Prédica: Lucas 16.19-31
Autor: Werner Fuchs
Data Litúrgica: 1º. Domingo após Trindade
Data da Pregação: 17/06/1979
Proclamar Libertação – Volume: IV
I – O texto
Jesus contou a seguinte história:
V.19: Havia certo homem rico, que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e que todos os dias fazia festas luxuosas.
V.20: Havia também um homem pobre, chamado Lázaro, coberto de feridas, que ficava jogado diante da porta do rico.
V.21: desejando alimentar-se com os restos que caíam de sua mesa. Até os cachorros vinham lamber-lhe as feridas.
V.22: Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado.
V.23: No país dos mortos, sofria torturas e, erguendo os olhos, viu Abraão ao longe, com Lázaro a seu lado.
V.24: Então gritou: Pai Abraão! Tem pena de mim! Envia Lázaro para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou sofrendo muito neste fogo!
V.25: Mas Abraão disse: Filho, lembra-te de que recebeste as coisas boas na tua vida, e Lázaro recebeu os males. Agora ele está aqui, consolado. Tu, porém, sofres torturas.
V.26: Além disso, há um grande abismo entre nós. De modo que quem quiser atravessar daqui até vocês, não pode, como também os de lá não podem passar para cá.
V.27: Respondeu o rico: Pai, então peço que mandes Lázaro até a caia de meu pai,
V.28: pois tenho cinco irmãos. Que ele os avise, para que não venham também a este lugar de sofrimento.
V.29: Mas Abraão falou: Eles têm Moisés e os profetas. Que os escutem.
V30: – Isto não basta. Pai Abraão, insistiu o rico. Mas se alguém dos mortos for até eles, vão se arrepender.
V.31: Abraão respondeu: Se não ouvem Moisés nem os profetas, também não vão crer, mesmo que alguém levante dentre os mortos.
II – Informações Exegéticas
a) Escrita em grego erudito, a história do homem rico e de Lázaro não se constitui propriamente numa parábola, e sim numa narração de cunho parenético, modelar (Schmid, p. 264). O texto não oferece problemas de crítica textual. Na análise literária, os comentários subdividem a perícope em duas unidades de conteúdos contrastantes: vv. 19-26, que narra a compensação dos destinos atuais no além, para consolo do pobre e advertência do rico; e vv. 27-31, que afirma que é desnecessário e inútil sair alguém dentre os mortos para confirmar perante os ricos a vontade de Deus já expressa pelo AT. Independente do material que tenha servido como base à narração, se uma lenda egípcia (tese de Gressmann) ou se uma fábula judaica (Bultmann, pp. 212s e Degenhardt, p. 133), há evidências claras de que a segunda unidade predomina contra a intenção da primeira, modificando-a de forma polêmica. Decisiva é a interpretação do v. 27, no qual o rico concorda com o seu castigo, imposto pela justiça divina. Donde se conclui que a narração não apresenta a simples inversão das sortes no além, mas fala de culpa e castigo, de ouvir e fechar-se à Palavra de Deus.
b) Assim como a simples inversão de sortes nada teria de especificamente cristão, também sentimos falta de outros conteúdos cristológicos. Mas, pelo contexto (vv. 1-15: servir a dois senhores, futilidade da justiça própria dos fariseus, e vv. 16-18: validade da lei até o anúncio do Reino) corrige-se, p. ex., a escatologia individualizada do nosso trecho (falta Juízo sobre o mundo e vinda do Reino de Deus). O mesmo serviço prestam-nos trechos paralelos (Lc 6.20 e 24:11.28-32).
c) O castigo do rico não possui justificativa de ordem moral Ele não foi nenhum mau caráter. Gozou de respeito perante os homens. O foi sepultado do v. 22 evidencia que não foi condenado pela sociedade e religião dominante de seu tempo (cf. Strack, p 227). Seu grande erro foi o de entregar-se (devotar-se – v. 13!) completamente ao gozo de sua riqueza (cf. v. 19), esquecendo o Senhor que deu o pão e a vida. Tornou-se vítima de sua propriedade. Ela o fez surdo para Moisés e os profetas e cego para a necessidade alheia. Passou a encarar como normal e natural a distribuição desigual de riquezas. Assim, falhou no uso correto das posses. Foi rico para si, e não para os outros. Não submeteu a aplicação dos bens ao amor a Deus e ao próximo (cf. Degenhardt, pp 135 e 21 Os).
