Imagens que construímos de Jesus
Proclamar Libertação – Volume 39
Prédica: Marcos 8.27-38
Leituras: Isaías 50.4-9a e Tiago 3.1-12
Autor: Uwe Wegner
Data Litúrgica: 16º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 13/09/2015
1. Introdução
Marcos 8.27-38 apresenta boa relação de conteúdo com uma das demais leituras sugeridas, ou seja, com Isaías 50.4-9a. Esses versículos fazem parte do terceiro cântico do Servo de Deus em Isaías (1º cântico: 42.1ss; 2º cântico: 49.1ss; 4º cântico: 52.13- 53.12) e, como em Marcos 8.31ss, apresentam referências diretas ao sofrimento do Servo: “Apresentei as costas aos que me queriam bater, ofereci o queixo aos que me queriam arrancar a barba e nem desviei o rosto dos insultos e dos escarros” (v. 6). A segunda das demais leituras sugeridas, Tiago 3.1-12, trata dos pecados ou perigos da língua e diretamente não apresenta relações com o texto de Marcos.
2. Exegese
Marcos 8.31-38 consta de três perícopes: a confissão de Pedro (v. 27-30), Jesus prediz sua morte e ressurreição (v. 31-33) e ditos sobre o discipulado/segui- mento a Jesus (v. 34-38).
2.1 – A confissão de Pedro
O texto mostra que, já na época de Jesus, não havia consenso sobre sua verdadeira identidade. “Os homens” achavam que ele poderia ser João Batista ou Elias ou algum dos demais profetas. Outros já achavam que ele era do mal e identificavam-no como “possesso de Belzebu”, o maioral dos demônios (Mc 3.22). Enfim, sua identidade era um ponto de interrogação. E por isso os judeus de João 8.25 resumem o enigma: “Então lhe perguntaram: quem és tu?”
A resposta de Pedro é clara: “Tu és o Cristo” (= “ungido”, no português; “Messias”, no hebraico). Resolvido o problema? Ainda não. Pois na época de Jesus o perfil do messias aguardado podia variar bastante: ele podia ser comparado a um rei, como em Salmos de Salomão 17, cujas atribuições seriam limpar a terra santa de Jerusalém dos pagãos, aniquilar os dominadores estrangeiros, pulverizar com cetro de ferro os pecadores etc. Em outros textos podia adquirir feições sacerdotais (por exemplo, no Testamento de Levi 18). Em Qumran havia, inclusive, uma expectativa de dois messias (rebento de Davi e intérprete da lei: 1QS 9.11 etc.). Isaías 11.1ss apresenta um vasto leque do que tudo poderia ser associado ao messias: por um lado, o “rebento de Jessé” terá espírito de sabedoria, compreensão, prudência, valentia e de conhecimento do Senhor; por outro, julgará com a verdade e justiça e ainda “castigará o opressor com a vara que é a sua boca”. O termo era, pois, suscetível de muitas interpretações. Em si, declarar Jesus como “Messias” poderia, na verdade, levar a que cada pessoa o interpretas- se segundo as suas ideias messiânicas preconcebidas. Daí as palavras de Jesus: “Advertiu-os Jesus de que a ninguém dissessem tal cousa a seu respeito” (v. 30).
E. Schweizer tenta explicar essa advertência de Jesus da seguinte maneira: “Os homens deveriam ser preservados de adotar uma afirmação tradicional e, com isso, rotular Jesus, pois isso os impediria de um encontro autêntico com Jesus sem pré-concepções. Se alguém sabe que seu interlocutor é pastor, muitas vezes uma ideia errada sobre os pastores o impede de ouvi-lo com atenção. Por outro lado, uma pessoa pode, sem saber quem é seu interlocutor, acabar realmente impressionado por ele; nesse caso, é compreensível que, depois disso, exclame: Esse é realmente um pastor!”(p. 97s).
