Prédica: Tiago 2.14-24
Autor: Meinrad Piske
Data Litúrgica: 8º. Domingo após Trindade
Data da Pregação: 16/07/1978
Proclamar Libertação – Volume: III
l – Tiago – a epístola problemática
A epístola de Tiago é problemática para todo aquele que esta arraigado na história e na teologia luteranas, porque sente nesta epístola uma ameaça à teologia de Paulo e da Reforma, que prega a salvação do homem somente pela fé, sem as obras da lei. Surge diante da gente toda a questão relacionada com as boas obras. Não é possível querer combinar Paulo e Tiago, especialmente nas suas afirmações exponenciais: O homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3,28) e uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente(Tg 2.24). Não existe outro recurso que possa nos desviar do confronto direto entre estas duas afirmações contraditórias. Deve-se concordar com Lutero, quando este diz: É uma contradição clara: fé justifica e fé não justifica. Quem consegue solucionar isto, a este quero dar o meu barrete e me deixar xingar de bobo (Tischreden – Reklam, p. 314).
Será que alguém ousa tomar o barrete de Lutero e tem a coragem de xingar Lutero de bobo? Tiago foi qualificada por Lutero como sendo a epístola de palha com a qual prometia aquecer o forno de sua casa. Lutero foi categórico quando afirmou: Aqui em Wittenberg nós queremos expulsar Tiago da Bíblia. ….é a epístola dos papistas(WA TR 5 n. 5974) .
Mas a epístola de Tiago também é problemática por outros motivos. Mesmo que a discussão sobre a autenticidade cristã de Tiago pareça estar superada (a epístola não é cristã, mas trata-se de uma carta circular judaica que foi enfeitada com algumas poucas expressões cristãs), o conteúdo nos leva a concordar com Adolf Schlatter, que afirmou que a Igreja até os dias de hoje ainda não levou a sério esta epístola, para o seu próprio prejuízo.
A questão social abordada por Tiago e a consequente controvérsia entre ricos e pobres parece refletir a nossa situação de hoje em dia. Toda a ênfase dada à questão social (1.9-11; 2. 1-16;5.1-6) entusiasma a gente, e merece maior estudo e mais profunda reflexão para os nossos dias.
Esta questão social, que também é citada na perícope em apreço, nos versículos 15 e 16, não deixa de assustar, porque parece concordar plenamente com a teologia popular difundida entre as nossas comunidades. Me pareceu sintomático que um grupo, no qual abordei a questão de fé e obras desta perícope, se entusiasmou e logo tomou o partido de Tiago, lançando fora toda a teologia de Paulo relacionada com a justificação pela fé somente.
Deve assustar-nos que Tiago pode servir de fundamento de tantas teologias populares em comunidades da Igreja Evangélica de confissão luterana, alimentadas por teorias, as mais diferentes, de que se deve fazer o bem para entrar no céu, ter melhor sorte na próxima reencarnação e assim por diante.
II – A teologia da epístola de Tiago
Não se pode falar de uma teologia de Tiago a partir de sua epístola, do mesmo modo como se pode falar de uma teologia de Paulo, de João, de Mateus e de outros. O próprio autor nós não conhecemos, apenas sabemos que ele se denomina: Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo e que a epístola se dirige às doze tribos que se encontram na Dispersão (Tg 1.1. Martin Dibelius, em seu comentário profundo sobre Tiago, afirma que a epístola deve ser vista como uma parênese, isto é, recomendações de conteúdo geral e moral. Mesmo negando que se possa falar de uma teologia nesta epístola, Dibelius cita três passagens que deixam entrever o indicativo que norteia toda a epístola:
1.18: Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias de suas criaturas.
2.7: o bom nome que sobre vós foi invocado
2.14: Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras?
A primeira passagem, que fala da palavra da verdade por intermédio da qual nós fomos gerados, é a mais importante para o entendimento de toda a epístola. É a palavra que gera o cristão e a Igreja; apalavra da verdade cria o cristão e o novo homem. Lutero citou esta passagem muitas vezes, e a partir daqui podemos entender sua eclesiologia: a Igreja nasce e surge quando é pregada a palavra da verdade, e é por meio desta palavra da verdade que o homem torna-se nova criatura, ou “primícias das criaturas de Deus.
Podemos entender todas as recomendações de Tiago como derivadas desta afirmação fundamental: Nós somos as primícias, os primeiros entre as criaturas de Deus, e como pessoas geradas pela palavra da verdade (fé) devemos necessariamente em nosso comportamento diário espelhar esta vida e viver esta realidade de primícias das criaturas de Deus (obras). Assim interpretado e entendido, todas as anteriores e posteriores recomendações de Tiago podem e devem ser entendidas como a consequência natural da fé: as obras estão intimamente ligadas à fé.
