Prédica: Lucas 15.1-3,11b-32
Autor: Romeu Martini
Data Litúrgica: 3º.Domingo após Trindade
Data da Pregação: 05/07/1987
Proclamar Libertação – Volume: XII
l – Situação histórica de Lucas
Lucas escreve sua exposição em ordem (1.3) no tempo do ano 90 d.C. É um tempo especialmente difícil para os cristãos. Basta lembrar que o Apocalipse de João está situado neste mesmo contexto histórico. Algumas características que marcam a época de Lc, e que são imprescindíveis serem compreendidas, são:
1. A demora da PARUSIA e o convite à vigilância (21.7s).
A expectativa da volta imediata de Cristo vai se dissipando aos poucos. Isso vai atingir os cristãos no dia-a-dia de sua vida. Há, p.ex., a tese de que um dos motivos da morte da primeira comunidade cristã (cf. At 2.41-47; 4.32-37; 5.12-16) teria sido a falta de recursos para a sobrevivência, já que os cristãos repartiram o produto entre todos (At 2.45), mas não eram detentores dos meios de produção!
Mas além disso, diante da demora da PARUSIA, surge a pergunta pelo comportamento dos cristãos no mundo (Lc 10.25: que farei para herdar a vida eterna? (13.23; 18.18)). Isso se torna mais compreensível se considerarmos que Lucas divide a História em três períodos:
a) lei e profetas até João Batista
b) período da atuação de Jesus e sua proposta de vida
c) período da Igreja e sua prática de vida
As comunidades cabe, pois, encontrar uma organização e ação de tal forma que sejam facilitadoras para que o Reino aconteça.
2. Presença de heréticos
Assim como os outros evangelistas (Mt 23; Mc 12.38-40) Lucas também se defronta com cidadãos de boa aparência, bons frequentadores de culto (Mc 12.39), defensores da lei (11.45ss) que procuram usar Deus como recurso para justificar as bárbaras injustiças que cometem no dia-a-dia (Lc 16.14-16), sendo insensíveis diante do sofrimento dos mais fracos (14.1ss).
3. Problemas sociais
Conforme exposto acima em 2., Lucas também se confronta com a existência de uma sociedade dividida. Lucas, bem como toda a Bíblia o faz (mas como nem todos os intérpretes dela o fazem, infelizmente!), aponta para a desigualdade social existente e as razões que a provocam. Lucas aponta o Lázaro deitado à porta (16.19s), o violentado na sarjeta (10.25s), os amigos famintos (11.5s), os pobres, aleijados, os cegos e coxos nas ruas e becos (14.21). Aponta também os motivos que provocam esta situação. Entre outros, Lucas fala da avareza e como esta obceca pessoas e è empecilho para a construção e participação definitiva no Reino (6.24-26; 12.13s; 16.29-31; 18.18-25; 19.8).
Por outro lado, como toda a Bíblia o faz, Lucas aponta para o caminho através do qual é possível mudar toda esta situação de dor, sofrimento e morte lenta, como por exemplo em 10.37: Vai, e procede tu de igual modo.
4. Perseguição pelo Império Romano
Lucas, bem como já havia acontecido com os profetas, Jesus, os apóstolos e todos os cristãos autênticos, defronta-se com a realidade da perseguição aos cristãos pelo Império Romano. Do ponto de vista do Império, havia motivos suficientes para a perseguição aos cristãos, pois são estes os seguidores daquele que havia chamado o Herodes de raposa (Lc 13.31 s); são estes os que seguem a proposta daquele que havia atacado o sistema de morte e sofrimento implantado pelos dominadores: Jerusalém, Jerusalém! que matas (…) e apedrejas (…) (V. 34). Lucas, portanto, apresenta a proposta de vida cristã como sendo assunto que mereceu a mais alta consideração das autoridades romanas. Lucas descreve a doutrina cristã e o Império Romano como forças mutuamente excludentes. Lucas não se omite, no entanto, em mostrar que a primeira é o caminho da vida, aberto às custas do sangue do Filho, a segunda é a realidade do mal, implantada e defendida pela força do Estado.
II – Alguns aspectos específicos sobre a teologia de Lucas
Considerando, p. ex., Lc 1.46-55 e 1.68-79, percebemos e concluímos com facilidade que Lucas apresenta Jesus como salvador misericordioso (= aquele que vê e sente a dor, o sofrimento) dos humildes (v. 52), famintos (v. 53) aquele que está a favor de Abraão e de sua descendência (v. 55), o libertador dos inimigos (v. 71). Jesus é o que vem para trazer a boa-nova da paz aos pastores que vivem nos morros de Belém (2.8ss).
