Prédica: Mateus 10.26-33
Leituras: Jeremias 20.7-13 e Romanos 5.12-15
Autor: João Artur Müller da Silva
Data Litúrgica: 5º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 27/06/1999
Proclamar Libertação – Volume: XXIV
Tema:
O discipulado é união com Cristo sofredor. Por isso nada há de estranho no sofrimento do cristão, antes é graça, é alegria. — Dietrich Bonhoeffer (1906-1945).
1. Introdução
Quando a comunidade estiver reunida para celebrar o 5° Domingo após Pentecostes, já terão passado seis meses de 1999. Isto significa que esse domingo poderá ser uma oportunidade para avaliar o que se passou nesses primeiros meses. É comum que sonhos, expectativas e esperanças em relação ao novo sejam alimentados e tecidos pela sociedade, pela Igreja e por nós no final de cada ano (1998).
Os textos indicados para nortear a reflexão dominical — Jeremias 20.7-13; Romanos 5.12-15; Mateus 10.26-33 — apontam para a mesma direção: confiança em Deus.
No lamento do profeta Jeremias (20.7-13) encontramos uma situação pro¬fundamente humana e ao mesmo tempo a superação da crise com a confiança em Deus. O profeta Jeremias mostra-nos o Deus-Amigo/Companheiro, atento e sensível em relação à nossa realidade. Com ele podemos discutir e jogar-lhe aos pés nosso desabafo e confessar-lhe nosso desespero. Na crise também encontramos Deus. No sofrimento também podemos confiar nele, como o profeta mesmo testemunha: 'Tu, pois, ó Senhor dos Exércitos, que provas o justo, e esquadrinhas os afetos e o coração, permite veja eu a tua vingança contra eles, pois te confiei a minha causa. (20.12.) E ao final, o louvor a Deus é a manifestação externa da fé no Deus-Amigo/Companheiro. Jeremias desafia o povo a cantar louvor a Deus pela sua ação libertadora (20.13).
O apóstolo Paulo em sua carta aos cristãos em Roma envia recado semelhante: (…) porque se pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foi abundante sobre muitos. (5.15.) O apelo à confiança em Deus, a viver pela graça divina, faz sentido para os cristãos que viviam em Roma, em tempos difíceis e de perseguição. Confiar em Deus e aceitar a graça divina são caminhos de vida nada confortáveis para os cristãos. Existem atalhos na vida mais interessantes e atrativos, e já os havia também no tempo da Roma antiga. O apóstolo Paulo assegura os seus leitores da importância e necessidade de crer na graça de Deus, trazendo para o centro da fé o Salvador, Jesus Cristo. É nele e em mais ninguém que deve estar centrada a fé dos cristãos.
A mensagem em Mt 10.26-33 aprofunda o testemunho em favor da confiança, da fé, da esperança em Deus. Mateus ensina aos seus leitores um aspecto fundamental para a vivência no discipulado de Cristo.
Portanto, creio que neste 5° Domingo após Pentecostes a mensagem para a comunidade reunida em culto se revestirá de estímulo, de conselho pastoral/ poimênico e alento para não abandonar a fé em Deus em meio à realidade. Como serão os dias de junho de 1999? Como será nossa situação de vida, de comunidade, de Igreja neste país, na cidade onde vamos celebrar o 5° Domingo após Pentecostes?
2. Comentário exegético
A perícope de Mt 10.26-33 está inserida na temática relativa à escolha e instrução aos discípulos escolhidos para continuar o ministério de Cristo. Nesta passagem evidencia-se, em especial, o aspecto didático do Mestre que se preocupa com seus discípulos. Seus ensinamentos provêm de duas vertentes: a promessa de Deus e o conhecimento da realidade.
O discurso de Jesus começa com o reconhecimento de que existem inimigos que dificultarão e infernizarão a vida dos seus discípulos. Ele não nega a presença e atuação dos inimigos da fé. Encontramos no v. 26 um chamado paralelismo semítico, que se evidencia na relação das palavras entre si, como encoberto e revelado, e oculto e conhecido. Nesta parte de seu ensinamento Jesus se refere ao sofrimento, à perseguição e às injustiças que seus discípulos poderão vir a sofrer por causa do anúncio do evangelho e do testemunho da fé em Deus. Note-se que Jesus não estimula o ministério sacrificai, mas chama a atenção para as consequências reais e concretas que poderão advir do discipulado, da pregação do evangelho. Mesmo que algo aconteça aos discípulos à noite, ou às escuras em becos sem saída, um dia tudo será conhecido. Deus imediatamente sabe o que se passa com seus discípulos, com seu povo. As pessoas, o mundo, poderão vir a saber e conhecer um pouco mais tarde. Isto nós sabemos da história, que leva tempo até que os horrores infligidos aos inocentes, aos cidadãos venham a ser conhecidos do público. Fica a certeza, para nosso consolo e alento, de que um dia tudo virá à tona. Tudo será conhecido de todos.
