Prédica: Lucas 18.1-8
Leituras: Gênesis 32.22-30 e 2 Timóteo 3.14-4.5
Autor: Valdemar Witter
Data Litúrgica: 22º. Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 04/11/2001
Proclamar Libertação – Volume: XXVI
1.Considerações preliminares
A parábola indicada para o 22° Domingo após Pentecostes já foi objeto de estudos nos volumes VIII, 20 e 23 de PL. Por esta razão não vou me ater muito mais a observações introdutórias de contextualização exegética. Nos estudos apresentados também já estão colocados vários enfoques possíveis, uma vez que a própria parábola recebe vários títulos a partir da tradução e interpretação – por exemplo: O juiz iníquo e a viúva importuna (Bíblia de Jerusalém); Que significa reino de Deus (O Novo Testamento J.K.); A viúva e o juiz (Linguagem de Hoje); A parábola do juiz iníquo (Almeida).
O presente estudo não tem a pretensão de entrar na discussão e aprofundar a questão referente ao juiz ou ao sistema forense, nem detalhar o espaço reservado às mulheres (viúvas) na sociedade daquela época. Pretendo enfocar mais o aspecto da oração e, em especial, a perseverança em Deus, o juiz que olha e ouve os clamores e faz justiça. Entre os exegetas não há consenso quanto aos destinatários primeiros da parábola, se é dirigida aos discípulos como alerta ou à comunidade. Há mais evidências de que seja dirigida à comunidade, onde havia certa apatia e descrença. Portanto, tomo esta hipótese como pressuposto.
2. Lucas 18. 1-8a no contexto das parábolas de Jesus
A parábola do juiz iníquo (Almeida) é material exclusivo de Lucas, porém pode ser incluída no grupo das chamadas parábolas de contraste (O grão de mostarda; O fermento; O semeador e O camponês paciente).
Através das parábolas de contraste Jesus responde a dúvidas sobre sua missão e às esperanças frustradas dos seguidores. Aqui Jesus acentua a confiança e a perseverança. Se um juiz que não teme a Deus ou ao homem pode ser levado a vingar uma viúva importuna, quanto mais o justo juiz o fará com os seus escolhidos que a ele clamam. No entanto, os fiéis perseguidos são encorajados a orar confiantemente em Deus durante o tempo entre a ascensão e a segunda vinda de Cristo.
Lucas ainda situa esta parábola juntamente com a parábola do fariseu e do publicano como introdução ao modo correto de orar: a oração deve ser perseverante e humilde. No entanto, a aplicação desta parábola (vv. 6-8) mostra que a narrativa é orientada para a figura do juiz e o tema da justiça. Os ouvintes devem referir a Deus a conclusão do juiz. Se este homem egoísta e sem complacência, que nega audiência à viúva, mas que por fim a atende na sua angústia, unicamente para se ver livre da contínua amolação da requerente – quanto mais Deus! Deus atende com paciência os pobres; ouve os eleitos em sua angústia e depressa lhes trará a redenção.
3. Análise reflexiva do texto
Embora a diversidade de títulos dados à parábola, não há dificuldades maiores quanto à tradução do texto. Apenas no v. 7 sugiro uma tradução um pouco diferente, para tornar o texto mais compreensível no seu sentido. A seguir, uma análise reflexiva:
V. l – O primeiro versículo apresenta o tema Orar sempre e nunca esmorecer. Traz ainda o indicativo quanto ao objetivo da parábola. Indica a conduta de fé. O termo é me enkakein, que define o orar como comportamento de confiança e perseverança. O contexto da comunidade era de esmorecimento e desânimo. Ao colocar a parábola, Lucas aponta para o caminho da esperança e do revigoramento da fé – orar e perseverar = confiança e fé.
V. 2 – O juiz não temia a Deus nem respeitava homem algum – é manifestação de postura egoísta e ateísta. Fazia pouco caso do que se lhe dizia. Confessa publicamente sua auto-suficiência e sua arrogância. Não reconhece a Deus como juiz supremo nem necessita de convívio humano. É uma pessoa com péssimas credenciais para o cargo que ocupa.
V. 3 – Conforme J. Jeremias (p. 156), visto que a viúva traz a queixa a um juiz individualmente (e não perante um tribunal), trata-se de uma questão de dinheiro: uma dívida, uma penhora ou uma parte de herança lhe é recusada. As evidências indicam que ela era uma viúva pobre, que não podia dar presentes ao juiz para agilizar sua causa, nem podia influenciar a decisão através de dinheiro.
