Prédica: Lucas 18.18-23
Autor: Uwe Wegner
Data Litúrgica: 15º.Domingo após Trindade
Data da Pregação: 27/09/1987
Proclamar Libertação – Volume: XII
l – Observações introdutórias
Por um pequeno lapso de escrita recebi como texto para um auxílio homilético Lc 18.18-30. Por razões de conteúdo achei por bem delimitá-lo para os vv. 18-23, correspondendo ao paralelo de Mc 10.17-22. Pouco antes da entrega para impressão constatei, porém, que o texto originalmente era Lc 18.28-30. Como não havia mais tempo para reformular, apresento a meditação sobre a história do jovem rico na versão de Lucas, portanto, sobre Lc 18.18-23.
O texto, traduzido, diz o seguinte:
(V. 18): E um dos chefes perguntou-lhe dizendo: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
(V. 19): Então lhe falou Jesus: Por que me chamas de bom? Ninguém ê bom senão um, Deus.
(V. 20): Conheces os mandamentos: não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e a mãe.
(V: 21): E ele disse: Tudo isto guardei desde a juventude.
(V. 22): E, tendo ouvido, disse-lhe Jesus: Falta-te ainda uma coisa: tudo quanto tens vende e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus; então vem e segue-me.
(V. 23): Ele, porém, tendo ouvido isto, ficou muito triste; é que era muito rico.
Numa comparação com o texto de Marcos chamam a atenção certas modificações, omissões e acréscimos. A mais importante me parece ser a omissão de Mc 10.21a E Jesus, fitando-o, o amou… Este recrudescimento por parte de Jesus parece ter relação com os aumentos contestáveis frente ao texto de Marcos nos vv. 22s: só Lucas diz expressamente vende tudo quanto tens, bem como ficou muito triste, pois era muito rico. Assim sendo, a exigência de Jesus ao rico é apresentada em Lc com radicalidade ainda maior do que em Mc. E, quanto maior a riqueza… tanto maior a tristeza, neste caso.
Uma importante omissão do texto de Lc diz respeito ao mandamento não defraudarás (cf. Mc 10.19), que não aparece em Lc 18.20. Este mandamento comumente é interpretado como resumo do nono e décimo, não mencionados explicitamente em Mc 10.19/Lc 18.20. Esta interpretação não explica, porém, por que não se usou então o verbo constante em Ex 20.17, a saber, cobiçar (não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher, serva, gado, etc.). Mais provável me parece ser que a menção original ao verbo defraudar visava apontar para um artifício que, na época, os ricos usavam seguidamente contra os pobres: fraude no pagamento de salários (cf. Ml 3.5 com Dt 24.14s; Tg 5.4 e a menção de fraude nas palavras do rico Zaqueu, em Lc 19.8). Em Lucas, comumente interessado em destacar a responsabilidade dos ricos, fica difícil achar um motivo plausível para esta omissão!
A estrutura do trecho é determinada pelo seu caráter essencialmente dialogai: todos os detalhes narrativos de Marcos foram suprimidos. Temos o se¬guinte:
– Pergunta a respeito da vida eterna (v. 18)
– Resposta a esta pergunta (v. 22)
– Reação do rico frente à resposta de Jesus (v. 23)
Nos vv. 19-21 o interpelado não é Jesus, mas o rico. A temática é uma dupla: (a) o atributo bom; (b) o conhecimento = a guarda dos mandamentos. A resposta e reação do rico neste caso é positiva (v. 21).
II – Interpretação
Se tivermos em mente a pergunta do rico: Que farei para… e as duas interpelações de Jesus nos vv. 20 e 22, então a conclusão a que se chega é: há, efetivamente, muito o que fazer. A história do chamamento deste rico é, sobretudo, a história do chamamento para uma prática, um fazer, um agir. Ao rico é prometido a vida eterna (v. 18) ou um tesouro nos céus (v. 22); para adquiri-lo, porém, é necessário uma determinada práxis.