2.2 – Jesus prediz seu sofrimento, morte e ressurreição (v. 31-33)
Estes versículos explicam por que Jesus solicitou aos discípulos não divulgarem ser ele o Cristo. É que, segundo concepção predominante da época, o Messias não era associado a sofrimento, derrota e morte, mas unicamente à vitória sobre os inimigos e à libertação do jugo político (p. ex., nos Salmos de Salomão 17). Mas aqui Jesus está dizendo que, em seu caso, são necessários o sofrimento, a rejeição, a morte e a ressurreição (cf. predições bem semelhantes ainda em Mc 9.30-32 e 10.32-34). O título com o qual Jesus autodenomina-se, nesse caso, também não é mais “Messias”, e sim Filho do Homem (ou Filho do Humano, numa tradução mais literal). “Filho do Homem”, nesse caso, parece ser formulação para designar, humildemente, “homem”, “ser humano” (à maneira de “filhos de Israel” = “israelitas”). Sofrimento, humilhação, rejeição, morte são da condição humana. Por isso Jesus emprega aqui o título “Filho do Homem”, não Messias ou outro similar; é que no sofrimento ele se assemelhou a todos nós humanos (Hb 2.10-18).
“Isso ele expunha claramente” (v. 32). Os discípulos, bem como, por exemplo, a maioria dos demais judeus, pensavam assim: quem é redentor, salvador, quem tem a missão e o poder para salvar a outros não pode, ele próprio, necessitar de salvação e redenção. Por isso as pessoas da época não conseguiam conceber um crucificado como salvador: “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se; desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos” (Mc 15.31-32). As palavras de Jesus são um teste para o imaginário sobre Deus. Pode Deus aceitar, tolerar, compactuar com a morte de um inocente? Não era fácil imaginá-lo assim. Daí a necessidade de expor isso “claramente”.
Pedro reprova Jesus, reprova seu sofrimento e morte. Dessa forma, para Jesus, ele vira instrumento de Satanás (algo idêntico ocorre com os missionários fraudulentos criticados pelo apóstolo Paulo em 2Co 11.13-15). Ele não pensa mais como Deus. O sofrimento cabe no seu imaginário de Deus para os outros, para os inimigos, a quem Deus vai destruir e eliminar, mas não como vontade de Deus para seu próprio enviado, para suas próprias testemunhas.
2.3 – Ditos sobre o discipulado/seguimento a Jesus
Os ditos dos versículos 34 + 35 + 36-37 e 38 não se encontram exatamente na mesma sequência ou contextos nos demais evangelhos. Essa é a razão por que muitos pesquisadores os interpretam como ditos que, originalmente, existiam de forma isolada, sendo que o evangelista Marcos reuniu-os aqui no capítulo 8 como exemplos para o discipulado.
V. 34 – As três condições do discipulado: negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Jesus.
Negar-se a si mesmo – A melhor maneira para entender esse versículo é perguntar: se nego a mim mesmo, afirmo a quem? Ou: afirmo o quê? O Novo Testamento responde: negar-se a si mesmo é necessário para que se possa afirmar ou aceitar Jesus e/ou o reino de Deus como parâmetro, bússola e fundamento da vida, do pensar e agir. Que o reino de Deus deva ter prioridade sobre desejos e vontades individuais no discipulado mostra-nos o texto de Lucas 9.59-62. Outra palavra clássica a respeito: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). A maioria dos textos sugere que o negar-se a si mesmo advém da necessidade de aceitar Cristo como fundamento de pensar e agir. Uma palavra clara a esse respeito é a de João 3.30: “Importa que ele cresça e que eu diminua”. Outra é Gálatas 2.20: “Logo, não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”. Ainda outra é Filipenses 3.4-8. Aqui Paulo fala que o que antes considerava como lucro, agora considera como perda por causa de Cristo. Ele afirma que “por amor de Cristo perdi todas as coisas e as considero como refugo, para conseguir a Cristo…”.
