo é cego, deixa-se confundir por ideologias mentirosas e o poder do Mammon, em suma, é incapaz do conhecimento de Deus (17.25) e da verdade que liberta (8.32). Constata-se o pecado no sentido de 15.21-25: não crer na revelação (1.8) e permanecer nas trevas (12.46; 9.41; 3.36).
“Convencerá o mundo da justiça, porque vou para o Pai e não me vereis mais”. Jesus experimentou todo potencial de perseguição da fonte difusora do ódio, onde se alinharam autoridades civis, jurídicas e religiosas, inclusive os piedosos fariseus, até a morte na cruz. O mundo não apenas julgou mal um ser humano nobre (1.10), há dois mil anos, mas descartou a revelação e continua fechando-se a ela. A ressurreição de Jesus foi um ato de justiça de Deus diante de seus detratores e assassinos. É liberdade plena do julgamento e do poder do mundo. Ele não pertence mais ao mundo; tornou-se indisponível para o mundo.
“Convencerá o mundo do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” Essa afirmação certamente é a mais difícil de absorver em nossa racionalidade, pois sempre aparece a pergunta obstacular: “Por que existe, ou melhor, persiste o mal no mundo?”. Se o príncipe do mal já está julgado (Jo 16.11), por que ainda não estamos no reino de Deus, onde reinam a justiça e o amor? Seria o tempo da igreja regido por aquele anúncio de Jesus em 14.30b: […] porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em mim?
O mundo em João merece um estudo mais aprofundado, pois é tão central no seu pensamento teológico, como em nenhum outro escrito neotestamentário.5 É o kósmos6 e tudo que lhe é característico como mundo caído, inimigo de Deus, pervertido pelo pecado, em contradição total com a essência divina, condenado à desgraça e perdição. Não se refere à boa criação de Deus. Refere-se àquilo que os seres humanos com suas leis, estruturas e ideologias, com suas confusões entre bem e mal, com suas estruturas produtoras de injustiça e morte dela fizeram! Essas sim têm de ser convencidas do pecado, pois […] o mundo inteiro jaz no maligno (1Jo 5.19). Por não ter se adequado, é que Jesus foi odiado (15.25b) por todos aqueles que se arranjaram com este mundo; e os discípulos também serão odiados (15.18ss). Estão no mundo, mas não são do mundo. Indispõem-se com os reinos deste mundo, pois a ação do Paracleto não é mágica; dá-se dentro da história pelo empenho autônomo dos cristãos. Por isso o mundo é capaz de lhes fazer mal e Jesus pede que o Pai os livre do mal (17.15). E promete: no mundo passais por aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (16.33). Kósmos é o palco sobre o qual se desenrola a vida humana, mas também a história salvífica; esse é o acento do Novo Testamento. O cosmos redimido por Jesus Cristo deixa de ser kósmos e passa a ser reino de Deus, éon vindouro, novo céu e nova terra, o outro mundo possível proclamado e inaugurado por Jesus Cristo. Esse horizonte a igreja cristã em grande parte perdeu, desde a virada constantiniana7, no século IV e, apesar de muitas tentativas e movimentos dentro dela, nunca mais recuperou inteiramente.
Em João 18.36, Jesus diz que o seu Reino não é deste mundo. Seu Reino – e com essa palavra Jesus não deixa de mencionar uma grandeza política! – não se guia pelas razões de Estado e pelos interesses de todos os reinos deste mundo (Mt 4.8). Seu propósito não foi assumir o poder em Jerusalém, restaurar o reino de Davi, como tantos esperavam. Seu propósito não é penúltimo, mas último, escatológico! Todavia não deixa de ser também político, no sentido de constituir a ordem da justiça e do amor que promove a vida plena precisamente neste mundo em desordem que resulta em morte e perdição! Cristãos empenham-se em melhorar o penúltimo, sem perder de vista o último. Caso contrário, seríamos como as jovens negligentes (Mt 25.1-13) e não se precisaria esperar por uma segunda vinda de Cristo, como expresso em Apocalipse 11.15.
3. Meditação
E como está o mundo hoje? Escrevo este auxílio na Semana da Paixão 2020 e em meio à pandemia do novo coronavírus. Gaia está com febre. As epidemias vêm, uma atrás da outra, em cada vez menos intervalos e mais devastadoras8, escancarando a baixa imunidade e a fraca humanidade no mundo. A cruz de Cristo e sua sensação de abandono se atualizam tragicamente no sofrimento e nas mortes solitárias de milhares de pessoas em todo o mundo. Há um potencial evangelizador nessa pandemia? O Paracleto está agindo?