Mas, o que vem a ser esta vida eterna, em busca da qual se encontra o rico? Uma rápida olhada na concordância nos mostra tratar-se de um bem, sobretudo, futuro: é a vida de ressuscitados em plena e íntima comunhão com Deus e as pessoas. Às vezes a mesma ideia pode ser expressa pelo termo vida, como em Mc 9.43, ou reino de Deus, como em Mc 9.47. Interessante é que pormenores sobre esta vida eterna não se encontram no NT: só aqui e ali transparece algo da grande alegria (cf. Mt 8.11; Mc 14.25) e transformação que ela trará (cf. Mc 12.18-27). A preocupação do rico, expressa em sua pergunta, advém do seguinte: vida eterna não é algo a que Deus nos obrigue, compulsória e indiscriminadamente. Ela é herdada, não há dúvida; significa que é dádiva, uma doação bondosa de Deus. Mas, exatamente por não constituir uma obrigação, ela representa um bem só para alguns: para aqueles que, efetivamente, a querem e justamente por querê-la, procuram adequar-se às dimensões e realidades que representa. É preciso adequar-se às novas dimensões e realidades que a vida eterna representa. Como fazê-lo? Nosso texto propõe: agindo de uma maneira correspondente!
Mas, vejamos mais de perto esta ação reclamada por Jesus. Jesus realça seguidamente a imperiosa necessidade de um agir coerente: cf. textos como Lc 6.46; Mt 5.16; 7.15-23; 24, 26; João 13.17; 15.14, mas também At 2.37 e 2 Ts 3.4, para as comunidades posteriores. Frente ao nosso texto, ficam importantes, sobretudo, aquelas passagens onde a conclamação para um determinado agir vem relacionada com entrada ou exclusão da vida/reino de Deus. Vejamos alguns exemplos. Em Mc 9.43 e 9.47 é a prática da mão ou do olho que podem decidir sobre a entrada na vida/reino ou lançamento ao inferno. Segundo Lc 10.25ss, herança da vida eterna se decide na prática do duplo mandamento de amor a Deus e ao próximo. Já segundo a parábola do grande julgamento (Mt 25.31-46), a entrada na posse do reino depende da prática efetuada frente aos necessitados de comida, bebida, hospedagem, vestimenta e visitação (vv. 35s, 42s). Diferente é o texto da parábola dos maus lavradores (Mt 21.33ss): segundo o v. 43 o reino será dado a um povo que produza frutos a ele correspondentes, e não frutos de roubo e matança (vv. 35-39). Segundo Mt 8.5-13 o reino será herdado por tais que se apegam ao poder de Deus, mesmo em meio à reação determinada por cor, raça ou religião. Mt 7.21 diz que a vontade de Deus tem que ser feita, mesmo que não a especifique. Muito elucidativas para nosso texto são as duas parábolas de Mt 13.44, 45s (tesouro escondido e pérola encontrada). O reino de Deus é comparado a um tesouro e pérola que, tendo sido achados, provocam a seguinte práxis: a pessoa vai, vende tudo o que tem e o/a compra. A semelhança entre Mt 13.44, 46 e Lc 18.22/Mc 10.21 salta aos olhos. Na mesma linha destes textos encontram-se outros trechos dentro da literatura epistolar. Como exemplo para muitos, cito Gl 5.19-21: as obras da carne não permitem herdar o reino de Deus. Quais são elas? Paulo menciona a fornicação, libertinagem, impureza, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, entre outras.
Concluindo esta parte, pode-se dizer o seguinte: A ideia de que à herança/entrada na vida eterna/reino de Deus deve corresponder um determinado fazer, uma determinada prática, é amplamente testemunhada nos evangelhos. O que varia é unicamente a indicação quanto aos conteúdos deste fazer, em relação ao qual não existe uma uniformidade. Por vezes diz-se simplesmente que deve haver frutos (Mt 21.43) ou que se deve fazer a vontade do Pai (Mt 7.21), sem maiores especificações. Em outros textos aparecem referências mais concretas e especificadas. Assim sendo, o fato de Jesus fazer referência a certos mandamentos do decálogo diante da pergunta do jovem rico (cf. o v. 20) combina muito bem com a importância que ele dá à prática da vontade de Deus também em outras ocasiões (cf., sobretudo, Mc 12.28-34 e Mt 23.23). Zelar pelo cumprimento da lei é, segundo Mt 5.17, uma de suas tarefas mais centrais.