O v. 27 também apresenta um paralelismo semítico, expresso na relação entre as palavras escuras e luz, e ouvidos e eirados. Os ensinamentos de Jesus devem ser anunciados abertamente a todas as pessoas. Mateus assegura aos seus leitores que Jesus não lidava com segredos ou ensinamentos esotéricos, a exemplo de essênios e rabis. O evangelho de Deus deve ser proclamado abertamente, publicamente. Este versículo leva-nos a considerar a Bíblia um livro para todas as pessoas, um livro sem segredos, um livro para a vida de todas as pessoas que buscam refúgio, fortaleza, consolo e orientação em Deus, que se encarnou em Jesus Cristo.
No v. 28 nos deparamos com a agudeza das consequências do discipulado. A morte poderá ser o resultado do testemunho cristão. Nesta passagem, menciona-se que os inimigos dos cristãos poderão matar os discípulos de Cristo mundo afora, mas uma coisa esses mesmos inimigos não poderão fazer: matar a alma, o espírito dos discípulos de Jesus. Cabe lembrar aqui que alma/espírito são expressões daquela parte da personalidade humana que não é material nem visível. Jesus ensina a resistir àquele (diabo/Satanás) que poderá acabar com a vida e alma no inferno. Este, na visão de Jesus, é mais perigoso do que aqueles que perseguem e malam os cristãos. Nesta passagem Jesus está afirmando que há um futuro tanto para a alma quanto para o corpo. Deus preocupa-se com a pessoa toda, integral. E por isso, ensina a confiar nele e somente nele. Pois ele não deixará seus discípulos no leito de morte. Esta promessa é encorajamento para o testemunho cristão. Jesus sabia que seus discípulos enfrentariam dor e sofrimento, cruz e apedrejamento, perseguição e ódio. O Mestre ensina a coragem da fé e a resistência ao diabo mediante confiança inabalável em Deus, o Pai e Criador.
O encorajamento aos discípulos aparece no v. 29 com a manifestação do poder de Deus. A pergunta brota da realidade. Também naquela época havia gente que gostava de comer passarinho (pardal) com arroz, com milho… O preço de dois pardais era baixo, de pouco valor. Um asse (assarion) — moeda romana — valia 1/16 avos de l denário. Por sua vez, um denário era o valor do salário de um dia de trabalho (cf. Mt 20.2). Fica muito difícil sugerir um valor equivalente ao Real de hoje. Mas importante é registrar o baixo valor de venda de dois pardais no tempo de Jesus e de seus discípulos. Ou seja, era barato comprar dois pardais. Qualquer pessoa podia ir ao mercado e com l asse voltar para casa com dois pardais e assim reforçar o almoço ou a janta.
Jesus aponta para o poder de Deus, mesmo quando tudo indica que ele esteja ausente do mundo. Os pardais que se vendem no mercado são mortos porque Deus o consente. Nada acontece sem o consentimento de Deus. lista afirmação de Jesus tem uma intenção muito clara: Deus é o Senhor da humanidade, queiramos ou não.
No v. 30 fica evidente que Deus conhece a sua criatura em toda a sua dimensão, inclusive naquelas partes (cabelo) que nós não valorizamos tanto. Esta palavra de Jesus reforça o senhorio de Deus e o valor que ele concede às suas criaturas. No v. 31, Jesus enfatiza que os discípulos valem mais do que os pardais. E, por extensão, está assegurando que se Deus cuida dos parciais, tanto mais amor e cuidado ele tem pelas pessoas que ama e envia como suas testemunhas ao mundo.
