Proclamar Libertação – Volume 34
Prédica: Mateus 28.16-20
Leituras: Atos 1.1-11 ou 2 Reis 2.9-18 e Apocalipse 1.4-8
Autora: Scheila dos Santos Dreher
Data Litúrgica: Ascensão do Senhor
Data da Pregação: 13/05/2010
1. Introdução
Do texto previsto para a pregação neste dia da Ascensão do Senhor Jesus Cristo extraiu-se o tema da IECLB no ano de 2001 (“Ide, fazei discípulos”). Isso significa que as comunidades já se ocuparam, certamente naquele ano, com esse texto em cultos e, provavelmente, também no estudo bíblico em grupos específicos. Na ocasião, o lema bíblico indicava o objetivo do “Ide”: “para que tenham vida… em abundância” (Jo 10.10). Lembro, ainda, que em duas ocasiões já se escreveu sobre esse texto no Proclamar Libertação (X e XXX). É a primeira vez, no entanto, que ele vem associado à Ascensão. Proponho, portanto, que nos debrucemos sobre Mateus 28.16-20 à luz, especialmente, de Atos 1.1-11, que é propriamente o testemunho da Ascensão de Jesus.
O culto no Dia da Ascensão acontece entre a Páscoa e o Pentecostes. O texto de Atos 1.1-11 apresenta os três momentos: dá testemunho do Cristo que “se apresentou vivo” aos discípulos, “com muitas provas incontestáveis […] durante quarenta dias” (At 1.3). Em sequência, anuncia a vinda do Espírito Santo: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Finalmente, apresenta o momento “atual”: “E, estando eles com os olhos fitos nos céus, enquanto Jesus subia, […] lhes perguntaram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como vistes subir” (At 1.10s).
O segundo texto indicado como leitura, Apocalipse 1.4-8, enfatiza a preexistência de Cristo e sua eternidade: o Senhor Jesus que agora sobe aos céus e que virá novamente é o mesmo que “é, que era e que há de vir” e, por isso, tem autoridade para enviar os discípulos a todas as terras e a todos os povos com a missão de dar testemunho do seu evangelho.
2. Exegese
É de comum acordo que nenhum dos assim chamados “quatro evangelhos” foi escrito imediatamente após os fatos e os testemunhos em questão. Isso significa que o que se passou com Jesus e em torno dele é descrito, nos evangelhos, à luz dos acontecimentos e da vivência de uma comunidade ou pessoa algum tempo depois. Em outras palavras: a vida e os ensinamentos de Jesus a respeito do reino de Deus, relatados nos evangelhos, foram costurados com a experiência e a compreensão da própria comunidade ou pessoa que fez a redação. Ela compilou alguns materiais já existentes e também propôs releituras das Escrituras (AT) e fez tudo isso à luz do anúncio e da prática de Jesus. No caso da comunidade de Mateus, ao que tudo indica, já circulavam em seu meio o Evangelho de Marcos e o Evangelho dos ditos de Jesus (Q); esse último se perdeu, embora seja perceptível na comparação dos ditos de Jesus que se encontram nos evangelhos de Mateus e Lucas e não se encontram no Evangelho de Marcos.
O que se sabe sobre o Evangelho de Mateus e a comunidade que está por trás dele? Não muito! Provavelmente esse evangelho tem sua origem em torno do ano 85 d.C., ou seja, depois da destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70. Por causa do massacre e da destruição do templo de Jerusalém, muitas pessoas fugiram da região e buscaram reconstruir sua vida em outros lugares. Ao que tudo indica, esse é o caso da comunidade na qual nasceu o Evangelho de Mateus. Ela era formada, em grande parte, por cristãos provenientes do judaísmo, que se entendiam na continuidade da história do povo de Israel, como aponta a genealogia no início do evangelho. Isso significa duas coisas: a vida do dia-a-dia no seio dessa comunidade estava permeada pela cultura judaica; para além disso, no entanto, ao mesmo tempo em que as Escrituras (AT) foram constantemente citadas nesse evangelho – algo comum dentro da prática judaica –, elas foram relidas à luz da Boa-Nova do evangelho de Jesus Cristo.