Dito isto, resta-nos esclarecer ainda uma pequena diferença entre a resposta de Jesus ao rico aqui em 18.18ss e ao intérprete da lei em 10.25-28. Enquanto que em Lc 10.25ss Jesus faz referência tanto ao mandamento de amor a Deus como de amor ao próximo, em nosso texto não há menção dos primeiros três mandamentos. A nosso ver, a valorização dos mandamentos da 2a tábua da lei se deve, em nosso caso, à situação sócio-econômica do interpelado (= era muito rico). Para pessoas economicamente bem de vida religião não se decide nos três primeiros mandamentos, e sim, sobretudo, no tipo de relacionamento que este bem-estar social provoca ou desencadeia frente a outras pessoas. Aqui textos do tipo de Am 5.21-24; Jr 7.1 ss e Mt 23.23 podem ajudar na interpretação. Enquanto que para pobres religião se decide muitas vezes numa postura de confiança e perseverança, para ricos a questão central da fé passa a representar muitas vezes uma questão de justiça e misericórdia frente ao próximo necessitado. É isso que, indiretamente, Jesus expressa fazendo referência exclusiva aos mandamentos que exprimem relacionamento com outras pessoas. Além disso a referencia exclusiva a mandamentos de cunho social coloca Jesus dentro de uma tradição amplamente conhecida e difundida dentro do judaísmo, em cujos escritos as assim chamadas tabelas de deveres sociais podem ser encontradas com frequência: cf., p.ex., Lv 19.11ss;Ez 18.5-9, 11-13, 15-17; 22.7-12; 33.14ss; Ml 3.5; Jr7.5s, 9; Tb (Tobias) 4.5-14 (Bíblia de Jerusalém, p. 496); Sb (Sabedoria) 2.10; 14.24-26; Eclo (Jesus Siraque) 4.1-10; 34.20-22; 35.14-22; 4 Mac (Macabeus) 2.8s; nos escritos de Qumrã, CO 6.16; 14.14; 1 QS 8.2; na literatura pós-epistolar não canônica, Barnabé 3.3 e todo o cap. 19.
Passemos agora à segunda proposta de Jesus, ou seja, ao conteúdo específico do v. 22. O que Jesus propõe ao rico é que ele venda os seus bens e passe a segui-lo. Consultando a concordância, constato que o desprendimento dos bens é uma característica do chamado de Jesus ao discipulado. Nós podemos constatá-lo em passagens como Mc 1.18, 20; 10.28; Mt 9.9; Lc 5.11. Em todas estas passagens a exigência do discipulado requer o abandono dos bens ou da atividade profissional, a partir da qual a subsistência é garantida. Não encontrei nenhuma passagem em que Jesus pedisse o abandono de bens que não estivesse ligada ao chamado para seu discipulado mais íntimo. Em outros textos sobre ricos, como p. ex. em Lc 12.16-21 ou Lc 19.1-10, não há o pedido de Jesus para um desprendimento total dos bens; sintomaticamente, não encontramos nos mesmos uma exigência de discipulado. A partir daí é necessário interpretar a história do jovem rico como a narrativa de uma vocação frustrada, de um chamado ao discipulado não correspondido.
Enquanto que o pedido para o desprendimento dos bens une nosso texto com outros tantos que tratam do chamado ao discipulado, uma característica singular sua pode ser encontrada no pedido que destacamos a seguir: tudo quanto tens vende e dá a pobres… No paralelo mais estreito para esta frase, ou seja, Mt 13.44, 45s, o pedido de doação a pobres justamente não é encontrado. O mesmo acontece em Mc 10.29. Lc 12.33 é a proposta que mais se assemelha com o que Jesus pede aqui do rico. Este pedido de doação a pobres é tudo menos uma naturalidade. O rico também poderia vender os seus bens e dá-los a amigos e parentes e, com isto, aos conhecidos de sua própria classe. O pedido de Jesus vai aqui no sentido do rompimento de classes e nos lembramos logo de suas palavras em Mt 5.46s: Porque se amardes só os que vos amam, que recompensa tendes?… E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Jesus pede o amor não para o igual^ mas para o necessitado; o amor proposto é aquele capaz de romper classes. É bem neste sentido que também o maioral dos publicanos, Zaqueu, entendeu ter que agir frente ao amor apresentado por Jesus: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens! (Lc 19.8). E se na história do rico e do Lázaro o primeiro não entra no reino de Deus, é justamente por ter se omitido de ajuda ao pobre (Almeida traduz mendigo) na frente da sua porta.