Não há como negar: precisou de um vírus mortal para escancarar irrefutavelmente a desigualdade no mundo, capaz de convencer até mesmo algumas pessoas obstruídas pela ideologia neoliberal! A pandemia tirou o véu, desvelou a fragilidade de nossa civilização! Já estávamos num curso de diminuir as políticas públicas de cunho social, de legitimar a escandalosa concentração de riqueza e de boicotar medidas eficazes para impedir a iminente catástrofe ecológica. Em termos bíblicos é um sinal dos tempos.
Com medo de serem atingidos pela pandemia, os defensores do neoliberalismo encolheram-se covardemente. O ídolo “mercado”, pelo menos temporariamente, deixou de comandar o espetáculo deprimente da destruição planetária, virou uma estatueta desacreditada e comida de cupim. Onde foi parar a ideologia do Estado mínimo? As elites substituíram a meritocracia, sem o menor pudor, por um discurso hipócrita de solidariedade? Moradores de rua e de favela, sempre suspeitos e discriminados, passaram a ser chamados de vulneráveis, por causa do seu potencial de disseminação do vírus. Algumas corporações aproveitaram para fazer caridade, inversamente proporcional às milionárias quantias sonegadas. De repente, os setores influentes da sociedade exigiam a ação do Estado; sem pestanejar concordaram que se endividasse, elogiavam o Bolsa Família, queriam que o SUS e as pesquisas científicas em processo de sucateamento – assentido por esses mesmos setores – num golpe de magia, resolvessem a pandemia, queriam que postura? Afinal, a massa de empobrecidos já não vive em crise permanente dentro desse sistema perverso?
Explico. Na pandemia, as classes média e alta também estavam correndo riscos com o rastilho de disseminação do vírus no solo da desigualdade, nas aglomerações das periferias miseráveis, que não têm nenhuma chance para um “distanciamento controlado”. Por isso é provável que essas reações se restringirão ao período ameaçador da pandemia. Restou uma parcela perversa que insistia em jogar a “economia” contra as demandas sanitárias; perversa, pois exigia de dentro de seus escritórios e automóveis em carreata que apenas os/as trabalhadores/as se expusessem. No fundo dessa postura provavelmente está a ideia de que seria benéfica uma certa dose de darwinismo social ou eugenia: deixe que o vírus mate um tanto de pobres, que não representam nada para o mercado e cada vez menos como trabalhadores/as num mundo robotizado; morrendo aposentados, a Previdência Social poupa reservas. Ao fim da pandemia, a produção legal da desigualdade voltará “ao normal”! Afinal, não se pode subestimar o príncipe deste mundo e o espírito-manada que dissemina! E agora, quando você lê? Passou a pandemia? Voltou a lógica que baixa a humanidade e enfraquece a imunidade?
O mundo não sairá igual dessa pandemia. Para a normalidade de antes não haverá retorno! Não há nenhuma garantia de que será melhor! A crise é um momento de despedida da normalidade superada e a abertura para uma nova normalidade. Os ricos terão entendido um pouco mais que seus acúmulos não lhes dão controle, apenas privam os empobrecidos e que, espoliando legalmente os “agora” vulneráveis sociais, no final das contas, essa fragilização recairá sobre eles próprios, e isso não apenas em tempos de pandemia? Haverá o reconhecimento público de que as grandes desigualdades sociais, a destruição ambiental e seu consequente enfraquecimento sanitário são o solo fértil para a disseminação de agentes patológicos, tanto para doenças físicas como também para doenças sociais e propostas políticas odiosas. O SUS finalmente será reconhecido como uma política pública imprescindível numa sociedade tão desigual como a nossa e que não tê-lo conduz à barbárie? Vamos solidificar a descoberta na crise de que, cruzando as classes, dependemos e precisamos uns dos outros? De qualquer forma, o Deus de Amor, o Espírito Santo da Consolação esteve atuando de forma humilde e discreta em milhares de cuidadoras sanitárias e servidores essenciais, arriscando-se para que outros pudessem ficar em reclusão mais protegida.
E as igrejas? A redescoberta do Espírito Santo resgatou o equilíbrio da Trindade superando uma cristologia que declarava a encarnação de Deus como revelação suficiente e encerrada. De outro lado, trouxe uma enorme confusão no meio religioso dentro de um contexto em que o “mercado” foi erguido a balizador da vida e está sendo sustentado como bezerro de ouro. “Em nome de Jesus!” – essa fórmula já completamente banalizada – transformou-se no bordão sacralizador de mercadorias travestidas de bens religiosos. Além de seus líderes enriquecerem às custas de um povo empobrecido e indefeso por não ter saber, que frutos estão dando com sua teologia primitiva de fazer negócios com a divindade? O fato de a Palavra ter se encarnado em Jesus Cristo é mal compreendido quando se interpreta que Deus tornou-se disponível, que podemos usá-lo para os nossos projetos e desejos. Não me segures […], diz o ressurreto à Maria Madalena (20.17). Deus é indisponível! O Espírito Santo também! Sopra onde quer!