A segunda passagem que fala do bom nome, textualmente do bonito nome, tem em vista o batismo. A passagem deixa entrever espanto e admiração, que exclama como alguém que não consegue entender: Como pode alguém desprezar um pobre se ele foi batizado, ele não está blasfemando contra o belo e bonito nome que foi dito sobre ele no batismo? A consequência – mais uma vez apontada a consequência – do batismo só pode ser esta de que o batizado, sobre quem foi dito o bom nome, corresponda com suas atitudes com aquilo que lhe aconteceu.
Mesmo a passagem de nossa perícope, 2.14-24, pode ser interpretada e entendida como consequência, neste mesmo sentido das outras duas passagens .
Os irmãos que têm fé, necessariamente de vem ter também obras. A gente é lembrado de que no sermão do monte Jesus disse: pelos seus frutos os conhecereis (Mt 7,20).
Se pudéssemos colocar a palavra frutos em lugar de obras certamente a epístola de Tiago e em especial a nossa perícope nos seria muito mais simpática e bem menos problemática. Um bom exercício ao pregador que prepara a sua prédica sobre Tiago 2.14-24 é recomendar que substitua no texto a palavra obra por frutos ou frutos da fé. Com isto estaria assegurada aquela sequência natural de fé e obras que podemos deduzir da passagem que fala das primícias da criação de Deus.
Mas, mesmo permanecendo a palavra obra, de Tiago, devemos lembrar o que o teólogo Rudolf Bohren disse certa vez sobre a prédica: A prédica, para ser prédica autêntica, deve beirar a heresia. Beirando a heresia, quando o texto enfatiza a necessidade de boas obras, devemos refletir o que diz esta perícope, qual o conteúdo específico.
III – O Texto – considerações exegéticas
A composição é clara e o tema é desenvolvido a partir do v.14 para chegar a uma conclusão no v . 24.
a) Tema: Fé sem obra s pode salvar? (v.14)
No estilo da filosofia estóica, denominado diatribe, lança-se a pergunta central e com isto o tema de toda a perícope: Qual é o proveito de fé sem obras, e aprofundando esta pergunta: Pode esta fé – sem as obras – salvar uma pessoa? Devemos observar claramente que não se questiona aqui a fé em si, questiona-se a partir de logo a falta de obras. Mesmo assim é colocada em dúvida a existência de fé, pois o se alguém disser que tem fé dá margem a esta dúvida. Tiago volta a este tema mais tarde, questionando a fé que não se expressa em obras. A pergunta-tema é desenvolvida em três etapas, que seguem:
b) primeira resposta: fé sem obras é morta (vv. 15-17)
0 exemplo sóbrio do irmão ou irmã carecidos de roupa ou alimento que recebem piedosas palavras de consolo vazio (Ide em paz, aquecei-vos e alimentai-vos) impressionam a cada um de nós também hoje. Tiago faz sentir com este exemplo o absurdo de uma fé que se manifesta apenas em palavras, mesmo que palavras piedosas e religiosas. Desejando a paz, nada se faz pela paz do irmão necessitado. A consequência com vistas ao v. 14 salta aos olhos: Fé deve ser praticada, deve ser praticada na situação concreta do próximo que esta em necessidade. Esta fé que sabe dar apenas palavras boas e bem intencionadas é fé morta, ou como usgerem alguns: fé que fica para si mesma.
Convém observar que Tiago vê a concreticidade da fé na ajuda social ao necessitado, não fala nem aqui nem em outra passagem de uma fé que deve manifestar-se em cultos ou ritos. O mandamento do amor ao próximo concretiza a fé, e sem a realização deste mandamento, que exige ação, a fé é fé morta, fé sem vida.
c) segunda resposta: fé sem obras não é fé(vv. 18-19)
Finge-se que um interlocutor quer separar as obras da fé, afirmando que uma pessoa tem fé e outra tem obras, querendo com isto contemporizar e diplomaticamente achar uma saída para a radical exigência de obras. Com isto estaria admitida de um lado a existência de fé, como uma grandeza de importância, enquanto que de outro lado seria respeitada a posição de Tiago da necessidade de obras. Provavelmente pensa-se numa pessoa para quem a fé é um assunto pessoal que só tem a ver com a vida interna da pessoa e sem necessidade de exteriorizar-se. Talvez tenha razão Johann Haar, que afirma: Pode tratar-se do círculo de pessoas ricas (cf.2.1ss), que têm pouca preocupação com a vida material e que por este motivo não se sentem atingidos pela miséria dos pobres e pequenos. Importante é a resposta categórica e agora extremamente radical de Tiago: Tal fé não é fé, pois a fé que não se comprova por intermédio de obras não é fé, pois neste caso os próprios demônios, que acreditam na existência de um Deus, também teriam fé. O saber demoníaco da existência de um Deus apenas pode trazer medo, pavor e tremor.