Isto fica claro se atentarmos ainda para a promessa que Jesus faz acompanhar sua proposta: e terás um tesouro nos céus. Esta promessa é uma aparente contradição: para ganhar um tesouro nos céus o rico é convidado a desfazer-se do seu tesouro na terra. Mas é exatamente isto que propõem também outros textos do NT em que se tematiza a aquisição de tesouros eternos ou celestes. Em 1 Tm 6.17-19 é pedido aos ricos, que acumulam para si mesmos tesouros futuros, que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos em dar e prontos a repartir (v. 18). Em Lc 12.33s a preparação de tesouros inextinguíveis nos céus vem relacionada com o pedido: Vendei os vossos bens e dai esmola (v. 33). Numa outra passagem, Mt 6.19-21, o pedido para ajuntar tesouros no céu vem expressamente contraposto às palavras: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra… E, finalmente, em Mt 13.44, a aquisição do tesouro do reino dos céus, leva a pessoa a vender o tesouro dos seus bens terrestres. Todos estes textos vão na mesma direção: para ganhar o tesouro eterno é preciso estar dis-posto a distribuir e repartir o tesouro terreno, enfim, não acumulá-lo.
Nossa narrativa finaliza informando a respeito da reação do rico: Ele, porém, tendo ouvido isto, ficou muito triste. Não foi esta a intenção de Jesus. A perspectiva da aquisição de um tesouro celeste por certo era para fazer o homem alegre e feliz. Na parábola do tesouro oculto, Mt 13.44, temos exatamente a descrição desta alegria: … certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo. Esta parábola nos mostra que a venda ou a dádiva dos bens pode representar um motivo de alegria e enriquecimento, bem ao contrário do que usualmente costumamos supor.
Ill – Sugestões para a prédica
1. Quando se pensa em vida eterna, costuma-se associar a mesma com dois aspectos distintos: (a) com aquilo que Deus fez por mim, para que eu seja herdeiro da mesma, e (b) com aquilo que eu devo fazer para corresponder à minha condição de um que foi premiado com herança. Nosso texto tematiza o segundo aspecto. Assim, a primeira parte da prédica poderia refletir em torno desta necessidade que temos de adequar o nosso agir à novidade da vida eterna que nos é ofertada como herança. Como mostram os textos sinóticos aludidos anteriormente, as tarefas que a perspectiva da vida eterna encerra não são uniformes para todos; os deveres não são iguais, pois as pessoas também não são iguais, ocupando posições diferentes dentro de classes ou grupos distintos. Mas o vem e segue-me é um convite que vale para todos e para todos encerra tarefas determinadas. Deus espera de todos um determinado agir.
2. A perspectiva da vida eterna encerra uma série de tarefas e afazeres para pessoas ricas. O NT mostra que não foi de todo o rico que Jesus pediu exatamente a mesma coisa. Nosso texto nos dá, porém, um exemplo à luz do qual tarefas e compromissos que Deus espera de ricos possam tornar-se mais transparentes. Nosso texto sinaliza, entre outras coisas, para o seguinte:
(a) Entre os tesouros da terra e o tesouro que representa a vida eterna não há casamento, nem sequer noivado ou namoro. Todo o NT vai numa mesma direção quanto a isto: na medida em que o tesouro do reino dos céus passa a ganhar em significado para ricos, vai decrescendo seu apego aos tesouros terrenos. O amor ao reino dos céus deixa transparente a relatividade do valor das riquezas terrenas.
Mas, se as riquezas são relativas, não basta ter um sadio distancia-mento interior das mesmas, mais ou menos na base do ser rico mas não estar preso à riqueza?
