Proclamar Libertação – Volume 35
Prédica: Mateus 21.33-46
Leituras: Isaías 5.1-7 e Filipenses 3.4b-14
Autora: Ângela Zitzke
Data Litúrgica: 16º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 02/10/2011
1. Introdução
Tanto o texto de Isaías como o de Mateus descrevem a história de um homem que plantou uma vinha e que, tendo cuidado dela com carinho, ficou decepcionado. A vinha, que tinha tudo para ser perfeita, pois foi muito bem administrada, na hora de dar bons frutos apresenta apenas uvas bravas (Is 5.2,4). Os lavradores, que receberam tudo para ser gratos e felizes, na hora de devolver a parte que cabia ao senhor da vinha resolvem apoderar-se de tudo e, amotinados, matam os servos bem como o próprio herdeiro do vinhedo (Mt 21.38-39). Como reage esse homem – o próprio Deus –, representado pelos textos do Antigo e do Novo Testamentos?
O Deus frustrado com a história humana de pecado é descrito de forma severa em Isaías como aquele que destrói seu vinhedo, transforma-o em pasto e deixa que cresçam sarças e espinheiros em seu meio. Tendo poder sobre a chuva, até mesmo essa ele não permitiu que caísse sobre tal vinhedo, para que ficasse deserto (Is 5.5-6). Essa é a punição para a nação que, ao invés de justiça, exerceu a opressão. Mas a fidelidade de Deus é inabalável. A passagem apenas evidencia que o ser humano foi infiel. Jesus também não admite que a maldade vigore no reino de Deus. Ele atua primeiro ao assumir sua condição de pedra angular. Jesus, como filho de Deus (o próprio herdeiro que foi morto), oferece a entrada no reino ao inaugurar o poder do perdão em meio à humanidade (Mt 18.22). Paulo afirma que essa entrada dá-se através da justiça que vem de Deus pela fé (Fp 3.9). Até que todo ser reconheça que, assim como Paulo, por seu próprio zelo jamais agradará a Deus e encontre na fé o caminho que leva até o alvo, Jesus aguarda pacientemente por uma nação que finalmente devolverá com alegria os frutos ao dono da vinha.
2. Exegese
O texto de Mateus está dividido em duas partes: os versículos 33 a 39 tratam da parábola dos trabalhadores na vinha – uma história ilustrativa contada por Jesus, repleta de detalhes na intenção de fazer o povo e seus líderes refletirem os problemas de sua época; já os versículos 40 a 44 tratam da interpretação dessa história (os versículos 45 e 46 podem ser considerados consequência dessa interpretação, mas não deixam de fazer parte desse segundo bloco).
2.1 – Parábola de Jesus (v. 33-39)
Um pai de família constrói sua vinha. Como precisa ausentar-se, aluga aquelas terras para que lavradores as cuidem. Se esses cuidam bem ou mal da vinha, não há como saber; provavelmente cuidam muito bem. Com certeza, a terra devia ser muito fértil, pois, pela forma como atuam depois, ao que tudo indica, muito “dinheiro” estava em jogo. Na hora de devolver os frutos da terra ao dono, os servos acham-se no direito de apossar-se das terras e esquecer que essas não eram suas, mas pertenciam a alguém que muito antes as comprara, fertilizara, circundara (para proteção de intrusos e delimitação de terreno), construíra lagar (para tirar o precioso suco dos frutos), valado (com corrente límpida de águas para irrigação) e torre (para admirar seus vastos campos).
Na hora de receber os frutos de sua colheita, envia seus servos. Esses são feridos, apedrejados e mortos. Tenta novamente com um número maior de servos, que igualmente são desrespeitados. Nem seu grande número intimida mais os lavradores cegos pela ganância. Como última alternativa, acredita que o amor e o vínculo de fidelidade que tinham para com ele no início se manifestarão novamente no coração e consciência dos lavradores. Acredita que, ao verem seu filho, reconhecerão a figura de respeito e autoridade do próprio homem com quem selaram seu contrato.
Mas isso não acontece. Os lavradores conseguem apenas olhar para o filho como o cobiçado herdeiro; uma figura de autoridade que pode ser usurpada para si. Seu pensamento é levar vantagem em tudo e tentar tomar o que não lhes pertence, não importando os meios para tanto. É fora da vinha que o assassinato acontece, no território extraoficial, nas terras onde o dono não tem autoridade, em meio às sombras. E dessa forma, escondidos da face de seu locador, o responsável por seu cuidado, salário e bem-estar, eles matam o único que ainda poderia trazer de volta o arrependimento e reconhecimento de sua verdadeira condição: a de lavradores arrependidos e não de assassinos ambiciosos e revoltados.
