Iniciando
Numa pequena comunidade do interior, algumas pessoas resolvem se encontrar periodicamente. Não sei ao certo de onde veio o desafio. Nas conversas que tive posteriormente, percebi o desejo de se encontrar impulsionado pela participação no Movimento das Mulheres Agricultoras e pela participação nas comunidades evangélica e católica:
Para se participar do movimento a gente precisa saber das coisas. Fazendo um grupo, nós temos a chance de conseguir coisas para ler, filmes pra ver e gente pra trazer informações. E aqui nós podemos discutir isso tudo em conjunto. As igrejas sempre ensinam que é na Bíblia que a gente encontra um monte de incentivo pra participar da luta. Nós queremos ver isso uma vez. Nós nunca estudamos a Bíblia antes. E queremos fazer isso junto. Nada de uma Igreja pra cá e outra pra lá. E vocês precisam nos ajudar.
E vocês precisam nos ajudar! Eis a função: ajudar. E ajudar não é puxar os estudos, não é decidir os textos, não é tomar uma posição de quem sabe para quem não sabe. É um desafio muito grande esse. Por um lado a gente sempre corre o risco de tentar fazer valer o nosso diploma; por outro lado, o grupo corre o risco de cobrar isso por demais da gente, acomodando-se facilmente. É muito importante que a gente saiba quando entrar, quando ajudar e como ajudar. Uma agricultora definiu bem o nosso papel junto a um grupo de estudos bíblicos. Disse ela: É muito importante que vocês estejam junto. Sem essa assessoria a gente não chega a nada, porque a Bíblia está cheia de símbolos, de costumes, de tradições e de palavrão difícil. Nós nunca estudamos nada sobre isso. Numa certa altura a gente vai ter que pedir informações, simplificações. E outra coisa: às vezes a gente empaca, o estudo emperra e a gente enrola tudo. Aí é a vez de vocês entrar.
Mas como eu vou ajudar ali, como vou saber o exato momento de ter que entrar? Como vou saber o quanto devo ajudar? E, o que é mais importante: como vou entender a linguagem, as entrelinhas, os causos, os gestos, os olhares, os pensamentos que estão detrás de tudo?
É preciso conhecer as pessoas. Saber do seu nome e do seu rosto não chega. É preciso saber da sua família, da sua roça, do seu lazer (se é que tem), é preciso saber do seu fazer história pra poder entender a história que contam e fazem no grupo.
Sim. Mas e tempo pra isso? Sabemos que não é fácil. Mas é muito importante cavocar este tempinho, ou então um tempão pra saber como assessorar.
Outra declaração importantíssima e que mostra o porquê da necessidade do grupo de se encontrar: A gente não deve ler a Bíblia sozinha no nosso canto. Isto não leva a nada. Eu conheço pessoas que ficam se 'enchendo' porque já leram toda a Bíblia umas duas ou três vezes. Mas não entenderam coisa nenhuma. A Bíblia não é um troço mágico que a gente lê e pronto. Pra tu viver ela, tu precisa entender ela primeiro. E sozinho, nada feito. Portanto, a necessidade de lê-la em grupo é fundamental. A Bíblia é o resultado de um intenso mutirão, e, lambem por isso, só pode ser entendida à base de um intenso mutirão. Aliás, vivê-la também vai depender de um intensíssimo mutirão.
Se é ali que nós queremos chegar, se é no viver os ensinamentos bíblicos que queremos afunilar os nossos estudos, então também é na vida que devemos começar: Nós temos que começar por onde nós nos sentimos em casa, não por uma história distante que não tem nada a ver com a gente. Agora, se a gente começar pelo nossos casos, pela nossa história, então a gente, em conjunto, vai vero que o texto bíblico tem a ver conosco. É aí que entra a história de a Bíblia ser uma força, uma escola pra nós. A Bíblia é uma força e uma escola. É uma vacina de ânimo e um diploma de faculdade, mas apenas se ela é uma luz para iluminar um causo da nossa vida, ou a nossa história toda.