V. 4 – Ele (o juiz) por algum tempo não a quis atender. O caso já estava se arrastando há mais tempo. Como não tinha dinheiro, a única arma da viúva era sua perseverança, sua insistência. O juiz não quis atendê-la. Ela, porém, sempre de novo reivindicava seus direitos. A viúva clamava por justiça.
V. 5 – Por fim, o juiz cede: enfim julga a causa porque a viúva o importuna (azucrina, incomoda, molesta – o original tem a conotação de xingar, ameaçar). São a persistência, a lamúria e a amolação que fazem com que a causa seja julgada.
V. 7 – Este versículo tem uma construção um tanto difícil. Aqui J. Jeremias sugere uma tradução diferente. Também entendo que a seguinte tradução é mais compreensível e traduz o sentido: E não havia Deus de apressar-se a ajudar os seus eleitos, ele que os ouve com paciência, quando gritam (clamam) a ele dia e noite? Clamar e gritar são expressões fortes. São expressões também de que Deus tem paciência em ouvir. Por outro lado, mostram que havia insistência e perseverança nos pedidos da viúva. Para clamar e gritar certamente já havia passado um primeiro estágio do pedido não atendido, conforme critérios imaginados pela comunidade. Mesmo assim, independentemente da forma de atendimento imaginada pela comunidade, a parábola motiva para continuar perseverante na oração. Ainda não chegou o momento da intervenção mais forte de Deus, porém é certo que isto acontecerá. A paciência de Deus em agir pode ser mais uma oportunidade de fé para os que vierem a crer.
V. 8 – Este versículo anuncia a recompensa de quem ora, é perseverante e tem fé. Agir e comportar-se como eleito deve ser expressão da confiança que se põe em Deus. Para os cristãos (comunidade) que passam por ameaças, perseguições, sofrimentos e esperança abalada, esta é uma palavra de conforto e de novo alento na caminhada e na missão. Ao mesmo tempo o texto aponta para a necessidade de perseverar para que o Filho do homem encontre fé quando voltar novamente (8b).
4. Caminhando para a pregação
Esta parábola que Jesus conta é muito rica em possibilidades de atualização. Poderíamos pensar na ênfase nas questões legais, traçando paralelos com o funcionamento da justiça brasileira hoje: Quem decide? A favor de quem são tomadas decisões? O que tem prioridade quando se julga? Quais são as influências que ajudam a decidir o que é justiça?… Outro enfoque possível é trabalhar as relações de poder na sociedade e na economia. Aí entra a questão do domínio ideológico e social: a mulher e a viúva que já tinha muitos direitos assegurados, porém na prática pouco acontecia. Alguns textos que falam de direitos: Êx 22.22; Dt 24.19; 14.28,29; 26.12-13; Lv 22.13; Dt 10.18; SI 68.5; At 6.1; l Tm 5.9; Lc 2.37). Uma terceira possibilidade é destacar a perseverança, a oração, a justiça e a confiança em Deus. A seguir, tomo em consideração esse terceiro aspecto porque entendo que a pergunta central está no primeiro versículo, isto é, o dever de orar e não esmorecer. O exemplo de perseverança da parábola aponta para o direito e a justiça. A resposta está nos vv. 7 e 8. A parábola em si, com seus múltiplos e significativos detalhes, é o instrumento, o recurso usado por Jesus para motivar a não esmorecer quando se quer alcançar o objetivo, que neste caso é a realização da justiça.
Na parábola Jesus usa a contradição para acentuar a ação de Deus em favor dos seus. As referências sobre o juiz não são nada animadoras para quem procura o direito e a justiça, pois ele não temia a Deus e não respeitava as outras pessoas (vv. 2 e 4). Contrariando a lógica, ele resolve, mesmo assim, julgar a causa da viúva, mesmo não recebendo nada em troca. Nesta sua atitude mais uma vez se manifesta uma ruptura da lógica aparente – ele não julga por condescendência ou por senso de justiça, mas para benefício próprio, ou seja, para se ver livre da presença inconveniente e incómoda da viúva. Nesta contraposição, a parábola acentua: se até o juiz insensível atende a causa de uma pobre viúva, quanto mais Deus fará justiça para aqueles que o procuram, a ele clamam e nele crêem. A diferença fundamental é que Deus atende os que a ele clamam não para se ver livre, mas, sim, por amor, bondade e misericórdia.