Faz-se relevante relembrar, inicialmente, o contexto de construção do Evangelho de Mateus, porque a busca pela interpretação de um texto bíblico precisa, primeiramente, perguntar pelo sentido desse texto para as pessoas que se ocuparam com ele, tanto no aspecto redacional quanto como primeiras ouvintes, para depois fazer o exercício de atualizá-lo. Por exemplo: O povo de Israel encontrava-se sob domínio estrangeiro, como tantas vezes ao longo de sua história. Certamente a concepção de ser povo eleito/escolhido de Deus restaurava sua dignidade e não os deixava desanimar. A compreensão de ser nação escolhida era seu tesouro (1Cr 17.21; Is 49.3; Sl 89.1-4). Diante disso, como devem ter soado, para o grupo de discípulos mais próximos a Jesus, suas palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações…” (Mt 28.19)? Como “abrir mão” de algo que lhes era tão precioso? Como superar um certo “orgulho nacional” e incluir outros povos e nações sob o “guarda-chuva” do amor e da salvação, oferecidos por graça pelo único Deus através da morte e ressurreição de Jesus Cristo? Que rupturas culturais e religiosas se fizeram necessárias a esse grupo de discípulos e a tantos outros seguidores e seguidoras de Jesus que também atenderam a seu chamado? A comunidade de Mateus certamente já estava ensaiando timidamente o imperativo de Jesus à medida que outras pessoas, não-judias, iam sendo incluídas em seu meio. Aliás, o fato de ela existir, provavelmente na Síria, revela que a ordem de Jesus estava acontecendo. Quão profundamente essas palavras de Jesus devem ter impulsionado essa comunidade a uma nova prática de vida e fundamentado sua atuação missionária! Se com a visita dos sábios do Oriente ao menino Deus nascido em Belém o anúncio da salvação estendeu-se a outros povos, agora, com a morte, a ressurreição de Jesus e o envio de seus seguidores e seguidoras, a igreja (comunhão das pessoas batizadas em nome do trino Deus) foi definitivamente incumbida de ser testemunha e missionária.
Segundo Leonhard Goppelt, encontramos em Mateus 28.16-20 três momentos: a exaltação de Jesus através da ressurreição, o envio e a promessa de auxílio (p. 249). Num primeiro momento, os discípulos (no caso, o grupo mais próximo de Jesus) dirigem-se à Galileia, para o monte que Jesus lhes designara (Mt 28.16), segundo a orientação que receberam da parte de Maria Madalena e da outra Maria, ambas testemunhas da ressurreição (Mt 28.1,10). Na tradição do povo de Israel, “monte” é lugar de revelação de Deus. Foi no monte Sinai que Moisés recebeu de Deus os Dez Mandamentos (Êx 19.18ss); foi no alto de um monte que aconteceu a transfiguração (Mt 17.1ss). Além disso, chama a atenção o fato de que o monte em questão fica na Galileia, região cujo povo era olhado com suspeita pelos religiosos judaicos por entender que ali não se observava com seriedade a lei judaica. Na Galileia, Jesus passou sua infância; da Galileia, terra menosprezada, vem o enviado de Deus; na Galileia, Jesus envia os discípulos com a missão de fazer conhecida a todos os povos a salvação que é oferecida por parte de Deus através da sua morte e ressurreição. Jesus encontra-se com os discípulos, portanto longe de Jerusalém – centro da religião judaica. O fato de que os discípulos se dirigiram até o lugar indicado revela a busca pelo fim da angústia, da insegurança e pela superação do medo que certamente tomara conta do grupo depois da prisão e da morte de Jesus; ao mesmo tempo, há certamente aí o desejo de estar novamente com Jesus. A dúvida, o medo, a saudade, o desejo de encontrar-se com Jesus e a necessidade de “ver para crer” certamente os acompanharam. O encontro com Jesus foi o encontro com o Ressurreto. O mesmo Jesus que eles, a distância, viram pregado à cruz agora estava diante de seus olhos. Ele venceu a morte! Nesse momento, talvez nós esperássemos reações de euforia, de alívio e manifestações de glória a Deus da parte de todo o grupo. O encontro com Jesus, no entanto, provocou reações diversas: alguns o adoraram; outros, porém, duvidaram (Mt 28.17).
Num segundo momento, revela-se a autoridade de Jesus e, com autoridade, ele envia os discípulos a todas as nações. Jesus é o enviado de Deus, e o plano salvífico de Deus cumpre-se em sua totalidade em seu enviado. Volto a uma questão abordada anteriormente: o povo de Israel é um povo que vive constantemente subjugado a outros povos. O povo estava, naquele momento, sob o poder do Império Romano. Na crucificação de Jesus, os discípulos viram, bem de perto, a extensão desse poder. Agora, junto a Jesus, ouvem de sua boca que ele, sim, tem “toda a autoridade”, não o imperador e os governadores instituídos por ele em cada região. O autor do Apocalipse testemunha a respeito da autoridade de Jesus dizendo ser ele o Alfa e o Ômega, aquele que é, que era e que há de vir (Ap 1.4-8). Sua autoridade não foi imposta pela força, mas vem de sua preexistência e de sua eternidade e, especialmente, da vitória sobre a morte. Ainda que o poder do Império Romano seja tremendamente assustador (esse deve ser, também, o sentimento da comunidade de Mateus, que se constituiu como tal longe de Jerusalém), em Cristo há a certeza de que o poder de Deus ultrapassa qualquer medida. Com a autoridade de ressurreto, portanto, Jesus envia os discípulos às nações com três tarefas interligadas: fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a guardar o que ele lhes ordenara (Mt 28.19-20a).
Para esse pequeno grupo de discípulos e o grupo maior de seguidores e seguidoras de Jesus, que abraçam a missão para a qual foram incumbidos por Jesus, torna-se fundamental o fato de que o próprio Jesus se deixou batizar. Pelo Batismo, disse Jesus, Deus nos alcança a salvação (Mc 16.16). Nessa sequência indicada por Jesus (fazei discípulos batizando-os…), há que se ter em mente que, ali onde Jesus Cristo não era conhecido, era preciso primeiro anunciá-lo para depois convidar ao Batismo. Isso a comunidade primitiva tomou como prática inicialmente (veja “Livro de Batismo”, p. 16). Assim também aconteceu em Pentecostes (At 2). Aos poucos, pessoas já batizadas, que já participavam do corpo de Cristo, que é a igreja, traziam seus filhos e filhas pequenos para receber o Batismo e o aprendizado do discipulado acontecia na convivência familiar e junto à comunidade de fé (educação cristã contínua), após o ato do Batismo. Batismo foi e é, em todos os tempos, graça, presente de Deus, recebido sem qualquer merecimento. O Batismo passou a ser a porta de entrada para a igreja – comunhão das pessoas batizadas.
A ordem clara de Jesus:“Ide, fazei discípulos” implica desinstalar-se. A Boa-Nova do evangelho não é apenas para um grupo de pessoas ou um povo; seu destino é chegar a “todas as nações”. Nessa ordem, Jesus invalida a primeira, na qual dizia “não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10.5b-6). A comunidade de pessoas batizadas guarda o que Jesus ensinou não de forma estática, mas vivencial, isto é, ela exerce o discipulado do qual foi incumbida e pelo qual é capacitada através do Batismo no dia-a-dia, à medida que pratica o amor que recebe de Deus no seguimento a Jesus: na inclusão, na busca pela justiça, na proposição de ações diaconais, no exercício do perdão e da reconciliação, no exercício do poder compartilhado e não-autoritário, no envolvimento transformador junto à sociedade que a cerca. No cumprimento da missão (fazer discípulos, batizando-os e ensinando-os a guardar o que Jesus lhes ordenara), os discípulos e as discípulas não seguirão sozinhos/as – palavra de Jesus. Jesus promete estar com aqueles que ora recebem a incumbência missionária e, por conseguinte, com toda a igreja que, a partir desse envio, torna-se, por excelência, missionária. Esse é o terceiro momento do texto.
3. Meditação
A partir do texto de Mateus ou da relação desse com o texto de Atos, e mesmo com o de Apocalipse, poder-se-ia optar por direcionar a pregação para vários temas, entre eles Batismo, Trindade (autoridade), Missão, Formação Cristã Contínua, Discipulado Permanente; o risco, no entanto, é “usar” o texto como porta de entrada para um desses temas e não “explorar” o texto em si. Com a preocupação de manter o texto bíblico como foco principal, sugiro alguns aspectos que poderiam ser trabalhados na pregação, como atualização, a partir dos três momentos apresentados anteriormente:
1 – O “Ide” somente é possível depois da inclusão no corpo de Cristo (igreja) pelo Batismo e pela ação do Espírito Santo. Os discípulos acolheram o convite de Jesus dirigido a eles através de Maria Madalena e da “outra” Maria e foram ao monte indicado na Galileia. Ao se encontrarem com Jesus, aí sim criou-se a possibilidade de serem enviados. Nós só podemos ser enviados por Deus ao mundo como seus instrumentos se aceitarmos o convite de, primeiramente, ir a seu encontro. Ele nos chama! Em termos bem concretos: Pelo Batismo somos incluídos e incluídas na grande família de Deus. Pela ação do Espírito Santo em nós somos capacitados e capacitadas para responder ao amor de Deus, colocando em prática o mandamento do amor. Nossa participação nos cultos, em grupos da comunidade, em celebrações, em cursos de formação faz-se necessária para que cresçamos na compreensão da palavra de Deus, para que nos fortaleçamos mutuamente, para que dialoguemos sobre a realidade maior que nos envolve como família, comunidade e sociedade e, assim, estejamos aptos a propor ações transformadoras. Sem aceitar o convite de Jesus e ir a seu encontro, o “ide” torna-se distante de nós.
2 – O texto de Atos dos Apóstolos apresenta-nos os discípulos “com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia” (At 1.10). O “Ide” de Jesus quer provocar reação contrária ao êxtase que pode tomar conta da gente no encontro com Jesus ou diante da manifestação do seu poder. O “Ide” de Jesus sinaliza, isto sim, para que não fiquemos parados, “olhando para o céu”, inertes… É tempo de missão: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Fazer discípulos, ensinar a guardar o que Jesus nos ordenou, ser testemunha, todas essas expressões indicam movimento. Todas essas expressões são ações e fazem parte da nossa missão como pessoas batizadas.
De 2008 a 2012, o Plano de Ação Missionária/PAMI da IECLB apresenta como lema “Missão de Deus – nossa Paixão”. A esse respeito está escrito no texto-base do PAMI: “Como a missão pertence à essência do ser igreja, ela deve tornar-se perceptível nas dimensões fundamentais da vida de cada comunidade, bem como na vida de cada pessoa cristã. A missão integral de Deus, compreendida como a comunicação do amor de Deus, dá-se no testemunho missionário da fé (evangelização), na vivência concreta do Corpo de Cristo (comunhão), no agir restaurador e curador (diaconia), na celebração do amor divino (liturgia). É aí, portanto, que a paixão de Deus pela humanidade se revela ao mundo através da vida da igreja” (p. 35). Dessa forma, a IECLB aponta eixos fundamentais através dos quais a missão de Deus (Jo 10.10), seu propósito para este mundo, vai acontecendo também (mas, nunca, unicamente) através da ação da igreja, quando o “Ide” é assumido.
O Culto de Ascensão acontece, neste ano, no dia 13 de maio. Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea pela princesa Isabel, abolindo a escravatura no Brasil. Assumir o “Ide” também significa, certamente, buscar a libertação de tudo o que impede que o propósito de Deus – vida em abundância – aconteça entre nós. A primeira Páscoa (libertação da escravidão no Egito) e a segunda Páscoa (libertação definitiva da morte para a vida mediante a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo) conduzem-nos pela busca da Páscoa hoje: libertação de uma fé que não se alimenta na comunitariedade, mas é vivenciada apenas no êxtase e acontece descomprometida com a vida da outra pessoa; libertação da busca por bem-estar apenas individual; libertação do que consome nossa energia, tempo e trabalho (consumismo desenfreado), mas que não satisfaz; libertação da arrogância fundamentada na raça, na religião, na confissão religiosa, no partido político, na classe econômica, no gênero, que não constrói relações, antes cria divisões e situações excludentes. Os discípulos e, por consequência, toda a igreja foi e é enviada a todos os povos e nações. É Ascensão: O nosso Senhor sobe aos céus, isto é, está em todo lugar onde sua Palavra é pregada e vivida, conforme diz o reformador Martim Lutero; nossos olhos não podem ficar voltados para as alturas, mas precisam se voltar para aqueles e aquelas que foram o alvo dos olhos de Jesus.
3 – Não seguimos sozinhos e sozinhas como missionários e missionárias que somos desde o nosso Batismo. Cristo segue conosco! O mesmo Cristo que, com o Espírito Santo e com o Criador – Pai e Mãe –, existia antes de todas as coisas e permanecerá por toda a eternidade. Ainda que em nós haja receio e temor diante da missão da qual somos incumbidos, a certeza da presença de Cristo junto a nós não nos deixa desanimar.
4. Imagem para a prédica
Uma canção que se utiliza no trabalho com crianças, da autoria de Harold Deal e Henry Batells:
1. Posso ser um missionariozinho,
se falar de Cristo aos companheirinhos.
Posso trabalhar em minha terra.
Manda-me, pois, Senhor!
2. Não preciso atravessar os mares
para dar aos outros novas salutares.
Posso dar exemplo e amor aos outros,
que meu Senhor mandou.
3. Hei de orar e trabalhar fielmente.
Caso Deus me chame, seguirei
contente para os campos que estão
esperando: Dispõe de mim, Senhor!