Nos vv. 32 e 33 encontramos a combinação entre promessa e advertência. Na Igreja primitiva existia uma questão básica: confessar Cristo como Senhor podia significar correr risco de vida. Os cristãos tinham que se imbuir do espírito de morrer por Cristo. Deviam permanecer firmes na declaração de sua fé nele mesmo quando jogados em prisões e colocados diante de tribunais. Aqui não se tratava de testemunhar a fé diante de outros cristãos. Aqui se trata da fidelidade a Deus em momentos cruciais da vida, em que a morte, a tortura e a condenação podem acontecer a pessoas que permanecem firmes na confissão: Cristo é Senhor e Salvador. Jesus aparece aqui como Mediador de seus discípulos. Nesta passagem Mateus pode estar advertindo seus leitores a respeito do perigo de negar Jesus quando existe pressão.
Negar a Jesus implica não o reconhecer como Filho de Deus, como Salvador e Senhor. Como Jesus pode ser Mediador de alguém que não o reconhece como tal? Esta é uma questão-chave nestes dois versículos (32 e 33).
Quando Jesus dá testemunho em favor de uma pessoa diante de Deus, ele a reclama para si e intercede por ela. Aqui fica clara esta relação de senhorio.
Discipulado e senhorio são inseparáveis. O discípulo de Jesus confessa com sua vida e seu testemunho que Jesus é o Senhor da vida e da morte, e por isso não tem nada a temer. Mais tarde, o apóstolo Paulo vai reforçar essa coragem evangélica com seu testemunho: Eu estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.'' (Rm 8.38-39.)
3. Reflexão
O pensamento de Dietrich Bonhoeffer que encabeça este auxílio homilético tem seu fundamento nos ensinamentos de Jesus registrados em Mt 10.26-33.
Ao mesmo tempo que este texto parece tão distante de nossa atualidade, ele também se apresenta como um texto escrito para os nossos dias. Vejamos a questão que está pressuposta logo no v. 26, quando Jesus faz menção do perigo que os inimigos podem significar para os seus discípulos. A Palestina dominada pelo Império Romano era um ambiente adverso para o testemunho cristão. Sabemos da história do cristianismo do que eram capazes os inimigos dos cristãos, a saber, todas as pessoas (romanos) que não admitiam outro culto, outra fé, outro Deus que não fosse o imperador romano. Neste ambiente os cristãos sofreram nas mãos dos inimigos. Foram perseguidos. Foram mortos. Ódio e injustiça foram sentidos na própria pele.
Hoje, em nosso país, podemos afirmar que os cristãos vivem sob a ameaça de inimigos? Quem são os inimigos dos cristãos, hoje? Afinal, neste mundo multirreligioso ainda é possível falar nesta linguagem?
Jesus não escondeu a realidade de seus discípulos, como que querendo amenizar os perigos e as armadilhas que o mundo oferece. A palavra de Jesus vem carregada de coragem e alento para enfrentar e resistir aos perigos que porventura possam aparecer no caminho de seus discípulos. Não os (sc. os inimigos) temais, ensina ele. O medo é um grande inibidor do testemunho. Suportar as consequências do discipulado pode levar ao desânimo, à desistência de seguir anunciando o reino de Deus, empenhando-se pela paz, pela justiça, pela verdade, pela solidariedade.
Conhecemos a história de muitos discípulos de Jesus ao longo destes séculos que tornaram-se mártires por causa de sua fé. Alguns nomes precisam ser lembrados para que não nos esqueçamos desse aspecto essencial do discipulado cristão. Lembro apenas alguns mártires: João Batista, Estêvão, Dietrich Bonhoeffer, Gandhi, Martin Luther King, monsenhor Romero e um sem-número de homens e mulheres que foram assassinados por causa de sua fé em diferentes países. A morte dessas pessoas está anunciada no v. 28, mas a sua alma, o seu espírito está vivo entre nós, entre suas comunidades, no seio da Igreja cristã, como exemplos de fé, de resistência, de fidelidade ao seu Senhor Jesus Cristo. A lembrança desses mártires é graça de Deus para nós, pois nos encoraja a seguir confiando nele, pois para ele todas as pessoas vivem, mesmo que mortas por inimigos.
“O sofrimento é, pois, a característica dos seguidores de Cristo. O discípulo não está acima do seu Mestre. O discipulado é passio passiva, é sofrimento obrigatório. Por isso também o Dr. M. Lutero incluiu o sofrimento no rol dos sinais da verdadeira Igreja. Um anteprojeto da Confessio Augustana definiu a Igreja como comunidade dos que são perseguidos e martirizados por causa do evangelho. (Dietrich Bonhoeffer.)
Como se manifesta hoje o sofrimento dos cristãos, da comunidade, da Igreja? Concordamos com Dietrich Bonhoeffer que o discipulado é sofrimento obrigatório? Dá para pensar uma vida cristã sem sofrimento?
A timidez no testemunho da fé é a marca maior dos cristãos das chamadas igrejas históricas. Isto explica, em parte, por que também nossa missão não deslancha em nossas comunidades. Parece que temos medo de nos expor, de defender nosso ponto de vista a partir do evangelho. Onde está nosso testemunho em favor da cidadania brasileira? Onde está nosso testemunho em favor dos empobrecidos? Dos meninos e meninas de rua? Onde está nosso testemunho em favor da dignidade dos aposentados? Da defesa da natureza? Da ética na publicidade? Onde está nosso testemunho em favor da paz, com justiça em nossa cidade? Uma palavra de coragem encontramos no v. 31, onde lemos que nós valemos bem mais dos que os pardais. Isto quer dizer que Deus nos valoriza e nos dá suporte principalmente no sofrimento. Dietrich Bonhoeffer afirma:
“A Igreja sabe agora que o sofrimento no mundo está à procura de alguém que o tome sobre si. No discipulado de Cristo, tal sofrimento recai sobre a Igreja, e esta o suporta sabendo-se, por sua vez, suportada por Cristo. (…) Deus é um Deus carregador.”
Essa palavra de Jesus anunciando o amor e a graça de Deus para seus discípulos deveria animar a comunidade ao testemunho e ao serviço cristão em sua cidade. Sentimo-nos tão valiosos assim? Ou já entregamos os pontos e achamos que este mundo está irremediavelmente perdido? Será que realmente nos damos conta do tremendo significado que está contido nesta palavra: Vocês valem mais que os pardais!? Este texto de Mateus muito mais se assemelha a uma injeção de ânimo nos discípulos. Se alguém está se sentindo desanimado ou se a nossa comunidade está se sentindo sem valor, certamente encontrará nesta perícope novas perspectivas para sua vida, seu serviço, sua missão. Importa sempre aceitar o chamado para o discipulado e deixar-se animar e desafiar pelo evangelho.
A fidelidade a Deus, ao evangelho, servirá também de alento e recompensa quando, no juízo final, Jesus será o Mediador de seus discípulos e os confessará perante Deus. Essa fidelidade a Deus e ao evangelho também servirá de amparo no sofrimento e nas crises. Dito de outra forma por Dietrich Bonhoeffer:
“Ser prudente só pode significar a permanência na verdade de Deus. Só então há promessa de fidelidade e ajuda de Deus. Ficará comprovado, em todos os tempos, que para os discípulos não há maior prudência, nesta era e na vindoura, do que se aterem símplices à palavra de Deus.”
Essa questão da fidelidade dos discípulos adquire um significado especial na atualidade, quando nos deparamos com muitos cristãos que não vêem problemas em freqüentar centros espíritas, em cultivar preceitos esotéricos, em manter na sala uma pirâmide para atrair boas energias, em colocar gnomos em estantes para proteção do seu lar. Como fica a fidelidade a Deus nestes casos? Será que a graça e o amor de Deus não são suficientes para nos proteger do mal?
Não resta dúvida de que viver o discipulado na Palestina no tempo da Igreja primitiva tinha as suas características próprias. Viver o discipulado hoje, no Brasil, tem igualmente as suas marcas, mas o essencial não muda: a confiança em Deus e a fidelidade ao seu evangelho. Quando perdemos a confiança em Deus andamos por caminhos bem diferentes, e quando abrimos mão da fidelidade ao evangelho, então muita coisa adquire bem outro valor. Por isso, neste 5° Domingo após Pentecostes, o desafio da prédica é envolver a comunidade de tal maneira que ela se sinta atraída a seguir no discipulado de Jesus, cantando e louvando ao Senhor porque ele nos socorre no sofrimento e na dor (cf. Jr 20.13).
4. Prédica: alguns passos
Proposta A:
1) Após a leitura de Mt 20.26-33, comentar brevemente o propósito de Jesus ao preparar seus discípulos para a atuação no mundo.
2) Destacar o discipulado na comunidade. Relembrar momentos na vida dos membros em que o convite/chamado para ser discípulo de Jesus aparece: Batismo, confirmação, celebração da Santa Ceia.
3) Apresentar lances da vida de um, dois ou três cristãos que morreram por causa de sua fé.
