Tema: Todas as religiões são boas?
Explicação do tema:
Que todas as religiões são boas é uma afirmação comum. Os argumentos que justificam a afirmação são: todas falam de Deus; todas querem o bem; basta cumprir o que cada uma exige.
Este mundo das religiões, porém, pode obscurecer a verdade evangélica de que Deus se en-carna na realidade de sofrimento dos homens, não para sacralizá-la, mas para superá-la. As religiões, as igrejas — inclusive a nossa — podem estar, de forma sutil, legitimando interesses sócio-políticos alheios à libertação integral da humanidade trazida por Jesus Cristo.
Texto para a prédica: Colossenses 2.8-10
Uwe Wegner
I — As religiões na perspectiva de dona Maria
Numa entrevista feita por Pedro A.R. de Oliveira e editada pela Revista de Cultura VOZES (cf. bibliografia) dona Maria, uma entrevistada, assim se expressa sobre o assunto do nosso tema:
Por isso, seu moço, é que eu digo: todas as religiões são boas, mas cada uma prá uma ocasião. Prá quem não tem problema na vida, a melhor religião é a católica; a gente se pega com os santos, vai à igreja quando quer, e ninguém incomoda a gente. Prá quem está em dificuldade financeira, a melhor religião é a dos crentes, porque eles ajudam a gente como irmãos; só que não pode beber, fumar, danças, nem nada. Agora, prá quem sofre de dor de cabeça, a melhor religião é a dos espíritas; ela é exigente, não se pode faltar às sessões, mas cura mesmo. Se Deus quiser, quando eu ficar curada de tudo, eu volto pro catolicismo.
Essas palavras de dona Maria são instrutivas: elas mostram como o povo sente religião, como ele vê as coisas. Passemos a mirá-las um pouco mais de perto…
1.Prá quem não tem problema na vida, a melhor religião é a católica. Isto é uma frase que para teólogos católicos poderia dar muito o que pensar. Dona Maria está dando a entender que a religião católica, na prática, não ajuda ninguém. A igreja católica é, porém, uma igreja diferenciada em vários segmentos e correntes, razão pela qual a posição da entrevistada não pode, é claro, ser simplesmente generalizada. Mas, deve valer para um ou outro segmentos. Segmentos de outras religiões, aliás, certamente também poderiam ser incluídos aí: o que dona Maria fala, pode condizer com segmentos de nossa igreja, inclusive. Basta ser uma religião que procura ser servida, ao invés de servir a outros, bem ao contrário da proposta de Jesus: … quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será servo de todos (Mc 10.43s).
Pensando bem, a primeira frase de dona Maria é um contra-senso: ora, na prática, pessoas que não têm problemas na vida nem existem. Mas o que a entrevistada deixa transparecer é que religiões tratam as pessoas exatamente assim, como se não tivessem problemas. Dona Maria nos lembra que religiões sabem abafar, camuflar ou levar a sublimar muito bem certos problemas!
2. Prá quem está em dificuldades financeiras, a melhor religião é a dos crentes,… Nesta frase a entrevistada relaciona religião com economia: boa é a religião que presta ajuda em dificuldades econômicas. Dificuldades financeiras: quem não as têm ou conhece? Mais de 80% dos brasileiros anda às voltas com o problema. Religião boa tem, pois, que atender a problemas da maioria. A associação de boa religião com economia: sentimo-nos lembrados das palavras de Jesus sobre os pobres, dos seus ais contra os ricos. Lembramo-nos de que os pobres são para Jesus herdeiros do reino (Lc 6.20) e critério de juízo para a entrada nele (Mt 25.25s). Lembramos igualmente da crítica à avareza pela comunidade primitiva (At 5.1ss; Tg 5.1-6). Pobreza e riqueza não são, pois, temas neutros na prática de Jesus e da igreja das origens.
