Tema: Missão
Explicação do tema:
Igreja é essencialmente missionária – ou ela não é!
À revelia desta definição neotestamentária, a IECLB (suas comunidades, paróquias, lideranças) tem assumido a postura de um buda que contempla seu próprio umbigo, isto é, ela se tem preocupado consigo mesma, com a preservação de seus membros tradicionais e a prestação de serviços religiosos a estes.
Se, ainda assim, a IECLB atua em campos missionários específicos, isso se deve mais à teimosia de uns poucos que se sabem chamados e enviados para tanto, o que tem servido, a nível de IECLB, de uma espécie de desencargo de consciência.
A igreja, como sacerdócio universal de todos os crentes, está aí para testemunhar e viver, em anúncio e denúncia, o amor e empenho de Deus por uma vida plena de toda a humanidade.
Texto para a prédica: 1 Coríntios 12
Autor: Harald Malschitzky
l – Algumas considerações gerais
No filme A missão, de Roland Joffé, filme aliás, em alta cotação de bilheterias, há um diálogo entre os dois padres, que gira em torno da pergunta: O que é importante, existencial, necessário a igreja fazer, num determinado momento, especialmente quando este momento é de risco de extermínio de todo um povo indígena? Segundo um dos interlocutores o papel da igreja é salvar as almas; segundo o outro, um ex-caçador de índios, naquele momento de perigo é papel da igreja defender os índios, se necessário com armas. O massacre acontece e restam apenas algumas crianças, prenúncio de um renascimento do povo aniquilado. Mas o expectador, entre outras coisas, é despedido com a pergunta: Qual, afinal, é a missão da igreja?
Quando faço a pergunta, ocorre-me uma frase que um dos obreiros das Novas Áreas de Colonização (o noroeste do Brasil) colocou em uma carta circular: Não sei se incentivo o índio a matar o branco invasor ou incentivo o branco a matar o índio que ocupa a terra. Qual, afinal, é a missão da igreja?
Sem dúvida, nesta reflexão nos vêm à mente ainda outras imagens, como, por exemplo, das cruzadas, da igreja que sempre veio junto com os descobridores e exploradores das novas terras, da igreja que abençoou tanto as armas de Hitler como de Mussolini e outras mais (e não foi somente a Igreja Católica!), da igreja que em nossa história e, em parte ainda em nossos dias, faz parte das autoridades civis, militares e eclesiásticas. Qual, afinal, é a missão da igreja?
Mas quando se fala de missão se é lembrado também – por vezes até a contragosto – de trabalhos de periferias dos grandes centros, de envolvimento consciente a partir da fé cristã em movimentos populares, de pessoas que vão para junto de povos indígenas, de outras que estão envolvidas com agricultores sem terra ou com gente que é expulsa de suas terras e suas casas por causa da construção de grandes barragens. Tudo isso, se ouve dizer, faz parte da missão da igreja. Entretanto, a discussão chega a dividir grupos e comunidades. E a pergunta se torna ainda mais aguda: Qual, afinal, é a missão da igreja?
Falar de missão nos lembra todas as nossas comunidades, grandes e pequenas, com seus cultos e suas demais atividades, com suas construções e por vezes seus problemas financeiros. Percebemos que elas muitas vezes estão estagnadas e girando apenas em torno de si mesmas. E perguntamos: Qual, afinal, é a missão da igreja?
E a coisa não pára por aqui. De repente vem também a pergunta pela nossa identidade, pela nossa característica própria de igreja particular, pois justamente a nível de movimentos missionários se pratica uma boa dose de ecumenismo. Aqui se levantam questões doutrinárias que sabidamente não estão resolvidas. E de novo se repete a pergunta pela missão da igreja, agora na sua prática ecumênica.
De acordo com o Novo Testamento a igreja é essencialmente missionária. Isto é, não se trata de uma tarefa que a igreja pode fazer ou deixar de fazer, pois a missão é do próprio Deus e a igreja é sua igreja e não nossa. Se olharmos o Novo Testamento, vamos descobrir que missionários e discípulos sempre foram enviados aos outros e que Jesus se envolvia com aqueles cuja vida estava em risco (grande ou pequeno, físico ou espiritual ou de fé) (1).