A ironia de Tiago no que se refere à “fé dos demônios caracteriza a sua tese principal: a necessidade de obras para que a fé possa ser constatada. Se a primeira resposta à pergunta do tema central foi que uma fé sem obras é uma fé morta, a segunda resposta vai um passo adiante e simplesmente nega que seja fé o que se pretende chamar assim, pois a fé necessariamente se deve manifestar nas obras.
d) terceira resposta: Abraão foi justificado por obras, prova a Escritura(vv. 20-23)
A terceira resposta busca a sua argumentação naquilo que há de mais sagrado e importante para a pessoa que crê, ou seja, na fonte da própria fé, pela qual esta fé se orienta: o testemunho da Escritura.
Tiago não está falando para pessoas que desconhecem a Escritura, mas para pessoas que a conhecem muito bem, que baseiam a sua afirmação na Escritura e que pela Escritura querem viver a sua vida religiosa. Por este motivo a argumentação destes versículos é tão importante, atingindo o ponto alto de toda a diatribe; como alguém que está querendo dizer: Vejam vocês mesmos que estão dizendo para todo o mundo ver e ouvir, que acreditam nas Escrituras, vejam vocês o que esta Escritura está dizendo, confiram o que está escrito na Escritura.
Ao homem insensato, ou homem vazio, dirigem-se estas palavras que falam da fé inoperante. Podemos traduzir aqui fé inoperante por fé sem as obras? Neste sentido a exigência de Tiago poderia ser interpretada como o clamor por uma fé ativa, ao contrário da fé inoperante.
E no exemplo citado – Abraão – toda a controvérsia com a teologia de Paulo vem a tona. Abraão foi justificado por Deus quando levou o seu filho Isaque ao sacrifício, e Tiago interpreta: Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
Enquanto o apóstolo Paulo cita a mesma passagem Abraão creu e isto lhe foi imputado para justiça” para alicerçar com a Escritura a sua afirmação fundamental de que o homem é justificado pela sua fé, Tiago, ao contrário, cita a passagem em apreço e chega à conclusão que a fé de Abraão se mostra e demonstra na disposição de sacrificar seu filho Isaque.
Coerente com o seu pensamento de que a fé deve ser demonstrada por intermédio de obras (v.18), Tiago explica que Abraão acreditava em Deus e que esta fé se consumou por intermédio das obras.
e) Conclusão: A pessoa é justificada por obras (v. 24)
O homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3.28), assim o ensina o apóstolo Paulo na carta aos Romanos, e Tiago conclui a perícope que fala de obras e fé com a afirmação categórica, colocando, assim por dizer, um ponto de exclamação depois de demonstrar o que estava para ser demonstrado: Sem pôr nem tirar, tudo está meridianamente claro: o que justifica o homem não é sua fé somente, a pessoa é justifica¬da pelas suas obras, pois somente pelas obras a fé se torna ativa e visível.
IV – Meditação
Sob certo aspecto é fácil demais pregar sobre este texto. Pois a situação visada e combatida por Tiago é a nossa situação eclesiástica: um cristianismo convencional de intelectualidade e eclesiasticidade, um cristianismo que mal consegue achar o caminho para as obras ou ações e que ainda tenta justificar-se na sua estérilidade. Evidentemente não se deveria forçar portas que já estão abertas e assim colecionar louros baratos (K. G. Steck).
Uma prédica de raiva e ódio contra os homens de fé estéril e a favor das obras poderia muito fácil ser confundida com demagogia barata.
Compete ao pregador analisar a situação de sua comunidade, a sua própria situação inclusive, com muita criticidade à luz das palavras e afirmações de Tiago.
Deve descobrir a situação da comunidade de hoje e os argumentos da comunidade de hoje por intermédio das palavras de Tiago e então com muita coragem dizer o que está errado, o que deve ser remediado, o que deve ser modificado por inteiro. Não pode cair no erro de querer apontar determinados erros e omissões e induzir a comunidade à qual ele prega a corrigi-los, assim como a gente corrige uma pequena dor de barriga ou de cabeça com um analgésico que a gente tem em casa. Não pode ser esquecido que Tiago – no contexto de toda a Escritura Sagrada – parte de uma base bem alicerçada, ou seja, a questão da própria fé. Não estão em jogo determinados erros, mas está em jogo toda a existência cristã. Tiago chega a negar a fé aquele que não tem obras, chega a declarar morta a fé que não se consuma em obras, ou põe em duvida o valor de uma fé que se torna cega aos clamores da miséria e sofrimento. A disposição da prédica pode seguir o próprio texto. A meu modo de ver, é de máxima importância não esquecer o indicativo, pelo contrário, partir do indicativo para chegar ao imperativo. Primeiro cumpre dizer qual a base, o porquê das exigências e afirmações que a perícope contém.