(b) O que Jesus propõe aqui a um rico – vende o que tens e dá a pobres – mostra que uma mera liberdade interior de ricos frente aos tesouros terrenos representa, quando muito, uma solução isolada para um caso particular de dependência do espírito, deixando, contudo, sem solução os milhares e milhões de casos de dependência do corpo. Dá aos pobres: este é o exato momento em que a tão propalada liberdade interior frente às riquezas passa pela sua prova de veracidade real. Mas este dá a pobres significa ainda mais: riqueza compromete com pobreza. É nos pobres que se define o discipulado cristão dos ricos. Significa: a pergunta que este texto levanta não é em 19 lugar: como eu, um rico, me relaciono com meus tesouros, mas sim, como eu relaciono meus tesouros com os pobres?!
(c) Muitas vezes cristãos ricos acham que sua tarefa como seguidores de Cristo em relação aos pobres seja unicamente a de trabalhar para que estes consigam um status igualmente elevado como aqueles. As exigências de Jesus aqui são outras. Ele pede disposição de perda, de desprendimento dos bens. Sem este tipo de disposição, a vontade de Deus de não haver pobres em meio ao seu povo (Dt 15.4) dificilmente chegará a representar uma realidade. Para que os pobres possam receber, alguém precisa perder…
(d) O rico de nosso texto entra em tristeza diante da perspectiva de se tornar um doador, ele que até esta hora se acostumara a receber e ganhar. A dádiva ou entrega de bens aos pobres por questões de coerência com o reino pode representar também o contrário, a saber, algo profundamente gratificante e causador de alegrias (cf. Mt 13.44 e a alegria de Zaqueu em Lc 19.6, 8). Mas só o saberá e experimentará aquele que realmente estiver a fim de fazer algo neste sentido: vai… e dá a pobres significa que solidariedade tem que se manifestar no real, no concreto; não basta só revolução de amor no coração.
IV – Subsídios litúrgicos
1. Confissão de pecados: Bondoso Deus. Quero confessar-te que não usei meus bens e meu dinheiro de forma que te agrade. Por querer ter sempre mais dinheiro e mais bens, meu coração fechou-se para os mais necessitados: esqueci-me dos pobres, de ser seu defensor, protetor e amparador. Não permiti, desta maneira, que minha vida fosse um sinal da presença do teu amor para com os mais fracos. Tem piedade de nós, Senhor.
2. Oração de coleta: Chegamos diante de ti, ó Deus, em humildade. Queremos ouvir tua palavra com coração aberto. Permite que a verdade do teu amor penetre de tal maneira em nossas vidas, que nos tornemos verdadeiros praticantes, e não somente ouvintes do teu evangelho. Amém.
3. Oração final: Querido Deus. Nosso país é um lugar em que existem profundas diferenças entre as pessoas que vivem lado a lado: uns puderam estudar até a faculdade, já outros tiveram que abandonar a escola como crianças, para poderem ter o que comer e beber; uns podem comprar carros novos todos os anos, já outros morrem sem ter jamais podido comprar uma bicicleta; uns podem escolher o que comer todos os dias, já outros precisam morrer de fome; uns têm casas enormes e quartos bonitos para morar, já outros precisam passar as noites em barracos. Senhor, ajuda-nos a terminar com estas formas de convivência que tanto fazem sofrer e que tão injustas são em relação aos mais fracos. Ajuda-nos a criar e a viver uma nova ordem social, em que as riquezas sejam melhor distribuídas entre todos os trabalhadores. Te pedimos, pelos mais ricos: dá-lhes um coração que não seja escravo das riquezas, que não as queira só para si; um coração que tenha compaixão com os pobres, que tenha olhos para enxergar suas necessidades e disposição para repartir com eles os bens que necessitam para poderem viver com dignidade.
V – Bibliografia
– GOPPELT, L. Teologia do Novo Testamento. São Leopoldo/Petrópolis, v. 1, 1976.
– NIEBERGALL, A. Meditação sobre Mateus 19.16-26. Göttinger Predigtmeditationen. Göttingen 25(4):379-389,1971.
– TRILLING, W. O anúncio de Cristo nos evangelhos sinóticos. 2. ed. São Paulo, 1981.
– WERNLE, P. Jesus. Tübingen, 1917.