E o povo lembra constantemente dos textos, compara-os, interpreta-os pra dentro do seu viver. Quando isso não acontecer chega a vez da nossa sensibilidade de saber comparar textos com a história que o grupo traz e faz, de saber dizer: Olhem, parecido assim foi lá no tempo de Fulano de Tal, quando fizeram isso e aquilo. Está lá no livro x, cap. y, vers. z.
E a força, a vacina de ânimo vai funcionar mesmo. A escola vai sendo cursada, o diploma de faculdade vai sendo conquistado na sala de aula grupo-de-estudos-vida-Bíblia.
Tomando postura
Bom, já estando no texto, depois de todas as considerações feitas, que atitude tomar, que postura ensaiar, com que jeito se colocar frente ao texto?
Estes são pontos a serem definidos no grupo. E aí já entra um pouco da nossa missão de gente que estudou o assunto, que teve a chance. Vocês tiveram a chance, nós não. Eu sempre queria estudar um pouco sobre a Bíblia, mas não deu. E, conforme esta chance que eu tive, penso que há três posturas fundamentais a tomar. Cada uma garante as outras duas. E isto eu tentei transmitir para o grupo.
1 — Se abrir pró texto. Que ele entre, seja como ele for, que diga para o grupo aquilo que de fato ele diz, até mesmo aquilo que eu, ou que o grupo não gostaria que ele dissesse.
2 — Colocar um ponto de interrogação (?) bem grande na frente de cada detalhe. E depois mais um ponto de exclamação (!). Isto eu aprendi quando uma mulher fez o seguinte comentário, lendo Gn 3: Olhem só! Aqui não diz que a fruta era maçã e também não diz que o primeiro pecado era o sexo! Como assim?! Mas que coisa! E eu nunca me dei conta disso!!! E a outra arrematou: Pois é. É como a história dos reis magos que não eram reis, coisa nenhuma, mas simplesmente magos. Há tanta interpretação que é preciso ligar as antenas porque, às vezes, um detalhezinho destes é fundamental. Há muita fruta virando maçã, quando na realidade é uma pêra, ou uma laranja, ou até mesmo uma melancia. Além disso, também é preciso colocar um ponto de interrogação e outro de exclamação frente à intenção do autor, especialmente quando lemos a Bíblia com olhos de mulher.
3 — Aproveitar tudo o que o grupo já aprendeu — lutando, vivendo, lendo, inclusive outros textos bíblicos. O aprendizado da vida é importante, como também o aprendizado da própria Bíblia que já temos, não deixando, é claro, que isto se sobreponha ao próprio texto. O que sabemos sobre os costumes, sobre as leis e o seu cumprimento, sobre as discriminações, sobre os meios de produção, sobre a qualidade de vida…, isto tudo em relação ao ontem (época do texto) e em relação ao hoje. E no grupo, o que um/a não sabe a/o outra/o sabe; o que nenhum/a sabe, todos /as buscam saber, com material acessível, com palestras. E é aí que entra de novo a nossa ajuda. Literatura,- vídeos, gente, tudo com linguagem acessível, nós temos a obrigação de arrumar.
O grupo tem alguns desafios comuns dos quais partir. Partem do fato de cada uma estar ali por ser gente, por ser pobre, por ser mulher, por ser agricultora e por ser atingida (pelo projeto de uma barragem). Há histórias inúmeras para com partilhar. Há exemplos de fé comuns para lembrar. E também há muitas provas de falta de fé para confessar comunitariamente.
1 — Por ser gente
Agora eu decidi. Eu também tenho o direito de ter um momento de sossego. Eu quero uma tarde do mês só pra mim. Eu vou participar deste grupo de estudos. Parece uma contradição. Ela quer uma tarde só pra si, mas a entrega ao grupo. l a busca mútua de pessoas que têm algo em comum. Não dá pra ficar longe. O desejo de se completar é maior. Não resisto. Comparo com Rute que não consegue deixar de ir junto com Noemi e comparo com Noemi que não consegue impedir Rute. As duas se juntam, viúvas e, por isso, roubadas de todo o direito de ser gente. Uma é estrangeira em Moabe. Outra é estrangeira em Judá. Estrangeiras e viúvas se juntam pra buscar o cumprimento da única lei que as protegia, que, dentro das limita coes da época, lhes dava o direito de viver, de ser gente.
Eu sou gente 'apesar' de ser mulher, e por isso quero participar dos estudos. Aaai, como ela foi bem-vinda! No decorrer dos encontros ela está descobrindo que ela é gente justamente por ser mulher, assim como seus companheiros são gente jus lamente por serem homens. É Jesus Cristo que o ensina. É Maria Madalena. É Ma ria de Betânia. É Míriam. São as agricultoras. São as Maria Josefina. São as Maria da Roça. São as Margarida, as Rose, as agricultoras.
2 — Por ser pobre
Em dias de eleição, o grupo conversa sobre dois candidatos, um que representa a classe rica e outro que representa a classe pobre. A conversa chega lá espontaneamente. Não daria pra impedir, se fosse o caso. E, conversa vai, conversa vem, quando uma mulher simplesmente justifica o seu voto no candidato pobre dizendo: Eu e minha filha temos só um par de chinelos pra sair. Se uma sai a outra tem que ficar em casa. Um cara rico nunca vai entender isso.
Ficamos de ler em casa o primeiro capítulo de Rute. As nossas necessidades foram logo comparadas ao v. 1: Houve fome na terra. Primeiro falta o chinelo, depois falta a comida. Há fome na terra… e as famílias migram. Ou vão pró norte na esperança de melhores dias, ou vão pra cidade na esperança de tudo. Elimeleque, Noemi e os dois filhos vão de Belém de Judá para habitar em Moabe. É a busca pela sobrevivência hoje e ontem.
Mas o texto é questionado por algumas mulheres no v. 6, onde fala que Noemi soube que Deus tinha ajudado o seu povo dando-lhe pão. Argumentam que Deus dá pão para todas as pessoas ao dar a terra que o produz, que se esta terra não está na mão das pessoas que a trabalham, isto não é culpa de Deus, e se por causa de uma seca que acaba com uma safra todas as pessoas precisam migrar, passar necessidade, também não é culpa de Deus, porque se todo o lucro que a terra dá viesse para as mãos de quem trabalha, estas pessoas teriam reservas suficientes para repor algumas safras perdidas. E o argumento é convincente. A terra que Deus deu para nós, esta dá. Quem não dá é o sistema. E é questionando a Noemi que o grupo argumenta, com a relutância de algumas mulheres que ainda continuam pensando que sua situação é vontade de Deus, que tudo o que acontece é vontade de Deus, que continuam assinando embaixo da declaração de Noemi: … o Senhor descarregou sobre mim a sua mão (1.13) … porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso. Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre (1.20). São as mulheres questionando o texto. É o texto questionando as mulheres. É uma caminhada em mutirão que apenas está começando.
3 — Por ser mulher
Uma mulher do grupo descobre que está grávida. É aquela festa! Mas esta gravidez não foi programada. É uma coisa boa, mas eu não estava preparada. Eu preciso mudar alguns planos, mas… Eu estou pronta pro que der e vier. Eis uma característica que parece ser de mulher por excelência. É a gravidez inesperada. É a visita inesperada. É a doença inesperada. Sem falar da gravidez em si, quem se preocupa com o enxovalzinho? E fora de hora, é claro. Seria a terceira jornada de trabalho? Quem é que tem que botar mais água no feijão quando chega visita? Quem é que faz chazinho quando alguém adoece, pode ser no mais duro do inverno, pode ser no nono mês de gravidez, pode ser… inesperadamente?