Pode-se seguir esta sequência:
a – Uma indicação para o indicativo eu vejo nas palavras com que Tiago se dirige aos seus leitores: Meus irmãos. Fala aos irmãos na fé, os mesmos dos quais afirmou em 1.18 que foram gerados pela palavra da verdade e em 2.7 que o bom n£ me sobre eles foi invocado. Pode-se lembrar que fomos batizados e pertencemos a Deus, Deus já nos escolheu, podemos lembrar que temos a palavra de Deus que nos gerou para sermos comunidade e cris¬tãos, podemos lembrar que pertencemos à fraternidade de Deus, somos os irmãos da fé. Toda pessoa deve ser vista como um irmão, ou irmão em poten¬cial (querendo usar o termo num sentido restrito).
b – O que é fé, é uma convicção, é uma certeza, é uma atitude espiritual? A fé necessita de obras, necessita ser ativa para ter valor. Fé é mais que acreditar em Deus? Fé é mais que saber que Deus é Criador e mantenedor do Universo. Fé é convicção íntima e pessoal, bem individual que alguém tem? A fé deve manifestar-se em ações, ou basta que haja uma convicção profunda acerca de Deus, de Jesus Cristo, do céu, inferno e terra? Se fé é essencialmente o relacionamento entre o homem e Deus, qual a consequência desta fé para o correio e certo relacionamento com o próximo?
c – Não a nossa boa vontade está sendo questionada, quando um pobre, um necessitado bate à nossa porta, mas quando nos defrontamos com a miséria do homem que precisa de alimento e roupa nós somos questionados em nossa fé. O nosso comportamento para com aquele que precisa de nosso auxílio e socorro é o reflexo de nossa fé. Aquilo que nós acreditamos e temos como convicção mais íntima em nós se torna ativo e realidade quando defrontados com a miséria humana que nos cerca.
Podemos virar as costas, podemos fechar os olhos, podemos ter pena daquele que sofre, pode¬mos indicar o serviço social da prefeitura, podemos dar uma esmola (para nos livrar daquele que vem pedir), podemos pensar conosco que Deus ajuda a quem trabalha e desejar a paz de Deus ou dar bons conselhos, mas deve estar bem claro que estamos sendo questionados em nossa fé e convicção cristã.
Se não agirmos em conformidade com a necessidade que bate à nossa porta, a nossa fé é morta. Fé que não tem vida, não tem vigor, nada pode fazer.
d – Não podemos também querer dizer que cada pessoa tem os seus dons, os dons de um são a persistência da fé, a esperança e a confiança, e o outro tem o grande coração de ouro para ajudar em todo lugar onde há necessidade.
Os demônios também acreditam em Deus e por este motivo crêem, também eles admitem a existência de um Deus, mas isto ainda não é fé. A fé que não se torna realidade na vida cotidiana, em especial no convívio e confronto com a miséria e pobreza, esta fé simplesmente não existe, é mera ilusão. O parâmetro indicado para medir a fé é a atitude para com o necessitado, ele nos indica o que há de verdadeiro e de falso em nossas mais profundas convicções religiosas.
e – Abraão, assim como nos é relatado no Antigo Testamento – ele é considerado o Pai da fé – teve a sua fé provada e comprovada quando lhe foi exigido sacrificar seu próprio filho. Nesta sua obediência a Deus a fé de Abraão se consumou. Sua convicção se tornou realidade neste fogo terrível pelo qual teve de andar. A fé ativa de Abraão o levou ao passo extremo que se pode exigir de um homem: sacrificar seu filho.
Fé exige sacrifícios, ou melhor, fé tem como consequência a disposição do homem em sacrificar aquilo que mais caro lhe é aqui na terra. Sem esta consequência a prova de fé não é vencida.
f – Fé apenas como a convicção religiosa e espiritual de que existe um bom Deus lá em cima, fé como a concordância com dogmas e doutrinas milenares ou centenários, ainda não é mais que um saber e conhecer algo da história de Deus aqui entre os homens.
Fé salvífica é aquela que na vida diária se realiza, se torna realidade. Fé deve encarnar na realidade do homem que crê, assim como o Verbo se fez carne e habitou entre nós, assim a fé deve tornar-se ação e obra e habitar no meio daqueles que necessitam a nossa ajuda, nosso empenho, nossa solidariedade.