Esta constatação exegética, porém, ainda não responde à nossa pergunta feita com insistência. A questão central da Bíblia é a vida. Toda a ação de Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento tem como objetivo a vida do ser humano e do seu mundo. Uma das frases mais lapidares está no Evangelho de João: Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância. (Jo 10.10) Não é preciso insistir em que na Bíblia se trata de VIDA com todas as letras, nem apenas da vida física e nem apenas da vida espiritual, não apenas vida aqui e agora e não apenas vida no Reino vindouro. Um dos pecados da igreja tem sido a espiritualização da vida e a transferência da vida para o futuro longínquo, em detrimento da vida concreta neste mundo. Ora, segundo o Credo Apostólico (isso sem falar nas passagens bíblicas!) e segundo a explicação que Lutero dá ao primeiro artigo deste credo, a vida é vida criada e amada por Deus e inclui as coisas bem cotidianas como comida, moradia, saúde, escola, lazer, espaço para viver.
Parece que a esta altura podemos tentar uma resposta à nossa pergunta: A essência da igreja é ser missionária. O mesmo Deus que dá esta essência à sua igreja, é o Deus da vida e do amor. Portanto, o conteúdo da essência missionária da igreja é empenhar-se pela vida. Ora, não é preciso ser especialista em coisa alguma para ver que a vida está em perigo e que especialmente a vida das grandes massas do Terceiro Mundo está ameaçada a cada passo, deixando de ser uma vida digna, uma vida criada à imagem de Deus.
Mas quem é esta igreja enviada a se envolver com a vida e em favor da vida? São apenas agentes de pastoral, obreiros, especialistas? É bastante se a igreja institucionalizada libera algumas pessoas, alguns obreiros para irem às periferias ou para junto de povos indígenas? Segundo o documento do Conselho Diretor da IECLB publicado no final de 1986, missão é tarefa de todos. Será eficiente na medida em que for assumida pela comunidade em conjunto, não só por determinados obreiros. O missionário mais eficaz é o membro 'leigo' (3.1.3).
Ill – O texto
O capítulo 12 da primeira Carta aos Coríntios é longo e para o fim de perícopes ele é dividido em duas partes que pertencem até a séries diferentes. Aliás, tanto nas bíblias em português como nas alemãs há um título entre os versículos 11 e 12. Isso não precisa significar uma ruptura ou um novo tema, mas indica uma outra abordagem de um assunto. É isso que acontece aqui: Paulo, depois de escrever sobre o Espírito que é um só, fala da igreja que, da mesma forma, é uma só porque corpo de Cristo. Não resta dúvida de que os dois tipos de abordagem estão inter-relacionados.
Um dos problemas em Corinto eram os assim denominados gnósticos que se diziam da posse do reconhecimento e dos dons e que procuravam desfazer e desprezar tudo o que era corpóreo e terreno. Para eles o verdadeiro valor da fé era espiritual e distante do chão da vida do dia-a-dia, da vida concreta. Paulo procura mostrar a concreticidade da fé e da vida de fé, ligando o Espírito que concede dons diversos com o Jesus que efetivamente viveu num tempo determinado dentro de um povo determinado. Não fica claro se realmente havia pessoas na comunidade que diziam anátema Jesus, descartando assim o Jesus terreno, ou se Paulo apenas usa a expressão para caracterizar os entusiastas gnósticos. De uma ou de outra forma o apóstolo mostra que sem o Jesus terreno não dá; um Cristo descarnado não vale nada. Tanto isso é verdade que é o Espírito que dá às pessoas a coragem de confessar Senhor (é) Jesus, referindo-se ao Jesus que viveu, morreu, ressuscitou. Aliás, esta confissão é um dos credos mais antigos que se conhece.
Entretanto, o reconhecimento de que o Jesus de Nazaré é o Cristo, não nasce no coração das pessoas, mas já é dom, um presente. O senhorio de Jesus Cristo só pode ser reconhecido e confessado se o Espírito Santo o disser às pessoas. E não só isso: Também tudo o que se pode fazer a partir deste reconhecimento, desta fé, se deve aos dons que o mesmo Espírito Santo dá. É o Espírito Santo de Deus que impulsiona tanto os membros individualmente quanto a igreja como um todo. Os dons sem dúvida são diversos e o apostolo cita diversos deles (v. 10), o Espírito, entretanto, é um só. Neste contexto vale lembrar a explicação que Lutero dá ao terceiro artigo do Credo Apostólico: Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira e única fé. (Catecismo Menor.) É interessante constatar, quando se lê a relação de dons, que todos eles existem em função dos outros. Ó texto não cita dons que pudessem sugerir que aquele que os tem é a pessoa mais feliz do mundo. Talvez ela até o seja, mas os dons são para serem distribuídos, para prestar serviço. Aí está a diferença radical entre Pauto e os gnósticos que se orgulhavam de sua fé entusiasta. Saber que os dons são dados pelo Espírito Santo nos impede de agirmos por conta própria ou apenas porque uma estrutura assim o exige, e nós obriga a nos perguntarmos pelas prioridades de nosso agir, pois enxergar onde o nosso serviço é necessário, sem dúvida, é uma das dádivas mais efetivas do Espírito Santo (Voigt, Das heilige Volk, p. 276).