E chegamos na gravidez de Rute, no nascimento de Obede. Vimos a satisfação da vó Noemi e também o desrespeito que ela sofre das outras mulheres. Então as mulheres disseram a Noemi: Seja o Senhor bendito que não deixou hoje de te dar resgatador(4.14). Ou então na linguagem de hoje: Deus te deu um neto para cuidar de você. O grupo achou que seria mais lógico que elas dissessem: Deus te deu um neto para você cuidar dele. E lembram o trabalho das avós na criação dos netos, já que a maioria dos casais novos está morando com pai/mãe ou sogra/sogro por serem sem-terra. E aí eu lembro que as mulheres do texto dizem que o neto nasceu para cuidar de Noemi porque, na época, uma viúva era totalmente desamparada, sem direito algum. E procuramos juntas o versículo que mostra que o Boaz precisa comprar a terra que era do Elimeleque, o marido e sogro, e junto resgatar Rute, casando-se com ela (4.3). Rute, só mesmo com um marido ao seu lado, ou um filho, tem o direito de ser gente. E Noemi passa a ter esta segurança tendo um neto. Aaah, é por isso que Jesus, quando fala dos sofridos, fala das viúvas e não dos viúvos. E… lá vamos nós falar das aposentadorias, do criar os/as filhos/as não para si mas para o mundo, e da satisfação de gerar, de dar à luz, de ser cúmplices de Deus no ato de criar. A gente aprende a dar, a se dar. A cada filho que a gente faz nascer, a gente faz morrer um pouco da gente mesma. E aí eu desafio! Se nós, as mulheres, aprendemos a viver uma vida de doação, uma vida para a/o outra/o, para o marido, para o/a filho/a, para a visita, para a pessoa doente, se nós aprendemos a ser disponíveis, até que ponto não estaríamos mais abertas para a luta por um mundo novo, por um Brasil justo e igualitário, esta luta que exige tanto da pessoa? Talvez. Mas… por que, então, barramos tantas vezes o movimento popular, qualquer busca por mudança?
Qual é a nossa contribuição, de mulheres, na caminhada pelo Reino? Nós temos que fazer alguma coisa! Nós temos até umas leis para tirar do papel e botar na prática, assim como a Rute teve que fazer. Ela tinha o direito de ser resgatada, mas teve que brigar para isso ser cumprido. A Rute se junta a Noemi nessa batalha. Vimos que nós também temos uma grande missão. Temos que conversar ainda muito sobre isso. Temos que nos juntar muito ainda.
E assim muitos aspectos do livro de Rute foram levantados. Quantas comparações! Quantas semelhanças! Não dá para comentá-las todas aqui. Mas foi nesta base. O livro de Rute foi cativando as mulheres e tem muito ainda para cativar.
4 — Por ser agricultora
O cotidiano da agricultora sempre aparece no grupo. É o tempo, é a colheita, é o inço, é o preço dos produtos, é a infinidade de coisas para fazer… Porque perdem a tarde do estudo, precisam antecipar o serviço na noite e na madrugada anterior ou na noite e na madrugada posterior. E ao meio-dia a mulher agricultora descansa enquanto lava roupa, enquanto amassa o pão, enquanto remenda a roupa, enquanto o pessoal sesteia, como diz um verso da canção preferida (Mulher da Roça, canção do Antônio Gringo). Eu lembrei a elas que a Rute parou para descansar: Ela está trabalhando desde cedo até agora e só parou um pouco para descansar (2.7).
Desde cedo, Rute trabalha entre as empregadas de Boaz para juntar as espigas que vão caindo. É um direito dos pobres da época. Rute usa este direito. Mas parece que não é tão fácil fazer cumpri-lo. Em Rt 2.2 Rute diz que vai juntar espigas atrás daquele que deixar. O direito legal existe, mas e o cumprimento? A lei da Reforma Agrária esteve no papel por muito tempo sem que a gente conseguisse colocá-la na prática. E conversamos sobre a questão sindical, a sindicalização da mulher, e a associação da mulher na cooperativa… Aí a mulher enfrenta o clima em casa: Ué, se eu sou sócio você não precisa ser também. Resolvemos fazer um levantamento: Quantas aqui são sócias do sindicato? Algumas. Quantas são sócias da cooperativa? Nenhuma. Ainda nem temos este direito. Quanta coisa pra conquistar! Quanto é preciso se organizar como Rute e Noemi se organizaram!
Um dia o assunto foi o preço dos produtos. É que uma delas conta sobre os planos que tinham para depois de vender a safra do feijão. Parece que os planos não ficaram nem na metade. E lá vêm os exemplos: Eu me lembro bem quando a gente vendia um saco de feijão e com o dinheiro desta venda podia comprar dois sacos de farinha, um saquinho de sal, uma lata de querosene e um quilo de erva. Hoje mal apenas dá para comprar um saco de farinha. E eu complemento: Pois ó, a cada saco de feijão que vocês vendem, roubam de vocês um saco de farinha, um de sal, uma lata de querosene e um quilo de erva. Outro exemplo colocado (as mulheres têm muita facilidade de colocá-los): Uma dúzia de ovos eu vendia e comprava um quilo de erva e um pacote de fósforos. Hoje eu preciso de seis dúzias para fazer a mesma compra.