4) Perguntar e refletir sobre a fidelidade a Deus nos dias de hoje.
5) Concluir com o apelo para seguir confiando em Deus apesar dos sofrimentos na atualidade.
Proposta B:
1) Iniciar a prédica comentando lances da vida de um cristão que perdeu sua vida por causa de sua fé.
2) Perguntar pelo significado e sentido de tal vida.
3) Apresentar o texto de Mt 20.26-33.
4) Desenvolver o tema do discipulado a partir do texto, estabelecendo relações com o início da prédica e buscando pontes com a realidade da comunidade, sem deixar de enfocar os perigos e as ameaças que surgem quando se quer ser cristão, o valor que Deus concede a seus discípulos…
5) Destacar a fidelidade a Deus e a promessa de Deus. Que sentido faz isso para nós hoje?
5. Subsídios litúrgicos
Saudação: Concluir com o pensamento de Dietrich Bonhoeffer: o discipulado é união com Cristo sofredor. Por isso nada há de estranho no sofrimento do cristão, antes é graça, é alegria.
Sugestão de hinos para serem cantados ao longo do culto: Hinos do povo de Deus, n° 216, 229, 232, 177, 184. A sequência dos hinos deverá ser estabelecida por cada pregador/a, de acordo com a estrutura e o conteúdo da ordem litúrgica.
Confissão de pecados: Senhor, Deus de todos nós, estamos reunidos como tua comunidade. Somos discípulos e discípulas que vêm a ti para confessar que falhamos no testemunho e no serviço ao nosso próximo. Reconhecemos que pouco confiamos em ti, que a nossa paciência falhou, que o nosso amor foi tímido, que a nosso perdão quase nem existiu. Como bem nos conheces, Senhor, estamos necessitando de teu amparo, de teu perdão, de tua força. Sem tua ajuda, nos sentimos fracos e desesperados. Vem e ajuda-nos a sair de trás de falsos pretextos e de desculpas esfarrapadas. Recomendamo-nos à tua bondade e misericórdia, suplicando com confiança: tem piedade de nós, Senhor.
Palavra de absolvição: Não fique com medo. Que a paz de Deus esteja com você. Anime-se! Tenha coragem! (Dn 10.19.)
Oração de coleta: Senhor Jesus Cristo, aceita nosso louvor, pois queremos manifestar nossa gratidão pela vida e por toda a força que tu nos dás quando fraquejamos. Queremos também neste culto buscar tua orientação para nossa vida familiar, para nossa atuação comunitária, para nosso testemunho na sociedade. Renova em nós, teus discípulos e discípulas, a confiança em ti. Livra-nos do medo, anima-nos para a comunhão contigo e com os irmãos e irmãs. Amém.
Confissão de fé:
“Eu creio que Deus pode e quer fazer surgir de tudo, mesmo do pior, algo de bom. Para tanto precisa de pessoas que saibam tirar o melhor partido de qualquer situação. Eu creio que Deus nos quer dar, em toda situação de emergência, tanta força de resistência quanta precisarmos. Porém ele não a concede antecipadamente, para que não nos fiemos em nós mesmos, mas tão-somente nele. Em tal fé dever-se-ia superar todo medo do futuro.
Eu creio que também nossos erros e equívocos não são em vão, e que, para Deus, não é mais difícil lidar com eles do que com nossas ações supostamente boas. Amém.” (Dietrich Bonhoeffer.)
Oração final: Deverá ser preparada pelo/a pregador/a, pois seu pano de fundo deverão ser a prédica, a situação da comunidade e os enfoques da atualidade.
Bênção: A paz de Deus, que supera todo o nosso entendimento, guarde os nossos corações e as nossas mentes em Cristo Jesus. Ide e testemunhai que ele é o Senhor da Humanidade. Amém.
Bibliografia
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. São Leopoldo : Sinodal, 1980.
Comentário bíblico Brodmann : volume 8 : artigos gerais; Mateus; Marcos; Novo Testamento — 1. Rio de Janeiro : JUERP, 1986.
HENDRIKSEN, Guillermo. El Evangelio segun San Mateo. Subcomisión de Literatura Cristiana, 1986. (Comentário del Nuevo Testamento).
Atenção: A celebração proposta para o Dia de Maria Madalena (veja p. 237ss.) precisa ser preparada com três semanas de antecedência.
Proclamar Libertação 24
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia