Prédica: Lucas 13.31-35
Leituras: Jeremias 26.8-15 e Filipenses 3.17-4.1
Autor: Martin Volkmann
Data Litúrgica: 2º Domingo da Quaresma
Data da Pregação: 08/03/1998
Proclamar Libertação – Volume: XXIII
Tema: Quaresma
1. Introdução
Esta perícope do Evangelho de Lucas está sendo analisada pela segunda vez em Proclamar Libertação. A primeira, feita por Werner Fuchs, no vol. 17, continua muito atual, e recomendo a leitura da mesma. Em vários aspectos, a reflexão a seguir repetirá muitas considerações feitas ali.
A relação com os dois outros textos é bem evidente. Jeremias, um dos profetas enviados por Javé para dar o seu recado a Jerusalém, especialmente em relação às lideranças religiosas e ao templo (vv. 6, 9, 12), não é atendido e sofre ameaça de morte (v. 11). Já a epístola, em que também há a advertência diante dos inimigos da cruz de Cristo (v. 18), aponta mais em direção à fonte da força para a resistência a tais ameaças (vv. 20s.), fonte esta da qual fala especificamente o evangelho: a presença do Reino, que se antecipa no agir de Jesus (v. 32), que se instaura em sua morte (v. 33) e que se consumará na sua vinda (v. 35).
A época da Quaresma, em que acompanhamos Jesus em sua caminhada (v. 33) rumo a Jerusalém, é período propício para refletirmos sobre nossa caminhada para sermos cada vez mais Igreja na cidade. Sem esquecer que essa caminhada, para poder ser realmente eficaz na acolhida dos desamparados, precisa estar firmemente amarrada naquele evento fundante ocorrido naqueles dias em Jerusalém – a morte e ressurreição de Jesus – e com os olhos fixos na nossa pátria que está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3.20).
2. Considerações exegéticas
A perícope faz parte do conjunto (9.51 a 19.27) que se convencionou chamar de relato da caminhada para Jerusalém (veja 13.22; 17.11; 18.35; 19.1,11), cm que Lucas reuniu grande parte de seu material exclusivo. Quanto à perícope em apreço, os vv. 31-32 são relato exclusivo de Lucas; os vv. 33-35 coincidem quase literalmente com Mt 23.37-39. Portanto, Mateus traz esse lamento sobre Jerusalém durante a estada de Jesus na cidade, de sorte que a referência à aclamação Bendito aquele que vem em nome do Senhor se refere ali à vinda gloriosa no fim dos tempos. Já em Lc 13.35, portanto durante a caminhada para Jerusalém, essa aclamação se refere tanto àquela vinda gloriosa quanto à entrada triunfal em Jerusalém, para onde Jesus está se dirigindo. Esse duplo sentido é reforçado pelo fato de Lucas trazer novamente um lamento semelhante em 19.41 ss., logo após a chegada à cidade.
Quanto aos fariseus, Lucas apresenta-os, em seu relato, a princípio não como inimigos de Jesus: 7.36; 11.37; 14.1. Há, sem dúvida nenhuma, pontos controversos a nível de posicionamento doutrinário que Lucas também apresenta, especialmente entre seu material exclusivo: 7.30,39; 11.37-44; 15.2; 18.10-14 (cf. Schweizer, p. 151). Assim, eles acabam fazendo o jogo dos que querem se ver livres de Jesus, independentemente de se eles vêm com esse recado a mando de Herodes Antipas ou se buscam atrair Jesus a Jerusalém para entregá-lo nas mãos do Sinédrio.
Em todo caso, Herodes tem motivos para temer Jesus, pois o associa a João Batista, a quem mandou decapitar (9.7-9). Ainda assim, tem interesse em conhecê-lo, oportunidade esta que Pilatos lhe oferece, em combinação com o processo de Jesus, ao saber que ele é originário da jurisdição do tetrarca (23.7). No entanto, Jesus não lhe dá a satisfação de ouvi-lo (23.9). Isso está na mesma linha do tratamento que ele lhe dá nesta passagem, ao chamá-lo de raposa (cf. Ez 13.4; Mc 8.15). Como ainda em nossos dias, já naquela época raposa era figura para referir-se a pessoa esperta, ardilosa, mas também a um elemento insignificante (cf. Strack/Billerbeck, vol. 2, p. 200s.). Herodes Antipas é tudo isso, e Jesus o percebeu muito bem. Ele sabe que esse governante corrupto não hesitaria em fazer com ele o mesmo que fez com João (3.19s.; 9.7-9; cf. também 23.8ss., onde deixa de livrar Jesus da morte, o que poderia fazer, se quisesse). Com isso, ele é um inimigo do Reino, assim como o são as autoridades de Jerusalém, que matam os profetas enviados por Deus. E inimigos do Reino acabam sendo também os fariseus, que se prestam a dar tal recado, e, com essa atitude, são eles que levarão Jesus à morte. Assim, a palavra de Jesus (w. 32s.) acaba sendo também uma advertência a eles (cf. Fuchs, p. 79).