d) Tampouco Lázaro é compensado por supostas virtudes morais A narração não o caracteriza com pormenores. Apresenta-o apenas como extremo contraste diante do rico. Sua doença lembra a de Jó (2,7), a companhia dos cachorros à porta da cozinha do rico evidencia seu total abandono pelos homens. A raiz hebraica do nome Lázaro significa quem Deus ajuda, ou Deus-me-ajuda. Lázaro não tem outra opção do que esperar em Deus. Não está diante da alternativa de devotar-se ou não ao gozo das coisas do mundo. Por isso, sua pessoa não serve para ilustrar um ideal de pobreza evangélica. O NT não idealiza o ser pobre. Os quatro evangelhos desconhecem o termo PTOOXÊIA – pobreza. Via de regra, nenhum dos ouvintes poderá identificar-se com Lázaro, independente de seu maior ou menor grau de riqueza material. Apenas numa possível dedução a partir do nome a identificação com ele é legítima: Se estamos dó lado dos oprimidos, passamos a depender totalmente da proteção de Deus. – Para o pensamento meritório dos fariseus, que consideravam a boa ou má sorte em vida como castigo ou fruto de pecados e boas ações, legitimando assim a concomitância de ricos e pobres, o v. 22 aparece como severa crítica. A morte (atrás da qual está o poder de Deus) transforma as circunstâncias. O pobre não apenas é libertado de seu sofrimento, mas também levado ao lugar dos justos, à direita de Abraão (cf. Schmid, pp. 264 s).
e) Para o mundo contemporâneo do NT, Abraão é o Pai de todos os judeus. A filiação genética ao povo abraâmico parecia ser garantia para que o judeu fosse salvo, até do inferno (cf. Jo 8.39). Mas, no caso do rico, Abraão argumenta que não pode salvá-lo, porque no seu castigo está sendo cumprida a justiça divina. O estar ao lado de Abraão retrata provavelmente a alegria da grande ceia no céu, em que a ordem das almofadas deixava a cabeça de um próxima ao peito do outro. Lázaro gozou a felicidade eterna na mais íntima proximidade de Abraão e dos demais fiéis. Isso contrasta com as festas e vestimentas luxuosas do rico aqui na terra (cf. também Lc 14.15ss; Mt 8.11).
f) No v. 23, o país dos mortos (HADES) não é idêntico com o inferno (GEENA). Significa o lugar em que se encontram todos os mortos, já que o rico teve que se encontrar com Lázaro, a quem em vida ignorara. Mas há separações profundas entre uns e outros, de sorte que o abismo vem a ser o segundo argumento de Abraão para negar o pedido do rico por uma gota de água Assim, intensifica-se o sofrimento do rico. De acordo com o v. 30, fica claro que neste país dos mortos não há mais chance de arrependimento. Ao que parece, os conceitos do além eram flutuantes entre os judeus. P. ex., os saduceus não concordavam com a ilustração acima (cf. Schmid, p. 265).
g) Moisés e os profetas (v. 29) é termo técnico para os livros do AT, ou seja, a Bíblia conhecida na época. Contém a revelação suficientemente clara da vontade de Deus, o caminho da salvação (cf. Bultmann, p. 212). O próprio Jesus menciona os mandamentos de Moisés como condição para o jovem rico obter a vida eterna (Lc 18.20) e cita Dt 6.5 e Lv 19.18 como os mandamentos mais importantes, dos quais dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.37ss). Por conseguinte, o objetivo da narração é primordialmente a meia-volta (METANOIA), ou seja, que os ouvintes ontem e hoje se voltem para a revelação divina e, assim, possam realmente compreender também a Jesus (Degenhardt, pp. 134s). A Palavra viva e eficaz já foi dada por Deus antes do surgimento de Jesus. Este d torna mais transparente e, na cruz, evidencia a que consequências o ouvir pode levar. Será que não adianta nem mesmo Jesus levantar dentre os mortos para que se convertam os ricos desatentos à Palavra do amor a Deus e ao próximo? Pelas evidências históricas, parece que não adiantou. Mas a ressurreição, por um lado, não é triunfalismo horizontal, como, por outro lado, amor e justiça não podem ser imposição legalista. A cruz de Cristo mantém as proporções: encarnação da Palavra, sofrimento vicário, renúncia, impotência ardente de amor pelos homens.