Diante dessa evidência bíblica flagrante fica difícil compreender e enorme resistência encontrada em grande número de cristãos frente à importância de que se revestem as questões materiais para a religião. Por que isto é assim? Será que nossa cabeça, nosso modo de pensar e agir, foi sorrateiramente condicionado por juízos e ideias tendenciosas, que querem abafar direitos materiais legítimos a todos os cidadãos? Será que trabalharam de tal forma nossa cabeça com propaganda anti-subversiva e pronunciamentos oficiais que, mesmo sem percebê-lo, chegamos a Interiorizar cada vez mais progressivamente a ideia e mentalidade de que lugar de religioso é na igreja e discurso de religioso deve abordar temas sobre as almas e o céu, não sobre os problemas concretos? Não tenho a mínima dúvida de que os vinte anos de ditadura que se passaram fizeram um serviço de alto padrão nesse sentido em muitos de nós, eu não excluído. Senão como explicar a convicção ainda enraizada fortemente em muitos de nós, segundo a qual é de preguiçoso que o brasileiro vai mal, não por exploração salarial ou falta de empregos? Senão como explicar aquela outra convicção, segundo a qual greve é movimento contrário ao bom senso cristão, tudo isto em nome da harmonia social? Tais exemplos poderiam facilmente ser multiplicados. Na verdade, é simplesmente espantoso dar-se conta da profundidade com que tal tipo de mentalidade encontra-se enraizada na gente, lesando toda a sorte de iniciativas para um engajamento mais sério e comprometido com necessidades reais, como direito a pão, trabalho, educação, etc.
Voltando ao que disse Dona Maria em sua entrevista, cabe aos crentes constituírem a melhor religião para casos de dificuldades fi¬nanceiras. Mas, não recai justamente sobre os crentes a acusação de serem por demais fatalistas, favorecendo os interesses dos poderosos (cf. Kliewer, p.37ss)? Esta acusação, sem dúvida nenhuma, tem suas boas razões e fundamento. Mas ela muitas vezes desconsidera que o povo que sofre tem necessidades imediatas, não podendo esperar até que opções políticas e discussões de maior envergadura sejam feitas. Sou da opinião, por isso, que a religião dos crentes, mesmo passível de críticas neste aspecto, tem simultaneamente uma coisa a nos ensinar, a saber: a solução de dificuldades financeiras nem sempre pode esperar por mudanças estruturais para a eliminação da raiz do mal; ela requer também medidas imediatistas que não solucionam, mas ao menos amenizam. Também Jesus foi um imediatista, até certo ponto: não esperou primeiro pela reforma tributária para distribuir o pão às multidões, muito menos deixou de curar numerosos doentes sob o pretexto de não estar curando a raiz, e sim, só sintomas do mal…
Este aspecto positivo na religião dos crentes não pode, por sua vez, nos levar a ignorar o fatalismo, a passividade e submissão a que pode levar o tipo de teologia articulada em seu meio. Oneide Bobsin mostra muito bem como e em quão alto grau é conservadora a posição dos mesmos frente aos problemas de desemprego, fome e miséria (Bobsin, p. 130ss). A título de exemplo citamos o que disse Sinval, um crente da Assembleia de Deus, entrevistado que foi sobre o assunto:
Cumprimento da Palavra de Deus. A Palavra de Deus se cumprindo. Se nfto acontece, a Bíblia fica de mentirosa. Antigamente só se via fartura. Guerra (…) está tudo previsto. Não dá para mudar o mundo mais. Não tem melhora mais, nem que entre um presidente crente.