Jesus, porém, não se deixa intimidar nem desviar de seu caminho. Ele continua comprometido única e exclusivamente com o Reino: expulsando demônios e curando doentes (cf. 4.18s.; 7.18-23). E o fim desta atividade não é determinado por nenhuma pessoa, mas por Deus. Isso está expresso pelo verbo na voz passiva: teleiumai (v. 32), que tanto pode significar concluir, chegar ao final da atuação, quanto pode ter o sentido de estar consumado, referindo-se ao cumprimento da ação salvífica em si (cf. Jo 5.36; 17.4; 19.30; Hb 2.10; 5.9).
Essa mesma finalidade – de que somente Deus determina a ação e o prazo desta ação -, tem a dupla menção da data nos w. 32 e 33 (cf. Os 6.2). Além disso – o que, por sua vez, é reforçado pelo enfático contudo no início do v. 33 (cf. 9.51) -, essa dupla indicação da data destaca que o cumprimento dessa tarefa divina se dá na caminhada. Assim, o verbo poreuesthai, que nestes poucos versículos (31-33) aparece três vezes, no v. 33 não tem o sentido de sair, ir embora, como no v. 31, mas significa esse caminhar, esse andar pelos caminhos da vida, através dos quais Deus mesmo se achega e ingressa na vida das pessoas (cf. Grundmann, p. 289).
Assim como essa caminhada tem o seu tempo determinado, da mesma forma ela está geograficamente fixada: Jerusalém. Logo, não é Herodes quem vai matar Jesus, mas é Jerusalém, que tem o privilégio de derramar o sangue dos profetas (cf. l Rs 18.4,13; 19.10; 2 Cr 24.21; Jr 26.20-23; Mt 5.12; Lc 11.49-51; At 7.52). Que Jesus é tido como um profeta é um dado que aparece muito seguidamente no testemunho dos evangelhos (cf. Mt 13.57; Mc 6.4; Lc 4.24; 7.16,39; Jo 4.19; 7.40, entre outras). Por isso lhe é reservado o mesmo destino de profeta: morrer em Jerusalém. Mas com isso não se cumpre apenas o que sói acontecer a um profeta. Com sua morte se consuma sua missão (veja o que dissemos acima em relação ao termo teleiumai!', cf. também os anúncios da paixão em Mt 16.21; 17.22s.; 20.18s.). Logo, a sua morte não é o fim, mas a consumação da obra salvífica.
Jesus não apenas vai morrer em Jerusalém; ele vai ser morto por intermédio de Jerusalém. Vale lembrar novamente que Lucas acrescenta à resposta aos fariseus esse lamento sobre Jerusalém, antes de sua chegada na cidade, enquanto Mateus o apresenta durante a estada de Jesus em Jerusalém, imediatamente antes do sermão profético sobre o fim dos tempos (23.37-39; cf. Lc 19.41-44). Com isso, na pessoa dos fariseus, que reaparecem em 19.39, essa advertência ganha um sentido especial: ainda há tempo para a volta! (Cf. Schweizer, p. 152.)
A dupla menção de Jerusalém (v. 34) expressa lamento profundo, grande tristeza por causa da impenitência desta localidade. Porque esta é uma cidade toda especial: é o lugar escolhido por Deus para ali fazer habitar o seu nome – é a cidade do templo. Jerusalém é símbolo da presença de Deus e da proximidade com Deus. Mas Jerusalém também é a cidade que mata os profetas a ela enviados. Nisso tudo se evidencia essa profunda contradição: a cidade, que reflete a presença de Deus e que abriga quem conhece os caminhos de Deus, não percebe quando Deus lhe fala através de seus enviados. Também não percebe agora esta ocasião toda especial e vai proceder com Jesus dentro da mesma lógica. Por isso Jesus não só morre em, mas por intermédio de Jerusalém: não é destino cego ou mera coincidência; é culpa consequente.