A segunda parte (v. 12) do texto é introduzida por par (pois, com efeito) o que mostra que existe uma relação entre os dois trechos do capítulo 12. Ao que parece nesta segunda parte será concretizado o que foi dito sobre os dons na primeira (Möller, p. 52).
O exemplo do corpo e sua$ diversas partes interdependentes é conhecido e usado por filósofos e políticos. Uns o usam para falar do compromisso moral recíproco dos membros do corpo, outros como termo de comparação para as relações entre monarca, províncias e povo (cf. Conzelmann, p. 248 e Wendland, p. 111). Paulo toma, pois, um exemplo conhecido. É interessante, porém, que ele começa com o exemplo do corpo para, repentinamente, enveredar em doutra direção e falar do corpo de Cristo! Significa: A comunidade não é um corpo que se formou acidentalmente ou pela simples vontade de seus participantes e o conteúdo de suas relações não está implícito no próprio corpo. A alteração de rumo na argumentação de Paulo mostra que o corpo, sendo de Cristo, é determinado por este. Assim como os dons não são próprios das pessoas, dos cristãos, também o corpo igreja não pertence e não se determina por aqueles que dele fazem parte, mas é determinado por Cristo, pois a igreja é o seu próprio corpo.
Participar deste corpo não depende tanto da vontade ou das expectativas de cada um, nem primeiramente da conversão, mas também de um presente: do batismo. Pelo batismo se é inserido no corpo de Cristo (v. 13). Quem, em última análise, decide quem pertence ou não ao corpo não ê a própria pessoa, não são os entusiastas que se julgam superiores, não é uma diretoria, não é o pastor, mas é o próprio Deus e um sinal visível é ó batismo. É por isso tudo que dentro deste corpo valem outros critérios do que os nossos. Se no mundo valem os critérios de poder, de riqueza, de sabedoria, aqui valem outros. Pode-se até dizer que os valores são invertidos: Há espaço para os membros do corpo que parecem menos dignos (v. 23), há lugar para os mais fracos (v. 22). E não há somente lugar, mas estes membros ainda são merecedores de cuidados especiais (v. 23). Neste corpo o sofrimento de um é o sofrimento do outro e a alegria de um é a alegria de todos (v. 26). Isso não é uma coisa natural e não faz parte da interpretação filosófica ou política do exemplo do corpo. Isso só é possível porque a igreja é o corpo de Cristo.
Falando do corpo, Paulo não se refere a um corpo espiritual, mas a um corpo muito concreto, que está com os pés no chão, de um corpo com alegria e sofrimento e também com partes frágeis e até feios. Também aqui ele se opõe aos entusiastas gnósticos (e aos entusiastas modernos!) que sugerem uma igreja espiritualizada que fala tanto do céu a ponto de esquecer a terra (não que a fé não tenha dimensões espirituais cuja perda é catastrófica). Aliás, na questão da igreja como corpo de Cristo reside uma das dificuldades no terreno ecuménico com os ortodoxos, pois segundo eles a igreja, por ser corpo de Cristo, não é falível e nem passível de erro. Para Paulo os membros do corpo de Cristo, embora inseridos nele pelo batismo, são e continuam sendo gente de carne e osso e portanto falíveis e passíveis de erro.
finalmente, dentro deste corpo há funções das mais diversas sem que esteja fixada de antemão que membro do corpo tem qual dom especifico. Além disso, os dons em sua diversidade, não criam uma estrutura hierárquica dentro do corpo. A partir do v. 28 é retomado o tema inicial do capitulo 12. No final a admoestação para que cada um procure os melhores dons (v. 31) está na mesma linha do que se lê no v. 7 sobre o fim proveitoso dos dons. Tanto aqui como lá os dons não podem ser retidos para si e, se entendo bem, também não para a comunidade. Isso fica bem claro especialmente quando se lê adiante o v. 31 b e b capitulo 13 da carta. Apesar de mais um titulo, existe uma continuidade clara. Paulo seria o último a dizer que o corpo de Cristo deve contentar-se consigo mesmo e celebrar a glória de ter Cristo como cabeça. É verdade que para muitos teólogos o exemplo do corpo traz em seu bojo o gérmen da acomodação, pois o principal de acordo com o texto – assim se afirma – é que ele funcione (para si mesmo). Se, porém, o leitor seguir sua leitura para dentro do capítulo 13, esta impressão começa a se dissipar. Aliás, não é por menos que Rudolf Bultmann, na discussão com Kart Barth sobre a Primeira Carta aos Coríntios, insiste em que o ponto alto está no capitulo 13 e não no 15 como o quer Barth. Ora, todos os dons e todo o pertencer ao corpo de Cristo não vale nada se não houver amor que se doa, sem dúvida também para os que estão dentro da comunidade, mas da mesma forma ou até mais para os que estão fora, o que depende das necessidades que são detectadas.