Ou seja: negar-se a si mesmo está em função de afirmar Cristo, abrir espaço na vida para Cristo poder entrar. O que se diz do reino de Deus e de Jesus pode–se, por fim, dizer no Novo Testamento também do Espírito. Já 1 Tessalonicenses 5.19 alerta: “Não apagueis o Espírito”. Em 1 Coríntios 3.16 e 6.19, Paulo afirma mais claramente que nós somos templos de Deus, pois é o seu Espírito que habita e quer habitar em nós. Gálatas 5.16-26, por fim, mostra como isso fica concreto na prática: quem tem em sua vida o Espírito de Cristo dará os frutos do Espírito e não os da carne, para que, como diz Paulo, “não façais o que, porventura, seja do vosso querer” (5.18). Resumo: negar-se a si mesmo é não fazer as coisas “do nosso querer”, mas as coisas que Cristo e seu Espírito querem, as coisas que são necessárias fazer para que o reino de Deus cresça e se multiplique. “Negar-se a si mesmo” é, por amor de Cristo, “estar disposto a perder todas as cousas e a considerá-las como refugo para conseguir Cristo” (Fp 3.8).
Tomar a sua cruz – A expressão “tomar a cruz” não se encontra atestada literariamente na época de Jesus. Isso não quer dizer que não era usada, já que a crucificação era amplamente conhecida como pena capital romana. Jesus provavelmente empregou a expressão em sentido literal e figurativo ao mesmo tempo. Em sentido literal, ela quer dizer: quem quiser seguir-me tem que contar que, como eu, também pode vir a ser crucificado (Jo 13.16: “O servo não é maior do que seu Senhor…”). Em sentido figurativo, ela é expressão para adversidades e sofrimentos implicados na obediência a Jesus (“O servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros”: Jo 15.20). “Tomar a cruz” seria, nesse caso, viver aquilo que preconiza Mt 5.11: “Bem–aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós”. Palavras do apóstolo Paulo que poderiam ilustrar esse sentido figurativo seriam Filipenses 3.10 (ter comunhão com os sofrimentos de Cristo), 2 Coríntios 4.10s (levar no corpo o morrer de Jesus; ser sempre entregue à morte por Jesus), entre outras. Ou seja, tomar a sua cruz significa: obediência no seguimento a Jesus tem seu preço para cada um. Não é igual para todos. Nem todos os discípulos de Jesus foram ou são – literalmente – crucificados. Mas todos eles e elas vão ter que experimentar na própria pele, cada qual à sua maneira, que aquilo que Jesus propõe para a solidariedade e justiça encontra resistência dentro do mundo.
V. 35 – “Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á”. Essa palavra encontra-se em contextos e formulações distintas nos diversos evangelhos. Só em Marcos 8.35 existe a referência “… e do evangelho”. Os paralelos sinóticos Mateus 16.25 e Lucas 9.24 só têm “por causa de mim” (assim também em Mt 10.39). Em Lucas 17.33 e em João 12.25, contudo, o dito tem um teor geral, não cristológico: “Quem quiser preservar sua vida, perdê-la-á; e quem a perder, de fato a salvará” (Lc 17.33); “Quem ama a sua vida, a perde; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.25). É possível que foram essas as palavras originais de Jesus. Jesus proclamava uma verdade universal. Os discípulos, mais tarde, concretizaram essa verdade para quem era cristão: “… por amor de mim e do evangelho”. Nada mais coerente! Qual o sentido do versículo? O versículo defende uma troca de valores: a vida (cristã) só é um ganho quando, na prática, representa perda, e vice-versa. A vida só se torna verdadeira quando presenteada, quando é dádiva, entrega. O versículo, no fundo, permite entender melhor o valor “positivo” da cruz enquanto entrega: o grão, para dar fruto, precisa morrer, diz Jesus (Jo 12.24). Para poder reassumir sua vida, Jesus precisa dá-la primeiro (Jo 10.17).