Isso é destacado também pelo quantas vezes. Não foi só uma vez, foram diversas vezes que Deus procurou resgatar sua soberania através de seus enviados. Assim, o quantas vezes não se refere a diversas estadas de Jesus em Jerusalém, mas é uma expressão da sabedoria que é atribuída a Jesus (l l .49; cf. Grundmann, p. 289), de sorte que ele se situa nessa continuidade dos enviados de Deus. Sem dúvida nenhuma, ele é o enviado especial (4.18s.; 7.22s.) para trazer ao vivo a presença e o abrigo de Deus. A imagem da choca e de seus pintinhos é símbolo do refúgio, da proteção, do aconchego que a pessoa tem junto a Deus (cf.Dt 32.11; Rt 2.12; SI 17.8; 36.7; 57.1; 63.7; 91.4).
Mas agora Jerusalém ficará sem refúgio e sem proteção, exposta ao juízo: a vossa casa ficará abandonada. A voz passiva indica que Deus mesmo abandona a sua casa, de sorte que a vossa casa deixará de ser casa de refúgio e de aconchego. A que o autor se refere ao falar em casa: ao templo (cf. Jr 12.7; 22.5; 26.12), à cidade toda ou a todo o povo? E quem são os vós que não quiseram: os líderes religiosos, as lideranças políticas ou o povo todo? Ambas as perguntas estão relacionadas entre si. Porque, historicamente (cf. Jr 26; o processo de Jesus), os líderes religiosos e as lideranças políticas se unem contra os enviados de Deus, usando o povo para os seus inte-resses. Considerando Lc 13.17,29s., podemos arriscar dizer que esse vós se refere, em primeiro lugar, a essas lideranças que, por sua vez, detêm o poder sobre o templo e a cidade, de sorte que lambem a casa se refere tanto ao templo quanto à cidade. Em contraposição, há aqueles que reconhecem a oportunidade toda especial da presença de Deus o relato do evangelista está cheio de exemplos! — e que o saudarão como aquele que vem em nome do Senhor.
A que se refere essa saudação: à entrada triunfal em Jerusalém (19.38) ou à parúsia no final dos tempos? Sem dúvida alguma, essa saudação tem caráter messiânico ( Cf. 7.19), referindo-se à parúsia, e serve de consolo para a comunidade primitiva que deve perseverar em meio às perseguições. No entanto, considerando que Lucas nos apresenta este episódio durante a caminhada para Jerusalém, muito antes da chegada à cidade (cf. acima), essa saudação também se refere àquela situação: Jesus sabe que sei á aclamado, mas que também será negado – não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém. Portanto, a multidão o aclamará como o mensageiro de Deus, mas também o negará e o levará à cruz. Assim, essa palavra ganha caráter de advertência: anula há tempo! Mas chegará o momento em que será tarde demais, quando só restará lamentar-se a si próprios (23.28; cf. Fuchs, p. 80).
3. Considerações com vistas ao uso do texto na prática comunitária
Estamos em plena época da Quaresma. É o período em que acompanhamos Jesus em sua caminhada para Jerusalém: Essa sua ida a Jerusalém não é apenas um simples deslocamento em sentido geográfico, o cumprimento de um dever de cada israelita ao menos uma vez na vida. Para Jesus, ir a Jerusalém é assumir conscientemente o compromisso até as últimas consequências: o compromisso com o Pai de anunciar, de atualizar, de trazer a presença viva do Reino. Mais ainda: ir a Jerusalém é levar esse compromisso à consumação (v. 32!), porque significará o confronto final entre o Reino e as forças do anti-Reino. Porque é em Jerusalém que se concentram as forças que, por um lado, se consideram conhecedoras dos caminhos de Deus; por outro lado, a cidade l n m bem atrai as forças que dominam os reinos deste mundo. Não é mera casualidade que Jesus seja condenado à morte pelo conluio entre o Sinédrio e o representante do Império Romano e, segundo Lucas, com o apoio de Herodes Antipas, governante da l erra natal de Jesus. Portanto, Quaresma é acompanhar Jesus nesse seu compromisso radical com o reino de Deus.