5. Subsídios litúrgicos
Confissão de culpa:
Bondoso Deus, como comunidade chegamos a ti com humildade porque reconhecemos que precisamos de teu perdão. A ti confessamos a nossa fraqueza no cumprimento da missão da qual fomos incumbidos desde o nosso Batismo. Em nosso dia-a-dia, muitas vezes, não atendemos a teu convite e não participamos efetivamente dos espaços criados na comunidade que procuram proporcionar comunhão, que visam ao fortalecimento da fé e ao engajamento na transformação de situações que machucam e excluem. Outras vezes, temos buscado nos relacionar contigo, com “os olhos fitos no céu”, mas não entendemos que tu nos queres junto ao irmão e à irmã na busca por vida em abundância. Reconhecemos que a nossa ação missionária precisa ser, certamente, mais decidida, objetiva e comunitária. Reconhecemos que precisamos de ti, sim, todos os dias, ao nosso lado, em todos os tempos. Por isso te pedimos: Por tua graça, ó Deus, ouve-nos, perdoa-nos e renova-nos!
Kyrie eleison:
Sugiro, no momento do Kyrie, perguntar à comunidade o que tem trazido sofrimento às pessoas e a toda a criação ao nosso redor, por exemplo em nossa cidade. Podem ainda ser lembradas situações longe de nós que acompanhamos durante a semana pelos meios de comunicação. Após reunidos os lamentos/as dores do mundo, sugiro cantar “Kyrie Eleison”, da autoria de Rodolfo Gaede Neto.
Glória:
Porque Deus perdoa os nossos pecados, porque ele conta conosco, ainda que, por vezes, duvidemos de sua presença junto a nós; ainda que, por vezes, não assumamos com coragem a missão da qual fomos incumbidos; porque Deus age, sim, no mundo em nós e através de toda a cristandade para transformar situações de sofrimento, “louvemos todos juntos o nome do Senhor”. (Segue o canto em questão)
Bênção cantada com gestos:
“Amor e paz”, da autoria de Edson Ponick. Divisão da canção por gestos: 1. Aquele que era, 2. que é, 3. e que virá, 4. esteja a tua volta 5. com seu amor e paz. Formar trios. As duas pessoas das pontas voltam-se para a que está no centro. A pessoa que está no centro não faz gesto algum. 1 – Braços sobem e descem, bem devagar, para trás, lembrando o passado; 2 – Braços descem devagar ao longo do corpo, lembrando o presente; 3 – Braços estendem-se para frente, lembrando o futuro; 4 – As duas pessoas das extremidades se dão as mãos, formando um círculo ao redor de quem está no centro e caminham a seu redor enquanto cantam; 5 – As duas pessoas das extremidades abraçam quem está no centro – “abraço-sanduíche”. No caso da comunidade estar nos bancos, na igreja, pode-se fazer a mesma bênção lado a lado, e o abraço une as pessoas também nesse sentido.
Sugestão de canções:
Hinos do Povo de Deus – vol. 1 – n° 124 (Deus está presente); Hinos do Povo de Deus – vol. 1 – n° 130 (Senhor, tu nos chamaste); Hinos do Povo de Deus
– vol. 1 – n° 181 (Viver com Jesus é cantar); Hinos do Povo de Deus – vol. 2 – n° 434 (Momento novo); Hinos do Povo de Deus – vol. 2 – n° 441 (Jesus Cristo, esperança para o mundo); Hinos do Povo de Deus – vol. 2 – n° 442 (A canção do Senhor).
Bibliografia
DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1991. p. 263-285.
GOPPELT, Leonhard. Teologia do Novo Testamento. Tradução: Martin Dreher e Ilson Kayser – 3. ed. São Paulo: Teológica, 2002.
IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL. Livro de Batismo/ Organização: Nelson Kirst – 2. ed. São Leopoldo: Oikos, 2008. VASCONCELLOS, Pedro Lima; SILVA, Rafael Rodrigues de. Feliz quem tem fome e sede de justiça: a Boa Notícia segundo a comunidade de Mateus. São
Leopoldo: CEBI, 1999. p.45-56.
Proclamar libertação é uma coleção que existe desde 1976 como fruto do testemunho e da colaboração ecumênica. Cada volume traz estudos e reflexões sobre passagens bíblicas. O trabalho exegético, a meditação e os subsídios litúrgicos são auxílios para a preparação do culto, de estudos bíblicos e de outras celebrações. Publicado pela Editora Sinodal, com apoio da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).