Nesta parábola fica evidente a relação de Deus com aqueles que confiam nele. A história de Deus com o seu povo é uma história marcada por uma aliança baseada na justiça. Lembramos a história do êxodo, a libertação do Egito, que começa quando o povo clama e Deus ouve o clamor. Deus não está distante ou indiferente às aflições do seu povo. Este aspecto os vv. 7 e 8 deixam muito claro. O alerta de Jesus é que devem orar sempre e nunca esmorecer (v. 1). Porém confiar e orar não evitam aborrecimentos, fraquezas, cansaço, dúvidas. Jesus mesmo menciona várias vezes conflitos decorrentes justamente da fidelidade ao Evangelho, do testemunho e consequente prática. A justiça de Deus para com o seu povo está relacionada não com a ausência de injustiças, mas com a sua inconformidade diante da injustiça e do sofrimento.
A aparente demora da intervenção definitiva de Deus é um exemplo de que nem sempre o ser humano compreende os propósitos de Deus, que faz as coisas acontecerem a seu modo e no devido tempo. Isso, no entanto, não dá o direito de duvidar do amor de Deus, da sua fidelidade e da sua sensibilidade diante da injustiça. Ao contrário, é justamente nesta situação que os seguidores de Jesus são estimulados a não desistir, mas a persistir na oração, na confiança de que Deus está presente e não tardará em socorrer os que clamam. Portanto, os seguidores de Jesus são também admoestados para o fortalecimento da fé, ou seja, a ser confiantes e perseverantes apesar das impressões em contrário ensejadas pela demora da ação de Deus.
O pano de fundo do texto é uma situação de desânimo dos seguidores de Jesus diante dos acontecimentos – injustiças acontecendo; perseguições aos que testemunham uma vivência diferente a partir do Evangelho; a demora da ação de Deus. Ao mesmo tempo, pode ser um alerta aos discípulos para continuarem firmes em sua missão se no futuro acontecimentos semelhantes surgirem.
A perícope aponta para um dos fundamentos da nossa existência cristã: a oração e a perseverança. Assim se chega à certeza de que Deus é quem executará a justiça, a salvação. Neste sentido, a parábola mostra um caminho a seguir: a viúva reivindica, insiste, clama por justiça. Diante da insistência o juiz julga a causa. Como desfecho, o texto aponta para fora, além da justiça do juiz – Deus fará justiça aos escolhidos.
O pedido por justiça é um pedido individual (a viúva). Porém a justiça de Deus se dirige ao coletivo: não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite… (v. 7). A busca por justiça diante de Deus se transfere do individual para a esfera comunitária (os escolhidos)
Um aspecto que fica evidente aqui é a necessidade de confiar (orar) e agir. A insistência, a importunação da viúva foi fundamental para alcançar o objetivo. Os textos indicados para a leitura (Gn 32.22-30 e 2 Tm 3.14-4.5) são um bom auxílio para aprofundar este aspecto da insistência e da firmeza na busca do propósito a partir da fé. A oração é o veículo da comunidade. A justiça de Deus ultrapassa concepções espiritualizantes e individualistas. A justiça bondosa de Deus não se limita a alguns abençoados, mas é extensiva. No entanto, a oração é fundamental para não esmorecer, tanto no individual quanto no comunitário. Não haverá paz do Reino de Deus sem justiça; por outro lado, a justiça restabelece a possibilidade de vida e paz.
O pecado continua a existir nas pessoas e em estruturas sociais, políticas e econômicas injustas. Orar a Deus e pedir por justiça é reconhecer a presença deste mal que corrói vidas e se manifesta na destruição da criação de Deus. Neste contexto, orar é buscar forças em Deus para clamar e insistir por justiça. O sonho e desejo de novos céus e nova terra podem buscar inspiração na persistência da viúva em sua busca por justiça. No entanto, a construção deste caminho necessita do combustível da oração. A oração nos remete à humildade e nos coloca na dependência da graça de Deus. Ao mesmo tempo, a oração renova e nos torna fortes para o agir em meio às adversidades. A injustiça e adversidade não têm nas esferas ideológicas suas maiores consequências, e, sim, ali onde a vida, dádiva de Deus, é diminuída e sufocada. Hoje ela se manifesta de forma concreta, por exemplo, na substituição do ser humano pela máquina (desemprego); no cumprimento de metas estabelecidas por organismos internacionais para garantir a continuidade do projeto neoliberal (distribuição de renda cada vez mais injusta); num sistema previdenciário que desampara cada vez mais quem já está desamparado; num sistema educacional que não atende as necessidades vivenciais, transferindo os anseios para uma esfera virtual globalizante; num sistema de saúde seletivo e decadente; num sistema de trabalho que desestrutura a vivência familiar (turnos diferenciados) e tantos outros.
Esta realidade faz parte do mundo em que vivemos e onde somos colocados como seguidores de Cristo, não para engrossar as fileiras dos desanimados, mas para testemunhar a inconformidade nossa e de Deus com esta situação. Orar e perseverar, insistir e não esmorecer. Diante das injúrias, martírio, tentações para a f é – quem poderá manter-se até o fim? Aí vem a promessa: Não tenham medo. Vocês são eleitos de Deus! Ele ouvirá o clamor de vocês. Não há nenhuma dúvida quanto à sua força, sua bondade e sua ajuda. Esta é a maior das certezas. As preocupações não deveriam ser quanto à demora de Deus em vir socorrer, e, sim, se ainda haverá fé por ocasião da
vinda.
E o Senhor continuou: Prestem bem atenção no que disse aquele juiz desonesto. Então Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? (Linguagem de Hoje, vv 6-7).
Creio que a radicalidade desta parábola está na confiança e no engajamento. A fé inquieta as pessoas e não mais as deixa acomodadas. Deus dá ouvidos àqueles e àquelas que se põem a caminho, que tomam uma decisão positiva a favor da justiça e da vida. O Deus libertador age por graça, mas não dispensa o engajamento de seus filhos e filhas. Desta forma, a parábola manifesta e une o desejo ardente da justiça humana com a justiça plena do Reino de Deus.
5. Proposta para a pregação
5.1. O texto pode ser encenado – uma possibilidade
– Com cartazes, identificar um fórum. O juiz está na sua cadeira. Um ou dois assistentes para recepcionar as pessoas que têm algum assunto para resolver com a justiça. Para que a causa seja julgada pelo juiz, o assistente vai negociar alguma barganha, algum pagamento. Acertadas as condições, a pessoa passa a ser atendida por primeiro. A viúva contínua a pedir uma audiência ao juiz. Outros novamente passam à sua frente mediante propina. A viúva insiste, reclama, enche a paciência do juiz. O assistente pede para ela vir outro dia (assim os fatos podem ser criados sucessivamente até que por fim o juiz, já furioso com esta incomodação, chama seu assistente e pergunta o que aquela mulher sempre de novo está reclamando. Para se livrar desta incomodação e perturbação o juiz finalmente a atende).
– Após a encenação, abrir espaço para um diálogo com a comunidade.
Abordar o tema da perseverança e da justiça.
Destacar que Deus atende quem clama e crê, não porque se quer ver livre, mas porque quer o que é certo. Atende para acolher e incluir pessoas. Deus tem outros critérios de justiça.
Atender a quem clama e insiste pressupõe postura ativa de quem pede. Assim também os seguidores de Cristo são desafiados a colocar-se a caminho, confiando, orando e agindo.
5.2. Outra proposta é seguir a seguinte estrutura (estas sugestões também podem ser diluídas na liturgia, caso se queira realizar uma celebração com maior ênfase na liturgia)
– Podemos começar com um diálogo a partir de algumas perguntas. Por exemplo: quem é Deus? Quem alguma vez já teve o sentimento de ter sido abandonado por Deus? Quem de nós alguma vez já perguntou: por que Deus deixou isto (situações de doença, acidente, morte, injustiças…) acontecer?
– Ler o texto.
– Jesus incentiva a orar para não esmorecer (v. 1). Orar e perseverar são atitudes fundamentais para os seguidores de Cristo em toda e qualquer situação. Esta atitude não deixa esmorecer.
– A viúva da parábola é insistente, mas o que ela quer é que seja feito justiça. Nisto ela é perseverante e insiste. A viúva não faz parte do grupo de pessoas que se deixam levar na conversa. Ela não está disposta a aceitar o papel que era atribuído às viúvas, ou seja, de se conformar com os direitos que lhes eram negados. Também não se faz de vítima indefesa, aguardando que outros tomem providências para resolver sua situação. Esta viúva não quer favores nem compaixão. Ela quer seus direitos, quer a justiça. Está determinada a lutar pela justiça. Diante da insistência o juiz resolve mudar de postura para atendê-la e livrar-se desta situação incômoda.
– Deus é um Deus de justiça e vai agir em favor dos que clamam, confiam e são perseverantes. Ternos um Deus acessível, que aceita protestos e xingações. O tempo é relativo para Deus. Por isso a necessidade de continuar perseverante.
– Lembrar alguns casos ou situações concretas que fizeram pessoas desanimarem ou até mesmo desistirem. Coloca-se a pergunta pela ação de Deus! Apontar para a necessidade de perseverar e engajar-se por justiça, a exemplo da viúva. O pedido individual da viúva tem uma promessa para a coletividade dos eleitos de Deus. Deus se lembra do seu povo e ajuda.