Naquele encontro nem abrimos a Bíblia. Não deu tempo. A conversa era tanta que… E também resolvemos terminar mais cedo. Tinha tanto trabalho esperando por nós lá na roça, ou lá em casa.
5 — Por ser atingida
Depois de uma reunião na comunidade onde conversamos sobre a questão das barragens — pela previsão a comunidade toda será atingida, as duas igrejas, o pavilhão comunitário, os cemitérios, a escola, sem falar nas casas, benfeitorias, sem falar nas terras, que são das melhores do mundo, segundo pesquisas feitas — a conversa andou lá para o tempo em que abriram mato: A gente entrou aqui neste mato. Tinha só mato. Fomos abrindo picada. No início moramos num galpão de chão batido e grandes frestas na parede. Não tinha escola. Não tinha igreja. Não tinha hospital… E agora é pra sair de novo?! Sair pra onde? Abrir outro mato? Não! Eu não ia aguentar de novo!
A Noemi ia aguentar, desafia uma companheira, referindo-se a Rt 1.1, onde Noemi vai para o estrangeiro por causa da fome e á Rt 1.6-7, onde ela volta de novo, e já bastante velha, pelo jeito (Rt 1.12). E a discussão vai pró lado do aceitar a barragem simplesmente e se mandar ou se organizar e resistir. Umas dizem que querem dar uma de Noemi, outras não. Mas lá pelas tantas surge uma ideia diferente: Noemi aceitou sair, porque houve fome na terra e parece que ela tinha que ir. Será que nós também temos que ir? É o progresso, diz uma. Mas a outra contra-argumenta: Mas dá para fazer energia de muitas outras maneiras — do sol, do vento, do esterco, do lixo, de barragens pequenas que nem fazem a água sair do barranco… Olha, eu acho que a Noemi também não ia aceitar. Em todo caso, Deus não aceita, eu arrisco, intrometendo-me na conversa. Como você pode dizer isso?, é a pergunta lógica que vem logo em seguida. E lá vamos nós pra Bíblia, pra Rt l .6, onde Noemi soube que Deus tinha ajudado seu povo dando-lhe boas colheitas. Se Deus deu esta terra boa, e todas as pessoas que trabalham nela têm o direito a ela, então ele não quer esta terra toda debaixo d'água. E eu trago um dado: no Brasil todo estão previstos 142 mil km quadrados alagados pelo plano oficial do governo. E o clima? O clima todo muda. E já vieram as histórias sobre Itaipu, sobre o prejuízo todo causado. É… Deus é contra as barragens, deste jeito que elas estão sendo projetadas. Mas, como vai o movimento das pessoas atingidas pelas barragens? Quando é o próximo encontro?
Finalizando
E assim a Bíblia vai sendo estudada. Partimos da nossa vida, dos nossos causos, dos nossos conflitos, para misturá-los à vida, aos causos, aos conflitos que as páginas da Bíblia nos contam. E o fazemos em grupo, em mutirão. É muito mais lógico, já que a Bíblia também é o resultado de mutirão. E pra este mutirão dar certo, é preciso que nos conheçamos. Aí é preciso tempo, dedicação e muito carinho. Pra saber ajudar com as informações, com os conhecimentos que adquiri como pastora, eu tenho que ter muita sensibilidade e muita paciência. Não é de hoje pra amanhã. É de anteanteanteontem pra depoisdepoisdepoisdeamanhã.
Mas, com muita alegria, eu gostaria de concluir dizendo: se nós objetivamos um maior engajamento social das pessoas, se nós buscamos mais abertura para o movimento popular, e a efetiva militância dentro dele, então podemos dizer que este trabalho bíblico faz verdadeiros milagres. Eu tenho certeza que os companheiros e as companheiras que também estão nesta batalha hão de concordar comigo. O Espírito Santo tem soprado fortemente. A Palavra clareia, anima, fortifica e impulsiona para a luta por um mundo melhor, aliás, radicalmente melhor.