Lucas procura situar o acontecimento Jesus Cristo dentro de toda a história da manifestação de Deus com seu povo (veja a genealogia, p. ex.!), e dentro de toda a história da humanidade (Lc 2.1; 3.1; At 26.26). Portanto, conforme Lucas, Jesus revela um projeto, uma proposta de vida que é aplicável não nas nuvens, mas no chão, lá onde vivem as criaturas criadas pelo Pai; lá onde vivem os ricos e os Lázaros (16.19ss); lá onde estão seres na sarjeta e onde outros cruzam e (não) enxergam (10.25ss); lá onde o Espírito do Senhor ungiu e enviou para evangelistas (4.16-21). Lucas confronta as pessoas com a necessidade de se posicionarem frente à proposta de vida que Jesus traz (Lc 23.39ss; 13.22ss; 14.7ss; 14.15ss; 18.18ss).
O Filho veio salvar a todos, sim. Tem possibilidade concreta para todos.
Bom exemplo é o Zaqueu. Mas: a) a salvação implica a aceitação da proposta de Jesus e a mudança radical e completa de atitude naquilo que se é e faz no dia-a-dia da vida (19.8: resolvo e restituo) e b) há os que não aceitam a salvação (18.23-25). Excluem-se da salvação não só os ricos, excluem-se também os que se consideram justos e, por isto, desprezam os demais (18.9ss). Não são justificados os que evadem da solidariedade de todos no pecado e assumem a postura farisaica de ‘justos’ em relação aos perdidos (cf. 15.1ss) (Brakemeier, p. 145).
Por isso, em contrapartida, são bem-aventurados os pobres, os famintos, os que choram, os odiados, expulsos (6.20-23), pois estes estão vazios, abertos para aceitar e vivenciar o projeto de vida reafirmado por Jesus.
Ill – Contexto
O contexto da perícope Lc 15.1-3, 11b-32 delimita-se entre os cap. 9.51-19.28, onde Lucas relata o que aconteceu após a intrépida resolução de (Jesus) ir para Jerusalém (9.51).
Creio ser possível caracterizar a temática do contexto (e isso se estende a todo o Evangelho de Lucas) com três pontos:
1. Oração. Após a convivência e instrução dos discípulos e multidões Jesus confronta os que dizem: Seguir-te-ei para onde quer que fores (9.57) com a necessidade de tomarem uma decisão radical e concreta. Seguimento só acontece quando há opção radical. 11.23 diz: Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha; 13.6s fala da figueira que, não dando fruto, deve ser cortada. No mesmo tom é o assunto em 14.26. Lucas acentua: Jesus traz um projeto de vida. Nele a gente entra ou fica de fora. Não há meio termo. É uma questão de opção.
2. Incompreensão e perseguição. Exatamente por ser uma opção tão radical é que a decisão de seguir-te-ei (9.57) traz consequências. 11.53-54 é apenas um trecho dos inúmeros em que Lucas (bem como toda a Bíblia) trata dos que vivem com o (s) que vêm para confrontar o mundo com uma nova proposta (organização) de vida.
Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos (10.3. Veja também 12.11-12). Jesus não hesitou em, desde cedo, esclarecer que ele e os que o seguem confrontar-se-ão com a realidade da incompreensão e perseguição pelos que, comprometidos com um sistema de vida existente, não admitem correção, muito menos construir um novo reino.
3. Serenidade e firmeza. Mas nem por isso Jesus perdeu a linha! Muito menos recuou diante da perseguição imposta. Sereno e firme Jesus persistiu em sua caminhada. Em 11.37s e 13.31 s Jesus transmite com clareza e firmeza seu recado aos fariseus, ao Herodes e ao próprio Império (Jerusalém!), dizendo o que estes precisavam ouvir. Não é por nada que o apóstolo Paulo já havia escrito: a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens (1 Co 1.25). É através da aparente fraqueza, daquilo que no mundo é desprezados humilde, sem valor, louco, que o Reino vai tomando forma e crescendo.
IV – A perícope
Lucas 15.1-3, 11b-32 é, dentro deste contexto, um evidente confronto entre o sistema de vida que Jesus encontrou e o que ele propôs (reafirmou). Publicanos e pecadores (v. 1) e o filho mais moço (v. 12) por um lado, e fariseus e escribas (v. 2) e o filho mais velho (v. 25) por outro lado, são o confronto da sociedade dividida existente. Fariseus, escribas e o irmão mais velho são os representantes dos que querem manter a situação de vida do jeito como ela se apresenta. Jesus (v. 1) e o pai que recebe o filho mais moço de volta são a novidade, a possibilidade concreta de que é possível mudar, transformar todas as situações de vida em que se manifestam a fome (v. 16), morte e perdição (vv. 24 e 32).