V. 36-37 – Os v. 36s não fazem senão reafirmar a validade do v. 35, mas agora generalizando essa tendência humana: a propensão humana natural não é só ganhar sempre, mas também ganhar tudo, “o mundo inteiro”. Quem o faz perde sua “alma”, que aqui não tem outro sentido senão simplesmente “vida”. Também no v. 37 “alma” significa simplesmente vida.
V. 38 – Este versículo exemplifica o que alguém pode fazer para não seguir Jesus, ou seja, “envergonhar-se” de suas palavras. O Evangelho de João deixa claro: “palavras” de Jesus não são unicamente os seus meros discursos, mas os seus mandamentos, suas propostas concretas de convivência (Jo 15.4-10). Assim, “envergonhar-se” das palavras de Jesus leva, concretamente, a não praticar o que elas propõem e ordenam. Jesus vai envergonhar-se no futuro de quem no presente se envergonha dele – esse é o sentido da segunda parte do versículo. “Filho do homem” (“filho do humano”) é melhor entendido como sendo aqui referência ao próprio Jesus (Paulo usa terminologia semelhante para falar de si em 2Co 12.2 na terceira pessoa do singular).
3. Meditação
As três perícopes estão intimamente relacionadas. Pedro revela a Jesus que ele é o Messias; Jesus revela a Pedro que ele é o Messias sofredor; Jesus expõe as condições para segui-lo como Messias sofredor. Pode-se construir uma prédica sobre qualquer uma das três perícopes. Como em estudo anterior (PL XXV) já apresentei sugestões para prédicas de Marcos 8.31-33 e 8.34-38, farei neste estu- do uma meditação sobre o texto de Marcos 8.27-33.
a) Os v. 27-28 sugerem que cada pessoa tem uma determinada imagem de Jesus. Seria muito interessante verificar que tipos de imagens existem sobre Jesus nas comunidades. A meu ver, valeria a pena fazer um apanhado de algumas imagens de Jesus em turmas de Ensino Confirmatório, OASE, talvez numa ou noutra diretoria de comunidade. O leque de concepções seria grande e plural, sem dúvida.
b) Poder-se-ia perguntar: como se explica que temos tantas imagens dife- rentes de Jesus e tantas respostas diferentes sobre quem ele é? Aqui se poderia apontar para vários fatores, como por exemplo: a) Depende de quais pastores/ pastoras a gente teve na paróquia ou que influenciaram a gente; b) Depende das comunidades nas quais participamos e vivemos. Há comunidades mais ligadas à teologia do Encontrão, outras à teologia da Comunhão Martim Lutero, outras mais à teologia política ou de libertação, outras mais à teologia das comunidades tradicionais. Cada uma delas também cultiva um determinado Cristo e uma determinada noção de como deve ser igreja; c) Depende de como nós mesmos aceitamos Cristo. O problema aqui é que a gente costuma aceitar de Cristo aquilo que nos convém, aquilo que nele combina com a gente e aquilo que gostamos dele. O que é difícil é aceitar um Cristo que seja bem diferente de nós, que em vez de nos confirmar nos questiona, em linguagem teológica, que nos revela como pecadores e avessos ao que Deus quer. O problema é que a gente faz uma imagem de Cristo “à nossa semelhança”. A mesma coisa vale da sociedade e do mundo. A sociedade cultiva uma imagem de Cristo como ela acha que ele deveria ser. Exemplo: numa sociedade machista, dificilmente será cultivada uma imagem de um Cristo que lutou e pregou defendendo os direitos iguais da mulher; numa sociedade que discrimina pessoas negras, dificilmente Cristo será entendido como quem defende o amor de Deus por todos os povos e raças; numa comunidade de classe alta, dificilmente a imagem cultivada de Cristo é a do Messias preocupado com o bem-estar dos pobres.