Não será preciso enfatizar que nem todo o crente pensa assim. Multo crente, porém, e muita religião pensa e age de maneira semelhante. Não dá para mudar o mundo mais: quem assim pensa e age correspondentemente, terá que restringir sua ação transformadora ao âmbito privativo de sua comunidade ou congregação religiosa, deixando tudo o que acontece fora dela por conta do diabo e de seus desígnios malignos. Religião com este tipo de mentalidade não luta mais para vencer o mal, e sim, somente para salvar-se dele. Isto, no entanto, não reflete a prática de Jesus e dos apóstolos. Jesus não se entende só como protetor contra os demônios, e sim, como aquele que veio para vencê-los (Mc 3.20-30 par.; cf. Mt 12.28 par.). De forma bem semelhante escreve Paulo aos Romanos: Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal pelo bem (Rm 12.21). O autor de Efésios, finalmente, descreve até toda uma armadura de Deus para a luta contra o mal e sua derrota: Ef 6.10-20.
Se no Brasil e na América Latina aquilo que dona Maria chama de dificuldades financeiras pelas quais passa a grande maioria do povo não for simplesmente o resultado de má administração política ou incompetência econômica, e sim, o resultado de medidas bem deliberadas e conscientes que certos grupos procuram impor e justificar, então religião que diz querer o bem do povo vai ter que provar estas palavras com atitudes e manifestações bem claras contra esses mesmos grupos.
3. Agora, prá quem sofre de dor de cabeça, a melhor religião é a dos espíritas; ela é exigente… mas cura mesmo. Religião tem a ver algo com saúde …de corpo. É assim, pelo menos, que dona Maria a sente e entende. Isto está bem na linha da atuação e pregação de Jesus, cujas inúmeras curas são, por si só, a prova mais contundente da importância que ele próprio concedeu ao bem-estar físico. Se olharmos os relatos do envio missionário dos discípulos, veremos que a preocupação com a saúde física deveria, no entender de Jesus, constituir prioridade também na missão de seus discípulos: Então, saindo eles… expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos… (Mc 6.12s; cf. Mt 10.8 e Lc 10.9).
Quando a entrevistada fala aqui em dor de cabeça naturalmente não está se referindo unicamente a este tipo de doença. A grande maioria do povo está às voltas com doenças bem mais graves e de consequências bem mais desastrosas (cf. Proclamar Libertação, v.X, p. 114ss). Dona Maria, no entanto, percebeu muito bem que uma religião boa zela pela cura de males físicos concretos. E quem haveria de contestá-la?
Mesmo assim, esta ligação entre boa religião e cura de males físicos levanta uma série de perguntas para nossa atividade religiosa. Que dizer da atuação de nossa própria igreja neste campo? Por que dons de cura são tão raros em nosso meio? Estamos, por outro lado, tendo a necessária consciência das causas estruturais do problema?
4. Se Deus quiser, quando eu ficar curada de tudo, eu volto pro catolicismo… a melhor religião é a católica; a gente… vai à igreja quando quer, e ninguém incomoda a gente.
Estas palavras deixam transparecer uma atitude frente à religião que poderíamos caracterizar assim: aproveita… e joga fora! O catolicismo não tem nada prá dar, mas dona Maria pretende voltar-se prá ele, aparentemente porque também não tem nada prá exigir. Em outras palavras: a entrevistada busca uma religião que dê sem comprometer, que ajude sem conclamar para a responsabilidade. No fundo, dona Maria está pensando só em si mesma, falta a preocupação com os outros, a solidariedade.
Neste aspecto a posição da entrevistada não tem embasamento, nem em Jesus, nem na comunidade primitiva. A verdadeira religião é bem o contrário daquela que dona Maria deseja: incomoda, sim, tanto a outros como à gente mesmo. Aqui convém lembrar-se de que a atividade salvífica de Jesus vinha sempre acompanhada — não dissociada — da proclamação: Arrependei-vos! Também os discípulos, na sua atividade missionária, conclamavam ao arrependimento (Mc 6.12). Este outro lado da obra de Jesus — o chamado ao arrependimento — é o lado incômodo da religião cristã. Boa religião é aquela que dá, que ajuda, que vai de encontro às necessidades reais das pessoas, certo. Mas um tal tipo de religião, se ficar só nisso, vai criar — quando muito — um bando de salvos isolados que não cessam de dar louvores por terem recebido uma graça especial, enquanto que a seu lado milhões de concidadãos passam miséria. A boa religião é religião da graça, mas de uma graça que leve ao arrependimento, ou seja, que me leve à humildade de confessar culpa e à alegria de mudar de vida; sem arrependimento o amor de Deus não foi levado, efetivamente, a sério.
