Proclamar Libertação – Volume 35
Prédica: Mateus 14.22-33
Leituras: 1 Reis 19.9-18 e Romanos 10.5-15
Autor: Arteno Ilson Spellmeier
Data Litúrgica: 8º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 07/08/2011
1. Introdução
Sobre os três textos indicados para o 8º Domingo após Pentecostes:
a) 1 Reis 19.9-18 – Elias sente-se abandonado por todos, frustrado em sua missão de combater os falsos deuses e está ameaçado de morte. Deus tira-o de seu isolamento não através de manifestações de poder (vento muito forte, terremoto e fogo), mas através de “um cicio tranquilo e suave” (v.11-12), confirmando sua missão, pondo companheiros a seu lado e indicando o caminho a seguir. Deus é fiel à sua missão e não abandona aquelas pessoas que confiam nele.
b) Romanos 10.5-15 – O apóstolo Paulo reflete sobre a situação do povo de Israel como povo eleito diante da salvação por graça e fé: “Se com a tua boca
confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (v. 9); “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (v. 12). Jesus é Senhor e não abandona aquelas pessoas que confiam nele, independente de seu passado.
c) Mateus 14.22-33 – Após a multiplicação dos pães e peixes, Jesus ordena que seus discípulos atravessem o mar da Galileia, de barco; no meio da travessia, são surpreendidos por uma tempestade; Jesus vai sobre a água ao encontro deles, comprova a pequena fé de Pedro e acalma a tempestade. Ao que os discípulos confessam: “Verdadeiramente és Filho de Deus!” (v. 33). Jesus é Filho de Deus e não abandona aquelas pessoas que confiam nele, independente de seus medos e pequena fé, e restaura a criação.
2. Exegese
2.1 – O texto previsto para a prédica – Mateus 14.22-33 – é antecedido pelo milagre da multiplicação dos pães e peixes e sucedido pela narração da cura de muitos doentes.
2.2 – Após obrigar os discípulos a entrar no barco e rumar para a outra margem do mar da Galileia, Jesus fica sozinho para orar. A opção de enfrentar a viagem de barco à noite não foi dos discípulos. Jesus os obrigou. Como pescado- res que eram, (a) sabiam dos riscos de tentar atravessar o mar à noite e (b) temiam as tempestades sobre o mar como o caos que existia antes da criação por Deus. Ficar à mercê de uma tempestade no mar significava para eles que o caos original voltou e que Deus os abandonara, porque tirara sua mão ordenadora.
2.3 – A palavra caos vem do grego e significa originalmente bocejo, abis- mo. Na história das religiões, caos é simplesmente o contrário de criação ou de cosmo e, a partir da mitologia grega, reflete o estado original das coisas. Nos mitos de criação de quase todos os povos, o ser humano crê num ato original que explica que o cosmo não nasceu a partir de si, mas de uma ação ordenadora que o obriga para dentro de uma ordem dada pelo ente criador.
Na Mesopotâmia, caos significava, antes de mais nada, mar profundo e revolto, tempestade, escuridão, neblina, devastação, morte (Gn 1.1.-2). Na Palestina, no entanto, caos significava, primeiramente, deserto, falta de água, seca, morte (Gn 2.5).
De acordo com as narrativas de criação do Antigo Testamento, Deus pôs ordem no caos e colocou-lhe limites, criando a luz, o firmamento, a separação das águas, a terra, todos os seres vivos… Deus cria o equilíbrio entre os elementos e as forças para que a vida seja possível.
2.4 – Pessoas dentro de um frágil barco exposto às tempestades têm sido, desde o início do cristianismo, símbolo da comunidade, da igreja cristã. Nele é acentuada a sua fragilidade. Os discípulos em seu medo e em sua vulnerabilidade são como uma amostra do que estava acontecendo ou aconteceria com as primeiras comunidades cristãs. Essas, no entanto, nem sempre foram frágeis e vulneráveis, principalmente depois que o cristianismo se transformou em religião oficial do Império Romano no 4º século e depois que começou a usufruir e a disputar o poder político e econômico com os demais atores da sociedade.
2.5 – O caos não se manifesta apenas exteriormente, através do mar revolto, mas também interiormente, através do medo e pavor dos discípulos. Ao ir ao encontro deles no meio da tormenta, Jesus lhes fala: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” (v. 27). Repetidas vezes, Jesus anima seus discípulos nos evangelhos com as palavras “não temais”. A causa do medo dos discípulos, a tormenta que ameaça suas vidas, ainda não foi eliminada. Eles sabem agora, no entanto, que a figura no meio da tempestade não é um fantasma e que o mestre não os abandonou.
2.6 – O quanto o medo continua presente entre os discípulos no barco fica claro no episódio sobre Pedro, que pede a Jesus: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo por sobre as águas” (v. 28-30). Esse episódio é contado exclusivamente em Mateus, com o que o evangelista quer expor: (a) Pedro vem se destacando como líder dos discípulos; (b) Pedro fracassa no atendimento à ordem de Jesus para caminhar sobre a água, pois tem medo e afunda; (c) Pedro é humano, nada divino em seu fracasso, pois não conseguiu pôr caos interno, o medo, nem o caos externo, o mar agitado, em seus limites.
2.7 – Jesus expõe que foi a pequena fé – não a falta de fé – que impediu que Pedro caminhasse sobre as águas: “Homem de pequena fé, porque duvidaste?” (v. 31). A pequena fé impediu que Pedro restabelecesse o equilíbrio na criação, dentro e fora dela. A pequena fé e o fracasso no meio da tormenta e em inúmeras oportunidades posteriores não impediram que Pedro viesse, mais tarde, a dar testemunho fiel de seu Senhor. O projeto de Deus com cada um/uma de nós pessoalmente para dentro de sua comunidade não depende de nossa opção por ele nem do tamanho de nossa fé, em primeiro lugar, mas de sua opção e de seu amor por nós e de nossa capacidade de crescer, de fracasso em fracasso, na confiança nele.
A tempestade acalmou-se, e o medo dos discípulos sumiu, assim que Jesus subiu no barco juntamente com Pedro (v. 32), restabelecendo a ordem da criação.
2.8 – De acordo com a crença de diferentes povos, um ser humano não pode andar sobre as águas, somente Deus. Se Jesus anda sobre as águas, então ele deve ser “Filho de Deus”. Se Jesus restaura a ordem das coisas, acalma a tempestade e os discípulos, se ele faz o que Deus, o Criador, fez no início dos tempos, pondo o caos dentro de seus limites, restaurando o equilíbrio na criação, então ele deve ser Filho de Deus. A adoração e a confissão dos discípulos “verdadeiramente és Filho Deus” (v. 33) originam-se menos do ato extraordinário e quase mágico de acalmar a tormenta ou duma aparente demonstração de poder por parte de Jesus e mais do fato de Jesus ter agido como Deus agiu por ocasião da criação, pondo o caos dentro de seus limites e restabelecendo o equilíbrio. Tudo isso não acontece como demonstração de poder e senhorio, mas como “um cicio tranquilo e suave”. Deus, enfim, não abandonou os discípulos, mas ficou a seu lado do jeito dele.
3. Meditação
As confissões “… se confessares Jesus como teu Senhor, serás salvo” e “verdadeiramente és Filho de Deus” são o centro da mensagem deste domingo. Como elas se relacionam?
- A confissão dos discípulos de que Jesus é verdadeiramente Filho de Deus acontece após sua salvação do mar revolto. Jesus agiu como Deus havia agido no início dos tempos, quando criou equilíbrio entre os elementos e as forças para que a vida fosse possível. Jesus superou o caos externo, o mar revolto e a tempestade e o caos interno, o medo e o pavor dos discípulos. Jesus é verdadeiramente Filho de Deus porque agiu assim como o Pai agiu.
- “Antes, Jesus havia dominado a fome de uma multidão. Há instantes, havia dominado o pânico de seus discípulos. Agora, domina o mar revolto, os ventos e as ondas. Ao desembarcar no outro lado, revelará mais uma vez seu domínio sobre a doença, curando todos os enfermos que lhe são trazidos” – E. Streck PL 27, p. 206-207.
- Quando a fome do faminto é saciada, Deus ordenou o caos para dentro de seus limites. Quando a doença é afastada da pessoa enferma, Deus ordenou o caos para dentro de seus limites e vida se tornou possível. Quando a ressurreição se impõe à morte, o caos voltou para dentro de seus limites como por ocasião da criação de Deus e perde seu poder.
- A afirmação de Paulo “se confessares Jesus como teu Senhor” acontece quando ele reflete sobre o destino do povo de Israel como povo eleito e sobre o centro de sua teologia, “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23) e “concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (v. 28).
- As primeiras pessoas que confessavam publicamente a “Jesus como Senhor” corriam o risco de ser – em diferentes épocas com mais ou menos intensidade – perseguidas, presas, torturadas e mortas, de perder seus empregos, de ter seus bens confiscados pelo Estado, de perder a cidadania e, assim, entrar na categoria de escravos, de ter suas casas de oração destruídas e os livros sagrados queimados. Confessar Jesus Cristo como único Senhor implicava riscos e sofrimentos naquele tempo. Confissão e testemunho de vida se completavam.
Por motivos políticos, o imperador Constantino passou a tolerar, a partir do ano de 313, o cristianismo e, mais tarde, transformou-o na religião oficial de todo o Império Romano. Com isso as comunidades cristãs passaram de impotentes a poderosas, de ameaçadas a ameaçadoras, de perseguidas a perseguidoras, de minorias a maiorias, de livres para ouvir e viver de acordo com o evangelho a comprometidas com a política do Império. As pessoas ameaçadas não eram mais as pessoas que confessavam publicamente que Jesus é Senhor, mas as que não pertenciam à comunidade cristã.
- A confissão de que Jesus é Filho de Deus e que Jesus é Senhor tem consequências para a nossa relação com os nossos bens e com todos os sistemas que provocam morte, cerceiam a liberdade, atropelam a justiça porque se julgam donos de tudo e de todos. Ela tem consequências para a nossa relação com o meio ambiente, com as outras pessoas, para a nossa vida comunitária, familiar e espiritual e para a forma que nos vemos a nós mesmos. Ela tem consequências para a nossa relação com a morte porque a fé na ressurreição dá um novo sentido à vida. “… e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
- Se for a participação no poder que cria tantas dificuldades para a nossa sintonia com Jesus Cristo como Filho de Deus e Senhor, por que não tentamos olhar o mundo e ler as Escrituras com os olhos dos pobres, viver a impotência das pessoas com deficiência, sofrer com as mães que têm filhos dependentes químicos, sentir o abandono das crianças de rua?
- Se for a participação no poder que cria tantas dificuldades para a nossa sintonia com Jesus Cristo como Filho de Deus e Senhor, por que não tentamos organizar o nosso engajamento a favor do meio ambiente e da preservação da criação de Deus como superação do caos, como restauração das condições de vida?
- Quando Deus ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, ele superou o caos do pecado e restaurou as condições de vida que existiam antes da queda de Adão e Eva.
- Jesus é Filho de Deus, é Senhor e não abandona aquelas pessoas que nele confiam, independente de seus pecados, medos e pequena fé, e restaura a criação.
- No século V, uns 150 anos depois do fim da perseguição à igreja cristã pelo Império Romano, o santo Hilarius escreveu:
… Em lugar disto (das antigas perseguições) enfrentamos atualmente um perseguidor, um inimigo muito mais perigoso que nos adula, ou seja, o imperador de Roma. Ele não mais fere as nossas costas, mas pendura ordens e condecorações em nosso peito. Ele não confisca mais os nossos bens; pelo contrário, ele nos dá presentes de grande valor. Ele não nos obriga a ser livres de verdade, aprisionando-nos, mas nos transforma em escravos, quando nos honra e homenageia em seu palácio. Ele não mais nos ataca pelas costas, mas se apossa de nosso coração. Ele não mais nos manda decapitar, mas mata o nosso espírito com ouro… Ele diz sim a Cristo para, de fato, negá-lo. Ele anuncia união, mas impede comunhão.
- “No começo, Deus criou o céu e a terra. Não havia ordem nem vida na terra, que era coberta por um mar profundo. A escuridão cobria o mar, e o Espírito de Deus se movia por cima da água” (Gn 1.1-2).
- “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda ne- nhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo” (Gn 2.5).
- “Ele (Jesus Cristo) se rebaixou, andando nos caminhos da obediência até a morte – e morte na cruz” (Fp 2.8).
- O barquinho frágil que simbolizava a igreja cristã dos primeiros tempos transformou-se paulatinamente, a partir de seu reconhecimento como religião oficial do Império Romano, num porta-aviões, num navio de guerra armado até os dentes, que a tudo e todos começa a submeter, transformando aquele que se esvaziou de todo o poder em potente senhor de guerra.
4. Subsídios litúrgicos
Hino inicial:
Aqui chegando, Senhor, que podemos te dar? Um simples coração e uma vontade de cantar. Recebe o nosso louvor e tua paz vem nos dar, e tua paz vem
nos dar.
Saudação:
“Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9).
Confissão de pecados:
Com o hino n° 150 – Hinos do Povo de Deus V. 1: Se sofrimento te causei, Senhor.
Anúncio da graça:
“Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm 10.12).
Gesto de paz
Canto:
Hino n° 95 – Hinos do Povo de Deus V. 1: Jesus Cristo é Rei e Senhor.
Oração de coleta:
Deus de amor, que conduzes tua comunidade e, em Jesus, cumpriste tua maior promessa, nós te pedimos: restaura o equilíbrio em tua criação, sê misericordioso e fiel conosco, fortalece nossa fé para que confiemos em tua presença no meio de nós. Por Cristo Jesus, que contigo e com o Espírito Santo reina de eternidade a eternidade. Amém!
Leitura bíblica: 1 Reis 19.9-18
Canto:
Fala, Senhor. Fala, Senhor! Palavra de fraternidade. Fala, Senhor!
Fala, Senhor! És luz da humanidade.
1. A tua palavra é fonte que corre, penetra e não morre, não seca jamais.
2. A tua palavra que a terra alcança é luz, esperança que faz caminhar.
3. A tua palavra é farol da justiça que vence a cobiça, é bênção e paz.
Leitura bíblica: Romanos 10. 5-15
Canto:
Fala, Senhor. Fala, Senhor! Palavra de fraternidade. Fala, Senhor!
Fala, Senhor! És luz da humanidade.
Evangelho: Mateus 14.22-33
Pregação
Confissão de fé
Avisos e anúncio da oferta
Canto:
Hino n° 98 – Hinos do Povo de Deus V. 1: Qual barco singra pelo mar a
igreja do Senhor.
Intercessão:
Amado Pai, tu nos amas com a mesma intensidade com que a mãe ama seus filhos. Agradecemos-te por esse amor que tens por nós e por toda a tua cria-
ção. Agradecemos-te por aquilo que já criaste, pela vida que estás criando e ainda irás criar. Agradecemos-te por poder ser teus colaboradores e tuas colaboradoras no ato de criar e dispomo-nos a assumir essa tarefa com carinho, responsabilidade e firmeza. Queremos ser coerentes com o teu evangelho:
– Queremos deixar de nos acovardar diante dos poderes que oprimem e eliminam o que é por ti criado e amado, pois participar de tua criação significa, antes de mais nada, evitar a destruição impiedosa das muitas formas e ciclos de vida;
– Queremos superar a passividade diante de ideias, projetos e estilos de vida que significam vida para alguns poucos e morte para muitos;
– Queremos assumir um jeito de viver sóbrio e parcimonioso, que procura respeitar o todo de tua criação e que não acontece às custas das gerações futuras.
Pedimos-te em nome de teu filho, que por nós viveu e morreu:
– Ajuda-nos a achar as respostas e alternativas certas quando estamos diante de problemas difíceis relacionados com a preservação tua criação;
– Dá-nos discernimento para que preservemos o que deve ser preservado e modifiquemos o que precisa ser mudado;
– Faze-nos permanentemente inquietos para não nos conformarmos com a destruição, exclusão e injustiça;
– Dá-nos coragem para não fugir de tua cruz e dá o teu santo espírito às nossas comunidades para que a tua palavra crie vida nova em nosso meio;
– Ajuda-nos a achar o nosso lugar como partícipes da tua criação.
Agradecemos por continuares a apostar em nós. Amém!
Pai-Nosso
Bênção:
Senhor, tu que és a fonte da bênção, abençoa-nos.
Tu que és a fonte da força, fortalece-nos.
Tu que és a fonte do amor, anima-nos para amar todas as tuas criaturas e, confiantes, seguir por teus caminhos.
Bibliografia
MATTHIAS, Walter. Artigo “Chaos”. In: BRUNOTTE, Heinz; WEBER, Otto. Evangelisches Kirchenlexikon. V.1. Goettingen: Vandehoeck&Ruprecht, 1956. STRECK, Edson Edilio. Meditação sobre Mateus 14.22-33. In: HOEFELMANN, Verner; SILVA, Artur (Coords.). Proclamar Libertação. V. 27. São Leopoldo: Sinodal, 2001.
VOIGT, Gottfried. Meditação sobre Mateus 14.22-33. In: ID. Die gelieb- te Welt: Homiletische Auslegung der Predigttexte: 3. Reihe. Göttingen: Vandehoeck&Ruprecht, 1980.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).