III – A caminho da prédica
O capítulo 12 da Primeira Carta aos Coríntios não é propriamente um trecho que poderíamos chamar de missionário. Ao que tudo indica Paulo responde a perguntas que lhe foram feitas por pessoas da comunidade e que estavam relacionadas com problemas que a afligiam. Isso, porém, não implica em que não haja uma visão missionária. Antes de mais nada não se pode ler este trecho sem lembrar o que vem depois, por exemplo no capítulo 13. Além disso, não se pode ter o trecho sem ser lembrado que, segundo o Novo Testamento, a comunidade, organizada e com seus dons, é enviada para fora de si mesma, o que, por exemplo, é um aspecto inerente ao batismo que integra a pessoa no corpo (2). Em outras palavras: A comunidade que põe ordem na própria casa é convocada e enviada para ser testemunha no mundo concreto, para pessoas concretas, em situações concretas.
A comunidade missionária cuida para que a missão aconteça dentro dela mesma (Pauto responde a perguntas que a estavam afligindo) e para fora. Uma igreja (comunidade) desarrumada não vai dar testemunho coerente. O problema hoje, porém, está em que nós gastamos demais tempo preocupados conosco mesmos, isso especialmente a nível de comunidade. Pior ainda é que esta preocupação conosco mesmos tem até conotações culturais e ideológicas. Nos empenhamos só para nós mesmos e neste afã é que gastamos nossas forças. É preciso dizer e é preciso ouvir que somos convocados e enviados e que tudo isso sem o amor que vai em direção dos outros de nada vale.
O exemplo do corpo nos alerta para o fato de que todos são convocados, que a comunidade, a igreja como tal é chamada a ser missionária. Neste particular muitas vezes, nós obreiros perdemos a paciência e saímos correndo na frente, o que por vezes sem dúvida é necessário. Entretanto, também quem o faz, deve fazê-to como membro do corpo todo e não como franco-atirador. Motivar a Igreja como um todo é uma tarefa que está longe de ser concluída. Aliás, é Comblin (Teologia da Missão) que lembra que sempre de novo se instala a comunidade que se satisfaz consigo mesma, criando estruturas que servem em primeiro lugar para se proteger e se garantir. Também aqui é preciso perceber o que o Espírito tem a dizer, pois as estruturas que temos não passam de andaimes, elas são necessárias, mas secundárias.
O corpo de Cristo não se identifica com a estrutura de nenhuma igreja institucionalizada; ele sempre a excede. Isso implica em que uma igreja missionária tenha consciência de que fazem parte do corpo de Cristo também os outros cristãos, peto que nada mais justo do que procurar por caminhos conjuntos de ação, ainda que existam diferenças, ainda que haja desconfianças a vencer. O corpo de Cristo tem muitos membros e certamente não só aqueles que nós gosta-ríamos que ele tivesse.
Estamos descobrindo que o Espírito fala à igreja através daqueles que mais sofrem, daqueles cuja vida está em constante risco de ser aniquilada ou desfigurada. Deus está se valendo dos marginalizados em geral para nos questionar e nos enviar ao mundo, o chão onde a vida dos pequeninos e fracos está em constante ameaça. O corpo de Cristo, assim diz o texto, tem lugar para todos eles!
O Conselho Diretor da IECLB elaborou um documento sobre o lema do ano … e sereis minhas testemunhas. Neste documento há perguntas e há pistas que podem ajudar na reflexão sobre o tema, o que não significa que se precise concordar com todas as letras do documento. Importante é que se procurem abrir janelas para fora e talvez até portas que nos levam para fora de nós mesmos.