III – Meditação
a) Toda comunicação da Palavra de Deus é um risco. Arrisca-se anular a cruz de Cristo por meio de sabedoria humana (1 Co 1.17). Justamente porque o pregador se coloca como um dentre os ouvintes do texto, não possui ele o monopólio de interpretação e resposta. A Palavra tem caráter dinâmico, ela age onde e quando Deus quer. Portanto, o acontecimento da pregação torna-se tanto mais vivo e atual, quanto mais reações ao texto puderem ser incluídas nela. Por isso também é preciso facilitar a identificação dos ouvintes com um dos personagens da história. Inicialmente, no plano individual, cada ouvinte deveria conseguir identificar-se, ou sentir-se identificado, com o homem rico e sua condenação. Ninguém é Lázaro. Embora não o queiramos admitir de início, por vermos outros mais ricos, todos estamos diante da opção de sermos ricos só para nós ou ricos para os outros. Não existe o rico em si. Ou usa seus bens para si somente, ou reparte-os. Também a criança que não quer repartir seu brinquedo com outra que não possua nenhum, está na categoria dos ricos. Pode ser descrito de muitas formas palpáveis e tocantes o perigo das riquezas, que corroem a consciência, amolecem a resistência contra o egoísmo, ensurdecem diante da voz de Deus e obcecam diante da necessidade do oprimido. Passamos a aceitar como naturais certos privilégios, não nos conseguimos mais nos desapegar de um certo nível de vida, etc. No romance Silêncio, do japonês Shusako Endo, que relata a perseguição aos cristãos nipônicos no século XVII, o jesuíta preso sob condições quase insuportáveis para que renegue sua fé, percebe que de repente os rigores de sua ceia são aliviados: recebe comida melhor, roupa limpa, e mais luz do sol entra pela janelinha.
Desconfia de que e desta forma que o querem amolecer, para que em hora decisiva, diante do martírio, comece a fraquejar… e prefere ficar só a pão e água, com a roupa suja. – Acomodar-se a uma posição social privilegiada, conformar-se com a exploração do trabalhador pelo dono do capital, também é renegar a fé.
A identificação individual com o rico, pode-se dar através de duas perguntas geradoras. 1o Qual é a culpa do homem rico? – Esqueceu-se de Deus, do próximo, acostumou-se com o seu luxo. Quando percebe o seu pecado e o tarde demais, quer salvar pelo menos seus cinco irmãos ainda vivos. Esta, a sua angústia. 2° Que podem os irmãos do rico (centenas e milhares deles) fazer para se salvar? – Primeiramente não há nada que fazer. Precisam ouvir. Precisam dar ouvidos à Palavra. Então haverá frutos no agir (cf. Mc 10,21).
b) A identificação com Lázaro deve ser evitada, quando leva a um ideal de pobreza e sofrimento e, conseqüentemente, à mentalidade meritória (recompensa no céu). A história relata muito pouco sobre Lázaro. Nem sequer diz que ele tinha mais fé em Deus do que o rico. Não ressalta suas qualidades morais. Apenas apresenta seu sofrimento, sua fome. seu abandono, seu desânimo (ao lado de Abraão está consolado), em contraste com as esplêndidas festas do rico . Lázaro é o posseiro expulso de sua terrinha por uma multinacional, sabendo que lá na capital o ex-ministro Fulano financia jantares e orgias com as comissões recebidas da mesma empresa. Lázaro é o preso político que, após uma sessão de torturas, vê seus torturadores promovendo um banquete com verbas desviadas impunemente dos cofres públicos. Lázaro é o operário desempregado que, sabendo não haver sindicato para a sua classe, se obriga a vasculhar o lixo da metrópole, enquanto que em diversos pontos do país apodrecem colheitas inteiras nos armazéns dos que especulam a elevação dos preços. Lázaro é o trabalhador das minas de carvão, que aos 32 anos tem saúde acabada e aparência de sexagenário enquanto que nos centros urbanos, inúmeras famílias abusam despreocupadamente do consumo de energia elétrica, que ele ajudou a gerar.
O ouvinte que já se solidarizou com esses lázaros e tantos outros, que estiver inconformado com a exploração do homem pelo homem, que já emprestou a sua voz aos que não têm, e que por isso carece de consolo, poderá assemelhar-se ao Lázaro da história, que não teve a escolha entre ser rico ou pobre, e quem só Deus ajuda.
c) Nossas comunidades cristãs não possuem instrumentos de reflexão e ação coletiva. Cada qual ouve o sermão do domingo, volta para casa e faz o que bem ou mal entende. Como ação sócial e política eficaz é apenas ação de conjunto, as comunidades não têm experiência de luta transformadora. Por não refletirem em grupo, contrapondo posições sociais, conhecimentos da realidade, etc., também não possuem visão clara de sistema. Um exemplo: De casa, tradicionalmente, as comunidades evangélicas caracterizam-se por uma marcante ética de trabalho: Quem trabalha, progride. O trabalho aumenta o valor do homem. Quem não trabalha, não presta. É pobre porque não trabalha, etc. Mas, no sistema capitalista em que vivemos o trabalho nada tem a dizer sobre o valor de trabalhador e de seu produto. Qualquer agricultor sabe por experiência que, ao vender seu produto, precisa dizer ao comerciante: quanto você me paga? e, ao comprar uma mercadoria, pergunta-o: quanto custa? Não lhe compete dizer: quero tanto pelo meu produto. O preço (valor) é regido por outros fatores, não pelo trabalho. A remuneração do trabalho também não está em poder do operário urbano. E ditada por decretos governamentais: o salário mínimo. Além disso, é evidente que, atualmente, quem progride e enriquece não é o que trabalha, mas o que deixa o capital trabalhar por ele. O capital não possui sentimentos humanitários nem patrióticos. Visa apenas aumentar ao máximo seus lucros. Eis que os papagaios (capitalistas nacionais) reclamam contra o governo: para depenar os periquitos, não precisamos de águias importadas (multinacionais) (Pedro Casaldáliga).