Nosso tempo está marcado por um sério problema de hermenêutica, tanto na sociedade civil como no campo religioso, uma verdadeira guerra semiótica.9 Além disso, as pessoas não distinguem mais entre informação, argumento e opinião. Opiniões absurdas e totalmente descabidas são veiculadas como informações ou argumentos e replicadas sem exame; basta que coincidam com o que a pessoa já pensava antes, legitimado com “o Espírito me disse”. A moda é “lacrar” temas complexos com poucas frases rasas! Qualquer autodeclarado “cheio do espírito” se apropria da pobre Bíblia – que não pode se defender sozinha e por isso também a ciência bíblica é desprezada –, interpretando-a de qualquer jeito e para seus interesses, sem escrúpulos em difundir suas baboseiras pelos programas televisivos e pelas assim chamadas mídias sociais. E o diabólico – o que provoca confusão – é que se misturam fragmentos aceitáveis como verdade com outros fragmentos absolutamente falsos. Será que já estamos vivendo naquele tempo apocalíptico de confusão total, quando o amor quase esfriará de todos (Mt 24.12)?
Aumenta o número de pessoas exauridas espiritualmente. É deveras como andar naquele vale de ossos secos, descrito na visão de Ezequiel. Estamos falando com gente manipulada por interesses midiáticos e pela famosa rede social produtora de fake news, gente que, com justa razão, não sabe mais em que confiar. Estamos falando a um povo recolonizado e espoliado pelos interesses financeiros dos grandes impérios e que nem se dá conta do que está acontecendo. Estamos falando de toda a criação que a um só tempo geme e suporta angústias até agora (Rm 8.22). Onde está a palavra que é revelação, que consola e que traz a verdade que liberta?
Não é nossa a tarefa de convencer as pessoas da verdade. Essa é a tarefa do Espírito Santo. Ele assiste aqueles que buscam o mesmo olhar de Cristo para a criação e não se deixam enganar pelo poder do Mammon. Nossa tarefa é anunciar a vitória de Cristo sobre o príncipe do mal e animar ao esperançar: à esperança que não espera passivamente, mas é ativa na busca de sua realização, e a busca com paciência e perseverança. Até mesmo o Espírito intercede por nós, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.27) e nos assiste em nossa fraqueza (Rm 8.26).
4. Ideias para a prédica
As três ações do Paracleto
O Espírito Santo continua a revelação ocorrida em Cristo Jesus. Ele nos ensina a verdade sobre o pecado do mundo e sobre a justiça de Deus e nos consola para resistirmos ao mal, pois Jesus já venceu o mundo.
• Desde tempos imemoriais, o poder econômico, político e militar serviu para garantir uma vida nababesca para alguns poucos e uma vida miserável para a grande maioria: escravidão, feudalismo, capitalismo, comunismo. Um sistema foi passando o bastão para o outro. Não é possível viver sem Estado, mas as sociedades de Estado consolidam as desigualdades, injustiças e guerras. Por isso Jesus disse: Meu reino não é deste mundo! Assim também cristãos estão no mundo, mas não são mais do mundo!
• Jesus é Deus encarnado que veio trazer a luz, a justiça e a paz ao mundo, porque Deus amou o mundo. Mas o mundo não o quis receber. Antes, perseguiu o supremo bem e o fez, julgando, com isso, prestar culto a Deus. Por isso, muita atenção! É possível levar o nome de Deus na boca e produzir legalmente injustiça e morte. Por meio da ressurreição de Jesus, Deus fez justiça. A vida triunfou sobre a morte. O Jesus encarnado cumpriu sua missão. O Espírito Santo continuará a missão conosco.
• O príncipe deste mundo já está julgado. Mas ele ainda se debate raivoso e, com esperteza, agrega desavisados à sobrevivência do seu projeto de perdição. Induz à guerra, provoca o embate das grandes nações entre si, semeia o ódio entre as pessoas, argumenta com a fome para destruir o planeta com o agronegócio e seus venenos, incita ao consumo com o argumento da vida feliz, transforma até mesmo pessoas em mercadoria. Afirma o direito dos poderosos à opressão, xingando a compaixão e a solidariedade de “comunismo”.