O texto de Paulo (Fp 3.4b-14) está diretamente relacionado com essa parte em que o arrependimento foi possível, mesmo diante de perseguições e disposição para matar. O texto de Paulo oferece a visão daquele que já viveu segundo as leis humanas e, mesmo de forma irrepreensível, considerou essa experiência como perda. Todo o seu zelo e autoconfiança deram lugar à confiança em Deus. Tudo o que fez baseado em seu radicalismo irrepreensível transformou-se em tristeza. As palavras relacionadas com a atuação humana de Paulo descritas na perícope seriam: fariseu, perseguidor da igreja, irrepreensível, confiante na carne (v. 4-6), e ainda depois de sua conversão as palavras “tenha alcançado” e “seja perfeito” (v. 12) refletem uma tendência humana natural de desejar ser maior do que Deus. A partir da compreensão de que a perda da imagem que criara para si é muito melhor, considerou como ganho transferir esse mérito a Cristo.
2.2 – Interpretação de Jesus (v. 40-46)
Agora o pai de família ganha um novo status nas palavras de Jesus: ele é nomeado “dono/senhor da vinha”. Isso traz um caráter de autoridade. A figura próxima e afetiva do pai é deixada de lado, e é aberto um novo padrão de reconhecimento para o mesmo homem que um dia construiu sua vinha e arrendou trabalhadores.
Os lavradores receberam instruções claras de como deveriam ter trabalhado. Foi feito um acordo com aquele senhor. Diante das condições estabelecidas, nada mais justo do que devolver a parte dos lucros que cabiam ao dono. A punição dada por aqueles que escutaram a parábola foi de olho por olho, isto é, “afrontosa morte aos maus”, tendo em vista que o dono perdeu lucros na vinha, servos queridos e seu amado filho de forma injusta e cruel. O povo responde consolando a figura do pai para que esperasse pela próxima estiagem. Através do arrendamento de novos lavradores, receberá, a seu tempo, os frutos que, em esperança, hão de vir depois de superada tamanha tragédia em sua vida.
O “pai de família” não se compraz com a vingança, nunca quis mortes, nem de seus servos, tampouco dos lavradores. Tem coração bom e puro, pois sempre confiou e quer continuar confiando não só nos servos fiéis, mas também na recuperação dos lavradores (chega a enviar três vezes a oportunidade de restauração e arrependimento para eles). Já a face do senhor da vinha não tem piedade e pune para que haja restauração de seus lavradores, que, por terem agido com maldade, precisarão ser corrigidos. O texto não diz o que o pai na parábola fez aos lavradores, qual foi o método para puni-los, ensinando a não cometer mais atos de violência contra a vida. Mas, com certeza, Deus não desistiu deles e jamais deixou de amá-los. A própria afirmação de Jesus entendendo-se como pedra angular demonstra que continua de braços estendidos, dando mais uma chance aos lavradores da vinha de seu pai (representados pelos principais sacerdotes e fariseus).
Antes de ser aceito como pedra angular, Jesus foi rejeitado. Os lavradores cometeram inúmeros atos que seriam dignos de punição. Como podem ser esses ainda aceitos? Não deveriam ser trocados por outros que dessem frutos, que reconhecessem os frutos de seu locador e senhor, devolvendo-os àquele que é dono das terras e recebedor de direito? Jesus afirma que o reino será habitado por lavradores justos e negado aos maus. Mas isso também seria injusto, considerando que todo ser humano é pecador e não consegue fazer o bem; é humano e, por isso, mau por natureza. Pelo fato de ser humano, não consegue deixar de pecar. Para resolver esse problema, de cunho pessoal, humano e existencial, pois fala a respeito de todos, analisar-se-á de forma interpretativa cada aspecto sentenciado por Jesus na perícope de Mateus 21.42-44.