Assim como deixa de ser percebida ou refletida a incompati¬bilidade da ética individual do trabalho com a exploração estrutural do trabalho, também não há clareza na conceituação económica do rico, tubarão, latifundiário. Em termos de sistema econômico, rico é o capitalista, o que detém como propriedade privada os bens de produção, seja em forma de capital industrial, ou de terras, administrando-os segundo o critério de maior lucratividade. Qual seria a mensagem do texto para esses ricos, carregados e determinados pelas leis do sistema econômico? De nada adiantarão conversões individuais, no nível estrutural, se não levarem em conta a necessidade de transformação da realidade sócio-econômica. Estamos apenas nos primeiros passos da reflexão. Não é possível exigir uma resposta cabal do texto. Mas certamente é essencial aprendermos a discernir entre a realidade estrutural e argumentos de ordem individual (bondade dos patrões, compromissos sociais e assistenciais, sofrimento da família do rico quando um capitalista maior o esmaga, etc.). Fica ressoando a angústia daquele rico que quer salvar seus irmãos: Darão ouvidos a Moisés e os profetas?
IV – Sugestão de prédica
Como o objetivo da pregação do Evangelho é fazer os ouvintes participar com a sua vida, seus pensamentos, suas reações no acontecimento da Palavra, o pregador deveria tentar uma formula de prédica dialogada, na qual abdicaria do monopólio de interpretação, colocando a sua opinião apenas ao lado da de outros ouvintes do texto. Neste intuito de democratizar a mensagem, foi praticado com relativo sucesso o seguinte modelo: À entrada ao culto, foi distribuída uma folha mimeografada com a tradução do texto (cf l, mas sem indicação de versículos) e com breves explicações populares de alguns conceitos: Lázaro, Pai Abraão (popular como hoje São Pedro à porta do céu), país dos mortos, etc. Durante o culto certamente alguns já olharam a folha, ouvindo também uma leitura bíblica correspondente: Pv 30, 5-9. Portanto, o assunto não foi surpresa na hora do sermão, que transcorreu da seguinte forma:
1) Saudação do púlpito – leitura da folha mimeografada, por diversas pessoas presentes, menção das notas explicativas pelo pastor;
2) Introdução pelo pregador, esclarecendo que inversão das sortes no além não tem nada de cristão, pois acha-se em outras religiões também;
3) Preparação da primeira pergunta geradora: qual o pecado do rico?, com antecipação de que não foi castigado por desuses morais, foi sepultado como homem de bem;
4) Respostas dos ouvintes: falta de amor ao próximo, servia ao dinheiro, não ouvia os profetas, superstição (longe da fé), festas luxuosas, não sentia a dor de Lázaro. Opinião do pregador: concordou em receber as coisas boas, e que Lázaro recebesse os males; egoísmo (ou alguém é rico para si, ou para os outros, mas nunca só rico).
5) Resumo das opiniões e objetivo da história: castigo para quem se acomoda nas diferenças sociais.
6) O perigo das riquezas (exemplo do jesuíta no Japão no séc. XVII), reconhecido pelo rico no país dos mortos, prepara a 29 pergunta geradora: Que podem fazer os 100 irmãos do homem rico que hoje estão aqui dentro desta igreja?
7) Respostas: arrepender-se, orar, ouvir a lei e os profetas; o pregador inclui referência à inutilidade de alguém sair dentre os mortos (Jesus).
8) 3a pergunta: Será que era vantagem para Lázaro não ter sido rico? explicação do nome; um homem sem escolha, totalmente entregue a Deus;
9) Convite a seguir Jesus, o Caminho da cruz; leitura de Mc 8.34s.
V — Bibliografia
– BRANDT. H. O Risco do Espírito, São Leopoldo, 1977.
– BULTMANN. R. Geschichte der Synoptischen Tradition. 7a ed. Göttingen. 1967.
– DEGENHARDT. H. – J. Lukas – Evangelist der Armen. Stuttgart, 1965.
– SCHMID. J. Das Evangelium nach Lukas. 4a ed. Regensburg. 1960.
– STRACK-BILLERBECK. Kommentar zum NT aus Talmud und Midrasch. Vol. II. Munique. 1924.
– THIELICKE. H. Mosaico de Deus. São Leopoldo. 1968. contém uma prédica baseada no texto.