c) Outra questão que se poderia levantar: afinal, o problema com as diferentes imagens de Jesus é bem semelhante às imagens que construímos de outras pessoas. Às vezes, pensamos que uma pessoa é uma coisa, quando, na verdade, é bem outra. Como surgem essas imagens distorcidas de outras pessoas? A experiência diz que, quanto menos convivermos com uma pessoa, quanto mais dependermos do que outros acham de uma pessoa, tanto maior será o perigo de fazermos imagens falsas dela. O segredo para sabermos quem uma pessoa verdadeiramente é só é possível quando nós próprios nos aproximarmos dela, convivermos com ela, falarmos com ela. Sem essa proximidade, sem essa comunhão de vida, dificilmente a gente fará um juízo correto de alguém. Aqui está a chave para entendermos o valor do discipulado, do seguimento a Jesus. Sem discipulado corremos sempre o perigo de achar coisas sobre Jesus que ele, no fundo, nem é.
d) O grande desafio que o texto apresenta para nós é o seguinte: queremos seguir Jesus, Filho de Deus, para onde nós gostaríamos que ele fosse ou para onde ele próprio vai? Nós, seguramente, estamos dispostos a seguir Jesus pelos caminhos da Galileia, acompanhá-lo e ovacioná-lo em suas curas e milagres, louvá-lo quando ele derrama suas bênçãos sobre nossas finanças, saúde e amores. Foi esse o “messias” que Pedro confessou ser seu Salvador. A pergunta que se colocava para Pedro era: mas e o caminho para Jerusalém? O caminho em que Jesus foi contestado, perseguido, criticado, difamado e morto? Pedro estava disposto a conhecer e seguir esse Jesus também? Dentro de sua imagem de salvador cabia também esse tipo de salvador? Cabia uma salvação que no mundo é contestada e perseguida porque quer o pão para todos, quer um poder que não seja de uma só pessoa ou partido, mas compartilhado, uma religião que não seja só de ado- ração e louvor na igreja, mas de partilha e solidariedade com os necessitados? Uma salvação que, por defender a verdade, provoca a ira e a perseguição dos que enriquecem com corrupção? Quando Pedro notou que o caminho da salvação de Jesus não era só de glórias e vitórias, mas poderia implicar também muita aspereza, luta, contestação, decepção e sofrimento, ele protestou: “Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo” (Mc 8.32). Jesus, em sua resposta (Mc 8.33), dá a entender que a imagem de salvador que Pedro tinha deduzido de sua pessoa não era a imagem inspirada por Deus, mas pelo diabo. Por isso: “Arreda de mim, Satanás!”
e) Na teologia, convencionou-se vincular a imagem que Pedro fazia de Jesus a uma “teologia da glória”, enquanto a verdadeira imagem e significado de Jesus só poderiam ser descobertos por uma “teologia da cruz”. A gente poderia dizer: Jesus trilhou vários caminhos. Como Salvador, ele só pode ser conhecido em sua verdadeira natureza se estivermos dispostos a acompanhá-lo também em seu caminho para Jerusalém.
4. Imagens para a prédica
Nosso texto está previsto como pregação no dia 13 de setembro, ou seja, uma semana depois das comemorações da semana da pátria. A prédica poderia explorar a justaposição de duas imagens que podem excluir-se ou complementar–se: uma imagem seria a das margens do Ipiranga com o grito: “Independência ou morte”. A outra imagem seria a do Cristo crucificado com os dizeres: “Se o grão de trigo, caindo na terra … morrer, produz muito fruto” (Jo 12.24). Dom Pedro I entendeu que independência e morte se excluíam. O cristianismo crê que o sacrifício de vida de Jesus abriu a porta para a verdadeira independência das pessoas e de um país.
5. Subsídios litúrgicos
Na oração de confissão de pecados, caberia pedir perdão a Deus pelas falsas imagens que construímos de Jesus, pelos interesses próprios com os quais instrumentalizamos nossos conceitos e entendimentos de salvador e salvação. Pedir perdão por construir um Jesus “à nossa imagem”.
Bibliografia
SCHNIEWIND, J. O Evangelho segundo Marcos. São Bento do Sul: União Cristã, 1989.
SCHWEIZER, E. Das Evangelium nach Markus. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht,1967.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).