3. Meditação
No intuito de trazer subsídios para a elaboração de uma mensagem/prédica, três aspectos serão analisados a respeito da entrada no reino de Deus, presentes na parábola dos lavradores na vinha:
1 – O reino de Deus será negado aos maus, que serão despedaçados e reduzidos a pó. Os lavradores acumularam muitos pecados para si. Enumeremo-los:
a) Foram ingratos, pois não conseguiram reconhecer que tudo o que o pai lhes dera (e eles estavam de acordo desde o início, quando foram contratados) era suficiente e bom para viver. Eles tinham um lugar lindo, terras férteis, emprego, família sustentada, garantias de conforto, labor e bem-estar, mas colocaram tudo a perder quando passaram a desqualificar o que tinham. É muito comum quando a insatisfação com pequenas coisas começa a tomar proporções maiores do que a realidade se apresenta. O choro, o lamento e a murmuração aumentam, gerando ingratidão. Seus olhos não conseguem mais reconhecer que, mesmo cercados de maravilhosas dádivas e ótimas condições de trabalho, seus problemas e provações ainda eram suportáveis e até solucionáveis. Quando a fé começa a esmorecer e a sensação de abandono aparece (pois o “pai/líder/senhor” parece estar longe), seguida da sensação de desistência (pois os problemas administrativos e desafios na vinha não deviam ser poucos numa terra tão grande), a raiva vem com toda a sua força. Essa raiva diante dos problemas reais que a vida coloca a cada ser humano na face da terra (para que cresça e se supere), bem como a insatisfação ilusória (fantasmas que cada um cria ao seu redor e fazem com que os problemas pareçam bem maiores do que são) geram desistência e ingratidão. Os lavradores foram ingratos, pois se revoltaram com a vida que levavam.
b) Deixaram-se levar pela ganância – desejo de apoderar-se das terras de seu senhor, de possuir a herança que cabia apenas ao filho, tomando o seu lugar e assumindo esse lugar indevido de usurpação no seu íntimo. Em não cultivando uma sensação de gratidão em seus corações, mas antes deixando-se levar pela insatisfação, passam a experimentar a falta de honestidade, fé, amor e gratidão pela vida. A felicidade de trabalhar em tão boas terras e sob tão desafiadoras condições (que também exigiam esforço dos lavradores e, ainda assim, lhes garantiam o sustento como fruto de seu trabalho) foi aos poucos sendo esquecida. Justamente por ser próspera, agradável e bela, a vinha passou a ser cobiçada. Os lavradores passaram a compreender que aquele lugar era seu – talvez por morarem lá e não verem seu dono há tempo, talvez porque a casa era boa e os lucros muito altos – e apossam-se do que não era deles. Eles começam a lutar por esse lugar cobiçado, o lugar de dono, o lugar de quem não repassa os lucros, mas quer ficar com todos eles para si, como se dignos desse direito fossem. Portanto um lugar de usurpação em seu coração é aberto. Em assumindo seu livre-arbítrio para fazer o mal, assumem todas as consequências para lutar em favor de algo que nunca fora seu. Demonstram que perderam a fé em si mesmos e negaram a gratidão por seu senhor.
c) Ousaram matar. Eles lutaram com todas as suas forças para fazer o mal, ferindo, apedrejando, até chegar ao ponto de matar para conseguir concretizar seus objetivos perversos. A consequência de uma queda são sempre a dor, a solidão, o desespero, a loucura, atos insanos, a agressão alheia, o desrespeito (ao próximo e a si mesmo) e o sofrimento, muito sofrimento para o mau lavrador. Ele sofrerá até que retire o verdadeiro ensinamento de sua dor e nunca mais deseje cometer o mesmo delito. Seu livre-arbítrio sempre estará presente para permitir que ele opte por fazer o mal novamente. Se fosse para fazer o bem, não precisaria usar do livre-arbítrio, pois isso está justamente em conivência com o desejo e os propósitos de Deus para sua vida. Ao olhar para suas atrocidades, os lavradores não sentiram culpa, pois estavam cegos. O papel do senhor da vinha, ou mesmo de Jesus como a pedra rejeitada, é de despedaçar e reduzir a pó aqueles que caírem sobre ela (Mt 21.44). Todos os “caídos”, os “lavradores maus”, os “sem limites”, os “delirantes” cegados pela ambição, aqueles que cometem crimes sem arrepender-se serão julgados. Sim, pois precisam aprender que tirar vidas é erra- do. Não está se falando de punição, mas antes de correção. Essa pode vir através do amor do pai que confia e aguarda até gerar arrependimento (enviando três vezes seus servos) ou através da dor e do sofrimento provenientes da própria maldade cultivada no coração de quem se opôs a receber amor (essa maldade precisa ser revelada a seus olhos).
Pode-se concluir a respeito do primeiro aspecto (que nega a entrada dos maus lavradores no reino de Deus), levantado por Jesus nos v. 43a e 44, que, quando o lavrador insiste em seu ato rebelde de cometer o mal, não está mais conivente com a bondade e o amor que reinam na vinha. Essa facção que iniciou em seu coração vai levá-lo a um lugar de cisão e afastamento, onde irá aprender que não pode agredir o próximo (simbolicamente pode-se dizer que do céu ele vai para o inferno momentaneamente). Quando conseguir contatar com o amor novamente e reconhecer que os servos e o dono da vinha são seres dignos de respeito e não mais alvo de cobiça, terá a oportunidade de corrigir seus erros como ato consequente de seu arrependimento (ato simbólico de ressurreição com Cristo para atuar em novidade de vida).