Resumindo o dito até aqui, temos o seguinte: Para dona Maria a atuação de uma religião pode revestir-se de capital importância dentro de duas esferas, a esfera das FINANÇAS e a da SAÚDE. Achamos que também na pregação e atividade de Jesus estas duas esferas tiveram papel de destaque. Negativamente, achamos que a entrevistada revelou oportunismo descomprometido frente às religiões; uma religião que não compromete perde sua legitimidade cristã.
II — O texto
1. Tradução
V.8: Cuidai para que ninguém seja o que vos leve prisioneiros por meio de sua filosofia e inútil engano conforme a tradição dos homens, conforme os elementos do mundo e não conforme Cristo.
V.9: Porque nele mora corporalmente toda a plenitude da divindade
V. 10: e vós recebestes a plenitude nele, o qual é o cabeça de toda a autoridade e poder.
2. Comentário
Este trecho pode ser subdividido em duas partes distintas: v.8 e os vv. 9s. No v. 8 temos um alerta contra a escravização pela filosofia; nos vv. 9s temos, por duas vezes, a expressão EN AUTO = nele (a saber, em Cristo), a partir das quais é constatado o que Cristo representa positivamente.
V.8: A tradução de Almeida (= Cuidado que ninguém vos venha enredar…) não está feliz. Melhor é a tradução da Bíblia de Jerusalém, que traz:
Tomai cuidado para que ninguém vos escravize… Aqui o verbo SYLAGOGEIN é traduzido com maior nitidez; deriva-se de SYLE (= presa) e AGO (= conduzir), sendo o seu sentido literal conduzir como presa, levar prisioneiro/cativo. O termo, assim entendido, dá uma melhor ideia da seriedade com que seu autor encarava o perigo representado pela filosofia. Aliás, este último termo empregado — FILOSOFIA — aparece unicamente na nossa passagem dentro do NT. No judaísmo da época era usado para descrever a lei de Moisés ou como termo representativo para as seitas judaicas. No caso de nosso
versículo o mais provável ó que esta palavra era designação usada pelos próprios oponentes do apóstolo. Mas, como entender mais de perto esta filosofia?
Para responder a esta pergunta o contexto maior dos cap. 1-2 pode ajudar. Nosso próprio v.8 nos presta alguns auxílios. Inicialmente constatamos que filosofia vem seguida da expressão e inútil engano. Esta expressão provavelmente não quer acrescentar nada de novo, mas trata-se simplesmente de uma hendíasis, ou seja, de um e mesmo pensamento expresso por dois termos complementares; a filosofia seria, neste caso, nada mais que um inútil engano. Um contorno mais visível, no entanto, esta filosofia passsa a adquirir com as duas expressões que se seguem. Nestas é dito que se trata de filosofia
conforme a tradição dos homens, e
conforme os elementos do mundo.
Com a primeira expressão o autor tem em mente tirar qualquer legitimidade divina desta filosofia. Para entender a expressão conforme a tradição dos homens temos a formulação paralela em 2.22: conforme as ordens e os ensinos dos homens.
Mais reveladora é, no entanto, a segunda expressão. Aqui fala que a filosofia é conforme os elementos do mundo; em grego temos para isto a expressão STOIXEIATOU KOSMOU. Esta expressão aparece mais uma vez literalmente em 2.20: Se morrestes com Cristo para os elementos do mundo, por que… vos sujeitais a ordenanças? Na pesquisa neotestamentária a definição mais exata do significado dessa expressão ainda não logrou chegar a um consenso. À luz do emprego do termo em 2 Pe 3.10,12 parece-me ser o mais provável que STOIXEI A se refira aqui e em 2.20 a divindades astrais, às quais era prestado culto e reverência, entre outras coisas, através da observância de prescrições alimentares e datas (cf. 2.16s,20s), ou seja, através de submissão e humildade (2.18,20-23). Todo este quadro é ainda complementado pela referência à existência de um culto a anjos em 2.18, mesmo que seja difícil definir como estes dois cultos se relacionavam entre si.
No final do v.8 a expressão não conforme Cristo indica oposição: Cristo encontra-se em oposição aos elementos do mundo e às tradições dos homens. Em que sentido?
V.9: Numa primeira afirmação é colocado enfaticamente, pela anteposição do pronome, que nele (subentende-se: e não nos elementos) habita corporalmente toda a plenitude da divindade. O advérbio corporalmente refere-se aqui ao Cristo ressurreto, não devendo, pois, ser Interpretado à luz de Jo 1.1ss ou passagens semelhantes: fica melhor entendido, porém, se lembrarmos que para o autor de Colossenses Cristo é o cabeça do corpo, ou seja, da Igreja (1.18; 2.17). A afirmação de que nele habita toda a plenitude da divindade retoma o que já 1.19 afirmara. Como todo o v.9 é oposição ao conteúdo do v.8, é muito provável que para a filosofia dos colossenses a plenitude divina residisse não numa pessoa, e sim nos vários elementos reverenciados.
V.10: A tradução de Almeida: Também nele estais aperfeiçoados não é apropriada. Como o verbo usado no perfeito passivo tem no grego a mesma raiz da palavra plenitude (PLEROUN), a Bíbliade Jerusalém é mais condizente com o original: e nele fostes levados à plenitude. Entendo assim: tudo o que é necessário para uma vida plena, temos recebido em Cristo. Se fomos levados à plenitude por seu intermédio, então não há mais necessidade de submissão e humilhação perante quaisquer outros poderes.
Neste sentido encontra-se formulado o v.10b: o qual é o cabeça de toda autoridade e poder. A palavra KEFALE é usada em sentido figurado, expressando domínio e senhorio: Cristo como o cabeça = Cristo como aquele que tem o domínio sobre autoridade e poderes. ARCHAl KAI EXOUSIAI (aqui no singular!) é uma expressão que reaparece ainda duas vezes nesta carta: em 1.16 (Cristo como o seu criador e mantenedor: vf. v. 17) e em 2.15(Cristo como seu triunfador na cruz). Todas estas referências são complementares: Cristo tanto criou autoridade(s) e poder(es), como os venceu na cruz, como também os domina no presente. Este número relativamente grande de referências ao senhorio de Cristo sobre poderes e autoridades só pode ter tido uma intenção: mostrar aos leitores que submissão a outras forças de pretensos valores celestes não passava de insensatez. Se Cristo submete autoridades e poderes, sujeição aos mesmos só pode representar retrocesso, perda da fé (2.7,16-23).
III — Prédica
1. Antes da leitura do texto bíblico, o ouvinte poderia ser motivado ao tema com algumas constatações. O pregador poderia iniciar constatando o grande número de igrejas diferentes existentes na localidade, dando inclusive o nome de algumas delas. A seguir, poder-se-ia partir para a pergunta: Por que tanta diversidade, o que levou pessoas a fundarem sempre novas igrejas e seitas? Nas tentativas de respostas que o pregador oferecer, uma merecerá papel destacado, a saber, a resposta de acordo com a qual um dos centrais motivos para o surgimento de novas religiões é que as velhas não mais são consideradas como boas e certas.
2. Neste ponto poder-se-ia questionar a frase usual dos ouvintes: Todas as religiões são boas. Na prática isto realmente não corresponde à verdade. Senão, que razão teriam os adventistas, as testemunhas de Jeová ou outras igrejas (seitas) para convidar nossos membros a sair da IECLB e entrar na igreja deles?
3.0 problema da boa e da má religião é tão velho quanto o próprio cristianismo. Chamar atenção à prática de Jesus e a sua crítica aos erros da religião judaica contemporânea. Mencionar que também os apóstolos, em suas novas comunidades, lutavam com o problema. Segue leitura do texto.
4. Explicar um pouco sobre a natureza da filosofia existente em Colossos, ressaltando a similaridade da veneração aos astros de ontem com a praticada hoje em dia no Brasil na forma de crença em horóscopos, etc.
5. Afunilar o tema na pergunta pela boa ou má religião hoje em dia. Como podemos saber, no meio de tantas religiões, qual é boa ou má? Destacar o critério que o texto nos oferece, ou seja: aquilo que é ou não conforme Cristo.
6. Mostrar os dois momentos essenciais da religião que Cristo ensinou: o momento da dádiva gratuita e do chamado ao arrependimento. Poderiam ser citados alguns exemplos bíblicos.
7. Pergunta: Como estes dois momentos estão sendo vividos coerentemente por nossa comunidade e igreja? Que tipo de salvação concreta está a nossa religião e comunidade oferecendo para seu povo? Onde temos que confessar culpa, omissão e falta de solidariedade? Este item cada pregador deveria desenvolver conforme a situação concreta da comunidade e do local.
IV — Subsídios litúrgicos
1. Intróito: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt 7.21).
2. Conflssão de pecados: Nosso Deus e Pai bondoso, confessamos-te no dia de hoje que não temos vivido de forma correta nossa religião cristã. Temos nos esquecido das pessoas humildes e simples, com as quais tu convivias. Temos nos esquecido de trabalhar para que todos recebam um salário justo. Evitamos os pobres e miseráveis, ao invés de buscarmos sua saúde e seu bem-estar. Perdoa-nos, Senhor, que nos preocupamos demais conosco mesmos em nossa religião. Dá-nos corações e mentes novas para que tanto nós como nossas Igrejas aprendam de ti a alegria em poder servir e ser útil para as pessoas. Tem piedade de nós, Senhor!
3. Oração de Coleta: Senhor Deus, nos reunimos em gratidão a ti pelo que se passou. Pedimos-te por tua orientação neste culto, para que tua palavra nos mostre tua vontade para nossa comunidade e país. Vem alegrar-nos com a presença de teu Espírito Santo. Amém.
4. Sugestões para a oração final: Pedira Deus por uma religião autêntica e verdadeira, por uma vivência coerente com compromissos assumidos diante de Deus em ocasiões como a confirmação, o casamento, etc., por lucidez e coragem para a denúncia profética de injustiças e exploração, por empenho engajado por pessoas que sofrem em virtude de falta de recursos materiais elementares para a subsistência; pedira Deus por uma religião que nos leve a reconhecer culpa também em nós mesmos.
V — Bibliografia
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– KLIEWER, G.U. Doutrina pentecostal e ambiente social. Funções da ideologia pentecostal. In: Estudos Teológicos, São Leopoldo, 16(3): 37-45,1976.
– LOHMEYER, E. Die Briefe an die Philipper, Kolosser und Philemon. In: Kritisch-Exegetischer Kommentar über das Neue Testament. v.9. Göttingen, 1964.
– MADURO, O. Religião e luta de classes. Quadro teórico para a análise de suas Inter-relações na América Latina. Petrópolis, 1981.
– MARTIN, R.P. Colossenses e Filemom. Introdução e comentário. São Paulo, 1984.
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– WENGST, K. Versöhnung und Befreiung. Ein Aspekt des Themas Schuld und Vergebung im Lichte des Kolosserbriefes. In: Evangelische Theologie, München, 36 (1): 14-26,1976.