IV – Sugestões para a(s) prédica(s)
Fazer uma prédica só sobre o texto será, no mínimo, temerário, pois os aspectos são demais. Quem o arriscar, talvez tenha que centrar suas palavras em um dos aspectos, perguntando, por exemplo, pelo direcionamento missionário dos dons ou do corpo de Cristo. O risco em ambos os casos é ficar somente em casa, somente dentro dos próprios muros. Não resta dúvida que uma prédica só deveria animar as pessoas, os membros da comunidade, a olhar para fora e a ver o mundo com uma pequena parcela daquele amor que Deus dedica à sua humanidade.
Uma outra possibilidade seria a de usar a passagem em uma semana de missão e dividi-la em alguns temas, tais como:
1. Os dons do Espírito de Deus que são dados à comunidade;
2. A comunidade (que recebe os dons) não é clube nem associação, mas corpo de Cristo no qual todos são inseridos através do batismo;
3. A comunidade (corpo de Cristo) tem vida própria e precisa zelar por ela. Mas será que ela não gasta o melhor de seu tempo e seus recursos consigo mesma? Quais? Quanto será que há de desnecessário em nossas comunidades, tanto a nível de construções como de atividades? Quais?
4. Quais poderiam ser as atividades missionárias concretas em uma comunidade? Quais já existem? Trabalho na periferia, com pequenos agricultores, desempregados, velhos. O quanto se sabe e se faz em relação, por exemplo, dos povos indígenas onde atuam missionários nossos? O que se poderia fazer de concreto na e com a comunidade?
Poder-se-ia pensar ainda em estudos e não prédicas, o que daria espaço para discussão e onde surgiriam perguntas e propostas concretas sobre a essência missionária do corpo de Cristo. No grupo é que dúvidas poderiam ser dirimidas, justamente porque em nossa tradição nos acostumamos a ver a missão como algo longínquo, de preferência sustentada por programas estrangeiros.
V – Subsídios litúrgicos
1. Intróito: Nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo, e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada. (Rm 12.5-63.)
2. Confissão de pecados: Nosso Deus e Pai em Jesus Cristo: Também como cristãos e como igrejas somos egoístas e pensamos em nós mesmos, no progresso de nossa própria comunidade, no serviço prestado ao nosso próprio membro. Muitas vezes, Senhor, somos cegos ao que acontece lá fora, onde pessoas sofrem e morrem lentamente pela miséria e peto desespero. Ajuda-nos a sermos membros verdadeiros do teu corpo, ouvindo o teu envio. Tem piedade de nós, Senhor.
3. Oração de coleta: Tu mesmo dizes que somos parte do teu corpo e nós também neste encontro queremos nos alegrar por isso. Queremos, Senhor, agradecer por nos ligares ao teu corpo através do nosso batismo e por nos dares dons para o teu serviço. Abre nossas mentes, olhos e corações para que reconheçamos onde e como fazer a tua vontade.
4. Sugestões para a oração final: Interceder pela igreja toda, dividida como ela está, a fim de que ela encontre caminhos de se unir em torno de causas determinadas. Pedir que tenhamos olhos para a desgraça em que se encontra boa parte da criação e da criatura de Deus. Interceder concretamente pelos índios ameaçados de extinção; pelos colonos sem terra que não sabem como sobreviver; pelos trabalhadores de salário miserável e pelos desempregados. Interceder por todos aqueles que se empenham por uma vida mais digna das pessoas, sejam eles obreiros ou não. Pedir que Deus coloque sua igreja a caminho e lhe tire aquilo que a impede de ir ao encontro das pessoas.
VI – Bibliografia
– BLAUW, J. A natureza missionária da igreja. São Paulo, 1986.
– COMBLIN. J. Teologia da missão. 2. ed. Petrópolis, 1983.
– CONZELMANN, H. Der erste Brief an die Korinther. In: Kritisch-exegetischer Kommentar über das Neue Testament, Göttingen, 1969.
– DA VIÉS, J. G. Culto e missão. São Leopoldo, 1977.
– MALSCHITZKY, H. A dimensão missionária do batismo. Estudos Teológicos. São Leopoldo, , 25 (2) 1985.
– MÜLLER, Chr. Meditação sobre 1 Corfntios 12.12-27. In: Falkenroth, A. et Held, H. J. ed. Hören und Fragen. Neukirchen-VIuyn, 1976. v. 4, 2. parte.
– VOIGT, G. Meditação sobre 1 Coríntíos 12.4-11. In: ____. Das heilige Volk. Göttingen, 1979.
– — . Meditação sobre 1 Coríntios 12.12-14, 26-27. In: _____. Die lebendigen Steine. Göttingen, 1983.