2 – O reino de Deus será dado a lavradores responsáveis. Em tendo aprendido que sua natureza é má e tendo reconhecido que o que fez foi errado, o lavrador arrependido inicia o segundo processo, muito bem descrito por Paulo em Filipenses 3.4b-14. Ele irá tentar cumprir a lei de forma exemplar e correta. No entanto, convencer-se-á de que também não pode confiar na carne e em suas boas intenções. Ele é falho, humano, enfim, pecador. Jamais alcançará justiça por suas próprias mãos. Quando Jesus afirma que é a pedra angular, está ofertando a salvação através de seu ato justificador; é a lei divina restaurando a lei humana. Através de suas aflições, morte e ressurreição (Fp 3.10), Jesus possibilitou que a fé substituísse a busca humana desesperada por perfeição. Reconhecer esse agir e dar graças por ele, num ato de satisfação com a vida, humildade diante de Deus e agradecimento, sempre gerará prosperidade. Um lavrador responsável é aquele que reconhece através da fé a atuação de Deus, permite que ela continue através da gratidão e devolve a ele os seus frutos, vivenciando o amor (pois esse o alcançou primeiro). Essa devolução nada mais é do que o amor divino fluindo em seu coração, alcançando e curando tanto seu interior como outros lavradores; mas sempre será graças ao agir divino. A responsabilidade (ser um lavrador responsável) está no reconhecimento da falibilidade humana.
3 – O reino de Deus será dado a uma nação que dê frutos. Jesus não olha para o reino como a entrada em um lugar onde seus empregados sejam passivos e muito menos aproveitadores. As terras do reino são para lavradores que não usurpam o lugar de Deus, mas antes reconhecem sua condição de humildes servos. Não se trata de servidão ou escravidão humana, e sim de desenvolvimento de um caráter de humildade. Seria o lugar de valor e respeito diante do sagrado desenvolvido já aqui na terra, para que continue no “céu”. A possibilidade de entrada no reino será dada ao lavrador que devolver os frutos a seu senhor. Isso significa: colocar seus dons e talentos à disposição do agir divino, que é sobrenatural e toca-nos incondicionalmente.
4. Imagens para a prédica
a – Antes tido como “pai locador”, agora é visto como dono de grandes e prósperas terras, aquele que não é mais respeitado, mas cobiçado. A ganância brota nos corações dos lavradores, pois o desejo de ter o que não é seu superou o amor e o respeito pela pessoa que antes representava uma oportunidade de restauração em suas vidas (apenas os lavradores da parábola em questão poderiam dizer onde e em que condições viveram antes de ter conhecido o bondoso pai de família – se tinham uma vida sofrida, se passavam necessidade, se verdadeiramente melhoraram com a oportunidade de trabalho).
b – Os lavradores, ao cometer o assassinato dos servos, tiraram o direto de outro ser humano de viver e cumprir seu papel (dado pelo pai/senhor/Deus). Eles interromperam a missão dada por Deus a muitos de seus servos, sem medir qualquer consequência, pensando apenas em si e em seu direito de usufruir de um lugar que não era seu. O lugar do dono estava com aquele pai de família, pois ele era digno do cargo. Quando o ser humano tenta usurpar o lugar de Deus, ele fracassa sempre.
c – Quem toma o lugar de Deus pensa que pode tudo por suas próprias forças, quando, na verdade, o lucro, os frutos sempre foram de Deus. A vinha é de Deus, e seus frutos também. Os lavradores apenas cultivam, deixam que Deus atue através de suas mãos, reconhecendo seu lugar de trabalhadores. A vinha não é sua; foi o pai que comprou e a fez tão bonita e agradável para que os lavradores vivessem muito bem nela. As uvas brotam da terra, pois Deus a abençoou, permitindo que o fruto crescesse através da dádiva graciosa da vida. Quando Deus atua, é sempre graças a seus veiculadores, sejam eles humanos, celestes ou naturais (como a uva que cresce pela mão graciosa de Deus e trará o sustento através de seu suco ao lavrador que a cultivou).
d – Colocar-se à disposição do agir amoroso de Deus é estar constantemente reconhecendo, assim como Paulo, que não recebe nenhum mérito por aquilo que faz por suas próprias forças, mas pode ser muito como servo de Deus. Ele fez tanto em sua tarefa missionária graças ao apoio, amparo e atuação de Deus em sua vida; do contrário, ainda estaria atuando como o lavrador cego que tirava vidas (At 9.1-6). Tudo o que foi gerado, e isso o ser humano lavrador deve sempre reconhecer, veio a ele por obra divina.
e – “Tempo de podar e lavrar as vinhas”: no site abaixo, encontra-se a narrativa de Luís Pardal, natural de Castelo Branco Mogadouro, que cresceu em meio ao parreiral da região norte de Portugal (Bragança). Através de seu relato pode-se tirar ótimas ideias para melhor ilustrar a mensagem.
http://www.castelobrancomogadouro.com/index.php?option=com_cont ent&view=article&id=260:tempo-de-podar-e-lavrar-as-vinhas-&catid=39:luis- pardal&Itemid=58
5. Subsídios litúrgicos
Confissão de pecados:
Amado Deus, achegamo-nos diante de ti para confessar que, muitas vezes, agimos de maneira indigna. Assim como os lavradores da parábola, deixamo-nos
levar por sentimentos humanos de ingratidão e murmuramos contra ti e contra nosso irmãos. Sentimos inveja e cobiçamos o que não nos pertence. Inclusive
sentimentos de morte nos permeiam, desorientando nossos passos. Por tudo isso queremos pedir-te perdão, Deus de misericórdias sem fim. Sabemos que tua fidelidade é inabalável, mesmo quando a nossa fé se apresenta falha. Aceita nosso arrependimento, orienta novamente nossos passos e transforma-nos, por tua graça, em lavradores responsáveis, dispostos a devolver os frutos de nossas vidas para ti, pois por ti foram plantados!
Oração de coleta:
Deus de amor eterno! Temos consciência de que, querendo o melhor para nós, preparaste um lugar especial, um vinhedo com cerca, lagar e torre. Fizeste
tudo para que o povo de Israel lhe entregasse frutos de justiça e compaixão, apesar de sua falibilidade humana. Queremos te pedir, relembrando esse gesto amoroso de carinho e compreensão no passado, que nos ensines a retribuir, para que esses frutos gerados por ti em nossos corações sejam estendidos até o próximo como forma de louvor a teu nome. É o que te pedimos por Jesus Cristo, teu filho, herdeiro de tua vinha, que contigo, o senhor da vinha e pai de família, e o Espírito Santo, que abençoa o bom crescimento da uva na terra, vive e reina, com eterna compaixão e misericórdia por nós, teus lavradores. Amém.
Oração geral da igreja:
Perdoa-nos quando pensamos que podemos tomar o teu lugar. Ensina-nos a reconhecer que todo ato benéfico vindo de nós foi gerado por ti primeiro. A vinha é tua, e seus frutos também. Nós lavradores apenas a cultivamos, deixando que tu atues através de nossas mãos.
C: Ouve nossa oração e atende a nossa súplica. (2x)
Pedimos-te perdão, Senhor, pois, mesmo quando agimos como maus lavradores, tu nos recebes em tua bondade. Perdão por sermos tão bem cuidados e nos negamos a cuidar, tão bem amados e nos negamos a amar, tão bem amparados e nos negamos a amparar. Transforma-nos e restaura-nos.
C: Ouve nossa oração (…)
Reconhecemos nosso lugar de trabalhadores e agradecemos por ter casa, família, enfim, uma vinha tão bonita e agradável para trabalhar e com tantos desafios para crescer.
C: Graças, senhor! (2x) Por tua bondade, teu poder, teu amor, graças, Se
Graças te damos, Senhor, pelas uvas que brotam da terra, pois tu permitiste que o fruto crescesse através da dádiva graciosa da vida. Que ele nunca deixe de trazer o sustento ao lavrador que a cultivou. Nessa firme certeza de que é a tua fidelidade que governa nossas vidas te damos graças.
C: Graças, senhor (…)
Continua atuando através de teu eterno amor. Derrama-o sobre teus veiculadores, sejam eles humanos (o povo da terra, as lideranças da igreja, nossos
governantes), celestes ou naturais (o fruto da terra e a própria vinha que nos abençoa o sustento). Unge cada um de teus trabalhadores para que estejam sempre dispostos e continuem transmitindo esse amor aos que cruzarem em seus caminhos. Amém!
Bibliografia
http://www.madeirawine.com/html/p-lagares.html
http://dasmargensdorio.blogspot.com/2009/02/lavadeiras-36.html
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).