– Deus se importa com este mundo a tal ponto que se amarrou, se ligou, se conectou com ele através de Jesus Cristo. Isto revela o quanto Deus está interligado através do seu amor que busca o necessitado ali onde ele se encontra. Deus não deixa a história andar assim como um relógio no qual se dá corda e se deixa que ele desempenhe sua função. Deus se deixa flexível para os seus. Porém, muitas vezes, Ele tem dificuldades com a nossa incredulidade. Sempre de novo ele precisa nos dar sinais para que creiamos.
– A palavra final não é que nós vamos novamente restabelecer a justiça, mas, sim, que Deus a trará. A justiça de nossas mãos sempre será limitada e falha. Por isso é necessário fazer a nossa parte e, ao mesmo tempo, não deixar de clamar a quem por natureza é justo. A parábola conta que quem é perseverante e clama pode trazer mudanças de regras (o juiz resolveu atender). Conta ainda que Deus se coloca junto daqueles que clamam e gritam por justiça.
6. Subsídios litúrgicos
Intróito: Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça (Ef 6.14).
Confissão de pecados: Senhor, em humildade chegamos diante de ti, reconhecendo que muitas vezes falhamos em nossa vida por erros cometidos ou por omissões. Por pouca coisa às vezes desanimamos e desistimos de atividades importantes. Perdoa-nos por isso. Outras vezes nos deixamos levar pelo ativismo e por correrias e não mais temos tempo sequer para orar, e por isso enfraquecemos na fé. Senhor, corrige-nos para que não nos acomodemos diante de tantas injustiças que nos cercam e dá que também nós não sejamos injustos. Pedimos perdão porque tantas vezes confiamos tanto na nossa própria capacidade, na tecnologia, na sabedoria, no esforço próprio, que quase esquecemos de pedir e confiar em tua ajuda. Confiantes em tua bondade e misericórdia pedimos: tem, Senhor, piedade…
Absolvição: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, porque a Lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou do pecado e da morte (Rm 8. l s).
Glória, glória, glória a Deus nas alturas.
Glória, glória, paz entre nós, paz entre nós.
Oração de coleta: Senhor, estamos aqui como tua comunidade, com nossas fraquezas, nosso desânimo, nossas incertezas. Pedimos que tua Palavra nos fortaleça e nos dê coragem. Ilumina-nos para que possamos enxergar com clareza e assumir com perseverança a missão que nos é proposta por Jesus Cristo. Aquieta agora nossos corações e mentes para ouvir tua palavra, e que ela nos motive em nossa vivência. Amém.
Leituras: Gn 32.22-30.
Pela Palavra de Deus, saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade, precisamos acreditar.
2 Tm 3.14-4.5.
Pelo exemplo de perseverança de Jacó e pelo ensino e instrução da tua Palavra manifestamos nossa alegria e gratidão cantando: Aleluia, aleluia, aleluia. Alelu-u-u-u-ia (2 vezes).
Oração final:
(Onde há equipes de liturgia, estas poderão trazer intercessões a partir do tema do culto. Onde não há equipes, motivar a comunidade para livremente trazer situações concretas pelas quais interceder.)
(Assuntos a incluir: situações de desânimo; situações de injustiça em nível local, nacional e mundial; pedir a Deus por perseverança e paciência no trato com membros que têm dificuldades na caminhada comunitária; pedir por paciência e amor em relação às pessoas afastadas; pedir por clareza e orientação na missão da Igreja em meio a uma realidade marcada por tantas desigualdades, injustiças e falta de solidariedade; lembrar das pessoas enlutadas e doentes; interceder pelos matrimónios e pela boa convivência entre os pais e filhos; interceder pelo presbitério da comunidade e líderes no seu desempenho missionário; pedir forças e perseverança para que possamos produzir frutos de justiça e paz.
Senhor, dá-nos humildade e confiança para nos dedicar à oração para não esmorecer. Amém.
Bibliografia
GOPPELT, Leonard. Teologia do Novo Testamento. 2. ed. São Leopoldo : Sinodal; Petrópolis : Vozes, 1983
JEREMIAS, Joachim. As parábolas de Jesus. 3. ed. São Paulo : Paulinas, 1980
MAYER, Rainer. In: Neue Calwer Predigthilfen : Band 5B. Stuttgart: Calwer, 1983. p. 230-237.
SCHMIDT, Joachim. In: Textspuren : Band 5. Stuttgart : Radius, 1994. p. 194-196.