Percebo três acentos nesta perícope:
1) Jesus é aquele que (conforme já exposto no item li acima) vai ao en¬contro e é ouvido e compreendido pelos que na sociedade eram considerados não merecedores do perdão e aceitação de Deus, salvo passassem por um profundo processo de purificação (entra aí todo o rito dos sacrifícios!).
Jesus foi ouvido pelos considerados impuros (v. 1). Desejo ressaltar e convidar para que se perceba que a perícope aponta para o fato de que a situação de pecador (v. 1) e fome (v. 16) tem suas causas. Pode-se até concordar que o filho mais moço fez uma burrada. Ele errou. Mas foi a burrada, o erro que o colocou na situação de morte e perdição (v. 24 e 32). Não foi o que ele quis! Foi consequência de uma atitude mal tomada.
2) Enquanto no projeto de vida de Jesus estes mortos e perdidos devem ser reintegrados no círculo da vida, no projeto de vida existente não há novas chances. – Errou? Aguenta as consequências!
A atitude dos fariseus, escribas e do irmão mais velho (não esquecendo que estes sãos os protótipos do sistema da Igreja e Império da época de Jesus!) é semelhante àquela dos que hoje, por exemplo, classificam (mesmo sem conhecer!) os índios da Sede Trentim, Chapecó de alguns cablocos, ou a de muitos descendentes de alemães que do negro têm a imagem de negro sujo! (Das ist eine Negerarbeit!). Não se considera a criatura envolvida nem se procura perceber as consequências que levaram esta (s) criatura (s) à situação de morte e perdição.
A situação em si é que é considerada irreversível. O texto mostra, pois, que as situações de morte e perdição (v. 24) são provocadas de fora ou são fruto do próprio erro. Mas, tanto uma como outra não podem nunca ser consideradas irreversíveis.
3) No projeto de vida cristã nada é irreversível. Jesus ia para junto dos que estavam à margem. Esta parábola ele contou para mostrar como esta aproximação aos marginalizados pode e deve acontecer na prática. Para Jesus (o pai!) interessa a criatura. O projeto de vida de Jesus não consegue coexistir com situações de fome, morte e perdição. Para Jesus não interessa o erro! Interessa a criatura. Não interessa o pecado, mas o pecador. Ele estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado (v. 24 e 32). O caminho da morte não é irreversível. E é exatamente a chance concreta de revertê-lo que não pode ser perdida: Seu pai o avistou (…) correndo (…) beijou (v. 20). Conforme Jesus sempre há chances para as criaturas ingressarem numa situação de vida digna.
Para quem diz que não dá (v. 28: se indignou e não queria entrar; ou v. 2: murmuravam) de nada valem as ordens cumpridas (v. 29; confira também 18.18s), as aparências mantidas. O que vale mesmo é a criatura, sua situação de vida (morte, fome, perdição) e as possibilidades concretas de dignidade completa (reviveu, foi achado v. 24 e 32; v. 27 porque o recuperou com saúde).
Defendo, pois, a partir desta perícope, a seguinte tese: No mundo (sociedade existente) o desprezo e/ou a valorização das pessoas é baseado na classe social ou situação de vida em que se encontra e não na afirmação bíblica de que todos (as) somos criaturas criadas à imagem de Deus. Em contrapartida, conforme Jesus, é a necessidade da pessoa que determina a aproximação até ela e nunca a classe social a que pertence (Mt 25.31-46; Lc 15.22-23).
V – A caminho da prédica
Proponho o seguinte roteiro para a pregação (JÁ o apliquei e percebi que ‘pegou’!):
1) Leitura do texto e breve explicação de que nele ocorre um fato (Jesus junto com os publicanos e pecadores causa murmuração entre escribas e fari¬seus. Aí Jesus conta a parábola do filho que faz uma burrada!) e diante deste fato ocorrem dois posicionamentos contrários: fariseus, escribas e filho mais velho de um lado e Jesus e pai de outro lado.
2) (De preferência usando um cartaz) fazer uma relação em colunas paralelas dos (as) que hoje seriam do ponto de vista tradicional (fariseus e escribas no tempo de Jesus. Quem seriam os que defendem esta visão hoje?) os pecadores, os filhos vítimas da própria burrada.
Desprezados (as) (pecadores) Valorizados (as) (fariseus e escribas)
1. Negros ……………. 1. Caso de um Pele.
2. índios …………….. 2. Caso de um Juruna.
3. Sem-terra ………….. 3. Participando de um culto sem
serem identificados ou depois que chegarem ao ponto de pequenos agricultores.
4. Lixeiros da prefeitura ……. 4. Bem vestidos no culto ou na hora de pagar a contribuição!
5. Favelados (moradores de barracos) 5. Se conseguirem morar numa casinha.
6. Alcoolista ………….. 6. Recuperado.
7. Prostituta ………….. 7. Conseguindo casar.
8. Agricultora ………….. 8. Quando fornece leite, queijo, ovos frescos!
9. Agricultor ………….. 9. Se conquista um cargo (vereador, presidente).
10. O cidadão comum no 10. O cidadão com determinado consultório médico. cargo no consultório.
11. Moça grávida ………… 11. Conseguindo casar!
12. O cidadão comum no banco. 12. O empresário no banco!
a) A explicação pode ser dada no sentido de que a mesma criatura é valorizada e/ou desprezada de acordo com a coluna a que pertence.
b) A mesma criatura pode ao mesmo tempo ser valorizada (o pequeno proprietário ao ser comparado com um sem-terra) como desprezada (o mesmo pequeno proprietário ao estar no consultório médico se comparado com o atendimento que o pastor recebe!).
3) O que Lc 15.1-3, 11b-32 diz sobre esta realidade? Por unrfladoT fariseus, escribas e o filho mais velho defendem a sociedade tal qual ela se nos apresenta. Por outro lado, Jesus e o pai afirmam que assim está errado. As colunas devem ser transformadas em círculo.
A situação de pecador, de estar morto e perdido (vv. 24 e 32) = estar morrendo aos pouquinhos sempre teve e ainda hoje tem seus motivos (a imagem desfigurada de criaturas do Pai tem suas razões). Sejam elas quais forem, o perdão = possibilitar nova oportunidade de vida digna (v. 20 e 32) é mais urgente do que a exclusão, o rancor, a indignação (v. 2 e 28).
Por que este texto é Evangelho?
a) Porque faz uma denúncia: a classificação/tipificação das pessoas em pecadoras e boas (desprezadas e valorizadas) não está de acordo com o projeto de Deus.
b) Porque faz um anúncio: podem ser restabelecidos os laços da antiga comunhão proposta pelo Pai.
c) A observância da lei (v. 29) deve (v. 32: era preciso) e pode ser substituída pela alegria, pelo gozo da vida digna de todos (v. 32).
4) Não por último, pode-se citar alguns exemplos (a partir da realidade local ou mesmo nacional) que mostram que a proposta do Evangelho já acontece(u).
VI – Subsídios litúrgicos
1. Confissão de culpa: Deus, nosso Pai! Em todos os cultos confessamos a ti como Criador. Confessamos que cremos na vitória de Jesus sobre a morte. Reconhecemos agora que no dia-a-dia da nossa vida não levamos a sério aquilo que confessamos. Reconhecemos que na sociedade brasileira as criaturas não recebem direitos iguais. Reconhecemos que enquanto índios, prostitutas, agricultores, sem-terra, negros, caboclos, lixeiros, pivetes, mulheres não têm os mesmos direitos, nós normalmente ficamos calados. Reconhecemos que diante daquilo que não nos atinge ficamos neutros. Perdoa, Senhor, nossa ignorância diante daquilo que o Evangelho ensina. Perdoa, Senhor, se ainda não praticamos o que confessamos. Tem piedade de nós, Senhor.
2. Oração de coleta: Deus, nosso Pai! Reunidos em teu nome queremos também hoje ouvir a tua proposta de vida. Ilumina-nos com teu Santo Espírito a fim de que a palavra ouvida seja por nós compreendida e em conjunto encontremos o caminho para praticar o que compreendemos. Amém.
3. Oração final. Agradecimentos: pela possibilidade concreta que temos para, a partir do Evangelho, substituir a classificação em comunhão das criaturas-pelos que, no passado e no presente, já assumiram este desafio e estão engajados na luta em defesa dos (as) normalmente desprezados (as); pelos que também em nossa comunidade estão dispostos (as) a ouvir e ensinar a proposta do Evangelho. Pedidos: por humildade diante do ensino do Evangelho, para que através de nossos posicionamentos não cristãos sejam corrigidos; pelos dirigentes da IECLB, bem como pelas (os) pastoras (es), demais obreiros, presbitérios para que se deixem orientar pela proposta do Evangelho e nunca pelos que hoje representam os fariseus, escribas e o irmão mais velho; pelos que hoje no Brasil lutam através de organizações para conquistar o espaço de vida digna que o próprio Pai reservou (aí podem ser citados exemplos locais/regionais. Exemplo: conquista da terra e as roças que se encontram em lugar do trator que derruba árvores!)- pela comunidade, para que já no seu círculo sejam proporcionadas chances de vida digna: presença junto aos doentes, idosos, enlutados, aleijados, excepcionais- para que se compreenda a situação de vida dos assalariados, aposentados, desempregados, arrendatários e haja engajamento na luta por uma situação de vida digna.
VII – Bibliografia
– BRAKEMEIER, G. Observações introdutórias referentes ao Evangelho de Lucas. In: KIRST, Nelson et allii, coord. Proclamar Libertação, v. 10. São Leopoldo, 1984.