Mas esse compromisso com o Reino nada mais é do que o compromisso radical com quem sofre e passa necessidades: hoje e amanhã expulso demônios e curo enfermos. O que significa isso em nossos dias? Sem dúvida nenhuma, estar comprometido com o Reino continua ainda hoje a ser a solidariedade com o que sofre e passa necessidades: doentes, desempregados, desorientados, desiludidos da vida, viciados, drogados… A todos esses o Pai quer oferecer acolhida, aconchego, refúgio – assim como a galinha, que reúne sob suas asas os seus pintinhos. De que maneira, como comunidade de fé, podemos participar, contribuir para sermos tal espaço para essas pessoas?
Porém esse compromisso com o Reino é também a oferta de acolhida e aconchego para quem já é da casa. Para membros idosos, sós, enlutados, doentes… Especialmente em ambiente urbano, cada vez mais pessoas se sentem solitárias e carecem de atenção. Não será esta também uma oportunidade de a comunidade de fé buscar formas de reunir essas pessoas como a galinha reúne os seus pintinhos?
Já a presença dos fariseus nos desafia a refletirmos sobre sua postura em relação à proposta de Jesus. Até hoje se fala de posturas farisaicas, ou seja, falsas, hipócritas, fingidas. No relato de Lucas, os fariseus não são necessariamente inimigos de Jesus, mas também não ficam do seu lado. Eles acabam ficando numa posição um tanto dúbia: por um lado, há fariseus simpáticos; por outro lado, há os que apóiam a condenação de Jesus. Porque ele questiona especialmente suas ideias, sua teologia. Eles não querem que alguém ponha em xeque sua estrutura ideológica. Até que ponto nós nos deixamos desafiar por este Jesus em nosso posicionamento teológico? Ou, já que os fariseus se caracterizam essencialmente por uma determinada moral, até que ponto nós simpatizamos com a proposta de Jesus, desde que ela não nos comprometa demais? E por isso acabamos nos deixando usar para o interesse de outros, fazendo com que o compromisso e o desafio radicais de Jesus sejam abrandados? Em contrapartida, esta perícope nos mostra um Jesus totalmente descompromissado com qualquer instância humana ou mundana, porque está totalmente compromissado com Deus, que o liberta para o compromisso total com os necessitados, os desamparados, os angustiados.
Dessa forma, o texto nos convida, no seguimento desse Jesus, nessa época da Quaresma, a ouvirmos a radicalidade do convite para o compromisso com Deus: buscar abrigo, aconchego, proteção sob a esfera desse Deus de Jesus Cristo. Porque Jesus, solidário até as últimas consequências com quem tem necessidade e quem confia nele, é a presença viva de Deus conosco. Ainda hoje, onde essa solidariedade é anunciada e vivenciada, nós podemos perceber bem concretamente que ali o reino de Deus se torna realidade.
A época da Quaresma nos relembra esses fatos. Por isso ela é época de preparação, de reflexão, de conscientização da radicalidade do convite e do compromisso com o Reino. Por isso ela também é época de se conscientizar de que há um tarde demais. Também isso a comunidade não poderá deixar de dizer claramente. Mas enquanto esse tarde demais não chega, a comunidade vive sob as asas protetoras de seu Deus, na esperança de poder explodir no canto de louvor: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
4. Subsídios litúrgicos
Considerando que o estudo desses textos bíblicos não se limita ao uso no culto, mas que eles podem ser utilizados também em outros momentos de reflexão e celebração da comunidade, tomo a liberdade de reproduzir o jogral que Werner Fuchs apresenta no final de sua reflexão, uma vez que muitos leitores não têm acesso à mesma e que o referido jogral, ao usar uma metáfora do evangelho, destaca um aspecto central do mesmo, podendo servir de motivação para o estudo mais aprofundado do texto. Evidentemente, este jogral também poderá ser usado no culto. Trata-se de uma adaptação do texto Parábolas do Sul da Índia (Mt 23.37), de J. Gnanabaranam, Uma Nova Dança, São Leopoldo, Sinodal, 1970, pp.!3s.
l Foi há anos que, numa cidade industrial do Sul da índia, ouvi num alto-falante dogmas hindus serem contrapostos à fé cristã.
2. A caminho com dois amigos alcancei finalmente uma sombra fresca. Sentamo-nos debaixo de uma figueira.
1 De repente mexeram-se os galhos, caíram folhas, e olhamos para cima. Na árvore morava uma família de macacos.
2. Um pequeno filhote de macaco agarrava-se com bracinhos e perninhas em sua mãe, e com este peso a mãe saltava de galho em galho.