Precisamos rever nosso modelo de vida no planeta Terra para evitar que não sejamos mais admitidos a viver nele. O Espírito Santo nos guiará a toda verdade e nos consolará em nossas angústias. Deus deu seu Filho para redimir o mundo. Pessoas cristãs empenham-se para que toda a vida prevaleça e a espécie humana sobreviva.
5. Subsídios litúrgicos
Hino inicial
LCI 461: Espírito Verdade, em nós vem habitar.
Kyrie
Para não ficar no genérico, recomendo selecionar um motivo no âmbito mundial, outro no âmbito nacional/estadual/regional e outro no âmbito local e pedir que o Senhor tenha piedade.
Oração de coleta
Deus Todo-Amoroso, que na visão do profeta Ezequiel podes revitalizar
ossos secos para uma nova vida e esperança e que ouves o gemido e as angústias
de toda a criação, olha também para nós que em nosso íntimo gememos, aguardando
a adoção de filhos e a redenção de nosso corpo, porque esperamos por tua
salvação. Isso te pedimos por meio de Jesus Cristo que contigo e com o Espírito
Santo reina de eternidade a eternidade.
Hino antes da prédica
LCI 462: Vem, Espírito divino.
Hino depois da prédica
LCI 250: Envia teu Espírito Senhor.
Confissão de fé
Em lugar da confissão de fé, ler a explicação ao 3º artigo do Catecismo Menor.
Intercessão
Que o Espírito assista com a verdade e com o seu consolo as pessoas que estão sofrendo por causa de seu testemunho neste mundo.
Notas:
1 Agora acrescido do eixo semântico do evento cristológico; antes, vigorava a lei de Moisés.
2 Para os judeus, o egō emi (eu sou) de Jesus era uma blasfêmia, equivalente a dizer: eu sou Deus (18.6).
3 Essa afirmação inequívoca coincide com 20.17, mas contraria de certa maneira 20.22s. João não relata a ascensão, nem o envio do Espírito Santo em Pentecostes.
4 Quanto aos versículos 8-11, Lutero fez o seguinte comentário (OSel 11, p. 358): “Depois que Cristo deu a seus discípulos a promessa e o consolo em relação à sua despedida, dizendo que lhes enviará o Consolador, o qual não pode vir antes de sua partida, poderiam perguntar agora: ‘Que o Consolador deve fazer junto a nós e através de nós?’. A isso, ele responde, definindo claramente o ofício e a obra do Espírito Santo, afirmando que este deve repreender o mundo inteiro por causa do pecado através das palavras dos apóstolos. Ele diz do seu Reino que ele o estabelecerá na terra depois da sua ascensão ao céu e que se expandirá vigorosamente pelo mundo inteiro mediante o poder do Espírito Santo e sujeitará tudo a ele. Mas não será um governo secular. Ele não distribuirá golpes de espada, deporá ou investirá reis e senhores, ou estabelecerá uma nova ordem ou lei. Tal governo se regerá unicamente pela Palavra ou pelo ministério da pregação dos apóstolos”.
5 κόσμος aparece intensamente entre os capítulos 13-17. Em João ocorre 78 vezes; em 1 João 22 vezes; em 2 João uma vez; em Apocalipse três vezes; nas cartas de Paulo 46 vezes. Theologisches Wörterbuch, p. 882-896, analisa o significado do conceito κόσμος no grego filosófico e extrabíblico, sua relação com o conceito hebraico “Olam” ou aramaico “Olma” e as diferenças entre a compreensão judaica/veterotestamentária e a neotestamentária.
6 Cf. o 7º significado na coluna 883 do dicionário Bauer.
7 Sob o Imperador Constantino, o cristianismo deixou de ser perseguido e tornou-se religião oficial do império, aliado e legitimador do poder estatal.
8 HIV desde os anos 1980, SARS em 2003, H1N1 em 2009, MERS em 2011, Ebola em 2014-2016, sem contar as epidemias nacionais de dengue e sarampo.
9 Semiótica é o estudo dos signos, que consistem em todos os elementos que representam algum significado e sentido para o ser humano, abrangendo as linguagens verbais e não verbais.
Bibliografia
BAUER, Walter. Wörterbuch zum Neuen Testament. Griechisch-Deutsches Wörterbuch zu den Schriften des Neuen Testaments und der übrigen urchristlichen Literatur. Berlin; New York: Walter de Gruyter, 1971.
BULTMANN, Rudolf. Das Evangelium des Johannes. Kritisch Exegetischer Kommentar über das Neue Testament. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1968.
KITTEL, Gerhard. Theologisches Wörterbuch zum Neuen Testament. Stuttgart: Verlag von W. Kohlhammer, 1967. Dritter Band.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).