1. Meu amigo hindu, da seita vadacalai, falou:
3. O que acabamos de ver explica a minha religião. Deus é como esta fêmea de macaco, o homem como o filhote. O macaquinho não conseguia saltar sozinho até o galho distante. Agarrou-se firmemente à mãe e desta maneira foi transportado para lá. A alma do homem por si só não pode alcançar o céu, ela precisa agarrar-se em Deus. Se ela não alcançar o céu, ela própria é culpada…
2. Quando íamos adiante, vimos ao lado de um rancho uma gata branca que levava na boca um lindo gatinho.
l. Meu outro amigo, da seita tencalai, disse:
4. O que acabamos de ver explica a minha religião. Deus é como esta gata, o homem como o pequeno gatinho. O gatinho não é capaz de correr sozinho a um lugar distante. Por isso sua mãe o carrega na boca. A alma do homem por si só não consegue entrar no céu. Deus precisa levá-la ao céu, e ele leva só aquele que quer…
2. Caminhando adiante, chegamos ao pátio de uma fazenda, o qual uma galinha atravessava com seus pintinhos. Os pintos viam sua mãe pegar grãos e a imitavam.
1. De repente a galinha chamou seus pintinhos. Eles vieram rapidamente e se esconderam sob suas asas.
2. Olhamos para cima e vimos o gavião sobrevoando o pátio. Agora entendemos por que a galinha chamou os pintos. Eu disse:
1. O que acabamos de ver explica a minha fé cristã.
2. Meus amigos hindus perguntaram:
3+4. Como isso explica a tua fé?
2. Então eu respondi:
1. Jesus é como esta galinha, e os homens, como os diferentes pintos. Não podemos agarrar-nos em Deus com força própria, como o filhote de macaco, e Jesus também não usa violência conosco, como a mamãe gata com seu gatinho.
2. Jesus chama os homens como esta galinha chama seus pintinhos. Quem não ouve seu chamado e rejeita sua ajuda perece por sua própria culpa. É como o pinto que não atenta para a choca e é comido pelo gavião. Quem, porém, ouve o chamado de Jesus e o segue encontra proteção junto dele como os pintos sob as asas da galinha.
1+2. Meu Jesus, tu estás diante da porta do meu coração e bates. Tu não entras à força. Com minhas ações miseráveis não posso agarrar-me a ti, não posso conquistar tua graça. Agradeço-te por teu chamado e teu convite e pela proteção debaixo das tuas asas. Amém.
Com relação à pregação, sugiro abordar os seguintes tópicos:
a) As tentativas de impedir a marcha do Reino:
– Quais são os interesses de fariseus, de Herodes e de Jerusalém (vós!) para desviar ou eliminar Jesus?
– Onde eles se situam e se manifestam hoje (inimigos da cruz – Fp 3.18)?
b) Jesus não se deixa desviar nem foge da morte por causa de seu comprometimento exclusivo com o Reino:
– obediência absoluta ao Pai;
– solidariedade incondicional com quem sofre;
– oferta de aconchego;
– consumação da obra salvífica.
c) A Quaresma é o período de acompanhar Jesus em sua ida a Jerusalém:
– oferta sempre renovada de participação na obra salvífica;
– desafio ao compromisso com o Reino: solidariedade com quem sofre;
– conscientização sobre os interesses contrários que tentam impedir a marcha do Reino;
– conscientização de que há um tarde demais.
5. Bibliografia
FITZMEYER, J. A. El Evangelio segun Lucas. Madrid, 1987. Tomo III.
FUCHS, W. Meditação sobre Lucas 13.31-35. In: KILPP, Nelson, WESTHELLE, Vítor (Coord.). Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal, 1991. v. 17, p. 78-82.
GRUNDMANN, W. Das Evangelium nach Lukas. Berlin : Evangelische Verlagsanstalt, 1966. (Theologischer Handkommentar zum Neuen Testament, 3).
SCHWEIZER, E. Das Evangelium nach Lukas. Göttingen/Zürich : Vandenhoeck & Ruprecht, 1986. (Das Neue Testament Deutsch, 3).
STRACK, H. L. & BILLERBECK, P. Das Evangelium nach Markus, Lukas und Johannes und die Apostelgeschichte. In: ID., Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud und Midrasch. 8a ed. München : C. H. Beck'sche Verlagsbuchhandlung, 1983. v. 2.
Proclamar Libertação 23
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia